A Floresta Proibida
(Capítulo Gi)
No capítulo anterior de Lendo Harry Potter 1...
Harry sabia que não ia ser fácil para ele, James o perdoar.
– Sinto muito mesmo, James, eu ter te chamado de covarde não tem nada a ver, você é um dos homens mais corajosos que eu conheci - Falou Harry e se retirou, os ombros tensos.
Porém, antes que conseguisse sair do cômodo, ouviu a voz do maroto.
– Sabe, esse é meu quarto, todo ano quando eu chegava de Hogwarts, eu largava meu malão por aí, e deitava na cama pensando em todo o ano letivo que passara... Em todas as brincadeiras com os Marotos, todas as vezes que Lily me deu foras, todas as risadas, todas as lágrimas, por diversos motivos, e acredite Harry, eu já enfrentei muita coisa, nada comparado ao que você passou, claro, mas eu nunca, jamais, me coloquei em primeiro lugar, meus amigos sempre vinham antes, e a coisa mais injusta foi você me chamar de covarde, eu ainda não entendo porque insiste tanto em defender os Sonserinos, eu sei que nem todos são iguais, mas você não parou pra pensar que é brincadeira? E que eles também me provocam?
Harry fitou o pai em silêncio, era estranho, porque no começo ele apenas brincava junto com o pai e os demais, mas depois do feitiço, ele não gostava de ouvir brincadeiras “idiotas”, muito menos injustiças... Pro lado dos sonserinos.
– Pai, eu...
– Voltou a me chamar de pai?
– Não é isso, é que eu não estou acostumado...
– E VOCÊ PENSA QUE EU TÔ ACOSTUMADO A CONHECER UM MENINO ‘DO FUTURO’ QUE DIZ SER MEU FILHO?! ACREDITE: NÃO ESTOU! NÃO É NORMAL... Mas eu recebi você, eu já amo você, eu sinto que você é meu filho mesmo, mas alguma coisa em você mudou no momento em que você voltou daquela ‘ida ao mercado’.
E Harry sabia que aquelas palavras eram verdadeiras. Mas nada impediu ele de surpreender-se ao ver lágrimas escorrendo pelo rosto de James.
– Pai?
– Agora com a guerra, que está praticamente no começo na nossa época, eu não dormia direito Harry, com medo, medo de acordar um dia e ver que estávamos sendo atacados, de perder Padfoot, Moony, Lily... Qualquer pessoa especial pra mim, e nesses últimos dias eu andava muito preocupado, e super protetor, Padfoot estava pegando muito no meu pé por causa disso – disse com um sorriso cansado. – Eu evitava levá-los para lugares perigosos, Hogsmeade? Só onde era seguro. Acho que eu sou mesmo um covarde.
– NÃO! – agora quem chorava era Harry – Pai, você não é um covarde, você deu sua vida por mamãe e eu... Você é meu maior orgulho, eu não entendo porque te chamei de covarde!
–... EU O QUÊ?
Merda, falei demais, pensou Harry.
– Você... Olha os livros vão contar tudo ok? Mas você lutou contra Voldemort até morrer, para proteger eu e Lily.
James fitou o filho, um pouco surpreso, um pouco descrente.
– Me desculpa pai...
E os dois se abraçaram, para Harry aquilo significou muito, afinal, era seu pai ali com ele, num momento de medo, não só pela guerra, mas... Por Mérlin, o que estava acontecendo com ele? Porque estava sendo grosso com as pessoas sem motivo algum? Teria que conversar com Mione urgentemente.
– Eu te amo pai.
E os dois Potters saíram do quarto do jovem maroto com sorrisos idênticos.
Chegando à sala todos encaravam os dois.
– Tudo bem? – perguntou Alice hesitante.
– Sim, olha... Gente desculpa o jeito que eu estou agindo ultimamente tá bom? Eu não sei porque estou assim... É como se não fosse eu a comandar meu corpo... meus atos e meu sentimentos em alguns momentos.
Todos se alarmaram um pouco com isso, Mione alevantou-se imediatamente, indo para junto do amigo.
– Você-Sabe-Quem está invadindo sua mente? Use oclumência! Como você se sente? Como é? Consegue senti-lo? E como...
– MIONE! – Harry interrompeu a amiga rindo – Calma! Não, ele não está invadindo minha mente... Pelo menos não com a ligação que nós temos, mas eu tento bloquear o que tenta entrar, mas é impossível, também acho que seja ele, mas não é certeza.
– Pois é Harry, “nem tudo na vida é certeza” – disse Lily com mágoa na voz.
Harry corou lembrando da resposta não muito educada que deu à mãe durante a leitura do capítulo anterior.
– Mãe... Desculpa... Eu realmente sinto muito, não queria agir assim... Você e papai são muito importantes pra mim e...
– Eu estava brincando filho – a ruiva interrompeu Harry sorrindo. – Não se preocupe, você não tem que acertar tudo, a todo estante, ou ser perfeito.
– Todos temos luz e trevas dentro de nós. – disse Sírius.
Toda sala ficou em silêncio encarando o Black mais velho.
– Que foi? – perguntou confuso.
Remus deu se ombros.
– É estranho ouvir algo tão profundo vindo de você.
Sírius mostrou a língua ao lobisomem no meio de gargalhadas vindas de todos os cantos da sala.
– Então, quem lê agora? – perguntou Rony.
– Acho melhor a gente dormir, já está ficando tarde.
Harry consultou o relógio na parede, verdade, nem reparou em como o tempo passou.
– Bom, então boa noite. – disseram quase todos.
Como era um verdadeira mansão aquela, havia muitos quartos ali. Régulus e Snape ficaram em um, James, Sírius, Remus e Frank em outro, Alice, Lily, Dorcas, Lene, Gina e Mione em outro, e Harry, Rony, Neville, e os gêmeos em outro. Claro, todos os quartos muito grandes, para receber todos os ocupantes.
Todos estavam dormindo, menos Harry, que não conseguia dormir.
O que está acontecendo comigo?, pensava.
Resolveu levantar-se da cama e andar pela casa.
Com cuidado, saiu do quarto para não acordar ninguém, e foi em direção a cozinha, onde trombou com James.
– Oh, desculpe Harry, não queria te acordar, só vim buscar algo para beber – disse o maroto escondendo algo atrás das costas.
– Não acordou, só não estava com sono e revolvi dar uma volta... Se você não se importar.
– Hum... Claro, claro... Sinta-se em casa... Aliás, é como se fosse sua casa não é? – disse dando uma piscadinha para o filho. - Boa noite filho. – terminou sorrindo bobamente.
– Boa noite pai. – e o maroto foi em direção a porta da cozinha – Ah, e... Pai? – James parou e virou-se para o filho. – Não precisa esconder essa garrafa de FireWisky de mim, ok? – terminou piscando maroto, e James deu um sorriso sem graça e foi para seu quarto.
Voltando ao seu passeio noturno, Harry deu uma olhada pela janela. Caxias do Sul não era nenhuma cidade grande, era bem diferente das que estava acostumado, lá na Europa, mas tinha sua beleza... Conseguiu ver muitas casinhas, algo como uma escola... Não estavam no centro da cidade, parecia um bairro acolhedor...
Foi tirado de seus pensamentos com a leve batida de uma porta que não tinha reparado estar ali. Levava a outro corredor.
Bom, no outro corredor havia quartos e a sala de estar, aqui deve ter a sala de jantar... Escritório... E... Uma biblioteca?
O moreno entrou pela grande porta dupla que tinha no meio do corredor, parecendo esconder um cômodo grande, e entrou.
Realmente, era uma biblioteca bastante grande para uma casa. Harry passou por algumas estantes, percebendo haver livros de feitiços, poções, história mágica, herbologia, entre muitos outros assuntos, havia até uma pequena estante com literatura trouxa!
Um livro em questão chamou a atenção de Harry, parecia velho, e grande, com capa verde musgo, meio gasta, mostrava feitiços de todo tipo de defesa.
Folheou o livro para se distrair, e um capítulo sobre feitiços de invasão de mentes chamou sua atenção.
Ali tinha muitos tipos de feitiços e contra-feitiços diferentes para invadir ou controlar a mente de um adversário.
Vaga incursio: faz com que você ‘possua’ o adversário, de maneira que, você possa enxergar através dos olhos, sentir através na pele, ouvir através dos ouvidos do atingido. Feitiço de periculosidade mediana, porém desastrosa se feita de maneira errada.
E logo abaixo havia o contra-feitiço.
Era muita sorte, ou muita coincidência. Minha vida inteira é rodada de coincidências, pensou.
Após ler com cuidado e estudar um pouco o feitiço, Harry se concentrou e começou a recitá-lo.
Primeiramente não sentiu nada, mas depois veio uma forte dor de cabeça, e uma sensação semelhante às invasões do seu quinto ano. Ouviu uma voz fria e cruel... Mas não entendeu direito o que era falado. Então... Tudo ficou escuro.
