Espírito Grifinório



                                




Dorcas Meadowes


O treino de Quadribol tinha sido péssimo. E a chuva só tinha piorado muito o humor do senhor Potter, que já tinha tomado leite azedo quando acordou. As aulas dessa “linda” quarta-feira tinham sido extremamente chatas. Lily estava num humor pior que o Potter - nota mental: perguntar o que houve na ronda – e a Marlene tinha desaparecido depois da aula de Poções. Pra resumir: o dia não podia piorar.  E eu tinha toda razão.


Assim que eu entrei no Salão Principal, eu encontrei Amos Diggory distribuindo pergaminhos.  Eu ia passar direto por ele, caminhar pro meu dormitório e ter uma boa noite de descanso. Mas aquele loiro branco dos olhos azuis - meio assustador pra ser sincera, porque ele parece estar sempre doente – não me deixou passar.


-Fala Dorcas! – ele me cumprimentou com um sorriso.


- Olá Amos – eu respondi, tentando evitar o sorriso amarelo que diz “que inconveniente falar com você agora”.


-Então, você é do 7° ano não? – ele perguntou


Eu assenti, erguendo as sobrancelhas.  Ele foi namorado da minha melhor amiga, tem duas aulas comigo, e não sabe que eu sou do 7° ano? Me surpreende que ele saiba meu nome!


-Então toma aqui um pra você – ele disse me passando um pergaminho – e um pra Lily, um pra Marlene, e um para aquela amiga de vocês que tem namorado – ele terminou adicionando mais três pergaminhos à minha mão.


- Obrigada – eu agradeci antes de me afastar dele.


Assim que eu abri o pergaminho, eu sorri. Só mesmo uma festa à la Amos Diggory pra me animar.


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Okay Dorcas respira. 


Era só uma frase. Simples, e rápida. Claro, significava muita coisa. Poderia ser a minha entrada para a festa do Amos, ou o fim de uma amizade de algum tempo.


É só dizer as seis palavrinhas!


Eu não ia conseguir. Ia chegar na frente dele, ficar da cor do cabelo da Lily, e inventar um assunto qualquer e uma desculpa pra sair. Eu me conheço!


Ora Dorcas, cadê seu espírito Grifinório?


Eu sempre soube que tinha sido colocada na casa errada. Aquele chapéu também ‘ta mais velho que o próprio Dumbledore!


Ele é tímido demais, você tem que fazer isso!


Eu sei. E se eu não fizesse, ele não faria. Mas e o medo de levar um “não”?


Meus passos ecoavam pelos corredores vazios do castelo de pedra onde eu vivia 10 meses no ano.  Meus pensamentos eram tão intensos que eu acho que daria pra ver a fumacinha saindo dos meus ouvidos, e de longe. Porém depois de mudar de corredor, meus passos deixaram de ser os únicos ecoando pelas paredes de pedra.


Como planejado Dorcas, aí vem ele.


Respirei fundo. Era agora ou nunca. Ele estaria saindo da sua aula de Runas, o que significava que ele estaria de bom humor.


Mentalize leões, Dorcas. Mentalize leões com jubas douradas e focinhos vermelhos!


- Olá Remo – eu disse, assim que esbarrei com ele.


- Ah, oi Dorcas! – ele respondeu rapidamente, com um sorriso tímido típico dele, mas do mesmo jeito irresistível.


- Hm, eu estava mesmo te procurando – ele disse ao mesmo tempo em que eu disse:


- Eu queria falar com você, Remo.


Demos uma risadinha sem graça, ao mesmo tempo também.


- Você primeiro Dorcas – ele disse, como um bom cavalheiro, fazendo um gesto com a mão, e levando-a ao cabelo. Hábito adquirido por convivência com o James, suponho.


- Eu queria saber, se... sei lá... – eu comecei, não conseguindo terminar a frase.


-Se? – ele perguntou, colocando a mão no bolso.


Mentalize leões sua idiota!


- Se você não queria ir na festa que o Amos vai dar na sexta-feira comigo. – eu disse, despejando tudo de uma vez antes que eu pudesse me arrepender.  E então, eu encarei o chão, porque o meu sapato ficou extremamente interessante.


