O Beco Diagonal



Aquela noite não saia da cabeça da Isabela. Nunca vira seu pai tão nervoso, mas em compensação tudo ficou combinado e dentro de uma semana outro professor iria à sua casa, mas dessa vez o motivo era outro...


E ainda assim, no decorrer daquela semana continuou indo para a escola. Por quê? Isso só a mãe dela sabe. Não que elas já estivessem discutido, pelo contrário, todo fim de tarde era a mesma coisa:


– Deixa eu falta amanhã?!


– Não.


– Por que mãe?


– Porque não, você vai para aquela escola até 1º de setembro.


– Mas por quê?


–Porque sim. Eu nem sei o que você vai aprender naquela escola e nem sei como, afinal, você não fala inglês.


– Vou aprender ouvindo os professores com o feitiço, assim como McGonagall... "Der!"


Aquilo foi o maior erro, Por causa de um "der" que disse ela ficou de castigo e não fez outra coisa que não fosse ler o livro que ganhou. E na manhã que o professor chegou ela já havia terminado.


Era sábado as 9 horas quando a companhia tocou. Isabela, que pela primeira vez acordou cedo no sábado, correu até a porta.


– Bom dia! - falou um homem com cabelos lisos, curtos, casanhos, olhos também castanhos, uma barbar meiomal feita, da pele clara, alto. "Ele é ainda mais lindo pessoalmente - pensou Isabela."


– Bom dia professor Longbottom - e sem pestanejar lhe deu um abraço.


Longbottom retribuiu e ao se afastar sorriu.


– Deixe-me adivinhar... fã de Harry Potter? - perguntou.


– Claro, - respondeu - terminei o último livro essa manhã, você foi um herói.


Ele riu.


–Obrigado.


–Minha vez... - ela disse - está conversando comigo por um feitiço?


– Correto. - mais uma vez riu - Confesso Que só sei duas coisas em português.


–Quais?


– Bom dia e Obrigado - respondeu com um sotaque engraçado.


Isabela caiu na gargalhada e ele a acompanhou com risos.


– Quem está aí? - perguntou o pai entrando na sala.


– Meu nome é Longbottom, Neville Longbottom.


– Ele vai ser meu professor de herbologia papai.


– Hm... Prazer, Júnior. Você é o encarregado da minha filha hoje?


– Sim senhor.


– Quando pretendem voltar?


– Hoje ainda.


– Como? Está me dizendo que ai a Londres e vai voltar ainda hoje?


– Sim senhor.


– Como?


– Aparatando.


– O QUE? - Isabela pareceu ter assustado - Você pode aparatar comigo?


– Eu diria que sim. Hoje em dia Hogwarts recebe gente de todo mundo, então temos autorização.


–O que é aparatar? - Júnior perguntou antes que sua filha fizesse outra pergunta.


– Posso demonstrar?


– Por favor!


Ao ouvir essas palavras, Neville meio que rodopiou, virou não há como descrever direito...


–Senhor?


O pai dela se virou e viu Neville na frente do sofá.


– Como você faz isso? Você estava aqui na minha frente agora...


– Isso é aparatar. É assim que chegarei em Londres e voltarei ainda hoje com a sua filha.


Júnior ficou boquiaberto.


– Tudo bem papai, eles fazem isso sempre e quando eu estiver mais velha eu vou aprender.


– Eu já não duvido de mais nada nessa vida! - todos riram - Tudo bem, podem ir, imagino que precisem fazer isso rápido e quanto mais cedo ela chegar mais rápido eu fico tranquilo. Bela querida, avise sua mãe antes. Neville, se me dá licença vou voltar para o quarto. Cuide bem dela e talvez ela dê um pouco de trabalho.


Todos riam, menos Isabela que fez cara de "não sei o que está dizendo" e foi falar com a sua mãe. Quando voltou, trazia em mãos um cofrinho:


– Imagino que preciso de dinheiro para trocar para os cicles, nuques e etc...


– Correto mais uma vez - Neville respondeu - podemos ir?


– Sim, acho que aqui vou ter o suficiente.


– Então, por favor, me dê a mão e segure firme. Será uma sensação ruim, mas logo passa.


Aparataram juntos e apareceram novamente no Caldeirão furado.


– Chegamos.