*~*
– PRONGS! Larga esse Pomo de Ouro! – disse Sírius revirando os olhos.
Os Marotos e Frank estavam no quarto de James, este em sua cama, Sírius em seu beliche (como ele passara algumas férias com os Potters ali também após “se adotado”), Remus na parte superior do beliche e Frank num colchão quase pegando no sono.
Eles haviam bebido uma garrafa de Firewisky, apenas por beber, e agora estavam esperando o sono chegar, James não parava de brincar com seu tão famoso Pomo de Ouro, o que deixava os amigos irritados.
– Se isso vier na minha direção mais uma vez, eu garanto que você nunca mais verá ele – disse Remus com um olhar assassino.
O moreno ocludo, como Sírius gostava de chamar, apenas deu de ombros, e guardou o pomo numa caixinha em cima da cômoda.
– Você tem uma caixinha só para isso? – perguntou Frank com voz sonolenta parecendo incrédulo.
– Ora, não é nada de mais e...
Mas eles ouviram um grito masculino e o som de um corpo caindo no chão.
– O que foi isso? – perguntou Sírius.
– É meio óbvio, não? Esperem aqui... Vou ver quem é. – disse James.
– 5 sicles que é o Harry. – disse Sírius.
– Hã?
– Ué, a sorte que aquele moleque tem, só pode ser ele!
James saiu sem responder o cachorro, digo, amigo.
Quando estava na cozinha, foi que percebeu que não sabia para onde ir, maldita hora de ter uma mansão grande.
Foi correndo de sala em sala, até chegar à biblioteca, e encontrar o filho no chão, suado e desmaiado.
– HARRY! – gritou, e ajoelhou-se ao lado do filho.
Mas o que fazer?
– Enervate. – murmurou, e Harry abriu os olhos no mesmo instante.
– Pai?
– O que houve?
– Não sei... Eu... Eu estava caminhando pela mansão, então achei essa biblioteca, e coincidentemente um livro que tinha um feitiço que parecia ser o que fui atingido... Então tentei o contra-feitiço... Mas não sei se funcionou.
James o olhava sem acreditar.
– Você tentou um feitiço novo. Sozinho. Sem ninguém por perto. Enquanto todos dormiam. Repito: Um feitiço DESCONHECIDO por você?
Harry sentiu-se uma criança de 7 anos sendo repreendida por algo terrível de se fazer, queria falar que não era mais criança, que estava acostumado a se virar, e que sabia o que estava fazendo, mas as palavras não saiam, e ele se sentia muito mal, por ser repreendido por seu pai, e por sentir que decepcionou ele.
– Me-me desculpa... Na verdade eu meio que sempre...
– Não. Tudo bem – James deu um suspiro cansado – sei que você deve estar acostumado a se virar do jeito que der... Só... Fiquei preocupado.
Um silêncio se estabeleceu entre os dois.
– Acha que funcionou?
– Não sei, eu tive a impressão de ouvir Você-Sabe-Quem, acho que funcionou, mas qualquer coisa, nós precisaremos fazer alguma coisa.
– Por que você não o chama pelo nome?
– Eu o chamava, mas ele amaldiçoou o próprio nome, para quem o dizer, poder ser rastreado.
– Nossa, não podemos negar, ele é forte, e inteligente.
– Mas podemos vencê-lo. – Harry disse confiante.
– Claro. – James disse com um brilho no olhar – Pode contar comigo, e com todos nós da minha época.
Harry sorriu, finalmente tinha seu pai com ele.
Depois disso, foram dormir.
*~*
Na manhã seguinte, James e Harry contaram os últimos ocorridos a todos, e após algumas perguntas, brincadeiras e uma ótimo café da manhã, deixaram os elfos limpando tudo – sob protestos de Hermione – e voltaram para a sala, continuar a leitura.
– Bom, quem lê agora? – disse Alice.
– Eu. – Disse Fred abrindo o livro na página marcada.
Todos o encaravam, surpresos.
– O que foi gente? – o ruivo perguntou, parecendo assustado com as reações.
Rony deu de ombros e disse:
– Não esperávamos isso, mas comece.
Fred deu de ombros, e a leitura (finalmente) começou:
AS COISAS NÃO PODERIAM ESTAR PIORES.
– Claro né! A capa foi confiscada, Tia Minnie flagrou eles, provavelmente serão descontados dezenas de pontos da Grifinória, fora que vão levar a primeira detenção! – disse Remus.
Sírius e James suspiraram, ah! A primeira detenção, a gente nunca esquece.
Filch levou-os à sala da Profª. McGonagall no primeiro andar, onde eles ficaram sentados esperando, sem trocar uma palavra entre si. Hermione tremia. Desculpas, álibis e justificativas fantásticas substituíam-se umas as outras na cabeça de Harry, cada qual mais capenga do que a anterior. Ele não conseguia ver como iam se livrar desta encrenca. Estavam encurralados. Como podiam ter sido burros a ponto de se esquecerem da Capa?
– Tinham que ser grifinórios, agir sem pensar. – murmurou Régulus, e Harry lembrou do que o pai disse: Sonserinos também provocam.
Não havia nenhuma razão no mundo para a Profª. McGonagall aceitar que estivessem fora da cama, esgueirando-se pela escola a altas horas da noite, e muito menos que estivessem na alta Torre de Astronomia, que era proibida aos alunos a não ser durante as aulas. Some-se a isso Norberto e a Capa da Invisibilidade e seria melhor começarem a fazer as malas.
– Harry, o dramático em pessoa. – disse Gina.
Harry achou que as coisas não poderiam ficar piores. Estava enganado. Quando a Profª. McGonagall apareceu, vinha trazendo Neville.
— Harry! — exclamou ele, no instante em que viu os outros dois — Eu estava tentando encontrar vocês para avisar que ouvi Malfoy dizer que ia pegar vocês, disse que vocês tinham um drag...
– NEVILLE! – todos, menos Snape e Régulus exclamaram.
Este por sua vez, corou.
Harry sacudiu com força a cabeça para fazer Neville calar a boca, mas a Profª. McGonagall viu. Parecia mais provável que ela cuspisse fogo pelas narinas do que Norberto,
– O que não deve ser muito difícil, a Profª Minerva quando irritada, assusta muito! – disse Dorcas, e todos concordaram.
ali a olhar os três de cima para baixo.
— Eu jamais teria acreditado que vocês fossem capazes disso. O Sr. Filch diz que vocês estavam no alto da Torre de Astronomia. É uma hora da madrugada. Expliquem-se...
Era a primeira vez que Hermione deixava de responder à uma pergunta de uma professora... olhava para os sapatos, imóvel como uma estátua.
— Acho que tenho uma boa idéia do que anda acontecendo — disse a Profª. McGonagall — Não é preciso ser gênio para somar dois mais dois. Vocês contaram a Draco Malfoy uma história da carochinha sobre um dragão, tentando tirá-lo da cama e metê-lo em apuros. Eu já o apanhei. Suponho que achem engraçado que o Neville tenha ouvido a história e acreditado nela também.
– Incrível como os professores têm uma imaginação tão boa em inventar coisas que possam ou nos salvar, ou nos ferrar mais – disse Frank.
Harry surpreendeu o olhar de Neville e tentou lhe dizer, sem falar, que aquilo não era verdade, porque Neville tinha uma expressão de espanto e mágoa.
– Nunca faríamos isso com você Neville – disse Mione, e Neville sorriu em resposta.
Pobre Neville trapalhão.
– EI! – disse Neville, mas riu junto com os outros.
– Perdoe minha sinceridade – disse Harry se fazendo de arrogante.
Harry sabia o que deveria ter-lhe custado tentar encontrá-los no escuro para avisar.
— Estou desapontada — disse a Profª. McGonagall — Quatro alunos fora da cama em uma noite! Nunca ouvi falar numa coisa dessas antes! Você, Hermione Granger, achei que tinha mais juízo. Quanto a você, Harry Potter, achei que Grifinória significava mais para você do que parece. Os três vão pegar uma detenção, sim e você também, Neville Longbottom, não há nada que lhe dê o direito de andar pela escola à noite, principalmente nos dias que correm, é muito perigoso, e vou descontar cinqüenta pontos da Grifinória.
– CINQUENTA? – gritaram os grifinórios do passado.
— Cinqüenta? — Harry ofegou.
– Os grifinórios do passado deram sorrisos consoladores a Harry.
Perderiam a dianteira, a dianteira que ele conquistara na última partida de Quadribol.
– TUDO AQUILO PRA NADA? – perguntou Lene derrotada.
– Pra nada não, pelo menos, se eles não tivessem ganhado aquilo, a diferença dos pontos seria ainda maior. Pelo menos é SÓ cinquenta – disse Remus.
— Cinqüenta pontos de cada um — acrescentou a Profª. McGonagall, respirando com esforço pelo nariz longo e pontudo.
– PUTAQUEPARIU! - gritaram os do passado.
– Fudeu tudo rapaziada, agora o jeito é mendigar pontos com os Lufa-lufa – disse Lene.