-Ah! – Remo arregalou os olhos e ergueu as sobrancelhas, espantado.  Obviamente ele não esperava que eu dissesse isso.


Pronto, eu tinha estragado tudo. Mas que ideia idiota que eu tive! Como eu pude ser tão confiante em mim mesma?  Senti meu estômago despencar, e um nó se formou na minha garganta. Eu tinha conseguido acabar com a amizade. Agora seria difícil encará-lo de novo sem ver a expressão de surpresa ao meu convite estampada em seu rosto.


- Pode ser – ele disse, depois de um tempo se recuperando.


Perai. Ele disse mesmo o que eu acho que ele disse?


- Na verdade, - ele acrescentou – era exatamente pra isso que eu estava te procurando – e então ele sorriu. Mas dessa vez não foi um sorriso tímido. Foi um sorriso sincero, que ligou um aquecedor dentro de mim, me aquecendo toda. Que sorriso lindo!


Sério mesmo que ele ia me convidar?


Senti minhas bochechas corarem.


Bochecha, isso é hora? Volte a sua cor natural, por favor.


Então nós ficamos numa situação meio desconfortável. Eu olhava pra ele, e ele me olhava. Porém nenhum dos dois dizia nada, muito menos fazia nada que não fosse respirar. E pra evitar que a situação constrangedora ficasse realmente constrangedora, eu disse:


-Bom Remo, eu tenho que ir – eu sorri – as meninas merecem receber o convite delas!


Ele assentiu, passando a mão no cabelo novamente.


Dei dois passos pra frente, e depositei um beijo na bochecha dele, que imediatamente corou.  Sim eu sei, beijo na bochecha é coisa de criança. Eu acho fofo tá? Algum problema?!


