Ch 6 - Após a Batalha



Capítulo 6 - Após a Batalha
 


     _Esse homem é Simon Brum, trinta e seis anos, Comensal da Morte que fugiu no final da Segunda Guerra. Há cinco anos ele foge da justiça, e é muito bom nisso. Eu o investigava há seis meses e não fazia ideia sequer se ainda estava vivo, quanto mais que tinha se unido a outro grupo.


     Na sala, agora aumentada magicamente, da Central de Inteligência da força-tarefa, Rony apontava para as fotos do Comensal enquanto explicava para quase toda sua equipe quem era ele.


     Tinham acabado de voltar do assalto. Seis homens presos, quatro aurores feridos gravemente, um morto.


     O sequestro de Gina estava se revelando cada vez mais incrível. O ruivo tinha cada vez mais certeza de que o Véu da Morte não estava envolvido, mas sim que um novo grupo das trevas tinha escolhido a namorada de Harry Potter como declaração de guerra ao mundo mágico.


     Talvez tivessem ido pegar o próprio Harry quando Gina tinha aparecido de surpresa.


     De qualquer forma, não havia dúvidas de que era tudo culpa do garoto-que-sobreviveu. E pensar que o considerara um amigo por tantos anos da sua vida.


     Apontou para outra foto:


     _Essa é Eugênia Pudde, dezenove anos, que desapareceu de Hogwarts há dez meses em uma visita a Hogsmead. A diretora McGonagall concordou em nos dizer o que sabe sobre ela. Tony, você vai lá assim que acabarmos aqui.


     Um dos aurores fez um sinal de afirmativo com a cabeça e Rony continuou:


     _Não sabemos nada sobre ela, mas foi uma das melhores duelistas do grupo inimigo e, como todos sabem, conseguiu escapar.


     Fez uma pausa antes de continuar:


     _Eles eram oito e observavam um auror ser torturado. Isso quer dizer que há um novo grupo das trevas na área. Isso é ruim. Isso é importante. E vou informar o chefe do Departamento de Investigação. Mas a prioridade dessa força-tarefa ainda é encontrar Ginevra Weasley, quero que entendam isso.


     Alguns aurores balançaram a cabeça afirmativamente, outros apenas continuaram olhando em silêncio.


     _Quero que encontrem Pudde, quero que encontrem Brum. March e Eleonore vão cuidar de procurar o Comensal. Umberto e Will, quero vocês varrendo o submundo em busca de informações sobre esse grupo, seus informantes são os melhores.


     "Nossos únicos cinco interrogadores com experiência devem se dirigir às celas onde estão os prisioneiros; organizem entre si como conduzirem as coisas. O pedido para uso de Veritaserum já foi enviado, mas parece que as coisas só funcionam quando o nome de Harry Potter está envolvido.


     "Marion e Mary, vocês procuram a garota. O resto de vocês continuem seguindo suas intuições.


     "E na próxima vez que a Central de Inteligência mandar fazerem alguma coisa, obedeçam, ou podem ser os próximos a serem torturados.


     "Perdemos Joel Nickon por causa de um auror insubordinado. Lembrem-se disso. Lembrem-se de Nickon. Alguma pergunta?"


     Ninguém se manifestou.


     _Ótimo. Reunião encerrada.


     Todos foram cuidar de seus afazeres, a maioria esperando em fila pelo elevador e trocando comentários sobre a última operação. A maioria conhecia Joel, o auror assassinado na operação, e estavam furiosos.


     Quando o elevador finalmente chegou, Neville e Hannah chegaram também.


 


 


 


 


 


 


     Assim que chegaram numa pequena sala sem janelas de toda de pedra, o Comensal tentou atacar Draco.


     O Inominável foi mais esperto e socou o inimigo antes que o bruxo das trevas pudesse usar a varinha. Com o Comensal desnorteado, Draco apontou a própria varinha:


     _Imperio!


     O homem apenas parou, de pé, como se todos os pensamentos tivessem sido removidos da cabeça - e pela experiência de Draco com o feitiço, realmente tinham.


     Primeiro precisava testar se realmente tinha tido sucesso com a Maldição Imperdoável. Não era a primeira vez que ele a realizava em nome da justiça, e certamente não seria a última, mas um bom usuário de Oclumência poderia resistir tanto a Veritaserum quanto ao Imperius.


     Não que ele acreditasse que alguém fosse bom o suficiente para resistir ao Imperius dele.


