Bons Conselhos
Amar
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.
Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.
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Cap XVII - Bons Conselhos
Rony desaparatou em casa ainda confuso após caminhar um bom tempo naquele sábado pelas ruas da cidade movimentada de Londres pensando sobre tudo o que havia acontecido nas últimas 24 h.
Sabia que a morena o amava, mas não entendeu muito bem o motivo de ter sido expulso daquela forma depois de tantas declarações e de uma noite tão especial. Muito menos compreendeu o fato de ter sido acusado de aproveitador por ela, que até algumas horas atrás declarava o quanto o amava e como desejou àquele momento. Ele suspirou.
Encontrou o pai sentado na mesa da cozinha lendo o seu habitual jornal e o cumprimentou com um bom dia. O mais velho respondeu e percebeu que o filho não estava bem. Olhou nos olhos do garoto e viu uma tristeza muito grande banhando os olhos sempre tão alegres.
- O que houve Rony? - o pai perguntou fechando o jornal e olhando diretamente para o filho.
- Nada de mais pai - ele respondeu sem muita convicção - Cadê a mamãe?
- Foi ao Beco Diagonal com a Gina.
- A Gina já está acordada? - ele perguntou surpreso.
- Faz um tempo... São quase 3h da tarde Rony.
- Tudo isso? - Rony assustou-se.
- Senta meu filho - o homem continuou - Come alguma coisa. Deve estar com fome, não?
- Não. Tô sem fome pai - ele respondeu e sentou-se ao lado de Arthur.
- E ainda quer que eu me convença que você está bem? - o pai falou um pouco brincalhão - Até onde eu sei, você só perde a fome quando está triste.
- Tá tudo bem pai...
- É a Mione, não é? - o pai falou certeiro e o filho assentiu com a cabeça olhando-o nos olhos. Será que era tão evidente o que sentia e como se sentia em relação a morena? - A Gina disse que vocês saíram juntos da festa ontem... Vocês brigaram?
- Não. Quer dizer... Sim - ele pareceu confuso - Na verdade eu não sei.
- Conta pra teu pai o que houve - o homem falou amigável - É sempre bom desabafar.
- Você não vai falar pra mamãe, vai? - Rony perguntou ansioso.
- Não - o homem respondeu sorrindo.
- Certo. - Rony relaxou o corpo - O problema pai, é que eu não entendo a Mione.
- O que foi que aconteceu?
- Bom... Não sei se o senhor já sabe, mas ela terminou o namoro dela.
- Sei sim. A Gina falou algo a respeito.
- Então - Rony continuou - Eu passei uma semana inteira empenhado em reconquistá-la...
- Como assim?
- Eu mandei flores, persuadi a secretária dela pra ter informações antes que os demais e procurei a mãe dela também pra pedi algumas dicas das coisas que ela gostava e ninguém sabia só pra surpreendê-la.
- E deu certo?
- Aparentemente sim, já que ela terminou o namoro. Isso me deu certa esperança de que iríamos nos acertar. Eu dei um tempo com os mimos pra não sufocá-la, afinal ela não gosta muito dessas coisas e sei que deve ter estranhado demais minha iniciativa, mas continuarei com o plano se for preciso... O problema é que depois de ontem eu não sei mais o que pensar.
- E o que aconteceu? - o pai perguntou e Rony sentiu a face esquentar.
- Fomos juntos pra despedida do Harry e da Gina e nos divertimos bastante. Depois eu a levei em casa e... Bem... - Rony sentiu a face queimar agora.
- Vocês passaram a noite juntos. - Arthur concluiu muito sério e Rony sentiu-se mais confiante.
- Foi - ele suspirou - E foi muito bom. Quando acordamos hoje eu pensei que iríamos voltar a ficar juntos de uma vez e eu ia pedi-la em namoro de novo, mas ela mudou totalmente de uma hora para a outra. Me acusou de ter me aproveitado por ela estar bêbada...
- E ela estava bêbada? - o pai interrompeu aflito.
- Estávamos meio altos, é verdade, mas não embriagados ao ponto de sermos obrigados ou persuadidos a algo. Ela correspondeu tudo em todos os momentos e da segunda vez - Rony enrubesceu e olhou para as mãos - Bem, foi ela que teve a iniciativa e... - ele suspirou novamente - Eu não entendo pai.
