Um pedaço da verdade
Hermione continuava a ignorar as tentativas de desculpas de Harry. Por culpa do temperamento explosivo do seu marido, tiveram inúmeras discussões, quase revelam a uma trouxa que Dumbledore era um bruxo e por pouco não sofreram um grave acidente envolvendo um ônibus escolar cheio de crianças, onde o feitiço que ela usou para salvá-los foi testemunhado por pelo menos seis trouxas civis.
Ela teve de obliviá-los por segurança, e fazer isso lhe trazia recordações dolorosas, Melissa estava assustada, as pistas e cartas de Dumbledore em completa desordem dentro do carro, o seu coração apertado com a falta de avanços em suas buscas e o tempo correndo como a correnteza de um rio em direção ao mar, cada minuto perdido era uma chance de recuperar seus filhos, jogada no lixo, pensava amargamente a nascida-trouxa.
As nuvens pesadas escureciam ainda mais os céus de Glasgow. O tempo esfriava, assim como suas esperanças, determinada, ela seguiu para a casa de Dumbledore na cidade. Harry novamente ao volante, não parecia estar no melhor dos seus dias. Acalmar Melissa o tinha feito perceber, quão perto esteve de perder o controle... de perder suas poucas chances de salvar seus filhos e seus amigos.
Mais uma vez, fora preciso Hermione intervir, foi preciso ela abrir seus olhos antes que fizesse uma besteira. Praguejando mentalmente por ser tão imaturo e inconsequente, o moreno desejou poder redimir-se com sua mulher. Ambos estavam empurrando-se além dos próprios limites há dias, ter Jared, Lily e James desaparecidos também não estava colaborando muito para descobrirem a identidade do verdadeiro inimigo.
Há dias eles encontraram a ameaça pairando sobre o Ministério da Magia, as fugas sequentes dos comensais da morte de Azkaban, os assassinatos de aurores por todo país, a insistência do Ministro da Magia em não agir antes da festa de comemoração de dezenove anos sem Voldemort. Todos já aguardavam um movimento ousado do inimigo, mas a estátua de Tom Riddle e o desaparecimento de Hogwarts foi além de todas as expectativas.
O ataque ao Beco Diagonal foi feroz, a marca negra estava de volta, os comensais finalmente livres declaravam vingança aos ‘heróis de guerra’. Pansy foi a primeira a falar alguma coisa, mas ainda assim insuficiente. Ela não mentiu quando disse que foi procurada por um bruxo diferente, jovem, no dia da execução do seu pai. Ele estava reunindo um pequeno exército de vingadores. De alguma forma cercaram Hogwarts e agora Harry desejava com todas as forças que as crianças e professores ainda estivessem a salvo.
Não foi difícil encontrar o endereço, Hermione se apressou a descer do carro sem uma única palavra ao marido, ela tomou Melissa no colo enquanto Harry desbloqueava as portas e verificava a presença de feitiços ou encantos de proteção. A pequena bocejava com a cabeça no ombro da mãe, o dia mal tinha começado e tanta coisa já tinha acontecido que a mais nova não conseguira descansar bem o suficiente, mas seu estômago roncando chamou mais atenção.
-Mamãe eu tô com fome!
Murmura Melissa ainda sonolenta, abraçando-se firmemente a Hermione.
-Vamos terminar rápido aqui e você pode comer o que quiser querida!
Responde a nascida trouxa com um beijo suave sobre a cabeça da filha mais nova e entrando novamente na antiga casa de Dumbledore.
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Jared estreitava os olhos curioso quando a fênix magnífica pousou sobre seu braço estendido, Dumbledore, por outro lado, parecia estranhamente satisfeito ao assistir Fawkes interagindo com os filhos de Harry Potter. O moreno podia ouvir Lily ofegar ao seu lado, em uma mistura de admiração absoluta e temor.
O Potter ainda guardava um sentimento de mau-agouro dentro de si, uma forte sensação de que estavam no olho de um furacão, dentro de uma armadilha, sendo observados de perto e que a qualquer instante o inimigo os machucaria de forma irreversível e isso o aterrorizava.
As coisas não estavam bem, ele podia sentir isso em cada célula do seu corpo, como se todo o tempo de paz estivesse com os dias contados, a começar uma semana inteira sem notícias de seus pais, dezenove anos de ‘tranquilidade’ culminando com o desastre em que se encontravam agora. O estranho tentando o matar no campo de quadribol, o desaparecimento dos seus colegas e professores, um mago poderoso e maligno andando pelo castelo, o torturando e enviando-o de volta no tempo... agora as visões perturbadoras de seu pai o atormentando.