     _Muito bem. Agora, me diga seu nome e idade.


     A voz veio sem vida, automática:


     _Simon Brum, trinta e seis.


     _Ajoelhe-se.


     O homem o fez sem nenhuma resistência visível. Podia ser que estivesse tentando resistir, mas enquanto obedecesse, o Inominável não tinha que se preocupar com isso.


     _Muito bem. Responda com sinceridade qualquer pergunta que eu fizer. Você está sendo esperado?


     _Sim.


     _Por quem?


     _Nosso Mestre.


     _Quem é "nós" e quem é o "mestre"?


     _Nós somos os Senhores da Verdade nessa realidade. O Mestre é nosso líder.


     Ótimo. Até pessoas sob a maldição Imperius agora davam respostas vagas para ele. Devia ser algum tipo de doença epidêmica.


     _Qual o nome do seu mestre?


     Houve algum tempo de silêncio até as palavras saírem:


     _O Senhor da Morte não tem um nome.


     Melhor ainda, um louco.


     _Qual o objetivo do seu grupo?


     _Espalhar a Verdade Única por todas as realidades.


     _O que é a Verdade Única?


     _Eu não sei.


     _E você quer espalhá-la mesmo sem saber o que é?


     _Sim.


     _Se você não sabe o que ela é, como pode espalhá-la?


     _Obedecendo as ordens do Mestre.


     _Por que você está trabalhando para esse grupo?


     _Inicialmente fui envenenado e eles me davam o antídoto quando eu obedecia. Depois passei a gostar das tarefas que me foram dadas.


     _Como torturar inocentes.


     _Sim - e pela primeira vez o homem sorriu.


     Draco sentiu nojo.


     _Esse Senhor da Morte está aqui?


     _Claro que não.


     _Por que é tão claro?


     _Se o Senhor da Morte viesse a essa realidade, como você acha que estaria vivo?


     _Quem é esse Senhor da Morte?


     _O Senhor do Mundo da Morte.


     _Por que ele vir para essa realidade faria todos morrerem?


     Novamente não houve resposta por algum tempo até o homem responder:


     _Não sei. Nunca havia pensado sobre isso.


     Um louco sob lavagem cerebral. Talvez um cão daria mais respostas.


     _Quanto tempo vão te esperar antes de desconfiarem de algo?


     _Já devem estar desconfiados, principalmente se Eugênia já veio.


     Dessa vez foi o Inominável que sorriu:


     _Conte-me sobre essa Eugênia.


     _Ninguém sabe quem ela realmente é, apenas que é uma Inominável. A garota, a Eugênia verdadeira, foi sequestrada em Hogsmead apenas para ser usada como ingrediente. A Inominável a mantém refém apenas para usar os cabelos em uma poção polissuco.


     Draco sentiu pena da garota, mas não foi por isso que questionou se não teria sido melhor ter ido com a Inominável e a desmascarado. Uma Inominável corrupta podia fazer muito mais estrago do que um auror corrupto. O problema é que também teria sido uma viagem imensamente mais perigosa.


     Mas não tinha tempo para se questionar agora, ou para continuar o interrogatório.


     _Levante-se e continue agindo como você teria agido se eu não estivesse aqui.


     O Comensal se levantou e começou a correr.


     Draco o seguiu.


 


 


 


 


 


 


     _Onde está Harry Potter? - Foi a primeira coisa que Rony disse quando o elevador se abriu.


     _Eu o deixei ir - Neville respondeu sem um segundo de hesitação.


     Todos os aurores presentes no local olharam incrédulos para o companheiro.


     _Você quer dizer que ele te atacou e conseguiu fugir?


     _Não, Rony, quero dizer que eu conversei com ele e achei melhor ele ajudar a procurar Gina do que o deixar preso por nenhum motivo.


     O rosto de Rony ficou vermelho imediatamente. Levantou a voz:


     _Nenhum motivo? Ele matou um bruxo! Ele raptou minha irmã!


     _Harry não raptou Gina, Rony, você sabe disso - respondeu calmamente.


     O comandante da força-tarefa começou a gritar:


     _Você não sabe disso, Neville Longbottom! Ele é um suspeito e seria interrogado! E se fosse inocente, seria solto! Você está rindo na cara do sistema judiciário desse Ministério!


     Neville balançou a cabeça negativamente:


     _Não, Rony, é você quem está fazendo isso. Você não deveria estar comandando essa força-tarefa. Você está usando aurores como seus brinquedos para encontrar sua irmã e extravasar sua raiva, e se esqueceu do valor da amizade.