- Rony - o pai o fitou - A Hermione está confusa. É normal meu filho. Ela tem medo de se envolver com você e as coisas não darem certo novamente. Ela se sente insegura e aproveitou a desculpa da bebida para se esconder, você entende?
- Acho que entendo sim - ele concordou.
- Agora, meu filho - Arthur continuou - É você que tem de decidir...
- Decidir o que?
- Se vai esperar ou desistir da Mione.
- Não posso desistir dela pai - Rony falou sério fitando profundamente os olhos igualmente azuis - Eu amo a Mione e eu não consigo me imaginar longe dela.
- Você tem certeza?
- Nunca tive mais certeza de algo na minha vida. Não posso perder a Mione. Não de novo. Eu vou lutar por ela e só vou desistir se ela me disser com toda a sinceridade que não me ama e que quer que eu me afaste dela. Se não for nessas condições, eu vou lutar por ela até tê-la de volta comigo, e ai eu vou provar pra ela que eu nunca mais vou fazer ela chorar.
- Fico feliz em ver como você cresceu meu filho. Tornou-se um homem, e um homem decidido e certo do que quer. Nem parece o Roniquinho que fugia de aranhas e detestava todas as mulheres do mundo.
- Eu só tinha sete anos pai. A Gina, a mamãe e a tia Muriel eram as mulheres mais próximas que eu tinha. Seria estranho não odiar - eles sorriram.
- Tenho certeza que tudo vai se resolver entre vocês, bem antes do que você imagina.
- Valeu pai. É isso o que mais desejo - Rony abraçou o pai e o beijou. Em seguida subiu para seu quarto pensando na conversa tranquilizadora que tivera com ele.
[...]
- Não mamãe. Eu já falei. Eu estou bem. - Hermione falava ao celular.
- Hermione, minha filha. Eu conheço você, então não tente me enganar porque você não consegue. Sua voz está triste, e mesmo que não esteja vendo seus olhos, sei que andou chorando.
- Tudo bem mamãe... Eu desisto. Posso aparatar ai?
- Claro que sim, minha filha. Vou te esperar na varanda.
- Certo. Só vou trocar de roupa. Te amo.
- Amo você minha linda.
Hermione colocou comida na vasilha de Bichento e trocou a água. Foi para o quarto e trocou a camisola que usava por uma calça jeans e uma camiseta de malha com mangas. Os dias estavam ficando com temperaturas mais baixas agora que estavam se aproximando do outono. O clima era aconchegante.
Desaparatou na varanda da casa dos pais, e como combinado há alguns minutos, sua mãe a esperava com um sorriso largo nos lábios. Os cabelos estavam mais curtos e apresentavam alguns poucos fios brancos, mas continuava linda como sempre fora. Ainda mais bonita com o passar dos anos.
- Oi meu amor - a mãe adiantou-se e abraçou a filha - Estava com saudades.
- Eu também mamãe - a filha deu-se ao abraço - E o papai?
- Foi comprar morangos, mas já deve estar voltando. Ficou todo animado quando avisei que você estava vindo.
- Ah mamãe - ela falou envergonhada - Tenho estado tão afastada de vocês.
- Nós entendemos minha filha, e não te cobramos nada. Não te criamos para que você ficasse eternamente sob os nossos cuidados. Você é uma mulher esperta e muito inteligente, além de linda. Precisa de seu espaço e estamos muito orgulhosos de você, como sempre fomos.
- Obrigada mamãe - a filha abraçou novamente a matriarca - Obrigada por ser a minha mãe.
- Eu que agradeço de ter uma filha maravilhosa como você. Mas agora me diga o que está afligindo esse coraçãozinho?
- Não é nada demais mamãe - ela disse sem muita convicção enquanto se sentavam no banco suspenso da varanda.
- Hermione - a mãe falou colocando a mão sobre a mão da filha - Eu te conheço e sei que esse olhar tristonho tem um nome. Preciso mesmo falar o nome dele ou você vai me contar o que houve?
- Por que a senhora tem que me conhecer tão bem mamãe? - ela perguntou sorrindo; os olhos brilhantes.
- Sou sua mãe, meu amor. É meu dever. Agora me diga o que aconteceu entre Rony e você - Hermione estremeceu ao ouvir o nome do ruivo - Ele fez alguma coisa?