Era quase impossível pensar coerentemente. Ele era filho do maior herói do século e da bruxa mais inteligente desde Rowena Ravenclaw, muito era esperado dele, os professores, os seus amigos, os seus pais... todos apostavam que Jared seria brilhante. Ele queria ser como seu pai, queria orgulhar sua mãe, ser um exemplo para seus irmãos. Mas não era fácil. Ele não tinha nenhuma habilidade estritamente especial, como seu pai, ou a inteligência da sua mãe, que foi herdada por Lily.
Na realidade, tudo que o grifinório conseguira vira com um árduo esforço, fora assim para conseguir entrar na equipe de quadribol, fora assim para manter suas notas boas, da mesma forma para convencer Alice que gostava de verdade dela, por cinco anos, outro esforço maldito para manter Lily longe dos ‘caras errados’ e além de tudo isso ficar de olho em James que começava Hogwarts agora.
Por mais que desse tudo de si em cada coisa que se determinava a fazer, ele tinha plena consciência de que cometia erros, e erros graves, erros tremendos. Com um suspiro culpado ele encarou sua irmã. Ele sabia que tinha que protege-la, que teria que encontrar um jeito de voltar ao seu tempo real e ajudar seus amigos. Ele precisava seguir um plano como ela havia dito, mas algo dentro dele rugia como uma fera enjaulada ansiando por sair, um desejo quase insano de agir, de enfrentar o medo o olhando nos olhos. Por mais confuso que fosse era assim que se sentia agora e o desesperava não poder fazer nada.
Quando foi capturado pelo bruxo das trevas e torturado brutalmente, ele se encontrou como vítima, como subjugado, um mero instrumento para atrair a atenção do seu pai e irmãos. Seu maior segredo era conhecido pelo bruxo que ameaçava a paz depois de quase vinte anos. Jared não suportava isso, se algo ele tinha herdado de sua mãe era a independência e a perseverança inabalável, ele não ficaria de braços cruzados esperando as coisas piorarem. Mas, para sua sorte, a inquietação que o sufocava estava diminuindo.
Sem perceber, a fênix cantava uma canção relaxante enquanto estava profundamente mergulhado em pensamentos. Lily sorriu aliviada ao ver o irmão relaxar sua postura angustiada. Dumbledore agora estava satisfeito com seu plano para acalmar o primogênito de Harry, agora ele só precisava descobrir qual ligação era essa que ameaçava tanto Jared quanto seu pai no tempo em que estavam presos.
-Muito bem, crianças, agora poderiam me contar um pouco mais do nascimento do primogênito de Harry?
Pergunta gentilmente o diretor.
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Ruby abria os olhos lentamente, seu corpo inteiro parecia protestar contra aquele simples movimento. Com um gemido, ela levantou-se o suficiente para perceber o cobertor sobre seu corpo e a poltrona amarela onde estava deitada.
-Ares...
Sussurra ela lembrando-se dos últimos momentos enquanto estava acordada, havia mesmo estado na câmara dos fundadores, com Poodleon e Ares Grendel. A percepção lhe atingiu furiosamente como um raio e Ruby congelou quando sua mão buscou o pingente que ganhara da sua mãe e descobriu-se sem ele.
Puxando sua varinha quase que de imediato, ela levantou de uma única vez, logo arrependendo-se depois. Tudo girava ao seu redor, ela sentiu as pernas cederem e ela caiu novamente sobre a poltrona com uma das mãos sobre a cabeça latejante.
Com um suspiro trêmulo, ela fechou os olhos fortemente até a sensação de fraqueza passar. Decidida, ela levantou, mas devagar. Empunhando a varinha ela arriscou um simples feitiço:
-Lumus!
Murmurou e uma fraca centelha de luz surgiu, porém logo desapareceu para frustração da grifinória.
-Não estou conseguindo usar muita magia agora!
Pondera a ruivinha preocupada. Seus olhos azuis buscaram algum sinal do Grendel ou do doce gatinho Poodleon. Ela tinha absoluta certeza de que estavam ali com ela há pouco tempo atrás, ela podia sentir a presença deles tão nitidamente como se tivesse os vendo.
O mais desconcertante ainda, é que no momento que ela imaginou encontrar um inimigo, ele cumprira sua palavra e ainda roubou-lhe seu primeiro beijo. Lembrou ficando completamente rubra, seus lábios ainda marcados pelo gosto dos lábios dele.
-Merlin, não seria certo!
