Futebol americano
A sede da Ordem da Fênix continuava sendo um lugar de terríveis lembranças a Harry. Seu único consolo agora era Hermione.
- Obrigada, amor - agradeceu, quando ele segurou a porta aberta da casa para ela entrar.
Os dois estavam se tratando muito bem. Na verdade tão bem que, segundo Rony, chegava a dar ânsia. E, desesperado, puxou o amigo no corredor enquanto todos iam para os quartos.
- Cara, vá com calma! - pediu ele.
- Estou calmo - disse Harry.
- Você e a Hermione... Vocês não estão pensando em se casar, estão? - perguntou Rony. - Veja bem, cara, você tem dezesseis anos. Se casar agora, você não poderá beber em sua despedida de solteiro, porque é ilegal. E também não vai poder pegar umas prostitutas.
- Isso é sempre ilegal, Rony - lembrou Harry.
- Aaahhh... mas...
- Quem disse a você que estou querendo me casar? Ficou maluco? - perguntou Harry, sacudindo o amigo. - Um dia sim, mas hoje não! Está perfeito do jeito que está.
- Ok. Foi mal...
A Sra. Weasley estava realmente muito ocupada servindo a todos os membros que iam e vinham da Ordem. A bruxa estava enlouquecendo, e, com o preparamento para a ceia do mesmo dia, tudo se complicava. Gina, Daisy e Hermione resolveram ajudá-la.
Rony discutia com Max as regras do futebol americano, um jogo muito diferente do quadribol.
- E não se usam vassouras - disse Rony. - Somos obrigados a correr pra lá e pra cá. Mas acostuma...
- Saia da frente, Rony - ralhou a Sra. Weasley. - Gina, por favor, corte as batatas em círculos concêntricos.
- Círculos o quê? - falou Daisy, confusa.
- Vai cortar?
- Não, Mione, corta você em círculos concêntricos - disse Gina. - Eu vou fazer isso aqui...
E colocou um pedaço duma batata cortada no nariz de Hermione.
- Todo ano a mesma piada... - inconformou-se a garota, jogando a batata fora. - Amor, dá uma mãozinha aqui, por favor?
Harry abriu a lata de sardinhas para a namorada. Daisy franziu a testa.
- Então... Você não come nada de carne? - quis saber Hermione. - Nem branca?
- Não mesmo - disse Daisy com orgulho. - Sou vegan.
- Pensei que se chamasse Daisy - falou Rony.
- Não, não... Vegan é quem não come nada relacionado a qualquer tipo de animal. Nem mesmo peixe. E é também quem não fuma e nem bebe.
- Interessante - disse Hermione. - Quem sabe eu não vire uma vegan também?
- É, já vi que o peru sobrou pra mim - concluiu Gina, levando-o ao forno.
Rony parecia muito triste e abalado. Após ter trocado informações com Max sobre futebol, o garoto pôs um roupão e sentou-se no peitoril da única janela da casa.
- Rony? - perguntou Harry. - Tudo bem?
- Sim...
Mas era óbvio que ele não estava bem.
- Você tem que superar isso, cara - disse Harry. - Pode não ter dado certo com a Luna e nem com a Cho, mas eu tenho certeza de que você vai encontrar alguém melhor. Não é por isso que você deve pensar "ótimo, sou um perdedor, não quero mais fazer nada".
Rony encarou o amigo.
- Eu quero ficar o dia todo sentado na janela, de roupão, comendo amendoim - exclamou Rony. - Como assim eu não quero fazer nada?
Harry viu que sua conversa não adiantaria em nada. Logo tropeçou em algo que lhe chamou a atenção: uma bola de futebol americano.
Tivera uma idéia.
- Ei, Rony, que tal nos distrairmos um pouco jogando? Vai ser ótimo! Vamos, amor? Max? Daisy? Gina? Vocês topam?
- Não - respondeu Rony. - Não podemos jogar.
- Ah, é? E quem disse isso, a mãe de vocês? - ironizou Harry.