- Não mamãe - ela suspirou triste fitando os olhos da mãe - A culpa desta vez é toda minha.
- Hermione, minha filha - a conversa foi interrompida pelo pai que chegara animado - Que saudade meu amor.
- Oi papai - eles se abraçaram - O senhor está tão bonito com essa camisa azul.
- Obrigado minha flor. Mas como você está?
- Ela não está bem Peter¹ - sua mãe respondeu primeiro.
- O que houve meu amor? - o pai preocupou-se.
- Não é nada de mais papai - Hermione respondeu carinhosa - A mamãe está exagerando.
- Não estou não mocinha - a mãe dela adiantou-se.
- Mas o que houve finalmente Ivana²? - o homem olhava de uma para a outra.
- Podemos conversar depois meu amor? - a mulher continuou - Essa mocinha e eu precisamos ter uma conversa de mãe para filha.
- Tudo bem - o homem falou vencido - Vou fazer uma torta de morangos enquanto vocês conversam - ele falou e Hermione lembrou-se de como o pai sempre cozinhou tão bem e de como adorava as coisas que ele fazia.
- Então... - a mãe continuou incentivando a filha após o marido ter entrado na casa - O que houve?
- Faz uns dias que o Rony está muito carinhoso comigo, muito atencioso e prestativo.
- Que bom, meu amor - a mãe falou quando a filha demorou a continuar - E o que você achou disso?
- Na verdade, eu achei estranho. Não é da personalidade do Rony mandar flores, bombons ou bilhetes apaixonados, mas eu confesso que gostei dessa mudança... - ela falou sonhadora e a mãe sorriu.
- Parece que ele conseguiu o que queria - a mãe falou e a filha assustou-se.
- Como assim? - Hermione perguntou confusa.
- Há uns dias ele esteve aqui e conversamos um bom tempo...
- O Rony? - ela estava assustada - O que ele veio fazer aqui?
- Nada além de dizer o quanto se arrependia de ter se separado de você e que faria o que fosse preciso para te mostrar o quanto ele te ama.
- Ele falou isso? - ela estava ainda mais espantada.
- Sim - a mãe sorria - E eu e seu pai achamos a atitude louvável. Ele perguntou sobre algumas coisas que você gostava e...
- Os bombons - Hermione concluiu com um suspiro.
- Ele falou para seu pai e eu que o que precisasse fazer ele faria para te reconquistar.
- Ele me falou isso também - Hermione falou fitando um ponto distante.
- E pelo que vejo - a mãe continuou - Ele realmente conseguiu.
- Ah mamãe - Hermione tinha os olhos marejados e falou abraçando a mãe - Eu não sei o que fazer nem o que pensar. Eu estou tão confusa. Eu... Eu o amo tanto mamãe... Mas eu não sei o que fazer...
- E o que você fez então que te deixou triste?
- Eu o acusei de algo que ele não fez - ela falou envergonhada.
- Me conta - a mãe incentivou.
- Nós voltamos juntos ontem da despedida de solteiro e ele passou a noite em minha casa.
- Fizeram as pazes então?
- Não - Hermione falou com uma voz lamentável ainda com a cabeça no ombro da mãe.
- E então?
- Nós passamos a noite toda juntos. Foi tão bom mamãe. Ele foi tão perfeito comigo, como sempre foi, foi tão completo e eu me entreguei... Eu fiz tudo o que prometi que não voltaria a fazer jamais mamãe.
"Tudo o que fiz e me esforcei para esquecer, para abafar e fazer morrer ressurgiu junto com ele quando voltou do treinamento. Ah mamãe... Eu tenho tanto medo do que sinto."
- Do que tem medo minha filha? - a mãe acariciava a cabeça de Hermione.
- Tenho medo de sofrer mamãe - Hermione chorava - Tenho medo de sofrer de novo. De chorar de novo... De sentir tanta tristeza de novo...
- Tem medo de sofrer, de chorar e ficar triste como está agora? - a mãe falou e Hermione a olhou surpresa - Você já está sofrendo minha filha, mas está sofrendo por se privar de tentar ser feliz. Por que não tenta se dar uma chance? Por que tanto medo de tentar? Você sempre foi tão segura, tão corajosa e está com medo de amar?
