Chosen



Chosen
 


Havia um casal ali perto. A garota tinha os cabelos cheios e loiros, não deveria ter mais do que catorze anos. O rapaz aparentava ser mais velho, mas Draco sabia que ele era do terceiro ano da corvinal. Era dia dos namorados, e ele entregava a ela um buquê de flores vermelhas e um eu te amo.


Ele os encarou por muito tempo. A garota – Amelia, ele veio a descobrir mais tarde, ainda ouvindo a conversa entre os dois – estava radiante com o presente. Ela levou as flores à face, sentindo o perfume e a textura. Ela o abraçou e o beijou, e ali eles ficaram pelo resto da tarde.


Draco nunca havia dado presentes a ninguém. Nem a Pansy, nem a sua mãe. Até pouco tempo antes, pensou que jamais daria. Não era do tipo que levava suas namoradas para jantar, dava flores e as convidava para o baile. E, ainda assim, ali estava ele, pensando se ela se importaria em não ganhar nada no dia dos namorados. Ela o conhecia – e o entendia – e nunca cobrou dele aquilo que ele não pudesse oferecer. E, ainda assim, ali estava ele, imaginando se ela ficaria triste como fato de ele não dar presentes ou não dizer eu te amo.


(Talvez, e ele pouco se atrevia a pensar nisso, nunca tivesse dado um presente por não saber como fazê-lo. Por não entender. Por não compreender que uma pessoa oferece um presente por gostar de alguém, por cortesia, felicitações ou até mesmo por amor. Ele nunca soube nada sobre isso, afinal.)


Mais tarde, ele levou uma flor a ela. Uma única flor, menor que as demais, com muitos espinhos, mas dona das mais belas pétalas que ele conseguiu encontrar. Depositou nas mãos dela e permaneceu em silêncio, apenas por não saber o que dizer. Esperou que ela gostasse. Esperou que ela entendesse o gesto, porque ele mesmo não conseguia, mas sentia que era o que deveria fazer. Ela sorriu e o agradeceu. Abraçou-o e beijou-o, e ele pôde sentir que ela estava surpresa. Ele não disseeu te amo, mas não precisou, porque ela sabia.


(Mais tarde, antes de dormir, talvez ele tenha ficado tão ou mais surpreso que ela ao perceber que havia sorrido também, pelo simples fato de ela o ter escolhido.)

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.