- Foi - disseram Rony e Gina, de cabeça baixa.
- Sério?
- É. Éramos muito competitivos. Mamãe ficava maluquinha - explicou Gina. - Ela vivia ameaçando jogar o Troféu Weasley fora.
- Quê? Tinha um Troféu Weasley?
- Tinha.
- E não tem mais porque...? - perguntou Hermione.
- Um dia, mamãe cansada de nossas brigas... - começou Gina.
- Tacou o troféu no lago e nos proibiu de jogar! - terminou Rony.
- Mas quer saber? Hoje acho que podemos jogar - disse Gina. - Afinal, já se passaram anos. Não somos mais crianças, não é.
- Bem... não é o que mamãe diz. Mas podemos jogar! O que vocês acham?
Hermione, Daisy e Max nada disseram.
- Pra mim tudo bem - falou Harry. - Mas não sei como vamos fazer para chegar ao campo porque minha mãe não me deixa atravessar a rua.
- Ok, engraçadinho - resmungou Rony, levantando-se. - Vamos jogar.
O campo não era muito longe dali e o lugar estava um tanto vazio. O que significava que poderiam jogar sossegados.
- Quem vai começar a escolher os times? - perguntou Rony.
- Que tal tirar na moeda? - sugeriu Harry.
- Não, as moedas me odeiam! - exclamou Daisy.
- Já sei - disse Gina. - Rony, pense em um número de um a dez.
- Hum... Sei lá... Sete...
- Oito - falou Gina. - Ganhei.
- Ei! Mas isso não vale!
- Gina, me escolhe - pediu Hermione.
- Tá, tá... Max!
Max correu ao lado de Gina.
- Sou sua amiga - disse Hermione a Gina, inconformada.
- Isso é injusto. Eu ia escolher o baixinho... - falou Rony. - Ok. Escolho o Harry.
Harry ficou ao lado de Rony.
Hermione lançou um olhar significativo a Harry.
- Oh, amorzinho, não se preocupe, vão te escolher.
- Daisy, pode vir - chamou Gina.
Daisy postou-se ao lado de Gina, sorridente.
- Escolho a Hermione - disse Rony.
- Me escolhe nada, só sobrei eu - resmungou ela, emburrada, postando-se ao lado de Harry.
Os times estavam formados. De um lado, Harry, Rony e Hermione. Do outro, Gina, Daisy e Max.
- Daisy, você sabe o que fazer? - perguntou Gina baixinho.
- Sei.
- Certo. E você, Max?
- Tudo bem.
- Ok... então vamos jogar - falou Gina.
- Agora que tocou no assunto - disse Daisy. - Como se joga?
- Daisy! - exclamou Gina. - Eu achei que tivesse dito que sabia o que fazer.
- Oh! Pensei que falava sobre a vida!
Gina deu uma aula teórica rápida a Daisy.
- Fiquem em suas posições - comandou Rony, que se encurvou no meio do campo com a bola em frente a Gina.
Harry encurvou-se também, atrás de Rony. Este olhou para o amigo, desconfiado.
- Mais pra trás? - perguntou Harry.
- Boa idéia - concordou.
Harry se afastou do traseiro de Rony. O jogo começou.
Gina passou a bola para Max, que, ligeiro, passou para Daisy. Daisy correu para o campo de Rony, com a bola em mãos, e fez um gol.
- Hermione, você tinha que marcá-la - disse Rony.
- Agora que você me avisa?
Gina passou para Max. Harry roubou a bola e a passou para Hermione.
- Amor, é só ir lá e marcar! - avisou Harry.
Mas Max pulou em Hermione e roubou a bola. A garota a largou, dizendo:
- Quase arrancou o meu braço.
Max fez outro gol para o time de Gina.
- Tudo bem, temos que organizar isso - disse Rony. - Harry, tome cuidado com Max. Ele é pequeno e muito rápido. Procure marcar ele.
- E eu - perguntou Hermione. - O que faço?