Repreende-se antes de seguir cuidadosamente em direção à janela, podia sentir que o Grendel estivera ali por algum tempo. Contemplativamente a ruivinha fitou a escuridão na qual os campos que cercavam o castelo se encontravam, uma névoa sombria acompanhando o cenário assustador.
Mordendo o lábio inferior, Ruby se perguntou quanto tempo ela passara presa na câmara com Poodleon e Ares. O Grendel afirmou que conhecia o gatinho de Violet há muito tempo e aquilo a deixou ainda mais intrigada. Não se havia notícias de um bruxo com o sobrenome Grendel em séculos.
Sua linhagem fora repudiada pela nação de bruxos britânica há muito tempo, seu legado fora amaldiçoado e temido pelos mais poderosos magos da história, então como Ares chegara a Hogwarts? Porque odiava com tanto fervor os fundadores? Tantas perguntas se formavam em sua mente, até que ela percebeu suas sombras encapuzadas surgirem no nevoeiro.
Sentindo um estranho estremecer percorrer seu corpo ela puxou a varinha com força em sua mão direita, pedindo aos céus que não fossem inimigos.
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Eram os meses mais terríveis da vida de Harry Potter. Ele recusava-se a deixar o hospital onde Hermione fora internada, desde o ataque do comensal da morte no Beco Diagonal. A sua situação era delicada, a maldição apresentava sério risco à gravidez da nascida trouxa, que recusava-se a tomar todas as medicações necessárias por afetarem a segurança do seu primeiro filho.
Merlin, ele nunca esteve mais desesperado! A maldição usada, segundo Draco (que estudou bastante magia das trevas) era uma variação mais dolorosa e lenta do Avada Kedavra, separando o corpo da alma de forma gradual, consumindo a carne e depois o espírito. Quando descobriu isso, o Potter quase enlouqueceu, jurando acabar com a vida de quem atacou sua mulher grávida.
Foram semanas de tensão, dúvida, medo... e fé. Harry tinha a barba por fazer, os olhos vermelhos, olheiras, cabelos mais bagunçado do que nunca, o rosto extremamente pálido. As poucas vezes que deixava a sala de espera do hospital, era para pesquisar com Draco, Ginny e Luna alguns medicamentos e poções para aliviar as dores extremas que Hermione sentia.
Ela estava aguentando firme, arriscando a própria vida porque desejava salvar seu bebê. Mesmo sabendo que o seu corpo estava rejeitando a criança por causa da maldição, a grifinória não desistiu, deixando Harry desolado.
-Meu amor, eu não sei quanto tempo mais nós podemos esperar!
Insiste Harry entregando a poção nas mãos da esposa. Ele estava ao lado da sua cama no quarto em St. Mungus, segurando o rosto delicado e pálido da mulher com a mão livre em uma carícia suave.
-Eu não vou tomar isso, Harry!
Responde ela num murmúrio sofrido.
-Vai machucar nosso bebê!
Completa ela abrindo os olhos e oferecendo-lhe um fantasma de um sorriso que fez o peito do Potter apertar ferozmente.
-Mas, está machucando você também!
Rebate o moreno com desespero.
-Eu não suporto a ideia de machucar nosso filho, meu eu não posso te perder também!
Confessa ele segurando com força as lágrimas dentro dos olhos.
-Vamos encontrar uma solução!
Encoraja Hermione estendendo a mão ao rosto do marido o puxando para si. Testa contra testa e narizes roçando levemente.
-Nós já tentamos de tudo!
Diz o moreno amargamente, fechando os olhos com frustração. Enquanto Hermione suspira, mordendo o lábio inferior com força.
-Eu não quero prejudicar meu filho... nosso filho Harry!
Murmura ela levando a mão livre até o ventre acariciando-o levemente.
-Não temos outra chance! Temos dois meses até Jared nascer e os curandeiros... os curandeiros acham que você só tem mais algumas semanas!
Responde o Potter abrindo os olhos lentamente e fitando a mulher da sua vida com medo e culpa dentro dele. Se ele estivesse do lado dela quando o ataque aconteceu, céus! Ele preferiria ter sido alvo no lugar dela, desejava ter estado lá para protege-la e falhou. Ele poderia perder as duas pessoas mais importantes da sua vida e não tinha nada que pudesse fazer para mudar isso.
-Não foi culpa sua!
Murmura Hermione como se lesse seus pensamentos.
-Eu deveria ter estado lá! Eu deveria estar protegendo você!
Insiste ele desesperadamente.