– Nossa, é bem parecido com a forma que os livros descrevem... E aparatar é horrível.


– Todos me falam isso - Neville sorriu - Bom, vamos às compras. Mas antes de tudo, ao Gringotes. Precisamos trocar o seu dinheiro.


Os dois seguiram pelo Beco Diagonal. Isabela olhava tudo que podia e não deixou de reparar...


– Draco está aqui!


– Sim, todos estão ajudando com os alunos novos, principalmente com os filhos de trouxas.


– Nossa! Depois posso falar com os outros?


– Acho que hoje não vai dar. Estamos todos correndo, mas você os verá na escola.


Ela fez uma cara de decepção, mas entendeu e voltou a observar. Por um instante podia jurar que viu duas "Ginas", uma mais nova e outra já adulta.


Enquanto Draco ajudava um menino que só tinha o branco dos olhos iguais aos seus, Gina estava com uma menina que parecia sua cópia: cabelos ruivos, olhos azuis e pele branca. Apenas duas coisas as diferenciavam: o cabelo da menina era enrolado e ela tinha sardinhas no rosto.


– Gringotes, sempre me fascino com esse banco.


Isabela se perdeu observando Gina e a menina e nem percebeu que havia chegado.


– Nossa!


– Que foi?


– Parece o mesmo de antes o dragão destruir. - suspirou - falo como se já conhecesse né?! - riu.


– Um tanto quanto, mas agora você vai poder dizer que conhece. Vamos?


– Sim.


Passaram por dois duendes na primeira porta. Em seguida, pararam na porta de prata com aqueles dizeres:


" Entrem, estranhos, mas prestem atenção


Ao que espera o pecado da ambição,


Porque os que tiram o que não ganharam


Terão é que pagar muito caro,


Assim, se procuram sob o nosso chão


Um tesouro que nunca enterraram,


Ladrão, você foi avisado, cuidado,


pois vai encontrar mais do que procurou. "


 


Ao passar por essa porta viram uma grande confusão. Gente e duendes para todos os lados, cada um parecia mais nervoso que o outro.


– Por aqui - Neville apontou para a única mesa vazia no canto. - Gostaria de abrir uma conta - informou ao duende.


– Em nome de quem? - perguntou o duende virando-se para os dois.


A plaquinha em cima da mesa informava "Jison". Ele era um duende pequeno como os outros, mas de orelhas e nariz um pouco menores. Olhos escuros, mãos grandes com dedos finos e não parecia feliz.


– Isabela Zimerer - informou.


– Autorização dos pais?


– Filha de trouxas.


– Mais uma... - resmungou o duende.


– O que?


– Nada Longbottom. Autorização da McGonagall ou Flitwick?


– Aqui está.


O duende examinou tudo e disse:


– Está em ordem. Cadê o dinheiro que será aplicado à conta?


– Aqui - informou Isabela entregando o cofre.


Jison abriu e para sua surpresa não caíram moedas como das crianças anteriores e sim notas. Ele fez as contas e entregou uma chave.


– Cofre 1031 - disse - O dinheiro já foi para lá. Vão querer pegar alguma quantia agora?


– Sim - Neville respondeu.


– Mihool! - O duende gritou - Leve-os ao cofre 1031.


– Sim - Mihol respondeu.


Mihol era o contrário de Jison, suas orelhas e nariz eram grandes e seus dedos e mãos pequenos, mas com os mesmos olhos negros.


Seguiram-no até a outra porta, onde Mihol assobiou e um vagonete veio ao seu encontro. Foram até o cofre e retiraram uma quantidade de dinheiro e voltaram ao Beco Diagonal.


O resto das compras foi mais rápido e tranquilo do que esperavam e antes de irem embora foram comprar uma das únicas coisas que faltavam:


" Uma coruja OU um gato OU um sapo."


– Longbottom...


– Me chama de Neville, deixemos a formalidade para os terrenos da escola.


– Tudo bem - sorriu - Neville...


– Oi?!


– Por que você escolheu levar um sapo?


– Nem eu sei direito. Acho que queria ser diferente, levar algo que poucoas pessoas levariam. Achei que ia ser legar, mas ele me deu muito trabalho e me faz parecer mais desajeitado do que já era. Você vai querer levar o que?


– Uma coruja. Nunca vi uma, elas não são tão comuns onde eu vivo.