 Depois eu virei de costas e saí caminhando, mas juro pude ouvir um suspiro vindo de detrás de mim.


~~~~X~~~~

Lily Evans


Pelo final da quarta-feira, eu já tinha meu plano pra tirar o Potter idiota da minha vida em mente.


Era simples: dar a ele o que ele quer.


 Se o que ele queria era sair comigo, para poder marcar na listinha idiota dele de meninas com quem ele já saiu, ele sairia comigo. Pronto, simples assim. Porém nada além disso.

Dorcas havia relatado o convite meio bizarro que ela vez ao Remo, e eu passei a admira-la ainda mais. Coragem pra chamar o menino por quem você tem “uma pequena queda” para ir com você numa festa em que você TEM que ir acompanhado era uma coisa que eu não tinha. Não que eu tivesse sofrendo de queda por nenhum menino no momento. Ah, eu sei o que você deve ter pensado: que eu iria convidar o Potter. No way que isso vai acontecer. De jeito nenhum. Eu quero me livrar dele, porém não quero dar a ele o gostinho de me ver “correr atrás dele”.


Respirei fundo, e tentei tirar todos os pensamentos da minha cabeça. Quanto menos eu pensasse, mais fácil seria aceitar qualquer pedido que o Potter fizesse. Se eu pensasse duas vezes o plano ia por água abaixo.


Caminhei até o 6° andar, pronta pra começar a fazer a ronda sozinha. Quanto mais eu conseguisse evitar o insolente-teimoso-irresponsável-Potter melhor. Mesmo que eu tivesse que aceitar qualquer convite que ele fizesse.


Acabei encontrando-o uma meia hora depois, no meio do caminho pro fim da ronda. Aparentemente ele tinha vindo pelo outro lado, porque acabamos dando um encontrão na hora de virar o corredor.


-Olá Lily! – ele exclamou visivelmente animado, enquanto passava as mãos no cabelo, e ajeitava os óculos.


-Olá Potter – eu disse sem corresponder à animação dele.


- Tudo tranquilo no lado de lá do 6° andar? – ele perguntou, caminhando do meu lado agora.


-Sim, tudo normal. – eu respondi assentindo.


-Então não vejo porque de eu ou você continuarmos a ronda, vendo que o andar está tranquilo em ambos os lados. – ele disse ainda animado – que tal uma caminhada até o salão comunal?- ele sugeriu logo em seguida.


- Não vejo outro lugar pra onde eu possa ir, levando em conta que temos teste amanhã, e a melhor coisa que eu posso fazer é dormir cedo. Então sim, podemos caminhar juntos até o salão comunal – eu respondi, medindo minhas palavras cautelosamente.


Depois de alguns minutos caminhando em silêncio, comecei a estranhar. Que bicho tinha mordido o Potter?


- Foi convidado pra festa do Amos? – eu perguntei, me arrependendo no segundo que eu vi a expressão de vitorioso dele.


-Lily Evans puxando assunto comigo! Isso é o que eu posso chamar de evolução da humanidade! – ele comemorou – e sim, eu fui Lily.


Eu assenti.


Ele provavelmente já tem uma acompanhante. Afinal, ele devia saber que eu recusaria, e pra não perder as meninas bonitas já arranjou uma.


Continuamos caminhando no mesmo silêncio de antes. Eu me recusei a puxar assunto de novo. Não queria dar à ele o gostinho de me ver puxando assunto com ele.


-Porque a pergunta? – ele questionou, passando a mão no cabelo.


-Ora, só queria saber – eu afirmei, dando de ombros.


Ele ergue uma sobrancelha, obviamente não acreditando no que eu tinha dito.


-Porque Lily, estava esperando que eu a convidasse? – ele colocou as mãos no bolso, e ficou me olhando sugestivamente.


Droga Lily, você tinha mesmo que estragar tudo não?


Eu não respondi, apenas neguei com a cabeça, como se fosse óbvio.


-Não seja por isso! – ele avançou alguns passos, ficando na minha frente e me obrigando a parar – quer ir à festa do Amos comigo?


Vamos Lily, faça o que deve ser feito, não pense.


- Sim – eu respondi pro chão, e tão baixo que ele não ouviu.


-O que? – ele perguntou dando uma risada, com uma voz de quem está em choque.


-Lily, olha pra mim, e me diz de novo o que você acabou de dizer. – ele pediu, segurando meu queixo e levantando meu rosto, me obrigando a encara-lo.


-Sim – eu repeti, fechando os olhos, com medo de que uma bomba fosse estourar, ou que algo ruim fosse acontecer. Mas nada aconteceu. O Potter também não fez nada. Resolvi arriscar abrir os olhos e a cena que eu vi foi... Digamos que inesperada.


O Potter tinha o queixo caído, num sorriso. Suas mãos estavam enterradas em seus cabelos, e seus olhos tinham um brilho que eu nunca tinha visto antes.


Fiquei encarando-o, sem entender muito o que estava acontecendo, porque ele não se mexia. Sério, acho que ele ficou naquela posição por uns cinco minutos. Será que ele tinha entrando em estado de choque?


Oh céus, será que eu paralisei James Potter?


Porém do nada ele se mexeu. Pra ser mais precisa, ele saiu pulando igual um louco pelo corredor, mexendo os braços pra cima e pra baixo gritando:


-ELA ACEITOU!