– Cabô vida. – disse Sírius.
E os dois se abraçaram fingindo chorar desesperadamente, mas ainda era possível ver o sorrisinho de cada um pela proximidade do outro.
— Professora... por favor... a senhora não pode...
– Nunca fale que algum professor não pode fazer algo, ele vai jogar na sua cara que ele pode. – disse Frank.
— Não venha me dizer o que eu posso e o que eu não posso, Harry Potter. Agora voltem para a cama, todos vocês. Nunca senti tanta vergonha de alunos da Grifinória antes.
– E aí é a parte em que vocês sentem-se culpados por tudo. – disse Gina.
Cento e cinqüenta pontos perdidos. Isto deixava a Grifinória em último lugar. Em uma noite, tinham estragado as chances da Grifinória conquistar a Taça das Casas. Harry teve a sensação de que o fundo do seu estômago se soltara. Como iriam poder compensar a perda?
– Talvez uma fadinha venha no último instante. – disse Dorcas, em seus devaneios.
– Ou um velinho bondoso, não é? – disse Gina fazendo todos do presente rir.
Harry não dormiu a noite inteira. Ouviu Neville soluçar com a cara no travesseiro durante o que lhe pareceram horas. Harry não conseguia pensar em nenhuma palavra para consolá-lo. Sabia que Neville, como ele mesmo, estava com medo do amanhecer. O que aconteceria quando o resto da Grifinória descobrisse o que tinham feito?
– Apesar de todos ficarem irritados, eles vão esquecer um dia – consolou Alice.
A princípio, os alunos da Grifinória que passavam pelas gigantescas ampulhetas que marcavam o placar das Casas, no dia seguinte, acharam que tinha havido um engano. Como podiam de repente ter cento e cinqüentapontos menos do que no dia anterior? E então a história começou a se espalhar. Harry Potter, o famoso Harry Potter,
Harry rosnou.
seu herói dos jogos de Quadribol, fora o responsável pela perda de todos aqueles pontos, ele e mais uns dois panacas do primeiro ano.
– Sempre bom essa sensação de ser amada – disse Hermione sarcástica.
Da posição de aluno mais popular e admirado na escola, Harry passou a de mais odiado.
– Drama-Potter e os pontos perdidos da Grifinória. – disse Jorge.
Até os alunos da Corvinal e Lufa-Lufa se voltaram contra ele, porque todos desejavam há muito tempo ver a Sonserina perder a Taça das Casas.
– Imagina se “O Harry Potter” não tem que ser perfeito e fazer o que os outros não conseguiram em tantos anos sozinhos. – disse Lily com ódio.
Para todo lado que Harry ia, as pessoas o apontavam e não se davam ao trabalho de baixar as vozes para xingá-lo.
– Sempre admirei o tato das pessoas de Hogwarts – disse Alice, tai irritada quanto muitos ali.
Os da Sonserina, por outro lado, batiam palmas quando ele passava, assobiavam e davam vivas.
– Pelo menos alguém – sorriu Régulus tentando aliviar o clima, porém, não.
— Obrigado, Potter, ficamos lhe devendo essa!
– Aceito sua boca sendo lacrada, obrigado. – disse Harry sorrindo angelicalmente.
Somente Rony continuou do seu lado.
Harry e Rony bateram as palmas das mãos.
— Eles vão esquecer dentro de umas semanas. Fred e Jorge já perderam montes de pontos desde que chegaram aqui e as pessoas continuam a gostar deles.
– Mas claro! – começou Fred interrompendo a leitura.
– Quem odiaria a nós? – Continuou Jorge.
– Os mais lindos... – Fred.
–... Espertos... – Jorge.
–... Engraçados... – Fred.
–... Maravilhosos... – Jorge.
–... E modestos gêmeos de Hogwarts? – terminaram os dois.
Todos os outros apenas reviraram os olhos, mas era preciso esperar Fred para continuar a leitura.
– Mas não se preocupe Harry, um dia você consegue.- disse Fred
– É Harry, sabe, o jeito é... – Disse Jorge.
– CALEM A BOCA E LEIAM LOGO ESSE LIVRO – gritou Lily.
– Unf, viu só Fred? Você não agrada o público, eu assumo daqui. – disse Jorge tirando o livro das mãos do irmão e continuando a leitura.
— Eles nunca perderam cento e cinqüenta pontos de uma tacada, ou perderam? — retrucou Harry, infeliz.
– Depressão nível 10. – disse Lene.
— Bom... não — admitiu Rony.
– Não que não tentássemos. – comentou Fred.
Era um pouco tarde para consertar o estrago, mas Harry jurou nunca mais se meter em coisas que não eram de sua conta.
TODOS, exceto Harry, começaram a gargalhar sem conseguir parar.
– HÁ HÁ, muito engraçado. – Disse Harry emburrado.
– Oh meu Mérlin – disse Fred entre uma gargalhada e outra. – ESSA FOI BOA HARRY!
– Você? Sem se meter em qualquer encrenca? – agora era a vez de Rony. – NUNCA!
– Ah Harry, assim você nos mata de rir – disse Neville sendo acompanhado por Gina.
– Filho! Não prometa coisas impossíveis! Está no seu sangue! – agora James ainda rindo com os marotos.
– Harry, querido, só você mesmo para tentar SE iludir. – disse... Lily?!
– ATÉ TU BRUTUS? – gritou Harry surpreso.
– Eu tenho humor ok? – a ruiva não parava de rir.
Foi preciso uns minutos até todos pararem de zuar nosso iludido, digo, mentiroso, DIGO, Harry Potter. Fred riu uma última vez e voltou a ler:
Bastava de espiar e espionar. Sentia tanta vergonha que foi procurar Olívio para oferecer sua demissão do time de Quadribol.
– TÁ CHAPADO MULEQUE? – gritou James – Quadribol só vai te ajudar! NEM PENSE EM ABANDONAR O QUADRIBOL! – avisou James ameaçador, e Harry nem ousou contrariar.
– Isso só pioraria tudo Harry – disse Remus mais sensatamente.
— Se demitir? — trovejou Olívio — Que bem faria isso? Como vamos poder recuperar os pontos se não conseguirmos vencer no Quadribol?
– Também – disse Frenk.
Mas até mesmo o Quadribol perdera a graça.
Os amantes do jogo fingiram um desmaio, diante tamanha calamidade.
O resto do time não queria falar com Harry durante os treinos e quando precisavam se referir a ele chamavam-no de “o apanhador”.
– Nossa, grande ajuda. – disse Dorcas.
– O resto do time... – murmurou Sírius. – Até vocês? – indicou Fred e Jorge.
– Claro que não! – os gêmeos pareceram ofendidos, dessa vez de verdade.
Hermione e Neville estavam sofrendo também. Não estavam apanhando tanto quanto Harry, porque não eram tão conhecidos,
– Perdoe nossa falta de fama, comparados ao Menino-Que-Sobreviveu, posteriormente também O Eleito – disse Mione, novamente sarcástica. Harry revirou os olhos corado.
mas ninguém falava com eles, tampouco. Hermione parara de chamar atenção nas aulas, mantinha a cabeça baixa e trabalhava em silêncio.
– Isso é bullying! Estão fazendo com que a menina se isole do mundo! – disse Dorcas revoltada.
Harry quase se alegrava que os exames não estivessem muito distantes.
– NÃO SIGA ESSE CAMINHO HARRY! – gritou Fred decepcionado, no que muitos riram.
– Pra se alegrar com os exames, é porque a vida não tá fácil, hein? – disse Lene.
– Capaz, minha vida sempre foi fácil, mas sabe, minha maior preocupação eram os exames. – disse Harry sarcástico.
Todas as revisões que precisava fazer o distraiam de sua infelicidade.
– Depressão valendo aí. – disse Lene.
Ele, Rony e Hermione ficavam sozinhos, trabalhavam até tarde da noite, tentando lembrar os ingredientes das complicadas poções, aprender os feitiços e encantamentos de cor, decorar as datas das descobertas mágicas e das revoltas dos duendes...
Fred parou a leitura, esperando algum comentário.
– Matérias chatas. – concluiu James, meio confuso, normalmente era Sírius que falava bastante durante a leitura.
– Sírius? – chamou Remus, também preocupado.
O maroto estava com o olhar vago, parecendo em outro mundo.
– SÍRIUS! – Lily gritou.
O Maroto pulou da poltrona que estava sentado.
– Que foi ruiva? Quer me matar? – perguntou assustado.
– Você não estava prestando atenção!
– Estava sim! Só estava pensando em outras coisa também! – defendeu-se.
– Tipo o quê? – quis saber Alice.
– Tipo: CADÊ EU? CADÊ TU! – apontou para Remus – E TU, E TU, E TU, E TU? – disse apontando para Frank, Alice, Dorcas e Lene. – E TU TAMBÉM? – finalizou apontando para Sírius. – A gente morreu também?
Os do presente trocaram olhares.