- Você corre - respondeu Rony.
- Quanto?
- Até a gente ficar bem “pequetucho”.
- Podemos jogar ou não? - reclamou Gina.
- Ok...
Harry segurou a bola em pé no chão para que Rony a chutasse. Hermione correu. Enquanto se preparava, Rony murmurava, olhando fixamente para a bola:
"A bola é a Cho... Pense que a bola é a Cho...".
Ele correu e chutou com toda a força que conseguiu reunir. Mas não chutou a bola, e sim a mão de Harry.
- Ai! - gemeu Harry, massageando a mão. - Essa doeu! Acho que não foi uma boa idéia transformar a bola em Cho Chang... Esqueça ela!
- Foi mal, cara...
Hermione reapareceu ao lado do namorado, comendo um pão doce.
- Onde arranjou isso?
- Eu corri pra caramba - disse Hermione.
E o jogo continuou. Harry marcava. Hermione corria. Rony xingava.
A bola voou e caiu ao lado de um banco de praça. Rony correu para pegá-la. Mas uma loira aparou a bola com o pé e Rony boquiabriu-se à beleza da moça. Ela devia ter uns dezoito anos e usava uma roupa luxuosa.
- Oi. Estam jogando futebol? - perguntou a moça.
- Estamos - respondeu Rony. - Que engraçado; você tem um sotaque diferente - acrescentou.
- Sou uma holandesa - explicou ela.
- E eu sou o Rony. Rony Weasley. Muito prazer.
Eles se apertaram as mãos.
- Me chamo Magahá.
- Foi mal, Holandesa, mas não entendi seu sobrenome...
A moça riu.
Max foi até Rony.
- Ô Rony, cadê a bola...? Oi.
Max também se encantou com a moça.
- Max, essa aqui é a Holandesa e o sobrenome dela é Magatá, ou algo assim...
- Magahá - corrigiu a loira. - Posso me sentar aqui e assistir vocês?
- Claro - falou Max, pegando a bola no chão. - Fique a vontade. Espero que goste.
- Ei, ei... O tempo tá passando - berrou Harry.
- E eu tenho um peru no forno - berrou Gina.
Rony e Max voltaram ao campo.
- Gostei dela - comentou Max. - Tá no papo.
- É que, sabe... Eu tava pensando em pedir o número do fele... digo, do telefone dela - falou Rony.
- Ah, valeu. Mas deixa que eu mesmo faço isso - disse Max.
Rony pôs a mão no ombro de Max e explicou:
- Eu quis dizer para mim. Sabe... como parte daquele lance de esquecer a Cho.
- Ah... - compreendeu Max. - Tudo bem. Vai fundo. Pode tentar.
Max ia para o lado do campo dele quando Rony o parou novamente.
- Peraí - falou ele. - Quer dizer que se você não deixasse eu não teria chance?
Max pareceu penoso. Ajeitou os óculos quadrados e respondeu:
- Não me entenda mal, mas... É.
Rony pareceu muito ofendido.
- Tem gente que não se dá muito bem com certas coisas e... Eu me dou com mulheres. Já você... seu forte é matemática - explicou Max.
- Matemática? Meu forte é matemática? - perguntou Rony, zangado, dando tapinhas no braço do garoto. - Ah, não. Quer saber. Eu vou ganhar ela. E você não vai deixar nada. Veremos quem é o melhor - e tirou a bola das mãos de Max.
Rony foi para o lado de Harry e Max para o lado de Gina.
O jogo continuou. Harry notou que a todo tempo Max e Rony tentavam chamar a atenção de Magahá, que acenava lá do banco.
- Presta atenção no jogo - ralhou ele. - No jogo.
- Max, se eu der um jeito no Rony promete que joga direito?
Sem esperar resposta do garoto, ela postou-se em frente ao irmão e esperou a bola. Um segundo depois saltou em Rony e o derrubou de costas.