– Então escolha uma, tem várias aqui.


– Aquela ali - apontou.


A coruja era pequena, penas beges e olhos bem amarelos. Saiu da loja com a coruja na gaiola e foi ao lugar que mais esperava:


Sr. Olivaras


– Não acredito. - exclamou - O senhor!


– Prazer minha querida - respondeu - Qual o seu nome?


– Isabela.


– Veio escolher a varinha?


– Quase, já que é ela que me escolhe.


– Menina sábia - ele disse olhando para Neville - Família bruxa?


– Não, trouxa. Mas sei disso tudo porque tenho os livros do Harry Potter.


– Você realmente aprendeu com ele! Então... vamos à varinha?


– Não vejo a hora!


Olivaras foi ao fundo da loja e voltou com três caixinhas.


– Pena de fênix, 15 cm, pouco maleável.


Isabela pegou a varinha e uma caixa que estava no chão foi parar no teto.


– Acho que não... Essa aqui: Chifre de Unicórnio, 24 cm, bastante maleável.


Ao tocar na varinha, a escada que estava atrás do balcão começou a correr de um lado para o outro como se tivesse vida.


–Também não... Próxima: Fibra de coração de dragão, 12 cm, bastante maleável.


Quando pegou a varinha uma luz acendeu e depois de um tempo apagou.


– Pelo visto ela te escolheu - disse Olivaras.


Isabela não respondeu nada, ficou admirando a varinha, a única coisa que conseguiu dizer antes de sair foi "Obrigada, foi uma honra".


Voltaram com tudo para o Caldeirão Furado, colocaram tudo em uma mala, exceto a coruja que ela segurava enquanto desaparatavam.


– Paai, mãae... cheguei! - entrou gritando em casa - venham ver as minhas coisas.


– Isabela, preciso ir agora, tenho mais alunos para levar ao Beco Diagonal.


– Obrigada - ela correu e outra vez lhe abraçou - muito obrigada Neville.


– De nada, até Hogwarts.


– Ahh não...


– Que foi?


– Esqueci a vassoura, disseram que poderíamos levar.


– Tudo bem, já volto com uma pra você.


– Sério?


– Sim.


– Aqui, - ela lhe entregou uma bolsinha com as moedas - precisa disso!


– Obrigado, já volto. - e falando isso, desaparatou.


Seus pais chegaram em seguida. Júnior subiu a mala e sua mãe ficou admirando a pequena coruja.


– Acho que vou soltá-la mãe.


– Ela não foge?


– Não. A coruja sai e volta quando quer, mas não foge não.


– Ah! E você vai dar um nome a ela?


– Estava pensando nisso... acho que vai ser Colina.


– Nome bonito.


– Obrigada, vamos lá em cima quero te mostrar minhas coisas.


Quando já haviam subido metade da escada, a campainha tocou.


– Eu atendo. Mostre suas coisas ao seu pai, daqui a pouco eu subo.


– O.K., obrigada mãe.


Isabela foi para o quarto.


– Olá - disse o homem - Meu nome é Neville.


– Olá - ela respondeu - Me chamo Viviane. Foi você quem levou Bela para comprar o material, certo?


– Certo, mas ela havia esquecido a vassoura, então fui comprar uma para ela. Aqui está - e entregou a vassoura - diga a ela que essa não é a melhor de todas, mas é muito boa e essa bolsinha aqui tem o dinheiro dela que sobrou.


–O.K., obrigada.


– De nada, tenho que ir.


– Tchau.


– Tchau - e desaparatou.


Viviane ficou confusa com aquela cena, mas subiu com o pacote.


– Filha, o Neville deixou isso para você.


– Ah... obrigada.


Pegou o pacote, colocou na cama e abriu. A vassoura era linda. O cabo dourado, os pelos pretos todos corridos na mesma direção com o nome Magnus gravado de preto na ponta.


– Que linda! - disse Isabela maravilhada - Não vejo a hora de usá-la.


Aquela noite foi uma das mais emocionantes e foi quando percebeu que o seu pai estava feliz por ela e realmente interessada.


Os próximos dois meses voaram justo os que achou que demorariam mais. Quando se deu conta já estava arrumando a mala na noite anterior para ir a tão esperada King Cross, quando recebeu uma coruja no seu quarto.

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