-Você não poderia prever um ataque surpresa, estava ajudando nossos amigos a escaparem de um cativeiro mortal e eu não quero que se arrependa disso! Eu não te culpo! Eu me sinto muito orgulhosa de você!
Confessa Hermione docemente e Harry não consegue mais segurar as lágrimas.
-Eu fracassei! Eu não consegui te proteger, eu não consegui encontrar uma cura, mesmo McGonagall, Madame Pomfrey, Draco e Neville trabalhando juntos conseguiram encontrar uma cura e eu não... eu não posso perder vocês, não agora que finalmente estamos livres de Voldemort!!!
Os dois se abraçam novamente, com o moreno enterrando a cabeça nos cabelos cacheados da sua mulher. Ele nunca se sentiu tão inútil em toda sua vida, depois de tudo que já enfrentou ao lado dela e de Rony, depois de sete anos lutando contra Voldemort, depois da profecia, das perseguições, das fugas e capturas, das perdas e vitórias, quando ele finalmente contruia sua própria família... seu destino novamente o levaria a perdê-los!
-Não Harry, você não fracassou, temos pouco tempo e todos estão se esforçando para encontrar uma cura, mas, ainda falta algo!
Sussurra a grifinória ganhando completa atenção do marido.
-Hermione o que...
Começa ele agitadamente, mas ela o interrompe, colocando o dedo indicado sobre os lábios dele, o silenciando por completo.
-Não importa o que aconteça comigo, eu quero que você prometa que vai cuidar do nosso filho!
Pede ela com lágrimas escapando dos olhos castanhos.
-Não vai acontecer nada a você!
Desespera-se o grifinório a prendendo em um abraço possessivo e angustiado.
-Harry, eu preciso que me prometa isso!
Insiste ela devolvendo o abraços fracamente, seu corpo mal suportando os movimentos mais simples por culpa da maldição. A morena prendeu o ar com força nos pulmões quando sentiu o bebê se agitar dentro do ventre.
Ela mal o conhecia, talvez nunca o pegasse nos braços, ou descobrisse a cor dos seus olhos, como seria seus cabelos, eram poucas as chances a seu favor, mas ela desejava tão fervorosamente protege-lo, queria poder transmitir em cada esforço seu todo o amor gigantesco que essa criança gerou dentro dela, mesmo que isto lhe custasse sua vida, ela se sacrificaria pelo seu bebê e precisava confiar a Harry o futuro dele.
-Eu prometo... Eu prometo Hermione, que vou cuidar do nosso filho e que vou cuidar de você também! Eu quero vocês dois na minha vida! Os dois!
Responde o Potter com a voz ligeiramente embargada antes de segurar o rosto de Hermione entre suas mãos com adoração e beijar-lhe delicadamente os lábios selando sua promessa.
-É um ritual proibido Harry, é terrível, mas é nossa única esperança! Temos que fazer isso em sigilo... e precisaremos de Dumbledore para isso!
Pede ela solenemente ao que o moreno confirma com um gesto positivo do seu rosto. Harry desapareceu por cerca de uma semana e meia, antes de retornar com Dumbledore e Bill Weasley, nem mesmo Remus Lupin desconfiava do que os Potter planejavam para salvar a vida do pequeno Jared que ainda não tinha nascido.
Sob protestos furiosos dos curandeiros de St. Mungus, levaram Hermione para Hogwarts aos cuidados de madame Pomfrey, lá na noite de sete de janeiro, Harry deu início a um ritual que levaria a formação de uma horcrux cujo receptáculo habitava o ventre de sua esposa grávida, Hermione.
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Seguindo nas pontas dos pés, ela olhou para o final do corredor, sentindo o coração acelerando loucamente dentro do peito. Engolindo em seco, ela ignorou o arrepio de medo percorrendo sua espinha. Estava ali para ajudar uma amiga, Juliet merecia isso, aprisionada tanto tempo num espelho, esquecida pelo resto do mundo, sem ninguém.
Arianna segurou com força a capa escura do uniforme contra seu corpo, aquele castelo nunca lhe pareceu mais gelado. Com cuidado ela encontrou a porta que dava para a sala do espelho. Estava tudo da mesma forma que ela tinha deixado antes. Com um suspiro aliviado ela concluiu que o bruxo das trevas não estava por ali.
Soltando a capa aos pés, a sonserina não perdeu tempo em descobrir o espelho, livrando-o do velho e empoeirado tecido que o cobria, revelando uma sorridente Juliet do outro lado, ansiando por sua chegada.
-Você demorou tanto, pensei que não a veria novamente!