– Nós já dissemos: Sírius e Remus vão aparecer no terceiro livro! – disse Harry.
– E o resto de nós? – perguntou Dorcas.
– Vão ser citados depois... – murmurou Harry.
Eles entenderam, mas continuaram a leitura, tudo iria mudar.
Não iria?
Então, uma semana antes de começarem os exames, a nova resolução de Harry de não se meter em nada que não fosse de sua conta, foi submetida a um teste inesperado.
Os marotos começaram a cantar uma música de desafio (imaginem uma porque eu não tenho nenhuma em mente no momento).
Ao voltar da biblioteca, sozinho certa tarde, ouviu alguém choramingando numa sala de aula mais à frente. Ao se aproximar, ouviu a voz de Quirrell.
– Esse cara só fica pelos cantos chorando ou gemendo, que chato! – disse Dorcas.
Lene deu um sorrisinho malicioso.
– Gemendo e chorando hein?
– LENE! – repreenderam alguns de seus amigos, mas todos já estavam acostmados com a mente maliciosa da amiga.
— Não... não... outra vez não, por favor...
– GENTE! Será que ele participa de algo com sadomasoquismo? – perguntou Lene, e Dorcas deu um tapa na nuca da amiga.
– É UM LIVRO INFANTIL! DEIXE ESSES PENSAMENTOS IDIOTAS PRA LÁ!
Parecia que alguém o estava ameaçando.
Harry se aproximou um pouco mais.
— Está bem... está bem — ouviu Quirrell soluçar.
No segundo seguinte, Quirrell saiu correndo da sala de aula ajeitando o turbante.
– Depois vocês querem que eu não malicie! – indignou-se Lene.
Estava pálido e parecia prestes a chorar E desapareceu de vista, Harry achou que Quirrell nem sequer reparara nele. Esperou até que o ruído dos passos de Quirrell desaparecesse e, então, espiou para dentro da sala. Estava vazia, mas havia uma porta entreaberta na outra extremidade. Harry já ia em direção à porta, quando se lembrou de que prometera a si mesmo não se meter em nada. Assim mesmo, teria apostado doze Pedras Filosofais que Snape acabara de deixar a sala, e pelo que Harry acabara de ouvir ganhara uma nova agilidade nos passos.
Quirrell parecia ter finalmente cedido.
– NÃO! – gritou Dorcas.
– Deu tudo certo no final – disse Neville.
– Eu sei, foi só pra dar emoção mesmo.
Harry voltou à biblioteca, onde Hermione estava tomando os pontos de astronomia de Rony. Contou-lhes o que ouvira.
— Snape então conseguiu — exclamou Rony — Se Quirrell contou a ele como quebrar o Feitiço Anti-Magia Negra...
– Ferrou com tudo – concluiu Frank.
— Mas ainda temos Fofo — lembrou Hermione.
— Talvez Snape tenha descoberto como passar pelo cachorro sem perguntar ao Hagrid — disse Rony, correndo os olhos pelos milhares de livros que os rodeavam — Aposto como tem um livro por aqui que ensina como se passar por um cachorrão de três cabeças. Então, o que vamos fazer Harry?
– É auror Potter, o que devemos fazer? Estamos aguardando ordens. – disseram os gêmeos como em um exército, Harry revirou os olhos, com um sorrisinho mal disfarçado.
O brilho de aventura voltava a iluminar os olhos de Rony, mas Hermione respondeu, antes que Harry pudesse fazê-lo.
— Vamos procurar Dumbledore. Isto é o que deveríamos ter feito há séculos. Se tentarmos alguma coisa por conta própria, com certeza vamos ser expulsos.
– Nhá! – disse Rony fazendo um gesto de descaso com as mãos – já fizemos coisas piores. – Lily e Alice pareceram não ficar muito felizes com isso, então o ruivo corou e ficou quieto, sob o olhar ameaçador de Harry e Neville.
— Mas não temos provas — disse Harry — Quirrell está apavorado demais para nos apoiar. Snape só precisa dizer que não sabe como foi que o trasgo entrou no Dia das Bruxas e que nem chegou perto do terceiro andar. Em quem vocês acham que eles vão acreditar, nele ou em nós? Não é bem segredo que nós o detestamos,
– Impressão sua Potter! – disse Snape.
Dumbledore vai pensar que inventamos isso para ele ser despedido. Filch não nos ajudaria nem que a vida dele dependesse disso, é muito amigo de Snape,
Snape fez uma careta. Amigo de Filch? ELE? As coisas estavam realmente ruins para o seu lado.
e quanto mais alunos forem expulsos, tanto melhor, é o que ele pensa.
– Virou legilimente (N/Giio: não lembro como escreve gente, sorry!) agora Potter?
– Não, até porque você é um ótimo oclumente. – disse Harry dando de ombros, ninguém percebeu um sorrisinho orgulhoso vindo de Snape.
E não se esqueçam nós nem devíamos saber da Pedra nem de Fofo. O que vai exigir muita explicação.
Todos concordaram.
Hermione pareceu convencida, mas não Rony.
– MAGINA se não tem que descordar de mim! – disse Mione. Rony deu de ombros.
— Se déssemos só uma espiadinha...
– Conhecemos essa só espiadinha – falaram Sírius e Remus.
— Não — respondeu Harry decidido — Já demos muitas espiadinhas — e, dizendo isso, puxou um mapa de Júpiter para perto e começou a aprender os nomes das luas.
– Pelo menos isso não é tão ruim de estudar – tentou ajudar, Alice.
Na manhã seguinte, Harry Hermione e Neville receberam bilhetes à mesa do café da manhã. Diziam a mesma coisa:
– O horário das detenções! – disse Sírius, como se para apostar.
Sua detenção começará às vinte e três horas.
Aguardem o Sr. Filch no Saguão de Entrada.
Profª. McGonagall
– RÁ! – gritou o maroto, enquanto fazia uma dancinha estranha.
No furor provocado pela perda de pontos, Harry esquecera que ainda tinham detenções a cumprir.
– Vish Harry, não se preocupe – disse Sírius – daqui um tempo vira rotina – terminou sorrindo.
– Sírius Black! Pare de levar meu filho para o mau caminho! – avisou Lily.
– Esse negócio de mau exemplo ou más companhias é tudo viajem de vocês – disse Sírius – cada um vai pro caminho que quiser, não tem essa de influências, tu segue quem tu bem entender, tu tem que saber o que é melhor pra ti, não adianta em nada ficar botando a culpa em amigos e tal.
No fim,todos encaravam Sírius.
– Que foi? – perguntou.
– De novo: é estranho te ver falando essas frases de moral. – disse Remus, Sírius deu de ombros.
Esperou que Hermione reclamasse que aquilo representava perder uma noite inteira de revisões, mas não disse uma palavra. Achava, como Harry, que teriam o que tinham merecido.
– Meu filho! Nããããão!
James apoiou o rosto nas mãos, e os cotovelos nos joelhos, Sírius sentou-se ao lado do amigo, e começou a dar tapinhas de consolo nas costas de James.
– Calam Prongs, calma, ele tinha que ter algo de Lily sem ser o temperamento explosivo e os olhos.
Todos riram enquanto a ruiva tacava um livro na cabeça de Sírius.
Ás onze horas da noite eles se despediram de Rony na Sala Comunal e desceram com Neville para o Saguão de Entrada. Filch já se encontrava lá e também Malfoy. Harry esquecera que Malfoy pegara uma detenção também.
– Pelo menos isso – bufou Gina.
— Sigam-me — disse Filch, acendendo uma lanterna e levando-os para fora — Aposto que vão pensar duas vezes antes de desobedecer novamente ao regulamento da escola, não é mesmo?
– Não. – responderam todos simplesmente.
— disse caçoando — Ah, sim, trabalho pesado e dor são os melhores mestres, se querem saber.
– Ainda acho que nada disso funciona. – disse James, os marotos e os gêmeos concordaram.
É uma pena que tenham suspendido os castigos antigos, pendurar o aluno no teto pelos pulsos durante alguns dias, ainda tenho as correntes na minha sala, conservo-as azeitadas para o caso de precisarem.
– Podíamos pegá-las um dia desses para usar de uma vez, não é Fred? – disse Jorge.
– Afirmativo Jorge! – confirmou o gêmeo sorrindo. Todos, exceto os marotos engoliram um seco.
Muito bem, lá vamos nós, e nem pensem em fugir agora, será pior para vocês se fizerem isso.
– Fugir pra quê, ô monte de bosta de dragão? – disse Lene.
Eles caminharam pela propriedade às escuras. Neville não parava de fungar. Harry ficou imaginando qual seria o castigo. Devia ser alguma coisa realmente horrível, ou Filch não pareceria tão contente.
– ELE pensa que é horrível Harry – disse James – só ele mesmo. – concluiu, no que os marotos e os gêmeos ~leia-se: os peritos em detenções~ concordaram.
