Tensão
Eu tenho exatamente 20 minutos pra chegar ao meu posto e esperar Ronald para começarmos a ronda dessa noite. Suspiro em frente ao espelho prevejo mais uma noite daquelas, espero sinceramente está errada. Termino de me arrumar e olho no relógio, são exatamente 22h45min e não tenho a menor vontade de sair do dormitório, mas ok isso está acima das minhas vontades. Passo pelo salão comunal lotado, não vejo nem Harry (que está em uma aula particular com Dumbledore.) nem Ron.
Encaminho-me para o corredor do sétimo andar onde sempre começamos as rondas, me encosto-me a uma pilastra, olho para o relógio, faltam 5 minutos paras as 23h00min e Ronald ainda não apareceu, obviamente deve estar se agarrando em algum corredor com aquela namoradinha dele. Respiro fundo e fecho os olhos, infelizmente não posso começar sem ele. Escuto passos apressados vindo em minha direção, abro os olhos e o vejo se aproximar, não posso deixar de suspirar ao vê-lo, cabelos ruivos, ombros largos e fortes, lindo e incrivelmente atraente para mim. Olho às horas e digo:
- Você está atrasado, já devíamos ter começado há 5 minutos. – eu disse um tanto irritada.
- Ahn... me desculpe, eu tive um pequeno problema. – disse Ronald.
- Isso não é problema meu. – eu disse me afastando e começando a fazer a ronda.
Tínhamos que passar em cada corredor da ala leste do castelo verificando se haviam alunos fora da cama ou qualquer outra coisa fora do normal. Obviamente eu fazia tudo sozinha, Ronald apenas me acompanhava por ser obrigação dele como monitor. Os únicos ruídos que ouvíamos eram dos nossos passos e de nossa respiração, a falta de dialogo entre nós tornava o clima pesado, eu realmente estava incomodada, mas mais que isso eu estava magoada por ter sido trocada, ou melhor, por não ter sido a primeira opção dele. Eu esperava por isso desde os meus 14 anos, esperei por um convite para o baile de inverno que não veio, não dá maneira que eu imaginava, esperei por muito tempo que ele notasse o que eu sentia, mas Ronald é o legume mais insensível que eu já tive a infelicidade de conhecer e é cada dia mais obvio que ele me via somente como uma amiga e eu me sinto ridícula por ainda nutrir um pouco de esperança com relação a ele. Continuamos a ronda sem trocar uma só palavra e sem encontrar nenhum aluno fora da cama, graças a Merlin estamos quase acabando a ronda e vou poder voltar a ignorá-lo. Estou tão perdida nos meus pensamentos que não percebo um pequeno batente entre um degrau e a porta de acesso para o outro corredor e acabo perdendo o equilíbrio teria me esborrachado toda no chão se Ron não tivesse corrido em meu auxilio e me segurando. Encosto-me na parede, Ronald segura meu braço com certa força, levanto a cabeça me forçando a olhá-lo nos olhos.
-Obrigada...- eu digo num sussurro, me perco na imensidão dos olhos azuis de Ron, minha respiração fica acelerada.
Ron aproxima o rosto do meu, posso contar as sardas do seu rosto de tão próximo, ele coloca a mão no meu rosto e acaricia a minha bochecha, estamos perdidos no olhar um do outro e não consigo pensar, apenas seguir os instintos. Eu quero, desejo e preciso sentir o gosto dos lábios dele. Nossos narizes se tocam, Ron fecha os olhos, e faço o mesmo, nossos lábios se roçam levemente quando ouço passos no corredor e imediatamente me afasto saindo do transe em que estava.
- Hermione... er... desculpe. – gagueja Ron
Respiro fundo e balanço a cabeça em sinal positivo e me afasto na direção em que ouvir os passos, vou até o final do corredor com Ron nos meus calcanhares.
- Não tem ninguém, provavelmente algum aluno fora da cama correndo pro dormitório. – eu digo.
-É deve ser isso. Ahn, então vamos continuar o que estávamos fazendo? – disse Ron
- O que????? – eu digo um tanto indignada
- A ronda, Hermione, vamos terminar a ronda. – disse Ron com um sorriso debochado.
-Acho que não temos mais o muito que fazer, vou voltar pra torre da Grifinória. Boa noite, Ronald. – respondo mal humorada.
Saiu pisando duro em direção a torre da Grifinória, a raiva fazendo o sangue ribombar em meus ouvidos, passo direto pela sala comunal em direção ao dormitório feminino. Sento na cama e respiro fundo, tento controlar as lagrimas, mas elas me vencem, deito na cama e choro até me sentir melhor. Foi por pouco, por muito pouco que não nos beijamos, no momento eu não sei dizer se estou triste ou feliz de termos sido interrompidos, não sei como conseguirei olhar pra ele amanhã. Exaurida pelas lagrimas, sinto a cabeça doendo, meu olhos com certeza estão inchados e não posso permitir que me vejam assim, não posso me permitir ser fraca. Levanto e me direciono ao banheiro de frente ao espelho percebo o leve inchaço em meus olhos, respiro fundo, lavo o meu rosto, olho-me no espelho novamente.
- Você não me afetará dessa maneira novamente, Ronald, não vai. – digo por entre os dentes. Volto para o quarto, deito na minha cama e decido que apartir de hoje não deixaria que Ronald tivesse controle dos meus sentimentos.
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