Sussurra a menina no espelho encarando esperançosamente a Malfoy.
-Não podia abandonar uma amiga!
Garante a bruxinha com determinação, mesmo que no fundo da sua mente uma voz gritasse estridente por ter deixado James para trás.
-Ninguém a seguiu?
Questiona Juliet interrompendo os pensamentos da sonserina, que franzindo ligeiramente a testa em concentração lhe respondeu:
-Não! James está preso no dormitório e os outros não perceberam quando deixei o quarto!
Explica a loirinha com um suspiro pesado. Sabia que estava fazendo a coisa certa, tinha que ajudar uma amiga, mas todo esse segredo era um pouco desconfortável.
-Melhor assim, só você pode me ajudar a escapar dessa prisão Arianna!
Implorava a menina do espelho com uma expressão de solidão e tristeza profundos.
-Não se preocupe, logo estará livre e podemos ser amigas de verdade!
Promete a sonserina com sinceridade, feliz por ter aguém da sua idade, que fosse uma garota e não tivesse medo dela por ser sonserina ou por ser uma Malfoy, filha de um ex-comensal e neta do braço direito de Voldemort.
-Perfeito! Trouxe sua varinha?
Pergunta com exultação Juliet fitando com curiosidade a Malfoy que prontamente puxou a mesma de suas vestes e levantou-a com orgulho a altura de seus olhos. Nesse momento o sorriso da jovem no espelho tornou-se ligeiramente sombrio.
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O clima estava... estranho. Mamãe não falava com o papai, acho que ela ficou muito zangada com ele. Os dois estavam brigando e muito falando de um tal de Dumbodore. Eu estava com muita fome, mas a mamãe mandou esperar.
-Você fica aqui quietinha mocinha, papai e eu vamos olhar o andar de cima, não saia dessa sala ok?
Pergunta Hermione seriamente a sua filha mais nova que simplesmente acena com o rostinho, sentando-se em um sofá antigo, aparentemente cansada, abraçada firmemente ao seu bichinho de pelúcia, desta vez estava calada demais, desde que seus pais se recusaram a acreditar nela sobre o retrato do monge no museu.
Os longos cabelos castanhos caiam preguiçosamente sobre o rosto, e distraidamente ela os afastava com a mão, esforçando-se para não fazer barulho e ouvir outra reclamação dos seus pais. Seus olhinhos pesavam, suas pernas estavam moles assim como o resto do corpo. Um bocejo alto e em seguida ela estava deitada no velho sofá empoeirado, abraçada firmemente ao seu coelhinho de pelúcia.
Por mais que tentasse se concentrar sua mente vagava na confusão que a cercava desde cedo, apertando mais forte o coelhinho, Melissa apertou os olhos e obrigou-se a sonhar com algo feliz, unicórnios, parques de diversão, presentes de natal, torta de abóbora da vovó Molly, as histórias de ninar da sua mãe, as férias de verão com seus irmãos...
Fora um dia agitado, para dizer no mínimo, emocionante. Escapara de um incêndio pela madrugada, fora levada até um museu com um retrato mágico, mas seus pais se recusavam a acreditar nela, quase sofreu um grave acidente no automóvel trouxa, vira seus pais brigando, e pelo pouco que ouviu, seus irmãos estavam em perigo.
Chateada Melissa cai no sono com o coraçãozinho apertado, temendo o pior. No entanto, pouco tempo depois ela desperta, muito a contra gosto, com um gemido frustrado. Vira-se de um lado do sofá e volta a dormir, só para no instante seguinte, voltar a despertar irrequieta agitando-se novamente.
Puxando uma almofada contra o rosto ela volta a dormir, por uns breves minutos até que algo a espetava novamente, dessa vez nos pés. Levantando alarmada, a pequena Potter estreitou os incríveis olhos verdes para encontrar agarrado ao seu sapato novo uma criaturinha de chapéu pontiagudo e vermelho.
-Você tava me fazendo cócegas!
Acusa a garotinha puxando o gnomo pela capa usando o polegar e o dedo indicador da mão direita, o aproximando do seu rosto para que pudesse enxerga-lo.
-Me solta!
Reclama o gnomo agitando as pernas no ar.
-É feio incomodar alguém que tá dormindo!
Repreende a menina apertando os lábios numa tentativa fofa de imitar sua mãe quando brava.
-Shiiiiiu! Não faça barulho!
Exige o pequenino gnomo a encarando emburrado.
-Mas, é você que tá gritando! E você não manda em mim!