     Deu dois passos para a frente antes de continuar:


     _Harry é seu amigo. Vocês salvaram a vida um do outro. A amizade de vocês era invejada em toda Hogwarts. Abra os olhos e veja o que você está fazendo.


     O rosto Rony ficou com uma cor púrpura:


     _Prendam Neville Longbottom imediatamente por insubordinação!


     Rony nunca viu Hermione chegar na sala, mas viu quando ela se jogou na frente de Neville:


     _Não! Rony, ele está certo. Você está fora de si!


     O comandante, se sentindo humilhado, pelo próprio subordinado e esposa na frente de todo o Ministério, saiu da sala sem dizer mais uma palavra.






     Hermione estava preocupada com o marido.


     Ela odiava ter que ficar na Central de Inteligência ao invés de colocar a mão na massa ela mesma procurando por Gina, mas tinha apoiado Rony incondicionalmente. Era isso que esposas faziam em momentos difíceis. Mas tudo tinha ido longe demais.


     A esperança era que quando Harry chegasse ela pudesse conversar com os dois, mas agora que o garoto que sobreviveu tinha desaparecido, não sabia o que fazer.


     _Sigam as ordens, exceto a de prender Longbottom - disse com voz claramente instável antes de sair atrás de Rony.


     O encontrou em uma sala vazia de algum burocrata do Ministério. O garoto estava sentado na cadeira, os cotovelos na mesa, as mãos entrelaçadas. Olhava fixamente para a frente. Uma lágrima silenciosa escorria de um dos olhos.


     Hermione sentiu o coração apertado com a cena, foi até ele, e o abraçou firme.


     Ficaram minutos em silêncio, até ele finalmente relaxar o corpo e a abraçar de volta:


     _Desde minha mãe... Eu não consegui superar, Mi. Eu não consegui.


     A garota ficou em silêncio e o apertou ainda mais forte.


     _Eu sei que ele não teve culpa. Mas minha mãe morreu mesmo assim. E eu nunca pude falar sobre isso com ele. Por que Gina tinha que fazer prometer que eu nunca falaria com ele? Isso faz tudo ficar tão mais difícil...


     _Ron...


     Ele ficou com o corpo rígido novamente, mas a voz continuou carinhosa com a esposa:


     _Não, Mi. Eu sei que esse é o Harry, o "nosso Harry", como você diz. Eu sei. Mas eu não consigo. Aceitar, eu não consigo. Foi a minha mãe. Ela se considerava a mãe dele de alguma forma. Você sabe disso. E eu o aceitava como irmão. Isso deixa tudo pior.


     Ela balançou a cabeça afirmativamente. Sabia que ele precisava compreender e aceitar as coisas por si mesmo, que tentar vencê-lo com a lógica não faria nenhum bem; sempre tinha sido assim. Mas ele era um Grifinório no coração. E foi a isso que ela apelou:


     _Escute seu coração, Ron. Se ele disser que Harry é culpado, siga ele. Mas siga ele com sentimentos nobres como honrar Molly. Ou Gina. Não siga ele com raiva e fúria. Elas mesmas não iriam querer ver você assim - segurou o rosto dele e o fez olhar em seus olhos. Eu não quero te ver assim.


     O garoto a abraçou forte, respirando pesado. Ela sentiu o pescoço ficar úmido. Ele estava chorando.


     _Eu não pude fazer nada por minha mãe. E agora não estou conseguindo fazer nada por Gina.


     _E seu coração diz mesmo que Harry é o culpado disso tudo? - Falou ainda mais carinhosamente.


     Ele apertou o abraço. Chegou a doer. Mas ela não reclamou.


     _Eu não sei o que meu coração diz, Mi. Mas eu sei o que ele disse ao ver o que Harry está se tornando. Ele está torturando pessoas. Como eu posso acreditar que ele é a melhor escolha para minha irmã? Como eu posso acreditar que ele não está nesse momento em uma sala escura fazendo o mesmo com ela?


     Ela colocou carinhosamente uma mão no cabelo dele e começou a afagar:


     _Ele é Harry, Ron. O nosso Harry. E se ele está tão diferente, ele precisa é da nossa ajuda, não do nosso julgamento.


     O garoto apenas continuou a chorar.





 


      Assim que a jovem passou pelo Portal, ele desapareceu.