A lua brilhava, mas as nuvens que passavam por ela lançava-os na escuridão. À frente, Harry via as janelas iluminadas da cabana de Hagrid.
Então, ouviram um grito distante:
— É você, Filch? Ande logo, quero começar de uma vez.
– Jesus, Maria José, quem é esse ser? – disse Sírius, fingindo-se de assustado. Ele estava fingindo né?
O ânimo de Harry melhorou, se eles iam trabalhar com Hagrid então não seria tão ruim.
– Não transpassa o alívio no rosto – disse Jorge – Filch percebe.
Seu alivio deve ter transparecido no rosto, porque Filch falou:
– Aff Harry – disse Jorge revirando os olhos - o que eu disse?
– E você só diz isso agora? Depois de... 6 ANOS?
– Detalhes. – disse o ruivo fazendo um gesto de descaso com as mãos.
— Acho que você está pensando que vai se divertir com aquele panaca?
– SIM! – gritaram os grifinórios.
– HAGRID É FODA – gritou Gina, e todos a encararam. Tipo, WTF? – Desculpem, me levei pelo momento. – disse um pouco corada, e todos riram (menos Snape).
Pois pode pensar outra vez, menino. É para a Floresta que você vai e estarei muito enganado se voltar inteiro.
– Filch, O Enganado – disseram Neville e Gina.
Ao ouvir isso, Neville deixou escapar um gemido e Malfoy ficou paralisado.
– Medinho Malfoy? – disse James.
– Amor? Ele não consegue te escutar. – disse Lily, e todos riram.
— A Floresta? — repetiu e não pareceu tão tranqüilo como de costume — Não podemos entrar lá ànoite... tem todo tipo de coisa lá... Lobisomens, ouvi falar.
Os marotos deram uma troca de olhares significativa, apenas os que sabiam de Remus perceberam.
Neville agarrou a manga das vestes de Harry e pareceu se engasgar.
— Isto é o que pensa, não é? — disse Filch, a voz esganiçando-se de satisfação — Devia ter pensado nos Lobisomens antes de se meterem em encrencas, não acha?
– CALA A BOCA SEU IDIOTA! – gritou Alice – PRA QUE ASSUSTAR AS CRIANAÇAS?
– Amor, é o Filch, não poderia esperar algo diferente. – disse Frank.
Hagrid saiu do escuro caminhando em direção a eles, com Canino nos calcanhares. Carregava um grande arco e uma aljava com flechas pendurada ao ombro.
— Até que enfim. Já estou esperando há meia-hora. Tudo bem, Harry, Hermione?
– Exclusão do Malfoy nível 100 – disse Régulus.
— Eu não seria tão simpático com eles, Hagrid — disse Filch com frieza — Afinal eles estão aqui para serem castigados.
– Grande coisa, as múmias eram para estar no Egito, mas você está aí, não é? – disse James.
— É por isso que você está atrasado, não é? — disse Hagrid, amarrando a cara — Andou passando carão neles, não é? Isso não é sua função. Você fez a sua parte, eu pego daqui para frente.
– CHUPA FILCH! – gritaram alguns. – Vai Hagrid, vai Hagrid – e fizeram uma dancinha.
— Volto ao amanhecer para recolher o que sobrar deles
– O povo fica muito negativo no futuro – disse Lene decepcionada.
— disse Filch maldoso, deu meia-volta e retornou ao castelo, balançando a lanterna na escuridão.
Malfoy virou-se então para Hagrid.
— Não vou entrar nessa Floresta — disse, e Harry ficou contente de ouvir a nota de pânico em sua voz.
– Cof, cof, medroso, cof, cof – disse James
– É o que podemos esperar podemos esperar de um sonserino – disse Frank dando de ombros.
Um silêncio tenso caiu sob a sala, até que Harry o quebrou.
– Até porque coragem não é o forte deles – disse dando de ombros.
James e Sírius deram um sorrisinho maroto, mas não disseram nada.
– Claro – disse Régulus. – deixamos a parte de arriscar suas vidas por reconhecimento para vocês, Grifinórios. – E ele e Snape deram um toque de mãos. Qual é, o Snape também é humano. – SLYTHERIN ARRASA! – gritou Régulus. E todos o encararam assustados. – Desculpem, me levei pelo momento.
Jorge estava muito perplexo para continuar a leitura, então Fred pegou o livro de volta e continuou a ler:
— Vai, sim, se quiser continuar em Hogwarts — disse Hagrid com ferocidade — Você agiu mal e agora tem de pagar pelo que fez...
– VAI HAGRID! – gritaram os grifinórios, os maiores de idade conjuraram bandeirinhas com os dizeres: “Team Hagrid”.
— Mas isso é coisa para empregados e não para estudantes. Achei que íamos fazer uma cópia ou outra coisa do gênero, se meu pai souber que eu estou fazendo isso, ele...
– Vai fazer qualquer coisa idiota que Malfoys fazem para manipular as pessoas – disse James, ele não gostava de Malfoy também, que era monitor da Sonserina, quando o maroto entrou em Hogwarts.
—... lhe dirá que em Hogwarts é assim
– MENTIRA! – protestaram todos os grifinórios.
— rosnou Hagrid — Fazer cópia! Para que serve? Você vai fazer uma coisa útil ou vai sair da escola. E se pensa que seu pai vai preferir que você seja expulso, então volte para o castelo e faça suas malas. Vamos!
– Pena que ele não aceitou essa proposta – suspirou Rony, no que muitos riram.
Malfoy não se mexeu. Encarou Hagrid furioso e em seguida baixou os olhos.
– RÁ! Se coloque no seu lugar! – disse, ou melhor, gritou Sírius.
— Muito bem, então — disse Hagrid — Agora prestem atenção, porque é perigoso o que vamos fazer hoje à noite e não quero ninguém se arriscando. Venham até aqui comigo.
– Vou ter uma conversinha muito séria com Hagrid – disse Lily – fazer nossos filhos correrem risco, no seu primeiro ano – disse ultrajada. Alice concordou.
Ele os conduziu à orla da floresta. Erguendo a lanterna bem alto, apontou para uma trilha serpeante de terra batida que desaparecia por entre árvores escuras. Uma brisa leve levantou os cabelos dos meninos, quando eles se viraram para a floresta.
— Olhem ali, estão vendo aquela coisa brilhando no chão? Prateada? Aquilo é sangue de unicórnio.
Os olhos de todos que ao sabiam daquilo brilharam, sangue de unicórnio era um componente mágico muito raro, poderoso e de diversas utilidades, porém, muito perigoso.
Tem um unicórnio ali que foi ferido gravemente por alguma coisa.
– Que tipo de criatura é capaz de machucar unicórnios? – perguntou Dorcas. Ninguém respondeu.
É a segunda vez esta semana. Encontrei um morto na Quarta-Feira passada. Vamos tentar encontrar o pobrezinho. Talvez a gente precise pôr fim ao sofrimento dele.
— E se a coisa que feriu o unicórnio nos encontrar primeiro? — perguntou Malfoy, incapaz de conter o medo na voz.
Todos reviraram os olhos.
— Não há nenhuma criatura viva na floresta que vá machucá-lo se você estiver comigo e com o Canino. E siga a trilha. Muito bem, agora, vamos nos separar em dois grupos e seguir a trilha em direções opostas. Tem sangue por toda parte, ele deve estar cambaleando pelo menos desde a noite passada.
– Coitado – disse Lily, triste.
— Eu quero Canino — disse Malfoy depressa, olhando para as presas de Canino.
– Idiota – disse Remus rindo – Canino é um covarde.
— Muito bem, mas vou-lhe avisando, ele é covarde.
– Não falei? – disse Remus.
Então eu, Harry e Hermione vamos por aqui e Draco, Neville e Canino por ali. Agora, se algum de nós achar o unicórnio, disparamos centelhas verdes para o alto, Ok? Peguem as varinhas e comecem a praticar agora, assim. E se alguém se enrolar, dispare centelhas vermelhas, e vamos todos procurá-lo, então, cuidado. Vamos.
A floresta estava escura e silenciosa. Entrando por ela, chegaram a uma bifurcação, e Harry, Hermione e Hagrid tomaram o caminho da esquerda enquanto Malfoy, Neville e Canino tomaram o da direita.
Caminharam em silêncio, com os olhos no chão. Aqui e ali um raio de luar penetrava por entre os galhos e iluminava uma mancha de sangue prateado nas folhas caídas.
Harry viu que Hagrid parecia muito preocupado.
— É possível um lobisomem estar matando os unicórnios? — perguntou.
Remus ficou em alerta, afinal, poderia ser ELE por ali... Mas não... Ele não seria idiota o suficiente para ir em Hogwarts transformado naquele monstro, seria?
— Não com essa rapidez, não é fácil matar um unicórnio, eles são criaturas mágicas poderosas. Nunca soube de nenhum ter sido ferido antes.
Passaram por um toco de árvore coberto de musgo. Harry ouviu água correndo, devia haver um riacho por perto. Ainda viam manchas de sangue de unicórnio aqui e ali pela trilha serpeante.