- Derrubado por uma garota - disse Gina à holandesa. - Não é todo o dia que se vê isso, hein.
- Quase matou ele - falou Harry, inconformado, quando a ruiva passou por ele.
- Pode crer que ainda não viu nada - riu ela.
- Valeu, Gina - agradeceu Max.
- Valeu nada - gemeu Rony, levantando-se - Foi pênalti.
- Não foi, não - defendeu a ruiva. - E foi um acidente...
- Ah, sim, assim como aquela violenta e espetacularmente assassina cotovelada no nariz que eu levei no último jogo, não é?
- Porque você ficou no caminho, Rony.
- Não, Gina, você viu que eu tinha pedido tempo. Foi proposital. E foi pênalti!
- Não foi!
- Foi sim!
- Não foi, não!
- Nossa, Gina, é impressionante como você insiste com suas roubalheiras - falou Rony, rindo com desdém.
- Não é roubalheira - exclamou Gina.
- Tá - disse Rony, dando as costas para a irmã. - Vai roubando aí, filha.
- Ah, não, vai começar? - disse Gina, cansada. - Tudo bem, Max, Daisy, foi pênalti. Vamos fazer o jogo deles...
O jogo estava tenso e a rivalidade era grande. Max estava pronto para marcar outro gol quando Rony o segurou pela camisa. E o segurou com força, quando todos ouviram o som de pano rasgando e viram a parte de trás da camiseta de Max abrir-se toda em um rasgo particularmente grande. Ele vestia uma camiseta branca por debaixo da verde, de modo que, agora, sua frente estava verde e suas costas brancas.
- Era minha camiseta preferida - indignou-se Max.
- Agora você tem duas - ironizou Rony. - Ei! Sou bom em matemática... dois!
- Tá legal, já chega - cansou-se Max, arrancando a camiseta rasgada e jogando-a fora. - Eu ia deixar você ficar com ela, mas agora vai ter que começar a tirar leite de pedra, porque não vou facilitar.
- Obrigado, mas acho que prefiro leite de vaca - resmungou o ruivo.
- Tá cinco a um, confira o placar, peru assou e Rony dançou... - cantou Gina, alegre. - Quer saber, maninho, se quer ganhar, terá de se esforçar mais. E sei que você vai se esforçar.
- Porque?
- Porque quem ganhar leva isso - disse ela, mostrando alguma coisa ao irmão.
Todos se aproximaram para ver do que se tratava, inclusive a holandesa.
- É... é o Troféu Weasley! - falou Rony, sem fôlego, contemplando com fascínio um pequeno duende escupido em madeira na mão de Gina. - Como...?
- Quando mamãe o jogou no lago, eu mergulhei escondida e o peguei - explicou a garota.
Rony pegou o Troféu Weasley e ficou admirando-o.
- Vocês também estão vendo um bonequinho pregado num pedaço de madeira? - perguntou Harry, preocupado, achando que tivesse perdido a noção das coisas.
- Sim - responderam Daisy e Max.
- Que bom...
- Eu vou ganhar esse troféu - disse Rony, determinado. - Prepare-se para o segundo tempo, Gina, porque eu vou esmagar você.
- Tudo bem - disse a ruiva. - Mas lembre-se que o placar está a meu favor.
- Isso porque você escolheu primeiro e pegou os melhores - justificou Rony.
- Não importa em que time você está, eu sempre vou te vencer - falou Gina, convencida. - Pode jogar com Freddy, o apanhador de sonhos, em seu time e eu vou continuar ganhando.
- Então você nos permite fazer algumas alterações? - manifestou-se Harry.
- Claro - concordou Gina.
- Ok... Então eu troco a Hermione aqui...
E a garota se assustou quando ele a tocou. Há muito tempo não falavam com ela.
-... pelo Max.
- Está me trocando? - perguntou Hermione, inconformada.
- Amorzinho... é só uma questão de princípios - tentou explicar Harry.
Mas Hermione arrancou a bola da mão de Max e bateu com ela na cabeça do namorado, antes de ir ao lado de Daisy.