Rebate Melissa reprimindo um bocejo cansado ao que o gnomo revira os olhos com impaciência.
-Você está na casa de Dumbledore e eu sou o guardião dessa casa!
Anuncia orgulhosamente o gnomo.
-Um gnomo?
Questiona Melissa ainda confusa com o pequeno pendurado em sua mão direita.
-Gnubb!!! Meu nome é Gnubb e eu sou um duende e não um gnomo bobo!
Rebate o gnomo furioso pela criança obviamente não dar muita atenção ao seu posto de guardião e trata-lo como um brinquedo de jardim.
-Meu nome é Melissa Angélica Potter!
Apresenta-se ela formalmente assim como fora com a curadora do museu horas atrás.
-Eu não perguntei o seu nome!
Diz mordaz o gnomo beliscando os dedos de Melissa para escapar, caindo de cabeça em cima do colo dela. Soltando-o bruscamente a Potter estreita os olhos em sua direção.
-Você é muito mal educado!
Retruca a menina levantando-se de vez do sofá levando Gnubb a cair no chão.
-Hey, para onde pensa que está indo?
Protesta o gnomo correndo em direção aos pés da garotinha.
-Achar a minha mãe!
Responde a pequena sem encarar o gnomo que se autodefendia como duende.
-Não tem permissão para bisbilhotar por aí menina! Essa casa é perigosa!
Alerta Gnubb a perseguindo até agarrar-se novamente ao sapato de Melissa.
-Me soltaaaaa!!!
Reclamava a baixinha agitando o pé na tentativa de se livrar do gnomo chato.
-Cuidadooooo!!!
Grita o gnomo quando Melissa desequilibra-se batendo as costas contra uma parede que libera uma cortina de poeira antes de engolir os dois numa rachadura ruidosa e profunda.
-Olha o que você fez!
Acusa o gnomo subindo do pé até o joelho da menina, com os braços cruzados e olhar recriminador.
-A culpa foi sua!
Rebate a gartinha injuriada, tinha caído de bumbum no chão, tinha teias de aranhas em seus cabelos e um duende resmungão a seguindo... espera um pouco... falta..
-Cadê meu coelhinho?
Pergunta ela interrompendo uma nova rodada de discussão com o gnomo.
-Que coelho menina?
Resmunga Gnubb mal-humorado.
-Meu coelhinho!
Choramingava Melissa levantando-se e jogando o gnomo dentro do bolso do vestido sob protestos.
-Esquece coelhos! Temos que encontrar a saída desse ninho de ratos! No meu tempo as crianças não andavam com bugigangas inúteis como coelhos!
Resmunga o gnomo, que é plenamente ignorado pela garotinha.
-Não vou esquecer meu coelho!
Repreende ela com determinação. Respirando fundo, limpando as teias de aranha sob sua cabeça, Melissa começa hesitante tateando as paredes de madeira descoberta para encontrar um caminho. Mal sabia ela que o coelhinho ficara do outro lado da parede, esquecido no chão da sala enquanto ela e Gnubb andavam pelas passagens secretas da casa de Dumbledore.
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-Então Harry sacrificou um pedaço da sua própria alma para que você nascesse com vida?
Questiona Dumbledore severamente.
-Ele precisava criar um vínculo entre o corpo e a alma de Jared para que a maldição não resistisse!
Explica Lily tomando fôlego para continuar a defender seus pais.
-Quando Jared nasceu, o corpo da nossa mãe conseguiu repelir a maldição com as poções que o senhor Malfoy fez, mas Jared não iria sobreviver, ele foi o alvo principal, a maldição iria mata-lo antes mesmo que abrisse seus olhos para o mundo!
Continuava fervorosamente a menina.
-E vocês estão certos de que eu participei deste ritual dentro de Hogwarts?
Questiona o diretor ainda impressionado e chocado com a história dos dois.
-Foi realizado na câmara secreta, papai estava desesperado! O senhor prometeu ajuda-lo e despois que o ritual foi completado foi nomeado padrinho de Jared! Depois disso, deixou o ministério da Magia e desapareceu!
Rebate Lily ficando de pé, e encarando o diretor com determinação.
-Acalme-se senhorita Potter, não estou acusando-os de nada! Não estou aqui para repreendê-los, mas acredito que saiba dos perigos que envolvem a criação de uma horcrux?
Insiste Dumbledore pacificamente deixando Lily angustiada.
-Sim! É errado, proibido, condenado há centenas de anos, mas foi o que salvou minha vida!
