Severo Snape
Assim que acordou Lílian pulou da cama como se fosse manhã de Natal e ela corresse para abrir seus presentes. Sentia-se disposta como nunca. Seu relógio de cabeceira marcava 7 horas. Cedo demais. Não havia ninguém acordado ainda. Esgueirou-se para o banheiro e resolveu tomar um banho que demorou o suficiente para sua mãe dorminhoca estar se levantando. Senhora Evans bateu na porta do banheiro surpresa por ter alguém acordado tão cedo. Lílian saiu do banho e com alguma concentração fez a escova de cabelos flutuar até sua mão apenas para ter certeza de que seu dom não havia sumido. Agora tudo que ela queria era encontrar o estranho garoto e pedir que ele explicasse a história de bruxos. Para isso ela tinha um plano.
Dessa vez o café da manhã era um delicioso bolo de frutas vermelhas que foi acompanhado por leite puro e gelado. Fazia um dia quente demais e Lílian resolveu passar algumas horas lendo ao invés de sair no sol, mas logo estava impaciente demais para executar seu plano e decidiu começar a agir.
Sorrateiramente desceu as escadas. Não queria que Petúnia a visse, muito menos sua mãe. Quando chegou a porta da frente saiu correndo desabalada pela rua. Iria até o parque procurar o garoto. Não importava se sua mãe lhe daria uma bronca depois. Sua curiosidade a estava queimando por dentro.
Quando chegou ao parque estava suada, vermelha e ofegante. Sentou-se em um balanço para acalmar a respiração e esperou. Seu plano era ficar ali até que o garoto aparecesse e no momento isso não parecia muito eficiente, afinal quanto mais demorasse maior seria a bronca. Estava decidida a procurá-lo. Túnia havia dito que ele morava na Rua da Fiação perto do rio e que o nome do pai dele era Snape. Isso devia ser útil em algo. Mal ela se levantou e começou a caminhar pelos arbustos deu de cara com a figura sinistra que mais parecia um morcego.
Sim ela estava assustada e queria sair correndo, mas então se lembrou que havia vindo até ali justamente para encontrá-lo. Esse pensamento impediu que ela saísse dali aos gritos.
O garoto parecia tão assustado quanto Lílian. Ele a olhava como se não acreditasse que ela realmente estava ali. Os dois ficaram se encarando pelo tempo que pareceram horas até que Lílian resolveu que a situação estava estranha demais e que ela devia dizer algo.
- Olá. – Ela tentou começar um diálogo, mas sua voz mostrava o quanto estava insegura.
- Oi – Ele respondeu seco.
Lílian estava desesperada. Na teoria ela havia vindo ali para falar de algo que mudaria sua vida, mas não conseguia nem cumprimentar o menino. Respirou fundo e foi como se a Lílian normal resolvesse dar as caras em um passe de mágica.
- Desculpe por ir embora daquele jeito ontem. – Ela disse num jato. – Você me assustou e ofendeu minha irmã. É justo que eu tenha saído sem me despedir. Sou Lílian Evans. – Estendeu a mão para o garoto.
Ele olhou para a mão de Lílian como se ela lhe estivesse oferecendo algo explosivo. Foi com uma delicadeza exagerada e uma extrema lentidão que ele apertou a mão da garota.
- Sou Severo Snape. – Disse num sussurro tímido e rapidamente baixou a mão.
- Você me chamou de bruxa. – A voz de Lílian era calma, mas Severo pareceu nervoso quando ela disse isso.
- Eu não queria ofender você. – Ele disse afobado e corando. – Nem queria ofender sua irmã também. Me desculpe, por favor.
- Eu não me sinto mais ofendida. – Ela disse baixinho. – Mas estou curiosa. – Ele a olhou e havia tanto medo naquele olhar que era de imaginar que Lílian lhe apontasse uma arma. – Você me disse que não era uma coisa ruim. Disse que sua mãe é uma bruxa e você um bruxo. O que isso significa?
Snape suspirou e olhou para o chão com os ombros arqueados. Sem dizer nada ele foi até o balanço e se sentou. Lílian o imitou sentando ao seu lado.
