O furão, a tartaruga e a cobra



Naquela manhã, Al acordara muito cedo para o café. Estava simplesmente encantado com Hogwarts.  Vestiu-se o mais rápido que pode e desceu para a sala comunal. Rosa estava esparramada na poltrona em frente à lareira lendo História da Magia e se assustou quando Al tocara seu ombro.


- Bom dia, Rosa. – disse Al.


- Bom dia, Al. – disse Rosa fechando livro e pegando um pacote de feijõezinhos de todos os sabores que compartilhara prontamente com ele.


- Sabe, hoje teremos aula de poções com a Sonserina no primeiro período. – disse ela ansiosa – Queria saber o que exatamente vamos aprender. Nem sei o que levar além do caldeirão...


- Também queria. Será que hoje tem... – mas Al parou de falar no instante em que o rosto de Rosa se contorcera numa careta de pânico.


- Rosa, você está bem?


-Aaaaaaaaaaaah!!!
Rosa dera um grito que silenciou a sala comunal. Em seguida pegou o livro que estava sobre seu colo e arremessou para trás! O livro fez um baque surdo quando atingiu o rosto de Tiago.


- Ai! Rosa, está ficando louca? – disse Tiago.


- Seu animal! Tire essa coisa das minhas costas! – disse Rosa se contorcendo ainda mais.


Tiago, rindo, tirou de suas vestes um sapo de chocolate que deu salto e foi parar no rosto de Rosa.


Aaaaaaaaaaaaaaaah!


O reflexo de Rosa fez com que ela desse um tapa nela mesma.


- Calma, Rosa. É só chocolate. – disse Al, se aguentando para não rir.


- Bem, vou indo. – disse Tiago - Tenho que pegar os livros para aula do Flitwick. Até mais.


Depois de se recompor e pegar o livro novamente, Rosa se sentou e agiu como se nada tivesse acontecido.


- Então, irei levar todos os ingredientes da lista, já que não sei o que vamos levar. – disse ela com seu típico ar pomposo.


“Nossa que recuperação!” – pensou Al.


- Talvez seja um exagero, não acha. – disse Al imaginando a Rosa carregando olhos de besouro nos bolsos.


Depois de prontos, eles desceram para o grande salão que exalava um delicioso cheiro de torradas adocicadas.


Sentaram-se à mesa da Grfinória e começaram comer. Rosa ia levando mais uma tortinha de abóbora à boca quando paralisou. Ela, lentamente, se contorceu, como se um arrepio subisse dos seus pés a sua nuca.


Antes que Al perguntasse algo, Rosa tirara um pesado livro da bolsa e o levantou com todas as suas forças tentando acertar um alvo invisível. Mas invés de acertar um possível Tiago, uma coisa peluda saiu correndo de baixo de onde estava sentada. A coisinha correu até os pés de um menino e o escalou até se enroscar em seu pescoço.


- Oh, me desculpe! – disse o menino.


- TARADO! – gritou Rosa jogando o livro em direção ao garoto. Mas este abaixara e o pesado exemplar nocauteou uma menina que vinha logo atrás dele.


- Opa! – disse ele rindo e levantando a garota meio sonsa.


- Nossa! – disse Al – Me desculpe... ãh, quem é você?


- Eu sou Edward Stark. – disse o menino – Essa é Cassandra Bloon e esse é meu furão, o Peppin.


Edward apontou para a coisinha de pelos castanhos que mais parecia um cachecol com pequenos olhos negros no pescoço dele.


- Prazer em conhecê-los. – disse Al – Eu sou Alvo Potter e esta é Rosa Weasley...


Foi tudo muito rápido. Num instante Rosa estava ao seu lado, em outro estava no chão com uma Cassandra vermelha e aos berros.


- O que afinal eu te fiz, sua louca?! – gritou Cassandra dando tapas em Rosa – Você quebrou meus óculos!


- Sua filha de trasgo. Tire suas patas de mim! – disse Rosa revidando os tapas.


- Uou! Luta de meninas. – disse um rapaz ao lado de Al.


A bagunça aumentou assim que um grupinho de alunos fez uma roda em volta das meninas. Al e Edward tentaram separa-las, mas quem o fez de fato foi Minerva McGonagoll.


- Francamente, meninas! – disse Minerva – Que vergonhoso duas damas aos tapas, e o pior, levando punição antes mesmo de começar as aulas. Cinquenta pontos serão retirados da Grifinória e da Corvinal. Ficaram devendo pontos. Discutiremos a detenção depois das aulas. Agora vão. Todos vocês!


Minerva acenou com a mão para todo o grupo e logo ele se dissipou. Logo em seguida ela se retirou deixando para trás um rastro violeta que vinha de suas vestes.


- A diretora McGonagoll é assustadora às vezes. – comentou Edward.


- O que deu em você, Rosa? – perguntou Al.


- Essa ai, de repente veio pra cima de mim! – disse Rosa ofegante.


- Me... me des... descu-culpa. – disse Cassandra em tom choroso.