Protesta Jared elevando a voz furiosamente, silenciando Lily e o diretor que o assistiam admirados. O jovem Potter estava cansado daquela maldita discussão. Os dois continuavam falando dele e acusando seus pais por salvá-lo! Separando o certo do errado, o bem do mal... Ele não era um objeto das trevas, nem uma criatura profana, era um bruxo de dezesseis anos, tão normal quanto qualquer garoto de Hogwarts.
-Eu sinto muito se os ofendi! Não era a minha intenção, realmente!
Desculpa-se o diretor, quando uma coruja lhe trouxe uma pequena mensagem. O velho bruxo, estreitou os olhos e com uma expressão indecifrável levantou-se e despediu-se dos dois.
-Podem permanecer no meu escritório por esta noite, tratarei de encontrar um dormitório adequado aos dois ao amanhecer!
E com isso desapareceu sem deixar vestígios deixando os irmãos para trás.
Jared desviou os olhos do velho diretor Dumbledore e dirigiu o olhar distante à pequena janela do escritório do diretor. Não via nada além da escuridão da noite fria que envolvia o castelo de Hogwarts nos últimos meses de 1995 a 1996. Estavam tão perto e tão distantes dos seus pais agora, na realidade eles ainda não eram seus pais, mal começaram a despertar seus sentimentos um pelo outro.
No castelo, Hermione Granger ainda não era a jovem desesperada para salvar a vida do seu filho por nascer. E Harry Potter, ainda não era o herói do mundo bruxo que estava disposto a tudo para ficar do lado da esposa e do filho. Lily percebendo o desconforto do irmão mais velho se aproxima mais e pousa a mão levemente sobre seu ombro em apoio.
-Vai ficar tudo bem!
Murmura ela ternamente. Para Jared, assumir diante de uma figura de tamanha importância como Alvo Dumbledore que era uma horcrux fazia parecer que ele era mil vezes pior do que um lorde das trevas.
-Não! Dumbledore tem razão Lily, nesse momento eu sou como aquelas coisas que nosso pai tem que destruir!
Explica Jared sem fitar a irmã mais nova nos olhos.
-Você. Não. É. Uma. Horcrux!
Repete ela corajosamente.
-Mas, nesse momento eu sou! Nesse tempo eu sou como uma horcrux e estou prejudicando o único cara que pode acabar com a guerra, Harry Potter!
Diz sombriamente o grifinório deixando Lily com o coração apertado.
-Você não está fazendo mal algum! Nosso pai...
Ela começa a protestar, mas é interrompida pelo irmão novamente.
-ELE AINDA NÃO É MEU PAI!
Bradou energicamente o garoto silenciando Lily que o encarava assustada. Maldição! Ele estava tão bem, mas agora um sentimento de profunda melancolia e pessimismo o invadia, era difícil discernir de onde vinha, mas era forte o bastante para nublar seus próprios pensamentos.
Era uma mistura muito intensa de revolta e sensação de abandono, ele queria estar sozinho e ao mesmo tempo ansiava por alguém que o chamasse de volta a razão. Mas como? Tudo parecia fluir contra ele, nenhuma saída, apenas um breve plano e mais nada.
-Não percebe que se nos encontrarmos ele vai ter que me matar para derrotar Voldemort? Talvez esse fosse o objetivo do bruxo das trevas, criar um ponto cego... dar um jeito dele escapar vivo dessa guerra usando a fraqueza do grande Harry Potter!
Diz amargamente o garoto esfregando os cabelos rebeldes com força antes de enterrar o rosto entre as mãos. Ao seu lado Lily assistia a tudo mordendo com força o lábio inferior, não podia negar que no fundo o que Jared dizia tinha sentido, mas a ideia de ver seu pai e seu irmão mortos a aterrorizava.
O pedaço da alma de Harry era o que mantinha Jared vivo, era apenas uma corrente que prendia sua alma ao corpo, desviando os efeitos da maldição. Não era como uma horcrux criada por Voldemort, o ritual era o mesmo, mas a finalidade era completamente diferente, porém continuava com o princípio de abominação.
Repartir a própria alma era o crime mais horrível que se poderia existir, mas como ela poderia condenar seus pais? Ninguém além dos Potters e Dumbledore sabiam sobre esse segredo, eles juraram não revelar a ninguém mais... porém o bruxo das trevas sabia! Lily sentiu medo, muito medo.
-Você está certo!