- Isso significa que fazemos parte de um mundo diferente.
- Como assim? Existe algum outro mundo que não seja esse?
- Não. – Ele afirmou. – Só existe esse mundo, mas nele existem coisas que você não conhece. Tantas coisas que é o suficiente para ser chamado de outro mundo.
Confusão. Era isso que estava acontecendo. Novamente Lílian estava achando o garoto irritante por não ser mais especifico e por falar de coisas que Lílian não conhecia.
- Vai me explicar que tipos de coisas são essas ou vai continuar com os enigmas? – Toda sua irritação transparecia em sua voz enquanto buscava respostas.
- Magia. – Ele disse e o coração de Lílian parou. – Essas coisas que você não conhece são as coisas, seres e lugares mágicos que existem.
- Como assim “magia”? – Com todas as forças ela queria excluir aquela expectativa que se formou na sua voz. Ela queria não acreditar em nada. Queria, mas não conseguiu.
- Você faz coisas acontecerem não é? – Timidamente Lily assentiu. – Eu te vi no balanço ontem e te vi com a flor. Essas coisa que você faz significam que você é uma bruxa. Tem sangue mágico. Faz parte da população de bruxos. Os bruxos têm o controle da magia.
- Eu não entendo. – Ela confessou liberando toda sua frustração.
- Ninguém entende. – Ele sorriu. – Muitas pessoas já tentaram descobrir por que algumas pessoas nascem bruxas e outras não. A maioria é hereditária. Se seu pai, sua mãe ou ambos são bruxos, seus filhos também serão, mas existem Trouxas que tem filhos mágicos, como é o seu caso.
- Trouxas? – Lílian perguntou. Era disso que ele havia chamado Petúnia.
- Trouxas são as pessoas que não tem magia no sangue.
- Então minha família é Trouxa? – Lá estava novamente a estranha irritação.
- Sim, sua família é Trouxa, mas eles tiveram uma filha bruxa.
- Isso é insano. – Lily disse em meio a um suspiro. Não podia ser verdade. Ele era um louco. Estava apenas zoando com a cara dela e ela estava caindo feito um patinho nas loucuras que ele dizia.
- Eu não acredito em você. – Ela disse com a voz firme. – Magia não existe. Só loucos acreditam nisso.
Ele sorriu como se esperasse exatamente por essa resposta. Era obvio que ela não acreditaria. Devia estar pensando em interná-lo nesse exato momento. Mas em breve ela veria que era verdade.
- Você quer que eu prove? – Perguntou com um risinho nos lábios.
- Sim. – Respondeu a garota com certa petulância.
Rindo ele começou e pegar impulso no balanço. Quando já estava bem alto se soltou e fez exatamente o que Lílian havia feito no dia anterior, porém ele não estava indo para o chão, estava lá flutuando, desafiando completamente a gravidade. Lílian sentiu seu queixo cair. Ele ainda estava rindo e começou a virar graciosas cambalhotas no ar até que “pousou” ao lado de Lílian.
- Acredita agora? – Ele ainda estava dando risada, não se sabe se por ter ficado tanto tempo no ar ou se era pela cara de boba de Lílian.
Ela não disse nada então ele foi até um arbusto e pegou um pequeno raminho com duas folhas finas. Fechou as mãos com o ramo dentro e começou a sussurrar coisas que Lílian não ouviu. Quando ele abriu as mãos não havia mais raminho, mas no lugar estava uma linda libélula com asas violetas que saiu voando graciosamente.
- Co-como você fez isso? – Ela gaguejou.
- Magia. – Ele deu de ombros. – E um pouco de prática.
- Me ensina? – Sua voz estava tão empolgada que nem parecia que há poucos minutos ela estava muda. Era verdade. Magia existia e ela fazia parte disso. Não havia jeito de ela se sentir mais feliz.
- Não acho que eu possa te ensinar – Ela sorriu amarelo. – Mas um dia você vai aprender. Quantos anos você tem?
- Onze. – ela respondeu automaticamente. – Por que isso importa?
