Minha Ceci
Caminhamos por horas e durante todo o passeio, não paramos de conversar um só minuto. A cada passo conhecia mais daquele britânico maravilhoso. Soube que ele tinha dois irmãos, um mais velho que se chamada Tiago Sirius, e uma irmã dois anos mais nova, que se chama Lilian Luna. Assim como o nome de Alvo – que na verdade é Alvo Severo -, todos os nomes de seus irmãos eram homenagens a pessoas especiais para seus pais. Outra história incrível que ele me contou foi a de seus pais e um casal de tios. Segundo ele, seu pai, junto com o tio e sua mulher eram muito amigos na época de escola, e chegaram a ser populares, principalmente o pai dele, Harry Tiago Potter, por ser um novato e conseguir entrar no time principal da escola, o que, pelo jeito, era algo bem difícil. O pai se casou com a irmã do melhor amigo, que, segundo ele, já era loucamente apaixonada por seu pai. Os tios viviam brigando, mas acabaram se entendendo também e tiveram dois filhos: Hugo, o mais novo, e Rosa, que era a mais próxima de Alvo, já que tinham a mesma idade.
- Ahm, sei... próxima! – O objetivo era soar como brincadeira, mas acho que o tom de ciúmes saiu maior do que eu esperava.
Ele soltou uma gargalhada.
- Rosa é como se fosse uma irmã para mim, por mais que pensem errado da nossa relação – ele deu uma olhada de esguelha para mim e piscou - não passa disso mesmo. Eu, por algumas vezes, servi de ombro pra ela chorar, de ouvido para ela contar seus problemas – principalmente amorosos- e já até dei muitos conselhos... Você acredita que ela já me perguntou se era gay?
Soltei uma risada, foi inevitável.
- Isso não tem graça – seu riso me dizia o contrário, mas consegui me conter.
- Tudo bem, desculpe.
- Então, tive que provar a ela que não era gay... – disse, com o olhar mais maroto que, até então, tinha visto nele.
Arregalei os olhos para ele, surpresa e com certa consternação.
- Ei! Não estava falando disso. Caramba! Já não falei que a menina é como se fosse uma irmã para mim? Então, claro que não fiquei com ela... Ou nada parecido – Riu, mais uma vez de mim – Eu apenas passei a contá-la minhas desventuras amorosas também. Apesar de, no início, ter sido bem difícil revelar essa parte tão íntima minha para alguém, depois percebi que era bom. Normalmente, colocar os sentimentos e pensamentos pra fora os tornam menos pesados, dolorosos e mais claros.
Balancei a cabeça, concordando.
Já estávamos em cima da Basilica di Santa Maria dei Servi, onde tínhamos a visão panorâmica da cidade, que se tornava mais incrível sob o pôr-do-sol. Ficamos um tempo em silêncio, só admirando a paisagem. Eu não me canso dessa cidade, nem um segundo.
Tudo bem, sei que eu estava parecendo ridícula voltando no ponto das relações amorosas dele, já que eu não tinha nada a ver com isso, até porque tinha acabo de conhecer o menino, mas era inevitável e acabei mandando mais uma:
- Então, vocês tiveram muito do que conversar? – Perguntei sem olhá-lo
- O que?
Me arrependi do que perguntei e preferi ficar calada.
- O que você perguntou? Não entendi.
Hesitei, mas acabei esclarecendo:
- O que eu queria saber é se você já teve muitas desventuras amorosas para poder contar pra Rosa. – Encarei-o, engolindo a vergonha e ignorando o pensamento dizendo o quanto eu era idiota.
Ele olhou pra mim e riu. Aliás, gargalhou! Sério, nunca me senti mais sem graça.
- Só... Deixa pra lá.
Dei meia volta e deixei ele se deleitar com o que parecia ser uma piada que tinha saído da minha maldita boca.
- Ei! Cecília, espere! - Ele correu ao meu encontro. Já não ria, pelo contrário, estava bem sério e seus olhos voltaram a espalhar doçura – Desculpe se te ofendi, não era meu objetivo. Eu só ri porque achei você uma graça. – ele sorriu pra mim
- Ótimo, agora sou uma palhaça.
- Não é nada disso.Você não precisava se sentir tão constrangida por perguntar algo tão simples pra mim, até porque nenhuma menina do meu passado se compara a você – ele pegou em minha mão, e pela primeira vez reparei na delicadeza e o calor da sua pele – Eu nunca conheci ninguém como você, e não estou falando isso da boca pra fora. – Pausou e novamente aquela doçura me prendeu e eu tive de sorrir.
- Eu sei que isso não é verdade, ta dizendo isso pra me agradar. Nos conhecemos não tem nem dois dias! Você não sabe nada da minha família, só eu sei alguma coisa da sua. Isso não é possível, você sabe.
Ele acariciou meu rosto e se aproximou o suficiente pra eu poder sentir o seu perfume delicioso e sua respiração em meus lábios.
- A possibilidade de coisas mágicas acontecerem é maior do que você imagina.
Então ele me beijou e eu não queria que aquele momento nunca terminasse. Senti meu coração disparar e minha respiração falhar. Em nenhum momento ele soltou a minha mão, acariciando-a com seu polegar, e com a outra ele segurava minha nuca com uma delicadeza de um príncipe. Nunca achei que um dia acreditaria nisso, mas se ele tivesse aparecido em um cavalo branco não teria sido tão convincente.
O beijo terminou e ele me abraçou forte, dizendo em meu ouvido, com a doçura que só ele tinha:
- Minha Ceci.
Era possível ser mais feliz?
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