     Em sua pressa de sair de um local que seria consumido pela escuridão, sequer tinha parado para pensar que estava em uma altura consideravelmente alta.


     Soltou uma exclamação involuntária enquanto caía, mas foi desnecessário. Assim que ficou há alguns centímetros do chão, a velocidade diminuiu e ela aterrissou com leveza.


     Achou aquilo estranho, mas perto do que estava vivenciando, era uma das coisas que menos a preocupavam.


     Por Merlin, ela estava em um mundo alienígena! E em um vestido minúsculo!


     Estava bastante consciente das pernas de fora, do decote sugestivo e dos pés descalços na terra... quente. A própria terra estava morna ao toque, ao contrário do que ela esperava.


     O que o homem tinha dito? "Capital do Fogo". Bom, o solo perecia concordar com o homem.


     E as chamas flutuantes.


     E a cor vermelha.


     E um enorme palácio branco que ela acabava de ver ao longe com sete grande chamas que flutuavam sobre ele, cada uma de uma cor, em tons de vermelho, amarelo, azul e verde.


     Ginevra Weasley não sabia onde estava, mas se aquele era o centro de poder desse lugar, eles iam ouvir muito por trazê-la contra sua vontade.


     E se ela fosse um terço do que sua mãe fora, estaria de volta ao próprio mundo em questão de minutos.


     Começou a andar pelas ruas, se é que podiam ser chamados assim os espaços entre as casas. Várias vezes fez uma curva apenas para notar que duas casas - ou o que quer que fossem as construções - estavam coladas e não havia como seguir adiante.


     Uma das coisas impressionantes eram as chamas flutuantes. Não pelo fato de flutuarem, claro; depois de viver sete anos de sua vida em Hogwarts com velas flutuando, aquilo era algo extremamente comum. Mas sim porque elas não deixavam nenhum ponto da cidade escuro.


     Sim, o céu estava sem nuvens, mas também não havia nenhuma lua ou estrelas para iluminar-


     Ela olhou novamente para o céu. Nenhuma luz. Apenas um grande e escuro vazio.


     Sentiu um arrepio e se obrigou a não pensar no que isso poderia significar.


     Voltou a pensar nas chamas. Elas podiam não estar em nenhum local próximo e ainda assim sua luz iluminava cada centímetro da cidade. Era incrível.


     Algumas vezes não eram construções humanas que barravam seu caminho, e sim árvores, plantadas nos locais sem nenhum motivo aparente, como se fosse de forma aleatória. Só então ela percebeu que a cidade era bastante arborizada. E nenhuma das plantas pegava fogo. O feitiço que fazia as chamas flutuarem devia ser muito bom, assim como o bruxo que o tinha realizado.


     Depois de mais de meia hora de caminhada pelo labirinto, finalmente chegou ao palácio.


 


     Olhando de perto ele era ainda mais impressionante. Devia ter pelo menos oito andares, com torres e tudo o mais, e não era reto em nenhum lugar. Curvas, na maioria das vezes desnecessárias, apareciam em cada local onde deveria ter retas, incluindo nas paredes das altas muralhas que cercavam o local.


     Se aproximou da parede para tocar e levou um susto.


     A muralha pareceu ganhar vida e se mover como uma bandeira tremulando ao vento e uma passagem surgiu na parede bem na frente de Gina.


     Parecia que ela havia mesmo sido convidada.


 


     Os jardins eram extensos e a grama de um profundo verde - um verde bem diferente daquele da enorme chama acima do palácio, que parecia ainda mais vivo.


     As chamas, inclusive, vistas de perto, pareciam poder engolir três homens inteiros cada uma, e a garota podia sentir de toda aquela distância o calor que emanavam.


     Não, não era apenas calor. Era conforto. Ela se sentia bem naquele local, perto daquelas chamas. Era como se sentisse... Em casa.


     Se abraçou inconscientemente. Aquilo estava errado. Muito errado.


     O palácio em si não tinha portas, as paredes também onduladas. Ela se aproximou, adivinhando que o caminho se abriria, e estava certa.


     Seguiu por um longo corredor, que mesmo sem nenhuma luz visível, de alguma forma não estava escuro.


     E finalmente chegou no que só podia julgar como sendo a Câmara da Rainha.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • meroku

    sua fic ta otima!!!!!!!!!!!!!!!e bem misteriosa!!!!!!!posta o proximo logo!!!!!!!!!!!   

    2012-12-06
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.