O sorriso que Severo abriu foi enorme.
- Se você tem onze anos significa que logo você receberá sua carta de Hogwarts e que nós estudaremos juntos.
- O que é Hogwarts?
- É a escola de magia da Inglaterra. Todas as crianças bruxas vão estudar lá quando tem onze anos. O ano letivo começa no próximo 1º de setembro. Estou esperando minha carta. A sua deve chegar em breve também. O correio coruja nunca falha.
Sim, Lílian estava pirando. Escola de magia? Corujas? Ela só queria fingir que não tinha escutado nada disso, mas ao mesmo tempo queria conseguir admitir que acreditava. Porque essa era a verdade. Por mais que tudo isso parecesse a mais pura demonstração de loucura no fundo ela sabia que era também a mais pura e crua verdade.
- As cartas são entregues por corujas? – Foi o que ela conseguiu perguntar.
- Sim. As corujas são ótimos animais. Boa companhia e úteis. Nunca deixam de entregar as cartas que você manda. Não importa em que lugar do mundo a pessoa está a coruja sempre a encontra. Minha mãe tem uma. Ela se chama Herbi.
- Só existem coisas boas nesse mundo?
- É claro que não. – Novamente ele usava seu tom de obviedade. – Não existe bem sem o mal. O mundo da magia também tem coisas ruins. Existem seres tão sombrios e perigosos que até mesmo os melhores bruxos mantém distância. Minha mãe me contou sobre dementadores. São as criaturas mais sombrias que existem. Eles sugam toda a felicidade das pessoas, mas não precisa se preocupar. – Acrescentou vendo que Lílian estava ficando assustada. – Quase nunca saem de Azkaban, a prisão dos bruxos. Eles são os guardas de lá.
Depois disso fez-se um longo silêncio. Lílian balançava os pés e Severo olhava para o chão novamente. O calor ficava cada vez mais intenso conforme o Sol se aproximava do centro do céu. Lílian não queria ir embora. Queria saber mais sobre esse mundo tão diferente do qual, segundo Severo, ela fazia parte, mas não foi ela que teve que ir para casa primeiro.
Com um salto Severo se levantou do balanço e começou a se afastar, Lílian o seguiu.
- Onde você está indo? – Perguntou quase correndo para conseguir alcança-lo.
- Tenho que voltar para casa. – Respondeu o garoto tristemente. – Meus pais vivem discutindo e fica pior se eu saio por muito tempo. Ele briga com a minha mãe, diz que a culpa é dela que eu seja esquisito.
- Seu pai é um bruxo também?
- Não. – Respondeu e aquela palavra soou amarga. – Meu pai é um Trouxa.
- Pode voltar aqui mais tarde? – Lílian perguntou esperançosa.
- Talvez.
- Eu vou estar aqui novamente depois, se puder, por favor, venha também. Eu gostaria de saber mais.
- Vou tentar.
E dizendo isso Severo Snape se afastou em meio a árvores e logo já havia sumido de vista.
Lílian voltou para casa devagar. Ela sabia que sua mãe iria querer saber onde havia estado e usou o tempo de caminhada para pensar em uma desculpa.
Quando chegou a casa tinha o plano perfeito. Ao invés de entrar pela porta da frente, contornou a casa e foi parar no quintal. No fundo havia grandes árvores que formavam um pequeno bosque. Ela foi até lá e sujou um pouco sua roupa de terra e musgo e só depois de dirigiu para casa.
- Meu Deus Lílian. – Sua mãe exclamou logo que a viu. – Onde você se meteu? Por que esta toda suja?
- Eu estava brincando lá no bosque mãe.
- Mas por que não venho quando eu chamei?
- É que lá estava tão gostoso e fresco que eu acabei dormindo embaixo de uma árvore.
A senhora Evans estava desconfiada, mas deixou passar.
- Tudo bem então. Suba se lave e troque essa roupa. – Ordenou. – Já está quase na hora do almoço.
Sem hesitar ela subiu correndo as escadas, mas não foi fazer o que sua mãe lhe pediu. Entrou como um furacão no quarto de Petúnia e começou a falar.