- Ah, não - indignou-se Max, indo ao lado de Harry. - Antes era eu quem estava ganhando.
- Quanto a isso, não se preocupe - falou Harry, com garra. - Nós vamos ganhar e vamos levar aquele bonequinho feio pra casa!
- Isso!
- Mas eu não vou jogar com ele - reclamou Rony, indicando Max.
- Vai sim, e os dois vão parar de frescura agora, porque eu tive uma idéia de acabar com isso de uma vez por todas.
Harry agarrou Rony e Max pelo braço e se dirigiu à holandesa.
- Magahá, qual dos dois você escolheria para sair com você, o Rony ou o Max? - perguntou.
Os dois protestaram atrás do amigo a idéia de interrogar a garota, mas ele não ligou.
- Sair? - estranhou Magahá.
- É, sabe... Levar pra passear, tomar um sorvete, conhecer o seu moinho-de-vento - explicou Harry.
- Se eu tivesse que escolher agora, o que eu acha bastante estranho - disse ela. - Escolheria o Rony.
- Isso! Isso! - comemorou Rony. - De hoje em diante EU saio com a mulherada e você fica em casa à noite lendo revistas de culinária.
- Rony, me diz uma coisa - pediu Max, que parecia estar bolando algo. - De onde vêm os holandeses?
O ruivo foi pego de surpreso. Pareceu pensar com muito esforço até dizer:
- Eles... Eles vêm... vêm da Pensilvânia, é isso.
- Os outros holandeses, digo - tornou Max, com um sorriso triunfante.
- Ah, quase me pegou nessa! - falou Rony, parecendo o mestre da situação. - Os holandeses vêm de países baixos, que são lugares de faz-de-conta, como de onde vêm o Peter Pan e a Sininho.
- Puxa, essa doeu - disse a holandesa, enquanto Max escondia um sorriso maldoso.
- Ô Max, chega de geografia pra maluquete - disse Harry.
- Na verdade acho que mudo minha escolha para Max - falou a holandesa. - Ele sim parece ser inteligente.
- Ahá - gritou Max, gingando. - Viu só! Tomou? Ela me escolheu! Ela me escolheu! Sentiu, gostoso? Você ficou pra titia, Ronald!
- Dessa vez mudo minha escolha para nenhum dos dois - disse a holandesa, se levantando, escandalizada. - Vocês dois são superficiais e muito idiotas. Adeus.
E ela foi-se embora, deixando os garotos com expressões tristes no rosto.
- Ótimo, agora que ela se foi, podemos jogar - disse Harry. - Mas antes, apertem-se as mãos.
Houve um breve aperto e eles voltaram ao campo.
- Veja só que coisa engraçada - falou Gina. - Somos três garotas contra três garotos. Tá na hora de mostrar o poder feminino! Ok, garotas, cheguem mais.
Hermione e Daisy se agacharam para ouvir a amiga melhor.
- Precisamos ganhar esse jogo. Pensem que estão jogando não só para nós mesmas e sim para as mulheres do mundo todo. Vamos mostrar do que somos capazes.
- Isso! - concordou Hermione. - Mas você vai me deixar jogar, não é? Estou cansada de correr.
Gina pareceu desconcertada e não respondeu à pergunta. Prosseguiu:
- É isso, tá na hora de mostrar a estes homens quem somos. Vamos nos vingar! Por toda a discriminação de dizerem que não somos capazes de jogar futebol! Por todas as vezes que eles ficaram de olhos vidrados na tv durante o namoro...
- Ah, meu Deus, então você também namorou um cara com olho de vidro? - perguntou Daisy, animada.
- Ãn... Ok, vamos jogar... - falou Gina. - E aí, suas dondocas! - gritou para os garotos, que olharam para elas, indignados.
- Mas Gina, como vamos ganhar deles? - perguntou Daisy, preocupada. – Eles ainda são homens! Como faremos para ganhar de três homens?