— Você está bem, Hermione? — sussurrou Hagrid — Não se preocupe, ele não pode ter ido longe se está tão ferido e então poderemos... PARA TRÁS DAQUELA ÁRVORE!
Todos estavam tipo: Vish ~meme~
Hagrid agarrou Harry e Hermione e guindou-os para fora da trilha e para trás de um enorme carvalho. Puxou uma flecha e encaixou-a no arco, e ergueu-o, pronto para atirar. Os três apuraram os ouvidos. Alguma coisa deslizava pelas folhas mortas ali perto, parecia uma capa arrastando no chão. Hagrid apertava os olhos para enxergar a trilha escura à frente, mas, passados alguns segundos, o ruído desapareceu.
Todos na sala seguravam a respiração, menos...
– Isso já aconteceu – disse Snape revirando os olhos – E afinal, quem vocês esperam que apareça? O Lord?
Fred achou melhor continuar a leitura.
— Eu sabia — murmurou ele — Tem alguma coisa aqui que está fora de lugar.
— Um lobisomem? — sugeriu Harry.
– DÁ PRA PARAR DE FALAR DE LOBISOMENS? – explodiu Remus.
Harry deu de ombros.
– Todo mundo tava falando deles, eu fiquei apreensivo, oras.
— Isso não era um lobisomem e não era um unicórnio, tão pouco — disse Hagrid sério — Muito bem, me sigam, mas tenham cuidado, agora.
Continuaram a caminhar mais devagar, os ouvidos à escuta do menor ruído. De repente, alguma coisa na clareira adiante, alguma coisa sem dúvida se mexia.
– CABUM! – gritou Sírius, fazendo todos, que estavam distraídos com a leitura, pularem em seus lugares.
– SEU IMBESSIL! PRA QUE ISSO PADFOOT? – gritou James.
– Sei lá, tava tudo muito tenso, daí eu quis descontrair.
– Sírius, vá tomar no...
– LUPIN! – avisou Lily com seus olhares.
– ... Seu orifício anal. – finalizou Remus, corajosamente.
Lily lançou um olhar assassino para o amigo, mas não fez mais nada.
Por enquanto.
(N/Giio: Imaginem que a Lily é a Bia :] Que pediu carinhosamente para não abusarmos de palavrões na fic ;3)
— Quem está ai? — chamou Hagrid — Apareça. Estou armado!
– Que irritante essa mania que as pessoas tem. – disse Rony – Se eu fosse um assassino, ou um ladrão, ou qualquer coisa assim, e estivesse escondido, eu não iria me revelar, só porque alguém pediu quem é, ou se tem alguém aqui! – e bufou.
E na clareira apareceu um vulto — era um homem, ou um cavalo? — até a cintura, um homem, com cabelos e barba vermelhos, mas da cintura para baixo era um luzidio cavalo castanho com uma cauda longa e avermelhada.
– Um centauro! – disse Alice admirada.
Os queixos de Harry e Hermione caíram.
– Pegaram eles de volta? – disse Sírius. Ninguém riu. – Ta, tum tsss. – finalizou, imitando uma bateria, de piada sem graça. – Agora sim, alguns riram.
Outros só o acharam retardado mesmo.
— Ah! É você, Ronan — exclamou Hagrid aliviado — Como vai?
– Eu conheço ele – disse Remus sorrindo.
– Centauros não vão muito com a minha cara – disse Sírius.
– Nem com a minha – disse James.
– Isso porque vocês ficavam tentando montar neles no terceiro ano. – esclareceu Remus, no que quase todos riram.
Ele se adiantou e apertou a mão do centauro.
— Boa noite para você, Hagrid — disse Ronan. Tinha uma voz grave e triste — Você ia atirar em mim?
— Cautela nunca é demais, Ronan — disse Hagrid, dando uma palmadinha no arco — Tem alguma coisa à solta nesta floresta. Ah, sim, estes são Harry Potter e Hermione Granger. Alunos lá da escola. E este é Ronan. É um centauro.
– Impossível ter notado – disse Harry sarcasticamente. Régulus deu um sorrisinho de canto.
— Já percebi — disse Hermione com a voz fraca.
— Boa noite — cumprimentou Ronan — São alunos, é? E aprendem muita coisa na escola?
– Capaz! Ficam só brincando com as varinhas, e poções. – respondeu Gina.
— Hum... um pouquinho — respondeu Hermione tímida.
– Nossa Mione, sem comentários. – disse Rony.
– Isso já foi um comentário Ronald. – disse Mione.
– Ora...
– Ah! Vão pra um quarto! – disse Harry, arrancando risadas de todos, menos Rony, Mione (que coraram), e Snape, que apenas deu um sorriso sarcástico.
– Cala a boca Harry – disse Rony constrangido.
– Mas vocês não disseram que estavam namorando, ontem? – perguntou maroto.
Rony e Mione coraram, se é que é possível, ainda mais, e tentaram gaguejar alguma resposta, falhando miseravelmente.
Todos entenderam que eles estavam tentando manter o segredo, mas só estavam.
— Um pouquinho. Bom, já é alguma coisa — suspirou Ronan.
– Ele deve pensar que não sabemos nem acender a ponta da varinha – disse Lene.
Depois, jogou a cabeça para trás e contemplou o céu.
— Marte está brilhante hoje.
– Oi? – disse Sírius, mas ninguém respondeu.
— É — disse Hagrid, mirando o céu também — Olhe, foi bom termos nos encontrado, Ronan, porque tem um unicórnio ferido. Você viu alguma coisa?
Ronan não respondeu imediatamente. Continuou a olhar para o alto sem piscar e então suspirou outra vez.
– Isso é uma coisa que irrita nos centauros – disse Remus. – Eles não cabem responder uma pergunta de modo simples e direto.
— Os inocentes são sempre as primeiras vitimas. Foi assim no passado, é assim agora.
– Viu? – lamentou-se Remus.
— É, mas você viu alguma coisa, Ronan? Alguma coisa anormal?
— Marte está brilhante hoje — repetiu Ronan enquanto Hagrid o observava impaciente — Um brilho anormal.
– ENTENDEMOS! – gritou Sírius.
– Agora eu sei porque os centauros não vão com a sua cara. – disse Remus ao amigo.
— Sim, mas estou me referindo a alguma coisa mais perto da Terra. Você não notou nada estranho?
Alguns riram: “estou me referindo a alguma coisa mais perto da Terra”, Hagrid sempre Hagrid.
Mais uma vez, Ronan levou algum tempo para responder. Por fim disse:
— A floresta esconde muitos segredos.
– MAS QUE...
– SIRUS BLACK NÃO SE ATREVA A PRONUNCIAR UM PALAVRÃO SE QUER! – gritou Lily.
Sírius sabia que não tinha a vantagem que Remus tinha, de ser praticamente o melhor amigo de Lily, com ele, então ficou quieto.
– Essa é minha garota! – disse James orgulhoso, dando um beijo na bochecha de Lily, que corou levemente.
Um movimento nas árvores atrás de Ronan fez Hagrid erguer o arco outra vez, mas era apenas um segundo centauro, de cabelos e corpo negros e de aspecto mais selvagem do que Ronan.
– Mais um? – perguntou Sírius desapontado.
— Olá, Agouro — cumprimentou Hagrid — Tudo bem?
– Conheço esse também. – comentou Remus.
— Boa noite, Hagrid, você vai bem, espero.
— Bastante bem. Olhe, eu estava mesmo perguntando a Ronan, você viu alguma coisa estranha por aqui ultimamente? É que um unicórnio foi ferido. Você sabe alguma coisa?
– Hagrid nunca desiste. – comentou Frank.
– Não! Porque ele quer, ele pode ele consegue! VAI HAGRID! – gritou Jorge agitando sua bandeirinha, sendo acompanhado por todos os grifinórios.
Agouro foi se postar ao lado de Ronan. Olhou para o céu.
— Marte está brilhante hoje — disse simplesmente.
– Mas que cocô! – disse Sírius jogando uma almofada na parede, esta se transformou num passarinho e saiu voando.
Todos encararam James, com caras tipo: QUE QUE FOI ISSO?
James deu de ombros.
— Já sabemos — respondeu Hagrid agastado
– Essa palavra existe? – perguntou Fred.
– Se tá aí. – respondeu Gina dando de ombros.
— Bom, se um de vocês vir alguma coisa, me avise, por favor. Vamos indo, então.
– Hagrid não conseguiu. – provocou Régulus.
– Mas não importa! Perdemos uma batalha, mas Hagrid continua foda! VAI HAGRID! – gritou Frank erguendo sua bandeirinha, sendo acompanhado dos demais.
Snape e Régulus reviraram os olhos divertidos com a cena.
Harry e Hermione saíram com ele da clareira, espiando Ronan e Agouro por cima dos ombros até as árvores tamparem sua visão.