- Túnia, você não vai acreditar. – Estava tão empolgada que era difícil falar. – Não vai acreditar nas coisas que Severo me contou.
- Calma Lily. Respira. – Petúnia falou. – Quem é Severo?
Lílian suspirou, sentou em uma cadeira e começou a contar. Contou tudo. Como ela foi ao parque escondida. Como Severo apareceu lá e como disse que magia existia. Contou sobre os bruxos, sobre as corujas que entregam cartas, sobre uma escola de magia, sobre dementadores que cuidam da prisão. Tudo.
Quando terminou Petúnia estava com uma cara estranha. Levou alguns minutos para a irmã mais velha começar a falar.
- Lily – disse num tom penoso – isso tudo não existe. É apenas uma mentira que aquele menino esquisito inventou para fazer você de boba.
- Mas Túnia, - Lily protestou – é claro que pode ser verdade. De que outra maneira se explica essas coisas? - E dizendo isso Lílian fez uma fita se enrolar sozinha em seu dedo.
- Eu não sei por que você faz essas coisas. – Petúnia disse irritada. – Mas de uma coisa eu tenho certeza. Magia não existe. – Com isso Petúnia saiu pisando firme do quarto e desceu as escadas para a cozinha.
Lílian estava magoada. Novamente ela não sabia em que acreditar. Petúnia era mais velha, sabia das coisas, talvez ela estivesse certa e tudo fosse apenas uma mentira, afinal como uma coruja iria conseguir entregar uma carta? Como poderia existir seres tão malignos como dementadores e ninguém saber deles? Quanto mais ela pensava mais começava a crer que era mentira. Quando ela estava vendo Severo flutuar tinha sido fácil acreditar, mas longe dele ela conseguia pensar que deveria existir outra explicação.
O almoço estava como sempre delicioso, mas Lílian não sentiu o verdadeiro gosto da comida. Estava triste e não sabia o que fazer. Havia dito que estaria no parque mais tarde, mas será que era certo ir até lá? Provavelmente Snape havia passado a tarde rindo de Lílian que tinha sido tão boba. Mas havia uma vozinha lá no fundo da mente de Lílian Evans que dizia que talvez ele não tivesse mentido. Talvez Petúnia estivesse com inveja porque não sabia fazer nada que Lílian sabia e por isso quis fazer a irmã não acreditar. Mas Túnia não faria nada para magoar Lílian faria? Deus, a garota estava confusa.
Depois de ajudar sua mãe limpar a cozinha subiu para o quarto, decidida a se resolver de uma vez. Pegou o livro que havia começado a ler naquela manhã e foi novamente para o quintal. Sentou-se em um tronco caído e ficou lá por umas duas horas sem pensar mais em Petúnia, Severo, bruxos e magia. Com a cabeça mais vazia conseguiu pensar melhor e resolveu que iria até o parque e confrontaria Snape sobre a verdade. Se ele não fosse convincente nunca mais voltaria lá nem pensaria nessas histórias loucas. Se contentaria com o colégio secundário no fim da rua.
Às três horas da tarde Lílian saiu escondida novamente, dessa vez, porém não correu, mas andou calmamente ainda refletindo sobre todas as coisas que estavam acontecendo. Quando chegou ao parque Snape estava encostado no escorrega e parecia pensativo. No momento em que viu Lílian abriu um pequeno sorriso e se dirigiu até ela.
- Olá. – Os dois disseram ao mesmo tempo e depois se calaram. Ningúem dizia nada e a cabeça de Lily estava pegando fogo de tanto ficar no Sol.
- Podemos ir para uma sombra? – Perguntou ao garoto magricela.
Snape assentiu sem dizer nada e juntos eles começaram a ir em direção a algumas árvores que tinham por lá. Quando chegaram lá ainda estavam sem dizer nada. O silêncio irritava a pequena ruiva. Ela queria saber se era verdade realmente, mas não sabia como perguntar. Resolveu começar de um jeito que achou que ele não conseguiria responder.
- Severo, se esse “mundo mágico” realmente existe, como as pessoas não mágicas não o descobrem?