- Acho que tive uma idéia...
O segundo tempo começou. Harry passou para Max que passou para Rony. Rony desviou de Gina e passou por Daisy, pronto para fazer o gol. Mas voltou. Daisy estava parada olhando para ele com a blusa levantada.
Rony soltou uma risadinha, abobalhado com o que via, enquanto Daisy abaixou a blusa, roubou a bola, saiu correndo e marcou ponto para as garotas.
Quando Harry pegou a bola, acidentalmente ele levou um golpe baixo de Gina, que o fez cair no chão e ficar encolhido.
- Certo... Acho que doeu, não foi? - perguntou a ruiva, olhando para ele preocupada.
- Você acha? - ironizou Harry. - Meus países baixos foram todos parar na Europa!
Max estava com a bola, mas Hermione o segurou pelo braço, Daisy pela cintura e Gina saltou na região lombar do garoto, o que o impediu de continuar até o gol. Jogou para Rony, que, livre continuou o caminho interminado por Max... livre até Daisy correr ao lado dele novamente com a blusa levantada. Ele não prestou atenção no caminho que fazia e foi parar num arbusto.
Mais um gol para as garotas.
- Seu fraco! - xingou Harry, tirando Rony do arbusto.
- Você não entendeu, Harry... Ela me mostrou o sutiã!
- É, e nós estamos perdendo - resmungou Max. - Ok. Vamos atacar.
Rony e Max seguraram Daisy, enquanto Harry corria adoidado atrás de Gina, que estava com a bola.
Ele a encurralou.
- Nunca vai tirar essa bola de mim - falou ela, alucinada.
- Não - disse Harry. - Olha, é o Antonio Banderas!
Ele apontou para trás da garota. Ela olhou depressa. Neste momento de distração, Harry tomou a bola.
Desta vez o gol foi para os garotos.
E eles suaram a camisa, mas finalmente conseguiram um empate.
- Gina! Quem é o bom? - caçoou Rony, dançando. - Quem é o bom?
- Ok, garotas... Precisamos de uma nova tática - disse Gina, preocupada.
- Quer que eu levante a blusa novamente? - perguntou Daisy.
- Não, não... Eles não caem mais nessa...
- Por favor, Gina - pediu Hermione. - Deixa comigo. Só o que fiz até agora em ambos os times foi correr pra cima e pra baixo. Como vamos saber se podemos ganhar se não me deixam jogar?
- É, Gina, deixa ela jogar - concordou Daisy.
- Tá bom... Mas por favor, Hermione, não erre. Eu vou passar para a Daisy, nisso você corre para o campo deles. Daisy lança para você. E daí é só marcar, ok?
- Combinado! Vamos lá!
E assim dito. Gina passou para Daisy. Os garotos correram para cima dela, que lançou a bola para onde Hermione estava. Todos ficaram na expectativa. A bola parecia ir a câmera lenta. Será que Hermione conseguiria pegar?
E pegou.
- Conseguiu! - berrou Gina, atropelando os garotos para chegar até a amiga.
As três se abraçaram. Mas Rony soltou uma risadinha sinistra.
- Veja só que coisa engraçada - comentou ele. - Mione jogou a bola aqui, certo? Mas, se repararem direito, a linha está mais à frente, bem aqui. Então, não foi gol.
Elas pararam de comemorar.
- Não, a linha é aqui - falou Gina, arrastando o pé no chão.
- Não é - insistiu Rony.
- É sim - concordou Daisy.
- Não é, não - analisou Harry.
- E isso faz diferença? - perguntou Hermione, cansada.
- FAZ!- responderam todos em uníssono.
E eles começaram a discutir.
- Gente, gente - disse Daisy, de repente. - Parem de gritar e me escutem... Gente... GENTE!
Eles calaram-se e olharam para a garota que indicava um local no chão mais à frente da bola e das duas linhas que Rony e Gina confundiram.
- Acho que essa é a linha verdadeira.