- Ah... eu não queria... – ia dizendo Rosa.


- Não se preocupe. – interrompei Edward – Essa é a Cassy. Ela fica estranhamente violenta quando quebra os óculos. Depois volta ao normal.


Al a olhou bem e viu que Cassandra estava encolhida mexendo na barra das vestes envergonhada. Na verdade só agora teve realmente tempo de olha-los melhor. Ela era uma menina bonita de cabelos muito pretos e curtos. Sobre seu rosto tinha um óculos de casco de tartaruga, que agora estava torto e com uma lente rachada por causa do impacto da livrada. Já Edward tinha cabelos desgrenhados e tão castanhos quanto o pelo de Peppin. Um largo sorriso compensava a timidez de Cassy e quando o fazia, covinhas apareciam em suas bochechas. Ambos eram da Corvinal.


- Então você é um Potter? – disse Edward – Ouvi muitas histórias a respeito do seu pai. Ele é um grande bruxo. Acredito que você ira ser também.


Al sentiu as orelhas ficarem quentes e o rosto ruborizar.


- Obrigado. – disse Al em resposta. Sentia muito orgulho do pai.


- Bem, vamos indo nessa. – disse Edward - Temos aula de herbologia com a Lufa-Lufa daqui a pouco. Vamos, Cassy.


- Espere. – disse Rosa sacando a varinha e apontando para Cassy.


- Reparo!


Os óculos de Cassy se ajeitaram e a rachadura sumiu. Cassy ruborizou e agradeceu quase reverenciando Rosa.


Quando eles saíram, Al e Rosa foram para a aula de poções. Depois uma breve discussão sobre o que levar, eles marcharam para as masmorras.


A sala estava mal iluminada e cheirava a frango assado com rosas. Toda fonte de luz vinha de caldeirão acesso sobre a mesa do professor. Muitos estavam conversando e socializando. Alguns até tentaram espiar o que havia no caldeirão que estava fechado. Al e Rosa se sentaram juntos e esperaram a aula começar. Novamente Al se via deixado de lado por Rosa que estava com a cara enfiada nu livro. Ele correu os olhos  pela sala e pousou em Escórpio. Os olhos cinzas do garoto o fitaram de relance e se abaixaram com pudor. Malfoy era muito quieto e tímido, o fez lembra Cassy. Mesmo agora Al não o vira falar com ninguém.


Na hora em que Al voltou sua atenção para o caldeirão, a sala fora banhada por uma luz amarelada. Só depois de alguns segundos  ele notara que todas as velas na periferia da sala se acenderam. Andando, quase que deslizando pelo corredor, uma mulher de cabelos cheios e ruivos, usando vestes verde oliva, ia em direção do caldeirão. Ninguém viu o que ao certo aconteceu, um segundo depois o cheiro de frango adocicado cessara e foi substituído por licor de cacau.


- Bom dia, queridos! – disse a mulher sorrindo com seus lábios muito vermelhos – Sou a professora Angela Straws, e leciono poções e soluções.


Angela era muito simpática e envolvente. No decorrer da aula, eles vira muitas coisas inusitadas. Conversaram sobre grandes bruxos, excelentes no preparo de poções; ouviram histórias engraçadas da vida dela; e no final foram surpreendidos com o conteúdo do caldeirão cheiroso.


- Bem, – ia dizendo Angela – venho desenvolvendo uma pesquisa sobre a criação de... de criaturinhas artificiais. As chamo de golens. Infelizmente não consigo, ainda, não consigo sair desse estágio.


Com cara pouca gostosa, Angela deu um toque com a varinha no caldeirão que virou seu conteúdo barroso no chão. Os alunos que estavam nas primeiras cadeiras soltaram gritos de exclamação e admiração. Os outros se levantaram para ver o que acontecia, inclusive Al. O líquido não escorrida. Dançava e ainda borbulhava no chão. Mas o que mais impressionava era que o líquido tomava uma forma humanoide, soltando sons esquisitos e se dissolvendo em seguida.


- É só isso. – disse Angela sorrindo vendo a cara dos alunos boquiabertos – E, não. Não iremos aprender isso em aula. Até porque é apenas uma projeto. Só quero que vocês vejam o que somos capazes de fazer juntando algumas coisasinhas num caldeirão.


A turma fez um grande “aaaah” de decepção. Depois disso, Angela deu mais um risinho e finalizou a aula.


 


No almoço, durante a segunda rodada de batatas assadas, Al ouviu alguém pigarrear atrás dele. Quando virou, Escórpio Malfoy estava em pé olhando para ele.


- Você é Alvo Potter, não é mesmo? – disse ele. Sua voz era calma e polida.


- Sim, sou eu. – respondeu Al – Você é o Escórpio, certo?


- Sim. – disse ele lançando um olhar para Rosa ao lado de Al.


- Eu sou Rosa Weasley – disse ela um tanto receosa – Prazer.