Ele deu um risinho e levantou os olhos.
- O Ministério as magia cuida para que os Trouxas não descubram nada.
- Existe um Ministério da magia?
- Sim existe. – Ele olhou para o céu. – O Ministro da magia e os chefes de departamentos cuidam para que os Trouxas não descubram as criaturas mágicas e os lugares onde os bruxos se reúnem. O Ministério também aplica as leis e pune os bruxos que usam magia para o mal e o Ministério pode punir você se você fizer mágica fora da escola, você recebe cartas.
Isso deixou Lílian assustada e desconfiada. Ela estava fazendo mágicas por ai e não tinha recebido carta nenhuma.
- Mas eu tenho feito mágicas fora da escola!
- Está tudo certo. Nós ainda não temos varinhas. Eles deixam de te punir quando você é criança e não consegue se controlar. Mas assim que você faz onze anos e eles começam a te treinar, então você deve tomar cuidado.
Depois disso o silêncio voltou novamente. Severo tinha falado sobre ter uma varinha e era exatamente aquilo que Lílian sonhava. Sonhadoramente ela pegou um graveto no chão e começou a sacudi-lo imaginando como seria lançar feitiços. O pensamento era tão bom que ela quase se esqueceu da razão de estar ali.
- Isso é verdade, não é? Não é piada? Petúnia diz que você está mentindo para mim. Petúnia diz que não existe Hogwarts. Isso é verdade, não é? – Tudo que ela queria dizer saiu nessa torrente. Ela observou o rosto de Severo para ver se encontrava algum vestígio de mentira, mas não viu nada.
- É real para nós. – Disse o menino em tom sério. – Não para ela. E nós receberemos a carta, você e eu.
- Verdade? – As palavras de Lily saíram em um sussurro.
- Definitivamente. – Afirmou Severo e mesmo se vestindo de um jeito tão estranho Lílian admirou o garoto por parecer tão confiante em seu futuro.
- A carta virá realmente por coruja? – Tantas coisas para pensar e o fato de corujas entregando cartas era a coisa que mais impressionava e assustava Lílian.
- Normalmente, mas você é Nascida-Trouxa, então alguém da escola deverá vir e explicar tudo a seus pais.
Aquilo preocupou Lílian. Talvez ela não fosse uma bruxa tão boa por ser Nascida-Trouxa. Provavelmente não conseguiria fazer magia nenhuma. Severo parecia muito mais capaz que ela.
- E não faz diferença ser Nascida-Trouxa?
- Não, - ele disse depois de observar atentamente os olhos verdes e o cabelo ruivo de Lílian. - Não faz nenhuma diferença.
- Que bom. – Disse relaxada. Não vazia diferença ter pais que não eram bruxos. Ela seria capaz. Ela tentaria ser a melhor.
Snape estava dizendo mais alguma coisa, mas a pequena não prestou atenção nenhuma. Com um sorriso deitou-se no chão coberto de folhas e passou a admirar o pouco do céu que era visível por entre a copa das árvores.
- Como estão as coisas na sua casa? - Lílian perguntou.
Uma pequena sombra apareceu nos olhos dele.
- Bem, - ele disse.
- Eles não estão discutindo mais?
- Ah, sim, eles estão discutindo. – Snape pegou um maço de folhas e começou a amassá-las. – Mas isso não vai durar muito tempo e eu vou embora.
- Seu pai não gosta de mágica? – Lílian perguntou. Talvez o pai dele fosse como Petúnia e dissesse que essas coisas são bobagens.
- Ele não gosta muito de nada.
Mais alguns minutos de silêncio. Havia algo em sua mente desde hoje de manhã e ela queria saber mais. Será que ele se importaria?
- Severo? – Ela perguntou meio tímida e não viu o sorriso que se formou nos lábios do garoto ao ouvi-la dizer seu nome.
- Sim?
- Conte-me sobre os dementadores de novo. – Pediu a garota. Descobrir sobre seres que sugam a felicidade das pessoas havia deixado Lílian perturbada.