- Peraí... Isso quer dizer que... se ninguém marcou, e a bola está ali parada... - observou Max. - O jogo ainda não acabou!
De repente Rony, Gina, Max, Daisy, Harry e Hermione saltaram todos em cima da bola. Mas os únicos que conseguiram por a mão nela foram Gina e Rony, que ficaram estirados no chão, ambos segurando metade da bola.
- Larga a bola! - ofegou Gina. - Eu sou uma menininha frágil e indefesa!
- Ok. E eu sou o Mickey Mouse - ofegou rony em resposta, tentando arrancar a bola dela. - Não vou largar!
- Gente; vamos parar com isso - falou Max. - Hoje é Natal... Não importa quem ganha ou quem perde. O que importa é... QUE A HOLANDESA ME ESCOLHEU! A MIM E NÃO A VOCÊ! VIVA EU!
Rony finalmente largou a bola. Mas para sair correndo atrás de Max.
- Vocês acham que o Max vai viver para comer o peru? - perguntou Harry, vendo Rony correr atrás do garoto por toda a extensão do campo.
- Acho que não - disse Gina, se levantando com a bola. - Vamos lá comer.
- Mas e eles?
- Quando tiverem fome eles entram...
- Mas peraí... Não pode haver empate - falou Harry. - Vamos tirar na moeda - tirou uma sicle do bolso -, se der cara eu, Rony e Max ganhamos. Coroa ganham vocês - e a jogou para o alto. - Droga... Coroa!
- As moedas fizeram as pazes comigo! - comemorou Daisy, vibrando.
O Natal fora maravilhoso. Apesar das intrigas, aqueles eram amigos que jamais se separariam. É claro que Voldemort podia fazê-lo, mas a AD lutaria contra isso.
- Quer dizer que vocês foram as cozinheiras? - perguntou Quim Shacklebolt, arrancando um pedaço generoso do peru. - Está tudo muito bom.
- Obrigada, senhor - agradeceu Gina.
- Geléia... - falou Rony, feliz, esvaziando um pote que Gina lhe dera. - Adoro geléia! Porque nunca comemos geléia em casa? - perguntou.
- Porque as crianças precisam de sapatos - ironizou Harry, servindo-se de peru e batatas.
Mas Harry parou a meio caminho. Ao olhar Daisy lembrou que a garota era vegetariana. Assim então ele devolveu o peru e só ficou com as batatas, para fazer companhia à amiga.
- O que você acha disso, Mione? - perguntou ele, colocando batatas no prato da namorada.
- Do que, amor?
- Sabe... Essa coisa de vegetarianismo.
- Ah, sim. Bem, considerando que os vegetarianos não pensam em si mesmos e sim nos animais, eu aprecio muito isso.
- Ótimo - disse ele, passando a pimenta para o Sr. Weasley. - Porque eu também vou virar um.
- Sério? Ah, Harry, isso é tão legal - falou Hermione. - Quer saber? Seremos os dois!
- Fico muito feliz por vocês! - disse Daisy.
- Meu Deus - disse Rony. - Isso é doentio. Vocês vão ficar comendo só plantas... Como conseguem?
- Basta força de vontade - explicou Daisy. - Porque não tenta também?
- Eu não. Ah! chegou o champanhe!
Remo Lupin trouxe uma garrafa em mãos.
- Desejo um Feliz Natal a todos vocês. Que possamos estar todos aqui novamente reunidos no ano que vem.
- E que o Papai Noel não se esqueça de você, Harry - disse Rony, uma hora depois, bêbado, erguendo uma taça vazia. - Você foi um menino muito bom este ano.
- Ele não vai esquecer - ironizou Harry, tirando de perto do amigo uma garrafa de vinho antes que ele a localizasse. - Escrevi uma carta a ele e mandei o coelhinho da páscoa entregar.
Rony soltou uma risadinha e cochichou no ouvido de Daisy, embora que sua embriaguez fizesse ele falar muito alto:
- Ele acredita no coelhinho da páscoa.