É, eu definitivamente me arrependi do que eu tinha feito.  Sorte que não tinha ninguém por perto pra ver aquilo, ou eu seria capaz de me enterrar no chão ou algo do gênero.


-Okay Potter, agora chega por favor! – eu implorei, segurando ele pelos ombros, pra que ele parasse de pular. Só que eu me arrependi rapidamente pelo contato físico.


- Okay, me desculpe ruiva – ele piscou pra mim – mas é que eu não pude controlar a minha felicidade dentro de mim. Ela escapou.


Revirei os olhos, e resolvi continuar andando até o salão comunal. Logo o Potter me alcançou.


-Pensei que você iria com o Ranhoso – ele admitiu, inclinando a cabeça para o lado, pra olhar pra mim.


-Não – eu neguei com a cabeça – primeiro que Sonserinos raramente são convidados para festas do Amos, e segundo porque o Sev raramente vai à festas.


- Sev? – ele riu – agora o Ranhoso tem um apelido carinhoso?


-Olha Potter, quer você queira quer não, ele é meu amigo – eu disse irritada – e você não tem nenhum poder sobre meu círculo de amizade. Portanto, recomendo que você tire esse seu nariz convencido de onde ele não deveria estar. – eu acrescentei áspera.


- Porque você faz isso? – ele questionou, passando a mão pelos cabelos.


- Isso o que? – eu devolvi, com outra pergunta.


- Toda vez que a gente consegue ter uma conversa no mínimo civilizada, você começa com o “vamos todos odiar o Potter convencido e irresponsável!”.  Eu acho que você deveria saber que eu mudei Lily! – ele exclamou indignado.


Eu não tinha resposta pra isso. Claro que ele não tinha mudado! Era o mesmo sem vergonha, irresponsável, galinha, e convencido de sempre! O mesmo que queria o nome de todas as meninas de Hogwarts na listinha dele de “Meninas que eu já peguei”.  O mesmo que me chama pra sair todo santo dia! O mesmo que tirava a minha concentração durante as aulas, e o mesmo que conseguia me tirar do sério. Exatamente o mesmo!


Felizmente já tínhamos chegado ao retrato da Mulher Gorda, então não tive que responder. Cada um subiu pro seu dormitório, sem dizer uma palavra.


Assim que eu abri a porta encontrei uma situação muito bizarra. Meu queixo caiu, logo depois do grito que eu dei:


-Marlene, O QUE VOCÊ FEZ?!


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N/A: Yeeey! Eu não demorei 93475893472895 anos pra postaaar! Aleluiaaa! *isso é o que o tédio faz*. Aqui só neva, e neva, e neva, e a temperatura está sempre abaixo de -10, o que me dá uma preguiça enorme de sair de casa. Sem contar que amanhece tarde, e escurece cedo. Por isso eu acabo escrevendo em dobro, o que é bom de certa forma. Avisem qualquer erro ortográfico okay?  Então, aí está! :DD Espero que tenha melhorado um pouquinhoo :P

Agradecimento à comentário:

Lana Sodré: 
Que bom que você gostou!! Sério, eu andei meio deprimida, numa crise de "personalidade de escrita", sei lá se isso existe. Resumindo: eu não estava satisfeita com o jeito como eu estava escrevendo, e eu tava preocupada de não estar colocando "meu jeitinho" de escrever no que eu escrevia. Enfim não vou te encher com isso. 
A Marlene também é minha ídolaa! Ela é tão independente, com uma personalidade forte, tão nem aí pra opinião alheia, que eu me inspiro nelaa! :D Bom, pelo menos pra mim ela é assim. E o plano dela é boom ^.^ nada de mirabolante, mas eu vou deixar você pensar sozinha.
Ah, sem problemas você não ter comentado no outro capítulo :D, desde que você continue lendo eu já fico feliz!!


Então é isso povo, vou ver se não demoro pro proximo!!



  

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    Oii \o kkkkkkkkEu amei o capitulo, Ri das meninas e ri muito da Dorcas com seu plano para convidar o Remus, as vezes eu fico em duvida porque sou grifinória, mas no fundo não só as nossas qualidades que nos fazem pertencer a casa dos corajosos. Bem, na parte da Lily e do James eu ri demais, que onda esses dois em ? Lily vai redescobrir o Potter que existe dentro do James...Eu concordo com você sobre a Lene, ela é forte, decidida, acho que se eu tivesse um pouco da personalidade dela ninguém me seguraria kkkkk tinha uma propaganda que tinha uma mulher que era cinza, tipo, ela ficava assim e as pessoas ao redor eram coloridas cheias de vida e tal - acho que tá me entendendo - ai minha prima virou pra mim e disse 'Nossa é totalmente você aquela moça, apagadinha' agora creio que não sou mais assim, mas naquela época era bastante, não vou dizer que tenho a melhor personalidades de todas, porque não tenho, mas tenho um pouco disso, quando quero alguma coisa tento chegar nela persistir. Bem e acho a Marlene assim, não  consigo ver a Marlene como uma pessoa sem personalidade ou caidinha, ela é viva por natureza, alguém para fazer Sirius Black no minimo gostar um pouco tem que ter uma personalidade forte kkk bjoos! 

    2013-01-24
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