— Nunca — disse Hagrid irritado — Tentem obter uma resposta direta de umcentauro. Vivem contemplando as estrelas. Não estão interessados em nada que esteja mais perto do que a Lua.
– Então por que ficou insistindo tanto? – disse Sírius revoltado, apenas não jogo nada na parede, com medo de que se transformasse em alguma coisa.
— E têm muitos deles aqui? — perguntou Hermione.
— Ah, um bom número... vivem isolados na maior parte do tempo, mas tem a bondade de aparecer quando preciso dar uma palavrinha. São inteligentes, veja bem, os centauros... sabem das coisas... só não falam muito.
– Ou falam demais... – comentou Sírius entediado.
— Você acha que foi um centauro que ouvimos antes? — disse Harry.
— Você achou que era barulho de cascos? Não, se quer saber, aquilo é o que anda matando os unicórnios. Nunca ouvi nada parecido antes.
E continuaram a caminhar pela floresta densa e escura. Harry não parava de espiar, nervoso, por cima do ombro. Tinha a sensação ruim de que alguém os observava. Estava contente que tivessem Hagrid e seu arco com eles. Acabavam de passar uma curva na trilha quando Hermione agarrou o braço de Hagrid.
– MEU MERLIN DO CÉU! – gritou Sírius, novamente assustando aos demais.
Snape estava quase amaldiçoando aquele desgraçado.
— Hagrid! Olhe! Centelhas vermelhas, os outros estão em apuros!
– DEUSPAITODOPODEROSOROGAIPORESSESER! – gritou Sírius de um fôlego só.
Snape contou até 15.
— Vocês dois esperem aqui! — gritou Hagrid — Fiquem na trilha, volto para apanhá-los!
– Ou não né – disse Jorge.
– Sabem como é, às vezes um monstro qualquer aparece primeiro. – Terminou Fred, continuado a leitura.
Eles o ouviram romper o mato e ficaram parados se entreolhando, muito assustados, até não conseguirem ouvir mais nada a volta exceto o farfalhar das árvores.
– Dururuuuuu – cantou Sírius misteriosamente.
Snape contou até 30.
— Você acha que eles estão machucados? — sussurrou Hermione.
— Não me importo com Malfoy, mas se alguma coisa pegou Neville... é culpa nossa que ele esteja aqui.
Os gêmeos fizeram uma reverência à Harry, que corou.
Os minutos se arrastaram. Seus ouvidos pareciam mais aguçados do que o normal. Harry parecia estar registrando cada suspiro do vento, cada graveto que quebrava. O que estava acontecendo? Onde estavam os outros?
– Eles morreram... – Sírius murmurou – MUAHAHAHAHAHAHA – e depois gritou.
Snape contou até 100.
Finalmente, um grande barulho de mato pisado anunciou a volta de Hagrid. Malfoy, Neville e Canino o acompanhavam. Hagrid vinha danado da vida. Malfoy, ao que parecia, se atrasara e agarrara Neville por trás para lhe dar um susto. Neville se assustara e mandara o sinal.
Todos reviraram os olhos. Pateticamente Malfoy.
— Teremos sorte se apanharmos alguma coisa agora, com a barulheira que vocês aprontaram. Muito bem, vamos trocar os grupos: Neville, você e Hermione ficam comigo, Harry, você com o Canino e esse idiota.Sinto muito
– Tudo bem – disse Harry, se sentindo um pouco bobo.
— acrescentou Hagrid para Harry num cochicho — Mas vai ser mais difícil ele assustar você e precisamos acabar o nosso serviço.
– Harry, o que não se assusta. – disse Neville. Harry fingiu uma pose heroica, e quase todos riram.
Então Harry entrou pelo coração da floresta com Malfoy e Canino. Andaram quase meia-hora, embrenhando-se cada vez mais, até que a trilha se tornou impraticável porque as árvores cresciam demasiado juntas. Havia salpicos nas raízes de uma árvore, como se o pobre bicho tivesse se debatido de dor por ali. Harry viu uma clareira adiante, através dos galhos emaranhados de um velho carvalho.
— Olhe... — murmurou, erguendo o braço para deter Malfoy.
Sírius voltou a cantar uma música de suspense.
Snape contou até mil.
Alguma coisa muito branca brilhava no chão. Eles se aproximaram aos poucos.
Sírius continuava cantando.
Snape não lembrava o que vinha depois de 999.999.999.999.999.
Era o unicórnio, sim, e estava morto.
– Oh Mérlin! – Sírius gritou numa voz afetada.
– AH CHEGA! – gritou Snape, lançando um feitiço silencio em Snape.
– O que você fez com ele? – perguntou James, analisando o amigo, meio chocado, meio zangado.
– Apenas um feitiço silenciador, é temporário. – explicou Snape – Pode continuar a leitura, sim?
E Fred continuou a ler, todos prestando atenção, enquanto Sírius xingava Snape de todos os nomes possíveis, e seus amigos de traidores, por não o ajudarem.
Harry nunca vira nada tão bonito nem tão triste. As pernas longas e finas estavam esticadas em ângulos estranhos onde ele caíra e sua crina espalhava-se nacarada sobre as folhas escuras.
As meninas suspiraram, unicórnios eram TÃO perfeitos. Tão lindos, TÃO puros.
Harry dera um passo à frente, mas um som de algo que deslizava o fez congelar onde estava. Uma moita na orla da clareira estremeceu... então, do meio das sombras saiu um vulto encapuzado que se arrastava de gatas pelo chão como uma fera à caça.
Sírius pareceu tentar comentar algo, mas o feitiço impediu-o.
Harry, Malfoy e Canino ficaram paralisados.
O vulto encapuzado aproximou-se do unicórnio, abaixou a cabeça sobre ferimento no flanco do animal e começou a beber o seu sangue.
– Vampiro! – gritou Dorcas.
– Vampiro? – gritaram outros.
Os que sabiam quem eram ficaram quietos.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Imitou Dorcas.
Malfoy soltou um grito terrível e fugiu,
– Covarde. – murmurou Neville.
seguido por Canino. A figura encapuzada ergueu a cabeça e olhou diretamente para Harry. O sangue do unicórnio escorrendo pelo peito. Ficou de pé e avançou rápido para Harry, que não conseguiu se mexer de medo.
– Lascou-se. – disse Lene.
Então uma dor, como ele nunca sentira antes, varou sua cabeça, como se a sua cicatriz estivesse em fogo, meio cego, ele recuou cambaleando.
– Hã? – disse James.
– Os livros explicam. – disse, dessa vez, Mione.
Ouviu cascos as suas costas, galopando, e aí alguma coisa saltou por cima dele, e atacou o vulto. A dor na cabeça de Harry foi tão forte que ele caiu de joelhos. Levou uns dois minutos para passar.
Sírius tentava falar alguma coisa.
Snape resolveu ter um pouco de piedade, e desfez o feitiço. Ninguém comentou nada.
Quando ergueu os olhos, o vulto desaparecera. Um centauro avultava-se sobre ele, mas não era Ronan nem Agouro, este parecia mais novo, tinha cabelos louros prateados e o corpo baio.
– Firenze! – disseram os marotos.
– Esse aí é mais novo – disse James.
– Ele já deve ter crescido. – comentou Remus.
– É... Ele é o centauro mais legal. – disse Sírius.
– você acha isso porque ele é meio “rebelde” – acusou Remus.
– Obviamente.
— Você está bem? — perguntou o centauro, ajudando Harry a se levantar.
— Estou, obrigado, o que foi aquilo?
O centauro não respondeu. Tinha espantosos olhos azuis, como safiras muito claras. Mirou Harry com atenção, demorando o olhar na cicatriz que se sobressaia, lívida, em sua testa.
– Até tu Brutus? – disse Sírius decepcionado.
Harry deu de ombros.
– Pelo menos ele não pediu um autógrafo – concluiu fazendo uma careta, no que todos riram.
— Você é o menino Potter. É melhor voltar para a companhia de Hagrid. A floresta não é segura à estas horas,
– É segura em alguma hora? – perguntou Dorcas, mas ninguém respondeu.
principalmente para você. Sabe montar? Será mais rápido.
– PARA TUDO! – disse Alice. – Um centauro oferecendo carona a um bruxo?
– Firenze é diferente. – James foi em defesa do amigo.
Meu nome é Firenze
– ACERTAMOS! – gritaram os marotos, fazendo A Dancinha.
— acrescentou ao dobrar as patas dianteiras para Harry poder subir no seu lombo.
Ouviram repentinamente o ruído de galopes vindo do outro lado da clareira. Ronan e Agouro irromperam do meio das árvores, os flancos arfantes e suados.
– Ferrou pro Firenze. – disse Remus triste. – Isso é contra as “leis” ou sei lá o que dos centauros. – explicou para todos.
— Firenze! — Agouro trovejou — O que é que você está fazendo? Está carregando um humano! Não tem vergonha? Você é uma mula?
– Viram? – disse Remus.
–Ninguém duvidou. – disse Sírius.