Daisy riu.
- E você em Papai Noel - disse ela, segurando o garoto que ameaçava cair da cadeira. - Já eu prefiro acreditar na Deusa Vodu-Vegetariana.
- Olha só, a roda da imaginação - comentou Hermione, sentando-se ao lado de Harry.
- Papai Noel, coelhinho da páscoa e deusas vegetarianas... Não sei porque, mas de repente deu vontade de ler "As Verdades Sobre Chuck Norris" - falou Harry.
- Podemos pegar na biblioteca se quiser - disse Hermione.
- Amor... Foi uma piada - disse Harry, sorrindo para ela. - Deusas Vodu... Chuck Norris... Entendeu? Acho que vou me deitar - acrescentou, quando ela ergueu ligeiramente a sobrancelha.
- Espera aí, já vou com você. Mas antes tenho um negócio pro Rony...
- O que? Mais gim? - perguntou Rony, olhando a amiga, esperançoso. - Gosto de batido, não mexido, ok?
- Ok, James Bond - disse Hermione, sorrindo para o amigo. - Mas não é bebida. Na verdade - ela tirou do bolso uma fita daquelas de tocar em rádios trouxas - é justamente o oposto...
- Ah, sim. O contrário de bebida é... Tédio?
- Rony, eu não sei se você já percebeu, mas você tem um sério problema com as bebidas.
Ele riu ridiculamente.
- Não, não tenho. Relaciono-me muito bem com elas.
- Ah, você me entendeu - falou Hermione, cansada. - Você bebe muito! E já se deu muito mal por causa da bebida.
- Ah, é? Cite uma vez - pediu Rony.
- Daquela vez em que você dormiu com a irmã do Krum - manifestou-se Harry. - E tudo o que ganhou no final foi um olho roxo.
- Tá... - falou ele, mesmo que bêbado parecendo um tanto constrangido ao se lembrar de tal coisa. - Cite outra.
- Teve aquela vez em que você encheu a cara na casa da vovó - disse Gina, parecendo recordar-se de algo muito engraçado a julgar pelo sorriso que continha nos lábios. - Lembra?
- Você fala de quando eu confundi a vovó com uma samambaia? - perguntou Rony, lentamente.
Todos riram.
- Não, mas essa vale também. Até porque você urinou na vovó - riu ela. - Mas falo da vez em que você estava bêbado no aniversário dela e subiu no parapeito da janela.
- Peraí, eu não estava bêbado naquela noite, não... Só um pouco feliz - justificou ele.
- Ah, claro - ironizou Gina. - Sempre que está feliz você abaixa as calças e toca uma música com as nádegas, certo?
Daisy caiu na gargalhada.
- Enfim, se você quer parar de beber e se tornar uma pessoa melhor - disse Hermione, entregando a fita a Rony. - Use isto.
- E isto é...?
- E está uma fita de hipnose. Você pode ouvi-la neste rádio todo dia antes de dormir - e ela tirou da bolsa um radinho com fones de ouvido. - Minha amiga trouxa, a Beth, usou essa mesma fita e em uma semana não quis mais saber de beber.
- Tá bom... Acho que eu passo um pouco dos limites com a bebida, sim... - confessou Rony. - Mas isso é esquisito... Fita de hipnose?
- Pode ser que funcione - falou Daisy. - Mas se não quiser a fita, pra parar de fumar você vai ter que entrar numa banheira com dois homens sarados e peladões.
Rony olhou-a preocupado.
- Meu pai costumava chamar isso de "Noites Alucinantes" - disse Rony. - E fico com a fita, obrigado.
Todos já muito cheios e felizes foram dormir. Harry e Hermione deitaram juntos na cama de Sirius, onde Bicuço costumava ficar.
Não poderíamos estar em melhores condições, pensou o garoto, alegre, acariciando o topo da cabeça dela, a menos que Voldemort já tivesse sido eliminado...
TUM.
Harry levantou-se, assustado.
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