“Sabe... Eu e seu pai não nos dávamos muito bem quando éramos mais jovens. Nos conhecemos na faculdade de odontologia e eu detestava cada vez que ele abria a boca tentando aparecer em todas as aulas, tentando sempre ser o melhor.
“O mais engraçado, é que eu sempre me pegava sorrindo das brincadeiras que ele fazia durante os intervalos com os amigos e guardo até hoje a primeira flor que ele me deu. Uma margarida branca.
- A margarida do quadro? - Hermione perguntou.
- Sim... Ela mesmo. Mas eu e seu pai nos alfinetávamos muito, e tivemos que namorar três vezes até admitirmos que éramos loucos um pelo outro e decidimos nos casar de uma vez, mas antes disto, nós nos desentendemos inúmeras vezes, e por mais medo que eu sentisse de aceitar tentar novamente, eu não me arrependo Hermione.
“Se não tivesse tentado, não teríamos casado e não teríamos você. E não seríamos felizes como somos hoje. E sabe por quê? Porque é muito melhor você se arrepender do que fez, do que se arrepender por não ter tentado.”
- E se não der certo, mamãe? E se eu sofrer de novo?
- Você vai sofrer, vai chorar e vai superar. A vida é feita de altos e baixos, mas você não pode se privar da felicidade, mesmo que ela não dure para sempre. O que importa realmente são as sensações, os pensamentos que ficam e as lembranças felizes, meu bem. Não tenha medo de se arriscar.
- A senhora está certa mamãe. Mas eu preciso conversar com o Rony antes. Preciso de um tempo pra colocar minhas ideias em ordem.
- Está certa meu amor. Conversem e se acertem. É o melhor a ser feito. Agora vamos lá dentro ajudar o papai?
- Vamos sim...
Hermione sabia que a mãe não tinha os melhores dotes culinários, o que não divergia muito dela, que não sabia fazer muitas coisas. Sabia também que quando ela e a mãe tentavam ajudar o pai, a cozinha se transformava em um desastre. Mas sempre se alegravam e se divertiam naquelas situações, e Hermione sorriu ao lado da mãe para ajudar o pai.
0o0
N/A: Tá acabando gente... Snif... Gosto tanto dessa fic :)
Posto outro ainda essa semana...
¹Peter e ²Ivana - Como não temos ideia do nome dos pais da Mione, eu sempre invento um ou outro.
***Potterheads, vamos nos mobilizar... Como assim estamos em segundo lugar?
VOTEM e ARRASEM!
http://listas.terra.com.br/diversao/40959-quais-osas-melhores-fs-brasileiros-de-2012
Cenas no próximo
Linda era a única palavra que Rony conseguia pensar para adjetivar a moça que lhe sorria com graça e para sua sorte, seria sua acompanhante durante toda a noite.
Ainda parados na escada da sala se olhando em transe, eles acordaram quando ouviram Molly pedir licença para ver como Gina estava.
O ruivo estendeu-lhe o braço e ela o aceitou sorrindo ainda mais. Precisavam de tão pouco para serem felizes. Já bastava de tantas dificuldades.
[...]
Rony e Hermione olhavam de um para o outro ao lado esquerdo de Harry e sorriam quando se olhavam. Gina então adiantava-se para o moreno ao lado do pai em passos lentos e contidos.
A longa calda do vestido era arrastada pelo tapete vermelho conjurado pelos organizadores. O vestido era justo e ousado como ela sempre foi.
Comentários (3)
Maravilhosa a sua fic. Lamento que esteja acabando.
2012-09-07Nossa esse capitulo foi maravilhoso. Realmente bons conselhos, dos dois lados , eu sempre achei o Arthur perfeito, nossa ele é um ótimo pai, tudo de bom, maravilhoso demais ainda bem que ele aconselhou o Ron *-* A mãe da Mione também, nossos pais sempre tem a coisa certa para dizer \O/ já tá acabando ?? Ahhh acaba não :/ faz uma continuação, ou continua aqui mesmo \O/ amo o Ron e Mione daqui, tipo eles são perfeitos, nem tem como defini-los. Eu espero que continueeee. Mas se fizer outra estou aqui para ler \O/ *------------------*beijooos flr!
2012-09-06Muito bom,e nem demorou pra sair,é como uma tribuna do Potter,ou Ron e Hermione
2012-09-05