Capítulo único





A drop in the ocean


Draco,


Seu nome dita e representa mais de você do que todos imaginam. Você é em latim o dragão. É ainda, pelo grego, a serpente Slytherin, agindo comigo como a que fez Adão e Eva saborearem do fruto proibido – enganadora e ardilosamente. É o demônio que assombra, mais do que nunca, os meus pensamentos. É o pesadelo que se sobressaiu às minhas ilusões e fantasias.


Delírios, manias, excentricidade. Para você nunca fui mais do que a aluada, a esquisita Ravenclaw olhada por todos sempre de canto de olho, seja por ler um periódico de ponta-cabeça, seja por acreditar no que acredito. Talvez eu devesse me considerar estranha ou me envergonhar mais por um dia ter alimentado algo por alguém que me despreza do que pelo que sou.


Seus olhos azuis acinzentados mesclam o límpido azul com branco e preto. Olhos em que, hoje, vejo mais negro do que branco. Lembro-me de quando o tinha frente a mim e do quanto eu me enlevava ao mergulhar nos olhos seus, me sentia como uma gota neste gigantesco e atraente oceano, uma simples gota. Uma gota qualquer. Assim como também lhe fui apenas uma garota.


Seu coração nunca foi meu. Ele pertence à bela borboleta, sua dona é Cho Chang. Também Ravenclaw, mas – decerto – completamente diferente de mim. Mais bela, mais normal.


Você é uma constelação do céu nórdico, eu sou a aluada. Lua e estrelas – uma dupla capaz de inspirar poetas e que também é testemunha de apaixonados que se aventuram na imensidão da noite. Você mais me foi como Vênus, a estrela da manhã. Imponente, inabalável. Enquanto a Lua se vai, você se sobressai a ela, desfilando no céu ao lado do Sol nascente.


Essas são palavras que você jamais lerá, são devaneios que jamais conhecerá. Minhas manias talvez fossem demais para você. Ou talvez, e o mais provável, seu amor foi pouco para mim. Se é que um dia houve amor.


Daquela que jamais lhe pertenceu,


Loony.


A tinta verde da pena que riscara o pedaço de pergaminho ainda estava fresca. Assim como estava por cicatrizar a recente ferida no coração de Luna Lovegood, que abandonava a folha sobre a escrivaninha para ver o Sol se pôr e a Lua e as estrelas dominarem o céu. Era um prolongado ritual. Demorado, mas acalentador.


Estas seriam palavras levadas pelo vento, palavras jogadas ao vento. Literal e figurativamente. Com a janela aberta, as cortinas de seu quarto balançavam pela força da natureza que levava rumo ao desconhecido a carta escrita ao seu punho nervoso, com caligrafia pouco caprichada.


Diante dele ela se sentia diminuta, diante de Draco Malfoy ela era apenas uma gota no oceano.


Fim.


 


Notas:


- O nome Draco pode ser traduzido como serpente (do grego) ou dragão (do latim) e é, ainda, o nome de uma constelação.


- Cho Chang, como dito na fanfic, tem como tradução 'bela borboleta'.


- A Drop In The Ocean (Uma Gota no Oceano) é o nome de uma música do Stratovarius. A letra nada tem a ver com o enredo, mas só de bater o olho no título dela me veio o plot – péssimo, oi – para esta fanfic.


- Presente para a Veh, feito com muito carinho! Aliás, ela tem o poder, me fez escrever algo que não fosse com o Severus, algo inédito. É, parece que nasci mesmo para fazer fics com o Morcegão /rs


 



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