— Você sabe quem ele é? — retrucou Firenze — É o menino Potter. Quanto mais rápido ele sair da floresta, melhor.
– Sinto que alguém sabe de algo a mais do que fala – disse James.
— O que é que você andou contando a ele? — rosnou Agouro — Lembre-se, Firenze, juramos nunca nos indispor com os céus. Você não leu o que vai acontecer nos movimentos dos planetas?
– O QUE MARTE TEM A VER COM ISSO? – gritou Lene, mas ninguém soube responder.
Ronan pateou o chão, nervoso.
— Tenho certeza de que Firenze achou que estava fazendo o melhor — falou em tom sombrio.
Agouro escoiceou com raiva.
– Ui, ele ficou nervoso. – disse Rony.
— Fazendo o melhor! O que tem isso a ver conosco? Os centauros se preocupam com o que foi previsto! Não é nossa função ficar correndo por aí como jumentos recolhendo humanos perdidos na nossa floresta!
Firenze de repente empinou-se nas patas traseiras com raiva, de modo que Harry teve de se agarrar nos seus ombros para não cair.
— Você não viu o unicórnio! — Firenze berrou para Agouro — Você não percebe por que foi morto? Ou será que os planetas não lhe contaram esse segredo? Tomei posição contra o que está rondando a floresta, Agouro, tomei, sim, ao lado dos humanos se for preciso.
– VAI FIRENZE! – gritaram os grifinórios.
E Firenze virou-se depressa para partir, com Harry agarrando-se o melhor que podia, eles mergulharam entre as árvores, deixando Ronan e Agouro para trás.
E Harry não fazia a menor idéia do que estava acontecendo.
– Lerdo – disse Gina sorrindo.
– Mas o lerdo que você ama. – retrucou Harry.
– Amo? – desafiou a ruiva.
– Claro que sim. – disse modestamente Harry, piscando um olho.
– Tá, chega de mimimi, continua lendo Fred. – disse Jorge.
– Ah! Cansei, lê você.
E Jorge pegou o livro de novo.
— Por que Agouro está tão zangado? — perguntou — O que era aquela coisa de que você me livrou?
– Harry! Não. Faça. Perguntas! – provocou Rony. Harry mostrou a língua ao amigo.
Firenze abrandou a marcha, alertou Harry para manter a cabeça abaixada a fim de evitar os galhos baixos, mas não respondeu à pergunta. Continuaram por entre as árvores em silêncio por tanto tempo que Harry achou que Firenze não queria mais falar com ele. Estavam passando por um trecho particularmente denso da floresta, quando Firenze parou de repente.
— Harry Potter, você sabe para que se usa o sangue de unicórnio?
– Primeiro ano! HELLO! – disse Dorcas.
— Não — disse Harry surpreendido pela estranha pergunta — Só usamos o chifre e a cauda na aula de Poções.
— Porque é uma coisa monstruosa matar um unicórnio. Só alguém que não tem nada a perder e tudo a ganhar cometeria um crime desses. O sangue do unicórnio mantém a pessoa viva, mesmo quando ela está à beira da morte, mas a um preço terrível. Ela matou algo puro e indefeso para se salvar e só terá uma semi-vida, uma vida amaldiçoada, do momento que o sangue lhe tocar os lábios.
Harry ficou olhando para a nuca de Firenze, que estava prateada de luar.
— Mas quem estaria tão desesperado? — pensou em voz alta — Se a pessoa vai ser amaldiçoada para sempre, é preferível morrer, não é?
– A não ser que a pessoa tenha como maior medo, a morte. – murmurou Harry, para que só o Trio de Ouro ouvisse.
— É — concordou Firenze — A não ser que ela precise se manter viva o tempo suficiente para beber outra coisa, algo que vai lhe devolver a força e o poder totais, algo que significa que jamais poderá morrer. Sr. Potter, o senhor sabe o que é que está escondido na sua escola neste momento?
– Aí! Alguma coisa que o Harry saiba fácil! – comemorou Neville.
— A Pedra Filosofal! É claro, o Elixir da Vida! Mas não percebo quem...
— Não consegue pensar em ninguém que tenha esperado muitos anos para retomar o poder, que se apegou à vida, esperando uma chance?
– Precisa de mais dicas Potter? – perguntou Régulus.
– Acho que entendi. – disse Harry, sem se abalar.
Foi como se uma mão de ferro de repente apertasse o coração de Harry. Acima do farfalhar das árvores, ele parecia ouvir mais uma vez o que Hagrid lhe contara na noite que se conheceram: “Uns dizem que ele morreu. Bobagem, em minha opinião. Não sei se ele ainda teria bastante humanidade para morrer”.
– Ah! Entendi, eles estão falando de Vol...
– SÍRIUS!
– Volcês-Sabem-Quem. Terminou.
Todos suspiraram aliviados.
— Você está dizendo — Harry falou rouco — Que aquele era o Vol...
— Harry! Harry, você está bem?
Hermione vinha correndo ao encontro deles pela trilha, Hagrid a acompanhava arfando.
— Estou bem — disse Harry, sem nem saber o que estava dizendo — O unicórnio morreu, Hagrid, está naquela clareira lá atrás.
— É aqui que eu o deixo — murmurou Firenze enquanto Hagrid corria para examinar o unicórnio — Está seguro agora.
Harry escorregou de suas costas.
— Boa sorte, Harry Potter — disse Firenze — Os planetas já foram mal interpretados antes, até mesmo pelos centauros. Espero que seja o que está ocorrendo agora.
– Odeio enigmas – comentou Frank.
Virou-se e entrou a trote pela floresta, deixando para trás um Harry cheio de tremores.
Rony adormecera no Salão Comunal às escuras, esperando os amigos voltarem.
Os do presente reviraram os olhos, menos Rony, é claro.
Gritou alguma coisa sobre faltas no Quadribol,
Todos riram, menos Snape e Régulus.
quando Harry o sacudiu com força para acordá-lo. Em questão de segundos, porém, seus olhos se arregalaram quando Harry começou a contar a ele e a Hermione o que acontecera na floresta. Harry nem conseguia se sentar. Andava para cima e para baixo na frente da lareira. Continuava a tremer.
– ACALMA CORAÇÃO! – disse Gina. Harry riu.
— Snape quer a Pedra para Voldemort...
– Obrigado a confiança, Potter.
– A seu dispor.
e Voldemort está esperando na floresta... e todo esse tempo pensamos que Snape só queria ficar rico.
– Não seria má ideia. – disse Snape, e para sua surpresa, muitos ali riram.
— Pare de repetir esse nome! — disse Rony num sussurro de terror como se Voldemort pudesse ouvi-los.
– Rony prevendo o futuro! – disse Gina.
Harry nem o escutou.
– Pra variar... – disse Rony.
— Firenze me salvou, mas não devia ter feito isso. Agouro ficou furioso... falou de interferência naquilo que os planetas anunciaram que ia acontecer. Eles devem estar indicando que Voldemort vai voltar. Agouro acha que Firenze devia ter deixado Voldemort me matar. Imagino que isso também esteja escrito nas estrelas.
– Pois é, meu destino, minha vida, tudo está nas estrelas – disse Harry, como se estivesse comentando o tempo.
— Quer parar de dizer esse nome! — sibilou Rony.
Harry revirou os olhos.
— Portanto só preciso esperar que Snape roube a Pedra — continuou Harry febril — Então Voldemort vai poder voltar e acabar comigo. Bem, quem sabe Agouro vai ficar feliz.
– Harry irônico é o máximo – os gêmeos tinham os olhos brilhando.
Hermione parecia muito assustada, mas teve uma palavra de consolo.
— Harry, todo mundo diz que Dumbledore é a única pessoa de quem Você-Sabe-Quem já teve medo. Com Dumbledore por perto Você-Sabe-Quem não vai tocar em você.
– Olhando por esse lado... – disse Lene.
Em todo o caso, quem disse que os centauros têm razão? Isso está me parecendo adivinhação, e a Profª. McGonagall diz que adivinhar o futuro é um ramo muito inexato da magia.
– Mione duvidando de adivinhações, desde sempre. – disse Rony, sorrindo para a amiga, cof, cof.
O céu havia clareado antes de terminarem de conversar. Foram se deitar exaustos, com as gargantas ardendo. Mas as surpresas da noite não tinham terminado.
– Meu Deus – disse Lily – Que dia!
Quando Harry puxou os lençóis da cama, encontrou a Capa da Invisibilidade cuidadosamente dobrada sobre o forro. Tinha um bilhete espetado nela: “Por via das dúvidas”.
– OBRIGADO DEUS! – gritou James pulando em cima da mesa. – Minha capinha! Coisa linda do papai!
Todos o encaravam perplexos.
– Bom... – começou Lily. – Quem lê agora? Depois de mais um capítulo, vamos comer alguma coisa.
– APOIADO! – disseram Rony e Sírius.
– Ok, eu leio.
Comentários (1)
capitulo muito bom! Espero os próximos!
2012-10-23