Sussurrou ela chamando a atenção do mais velho que a encarou desconfiado. Lily nunca desistia de provar que ele estava errado, ele não queria discutir, mas sabia que dizendo aquelas coisas faria sua irmã literalmente cuspir fogo sobre ele, com centenas de motivos para convencê-lo do contrário, de que não estavam ali para que Jared e seu pai morressem, mas sim o contrário.
-Agora o que pretende fazer? Espalhar seu mal humor por aí e esperar a morte chegar? Se nosso pai conseguiu passar por isso, nós dois também podemos! Não é o fim do mundo, ele também foi uma horcrux, não foi?
Acusa Lily fechando as mãos em punhos antes de encarar mortalmente o irmão mais velho.
-Nossos pais arriscaram tudo para salvar você, e é desistindo que você retribui?
Jared a fitava perplexo. Nunca vira Lily tão feroz como agora, ela parecia uma criatura selvagem pronta para atacar uma presa indefesa.
-Eu juro que se você desistir eu mesma vou me encarregar de te fazer pagar!
Garante a grifinória puxando o mais velho pelo colarinho e o empurrando contra uma poltrona.
-Agora presta bem atenção!
Exige Lily tomando uma pena e um pergaminho.
-Vai escrever aqui exatamente o que você descobriu com as suas visões e vamos tentar comparar com o que sabemos sobre o desenvolvimento da guerra, é crucial sabermos exatamente em que período do tempo nós estamos!
Começa ela num ritmo tão acelerado que Jared mal conseguia acompanhar o que ela dizia.
-Em segundo lugar, se apenas nós e Dumbledore sabiam sobre o ritual, qual as chances do bruxo das trevas ter descoberto? Como? Quando? Porque nos trouxe para cá? Quem poderia nos ajudar além do diretor Dumbledore? Isso se ele acreditou mesmo em nós!
Continuava ela andando de um lado a outro comandando a situação. Jared suspira frustrado consigo mesmo. Mais uma vez jogava o peso nas costas de Lily e vencendo o pessimismo decidiu por colaborar com ela.
-Acho que podemos contar com Dobby, não sei se seria apropriado, mas acredito que a tia... que a Luna poderia nos ajudar também! Se formos andar pelo castelo, devemos usar algum disfarce e... eu não sei exatamente o porquê, mas tenho a sensação de que deveríamos ir para o campo de quadribol!
Anuncia ele recebendo um sorriso satisfeito da sua irmã.
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Oks...
Demorou uma eternidade maaaaaaaaaaaaaaas, tem atualização ;D
Muhauhauhauhauhaua estou usando o micro-tempo que eu tenho para postar na fic, fim de ano com a casa lotada de gente é sempre uma confusão T_T não dá para pegar o computador sem alguém do lado ficar bisbilhotando ou arrumando alguma ocupação pra mim =(
Espero que curtam a fic e que tenham uma virada de ano super hiper mega ultra power DIVA divina \o/
Milhões de beijinhuxxx
=*****
fuizz
Comentários (1)
shauhsuah ~primeira a comentar dancinha da vitória~ tá bom parei u.u Infelizmente não tenho muito tempo :/ Queria poder dizer mais coisas, mas terei de me ater ao que mais chamou-me a atenção no capítulo: 1) Casal divo H², não gosto disso deles estarem se desentendendo tão facilmente, entendo toda a pressão e etc, mas isso só facilita coisas como o desaparecimento da mini-Potter(melissa divaaa) e ações malignas que os vilões vão tentar que eu sei, e eles se amam poxa T.T 2)Ruby e esse mistério tá me deixando tensa... Pra mim Ruby e Violet são as divas master dos personagens jovens, embora seja empolgante ler as aventuras delas é complicada essa movimentação toda, fico a leitura inteira pensando pronto agora o maléfico-assustador-tiovoldy2 vai começar a atacar cada um dos adolescentes e como nunca tenho sorte vai acabar sendo os que mais gosto :''''''(. 3) Arianna, outro mistério, não confio nem um pouco nessa amiguinha do espelho e sou obrigada a dizer que a pequena Weasley-Malfoy tá me decepcionando, cadê os genes da Gina pra Sagacidade? E os do Draco pra força? Isso dela querer desesperadamente uma amiga e (na minha opinião) não valorizar os que já tem é meio que uma fraqueza que beira a burrice... Não sei se a filha de Gina Weasley e neta da Molly seria tão tolinha, mas né? Terei que esperar pra ver...4) POR FAVOR CONTINUE LOGO, não me deixe nessa angustia.5) Mais uma vez parabéns pela maravilhosa construção de enredo e pela elaboração de mistérios realmente capazes de prender a atenção. Beijos
2014-01-14