- O prazer é meu. – em seguida olha para Al novamente – Meu pai falou dos Potter. Disse que deve a vida dele a seu pai. Também falou que se eu vise algum de vocês uma dia, deveria sentir a mesma gratidão. Por isso, em nome dos Malfoy, obrigado!


Ao terminar, Escórpio estendeu a mão e abaixou a cabeça para cumprimentar Al. Muito comovido, Al a apertou e pode ver uma lágrima correr pelo canto do rosto do garoto. Naquele instante ele entendeu que Escórpio devia sentir o mesmo que Al sentia pelo pai. E também entendeu o quanto devia ser difícil para ele estar ali fazendo aquilo.


- Sente-se conosco, Escórpio. – disse Rosa um pouco mais segura.


- Ora, ora! O que temos aqui?


Todos se viraram. Era o garoto de sobrancelhas grosas, a menina de cabelos azuis e um menino asiático.


- Os filhotes da Grifinoria e da Sonserina brincando juntos! – disse o menino da sobrancelha com sua voz arrastada.


Al e Rosa se levantaram, mas Escórpio se pôs à frente deles.


- O que foi, pirralho? – encarou o garoto juntando as sobrancelhas – Vai me enfrentar?


Antes que alguém dissesse alguma coisa, o asiático tocou o ombro do amigo e disse:


- Calma, Lupercus. São apenas crianças. Vamos logo.


- Sempre o bancando o bonzinho não é mesmo, Juno. – quem falava agora Margareth, a garota de cabelos azuis – Se fosse você, tomaria conta dos membros da sua casa. Até onde eu sei, a Grifinoria perdeu a taça das casas e o campeonato de Quadribol para a Sonserina ano passado. Vamos, Luc.


Deu uma risada de deboche junto com Lupercus e saíram com Juno às suas costas.


- Que insolentes. – disse Escórpio.


- Nós já nos deparemos com eles antes. – disse Al – Estão tramando alguma coisa.


Escórpio os olhou com ar de dúvida. Rosa contou tudo o que houve no expresso de Hogwarts e eles ficaram a tarde discutindo o que poderia ser.


A próxima aula era de feitiços, junto com a Sonserina. Al, Rosa e Escórpio foram juntos. A essa altura já eram suficientemente amigos. Al achava bom ter Escórpio por perto. Era um aluno da Sonserina, e isso mostrava pra ele que mais uma vez seu pai estava certo em dizer que não havia motivos em temer a casa.


Depois de uma tarde de muitos feitiços e risos, eles se despediram e foram para suas casas.


Al e Rosa estavam revisando o livro de feitiços e a aula do Flitwick quando o retrato que dava acesso a sala comunal se abriu. Uma coruja grande e parda entrou e deixou cair uma carta no colo de Rosa. O envelope trazia o emblema de Hogwarts.


- O que será? - perguntou Rosa.


- Não sei. Abra.


Rosa abriu o envelope e retirou a carta. Numa letra cursiva e escrita com tinta verde, vinha escrito:


 


Prezada Sra. Weasley,


Veio por meio deste, anunciar que a senhora cumprirá sua detenção, juntamente com a Sra. Bloom, amanhã após a aula. Peço que por obséquio esteja pronta em frente à sala de herbologia às 15:00 hs em ponto.


Atenciosamente


 


Minerva McGonagoll


Diretora de Hogwarts


 


Rosa estava verde.


- Oh, nossa. Tinha me esquecido completamente disso – disse ela.


- Eu também. – disse Al – O que será que vocês vão ter que fazer?


- Não sei, mas estou muito nervosa agora. Imagine só. Uma detenção! Que vergonha.


- Relaxa. Não deve ser nada de mais. – consolou Al – Vamos nos deitar, já está tarde e amanhã é aula de História da Magia.


Os dois se retiraram e foram para seus quartos. Al se trocou e se jogou na cama. A chuva lá fora o fez adormecer logo. Os ruídos das gotas batendo no vidro se juntavam com os do ronco e suspiros dos outros garotos.


Tarde da noite, a escola estava friamente quieta, não fosse a chuva lá fora. Chuva essa que abafou um grito ao longe, bem abaixo das escadarias que davam para a torre da Grifinoria.

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Comentários (2)

  • Kevelyn Oliveira

    uahsuahsuahsau Valeu. Pretendo melhorar a narrativa com os próximos capítulos. Bem, eu visualizei uma Rose inteligente porém impulsiva como o pai. O Alvo é mais tranquilo e sua personalidade é mais a cara da Gina. Depois ele vai liberar seu lado heroico. O Tiago levou todo o lado danado, neh. Bem "maroto"...Vão aparecer mais personagnes novos, sujestões são bem viindas.

    2012-06-01
  • Lana Silva

    Eu amei o capitulo muiiito bom. Escreve muito bem flr, eu li o capitulo com facilidade incrivel, Rose já levando detenção. Pensei que Alvo seria mais facil para tomar detenções que ela kkkkkkkkkkkk ameiii mesmo o capitulo ótimo beijos flr! 

    2012-06-01
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