- Por que você quer saber sobre eles? – Ele perguntou e Lílian resolver expressar sua duvida real.
- Se eu usar mágica fora da escola...
- Eles não te mandam para os dementadores por isso! – Disse percebendo qual era a duvida de Lílian. - Dementadores são para pessoas que realmente fizeram coisas más. Eles guardam a prisão dos bruxos, Azkaban. Você não vai terminar lá, você é tão...
Um farfalhar atrás deles interrompeu o resto da frase de Snape. Lílian se virou e viu Petúnia saindo de trás de uma árvore. Estava surpresa, mas também estava feliz que Petúnia estava ali, assim ela ouviria de Snape que aquilo tudo era verdade.
- Túnia! – Exclamou dando as boas vindas à irmã. Porém Snape levantou-se rápido e não parecia satisfeito com a interrupção.
- Quem está espionando agora? - ele gritou. - O que você quer?
Petúnia parecia assustada. Provavelmente não imaginava que seria pega.
- Então, o que é isso que você está usando? - ela disse, apontando para o peito de Snape tentando ofende-lo e Lílian se sentiu envergonhada pela atitude da irmã. - A blusa de sua mãe?
Então venho um barulho e de uma forma inexplicável um dos galhos acima da cabeça de Petúnia caiu acertando em cheio a menina que cambaleou com o impacto e começou a chorar.
- Túnia! – Exclamou Lílian preocupada, mas a irmã já estava fugindo e ela se virou para Snape. - Você fez aquilo acontecer?
- Não. – Disse o menino assustado, mas era evidente em seus olhos que ele estava mentindo.
- Fez sim. – Lílian gritou e começou a se afastar. – Fez sim. Você a machucou.
E dando as costas Lílian saiu atrás da irmã. Petúnia estava sentada em um dos balanços esfregando o ombro e com lágrimas nos olhos.
- Túnia, você esta bem?
Petúnia olhou para Lílian. Não queria que a irmã ficasse perto dela. Era uma esquisita assim como Snape.
- Vá embora Lílian. – Disse com raiva. – Não quero você aqui. Volte para seu amigo estranho.
- Não Túnia. – Disse teimosa a ruivinha. – Vou ficar com você. Vamos juntas para casa. Mamãe cuida do seu braço.
Petúnia não disse nada, mas acompanhou a irmã. Caminharam em silêncio e quando estavam na porta de casa Túnia disse a irmã.
- Quando papai chegar vou contar a eles que você saiu sem permissão e que estava com aquele esquisito e que vocês dois são loucos. – Dizendo isso entrou em casa.
Lílian passou o resto do dia com medo da hora do jantar. Em geral Petúnia cumpria com suas promessas e seu pai não iria gostar nada de Lílian ter saído sozinha.
Seu pai chagou e Petúnia não disse nada. O jantar se foi e Petúnia ainda não havia dito nada. Lílian já estava começando a relaxar e pensar que a irmã tinha se arrependido de ter dito tudo aquilo para ela, mas quando terminaram de tirar a mesa, a irmã começou.
- Pai, mãe. – Disse com seu tom de voz superior. – Lílian saiu de casa escondida duas vezes hoje para ir aquele parque imundo.
- Como é? – perguntou seu pai. Ele não parecia bravo.
- Pai eu queria apenas brincar um pouco... – Lílian tentou explicar.
- Mentira. – Petúnia a cortou. – Ela foi até lá para falar com um garoto louco que diz que bruxos existem.
- Papai – Lílian voltou a tentar explicar – Severo disse que bruxos são reais e que essas coisas que eu faço é magia.
O senhor e a senhora Evans estavam em silêncio e se olharam cúmplices. Não era um olhar que fosse bom para Lílian.
- Lily querida – começou sua mãe – você não deve acreditar em tudo que as pessoas dizem. Provavelmente ele estava só brincando. Magia não existe e...
Mas a frase da Senhora Evans nunca foi terminada, pois nesse momento foram interrompidos por uma leve batida na porta.
Lílian olhou para o relógio. Eram Dez e vinte. Quem seria à uma hora dessas?
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