A estação
A coruja entrou pela janela e pousou molhada, por causa da chuva, em cima da sua cômoda derrubando a caixinha que ganhara da avó.
Ela estendeu a pata para Isabela e após tela retirada saiu voando pela mesma janela que entrou. Isabela nervosa leu:
" Isabela,
esteja pronta amanhã às 10:50 que irei te buscar.
Atenciosamente,
Neville"
Ela quase morreu de alegria, terminou de arrumar tudo e correu para mostrar a carta para sua mãe.
Quando voltou foi soltar a coruja mais uma vez e disse:
– Esteja aqui amanhã 10:30.
A coruja bateu o bico na gaiola como se isso fosse um "sim" e saiu.
Enquanto a coruja dava a sua última volta aquela noite, antes de ir para Hogwarts, Isabela virava de um lado para o outro na cama, sem conseguir pegar no sono.
Ela levantou e ficou sentada observando da cama, a noite pela janela. Pegou então a caixinha no chão, abriu-a, deixou tocando e deitou novamente.
Ouvindo aquela música ela "acalmou", deixou um pouco a ansiedade e dormiu.
Seu celular tocou às 10 em ponto.
Nesse meio tempo tomou banho, café da manhã, falou com os pais e quando já estava conferindo a lista de material pela quarta vez a companhia tocou.
Desceu correndo as escadas e abriu a porta:
– Vejamos a mais nova estudante de Hogwarts! - disse Neville.
– Bom dia - disse Isabela abraçando-o.
– Está pronta?
– Sim, mas a minha coruja ainda não voltou.
– Tem certeza? Acabei de ver uma entrando pela janela.
– Deve ser ela, vou pegar minhas coisas.
Quando chegou no quarto a coruja estava em cima da cama:
– Eu disse 10:30! - disse enquanto colocava Colina na gaiola.
Fechou a mala e desceu as escadas arrastando-a.
– Pronto - informou a Neville.
– Mas já Bela? - perguntou a mãe.
– Sim, vou sentir a sua falta - e a abraçou - e a sua também papai! - e o abraçou em seguida.
Depois de uma longa despedida ela e Neville desaparataram da sala, aparatando na estação. As pessoas nem perceberam a chegada do nada dos dois, simplesmente continuaram a andar.
– Agora você já sabe o que fazer, certo? - perguntou Neville enquanto apontava para "uma certa" pilastra.
– Sei sim - respondeu nervosa.
– Então vou indo, tenho outro aluno para buscar. Tchau Isabela, até Hogwarts.
– Tchau, até.
Neville desaparatou.
Ela correu com as coisas em direção à pilastra e passou, mas do outro lado havia uma menina parada na frente, em quem esbarrou, acabou caindo e o seu carrinho quase acertou dois meninos altos que andavam juntos, cada um com uma coruja preta no ombro.
Isabella levantou assustada.
– Did you hurt? - uma menina baixa, dos cabelos negros, longos e anelados, da pele branca e olhos pretos perguntou.
– Não falo inglês - respondeu.
– Ah, mas eu falo português- riu- Meu nome é Kimm e o seu?
– Isabela, também é do Brasil?
– Tecnicamente.
– Como assim?
– Nasci lá, mas quando pequena vim morar na Inglaterra.
– E como aprendeu português?
– Com a minha mãe, ela só falava comigo em português e meu pai em inglês, queriam que eu soubesse as duas línguas.
– Ah! E seus pais são bruxos?
– Sim, na verdade, só a minha mãe, ela foi da Sonserina e você?
– Filha de trouxas.
O apito do trem soou.
– Vamos, o trem vai sair - disse Kimm enquanto corria - Can we come in? - perguntou a uma menina sozinha na cabine.
– O que? - a menina perguntou parecendo desesperada.
– Ótimo, mais uma que fala português. - disse Isabela já se sentando.
– E ela fala português? - perguntou a menina para Isabela.
– Falo - Kimm respondeu - Desculpa, é que a maioria aqui fala inglês. Qual o seu nome?
– Eliza.
Eliza era uma menina alta, cabelo castanho, repicado, liso e com franja, olhos também castanhos e uma pele bronzeada.
– Prazer, meu nome é Kimm
– E o meu Isabela.
O trem apitou pela última vez e saiu.
As três ficaram conversando por um bom tempo até que foram interrompidas pela mulher que vendia doces.
– Vão querer algum meninas?
– Eu quero feijõezinhos de todos os sabores - disse Isabela pegando o dinheiro.
– E eu sapo de chocolate. - disse Eliza.
– E você minha querida? - a mulher perguntou a Kimm.
– Não, obrigada.
A mulher entregou os doces e continuou empurrando o carrinho pelo trem enquanto as meninas comiam e voltavam a conversar.
Depois de um tempo trocaram de roupa e voltaram para a cabine.
– Deve estar chegando. - disse Kimm olhando pela janela.
– Acho que nunca estive tão nervosa. - confessou Isabela. - Quero saber logo para que casa vou...
– Eu disse, eu disse! Estamos chegando, olhem, olhem.
As três meninas ficaram em pé na frente da janela, admirando o tanto de luzes e vendo o trem parar.
Quando chegou a hora de descerem a confusão foi tamanha que acabaram se separando.
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