Ch 5 - Espionagem

Capítulo 5 - Espionagem
 

   _Desculpe, Harry.

   O garoto-que-sobreviveu estava em uma cama no St. Mungus.

   Nos pulsos cordas fortemente amarradas, a varinha fora de sua visão.

   Neville Longbottom, sentado ao seu lado, olhava com cara de quem estava no último lugar do mundo em que queria estar.

   _O que diabos significa isso, Neville?

   Harry estava mais surpreso do que irritado, ou com medo.

   Não fazia ideia de como tinha chegado até ali depois de apagar no Departamento de Mistérios, ou do motivo de estar com as mãos amarradas.

   Não se preocupava com a presença do amigo auror. Neville era uma boa pessoa, não seria capaz de trabalhar para Comensais ou fazer algo contra Harry. E já tinham salvado a vida um do outro algumas vezes em algumas missões. Isso criava laços.

   _Rony, quer dizer, Ronald Weasley mandou prender você.

   Harry se irritou imediatamente:

   _Quais as acusações?

   _Assassinato e sequestro.

   Sim, ele tinha matado e sequestrado algumas pessoas, mas agora não era a hora de pagar pelos seus pecados. Ele precisava salvar Gina. A menos que... Oh, não, por favor, não.

   _Gina... Vocês encontraram... - Não conseguiu terminar a frase.

   Neville pareceu ficar tão pálido quanto o garoto-que-sobreviveu:

   _Oh, não, Harry. O assassinato é de Emanuel Gruts. O sequestro que é da Gina.

   Suspirou um pouco mais aliviado. Mas só um pouco. Não tinha como se safar do assassinato.

   Exceto pelo fato de que Neville claramente não acreditava que Harry seria capaz dos crimes. A atitude do amigo auror desde que Harry acordara não deixava margens para dúvidas.

   _Você sabe que eu não fiz isso - falou sem especificar o que, ambíguo, para diminuir um pouco da culpa de usar a inocência de Neville.

   O outro balançou a cabeça afirmativamente:

   _Eu sei. E tudo vai se resolver logo que usarem o Veritaserum em você. Rony já conseguiu permissão. Só estávamos esperando você acordar. Eu e Hannah, digo. Estamos juntos, eu e ela - ficou vermelho.

   Conseguir permissão para usar Veritaserum em tão pouco tempo era... Incrível. Kingsley com certeza estava envolvido. Ele precisava sair dali. E Neville tinha acabado de dar a ferramenta que Harry usaria para conseguir sua liberdade. Odiava pensar como um Sonserino, mas era preciso. Por Gina. Respirou fundo:

   _O que você faria se Hannah desaparecesse? - Falou baixo, sentindo o peso na consciência.

   Neville, que estava prestes a falar mais alguma coisa, apenas fechou a boca.

   _Rony quer me tirar a oportunidade de salvar Gina. Ele sabe que não fui eu, mas está cego de raiva. Eu não posso perder tempo sendo interrogado, Neville. A vida de Gina pode depender de mim.

   Neville continuou em silêncio.

   _Nós no conhecemos a quantos anos, Neville? Você conhece Gina a quantos anos? Ela precisa de mim, e eu preciso de você. Prometo que quando a encontrar eu me entrego às autoridades – mentiu.

   Quando líder da rebelião dos estudantes em Hogwarts e destruidor da última Horcrux de Voldemort saiu da sala, ele tinha as cordas nas mãos, e os pulsos de Harry não estavam nelas.

   "Tem alguma coisa acontecendo no final do Beco, mas não dá pra ver daqui."

   Hermione estava em uma sala fechada com outros aurores, ouvindo pelo Escutador Falante o auror que vigiava a casa de Strongar.

   _Certo. Permissão para investigar - falou um dos aurores, experiente nesse tipo de situação.

   Algum tempo depois:

   "Tem um fogo flutuando no meio da rua, mas não tem ninguém por perto. Espere, vi um movimento mais a frente."

   _Isso parece uma armadilha - disse Hermione.

   O auror próximo a ela pareceu concordar:

   _Volte ao seu posto, vamos mandar alguém para investigar.

   "Até vocês chegarem ele já pode ter fugido. Vou verificar."

   Os aurores teoricamente deveriam obedecer às ordens da Central, mas não era a primeira vez que um auror fazia o que bem entendia, ignorando completamente uma ordem. Hermione mordeu o lábio inferior.

   _Eu repito, volte ao seu posto, isso é uma ordem - falou o auror próximo, mesmo sabendo que era uma ordem inútil.

   Não houve resposta no Escutador Falante por minutos. O auror da Central tentou conseguir algum auror de campo para ir até o Beco, mas estavam todos da força-tarefa fazendo alguma coisa que claramente julgavam mais importante.

   "Estou sob ataque, preciso de aju- AHHHHHHHHH!"

   Hermione não aguentou e falou ela mesma:

   _O que aconteceu?

   Não houve resposta.

   Ela saiu correndo para falar com Rony, ignorando completamente o fato de que só precisava ajustar o EF para isso.

   Draco Malfoy estava em casa.

   Sobre a cama dezenas de peças de vestuário diferentes, na sua frente uma pequena maleta onde colocava as que achava mais adequadas.

   Já tinha ido à Irlanda uma vez, e sabia que o país era quase tão frio quanto a própria Inglaterra, portanto se focava em roupas quentes e confortáveis. Não sabia quanto tempo ficaria lá, mas se precisasse sempre poderia limpar magicamente alguma roupa ou comprar novas lá.

   Foi ao armário, tentando escolher entre os sapatos, quando uma voz soou em sua cabeça:

   _Convocus Dux!

   Sentiu-se compelido a um local, o aparelho mágico no seu cérebro tentando resistir a ser transformado em uma chave portal. Levou a varinha até a cabeça:

   _Accipere!

   Imediatamente seu corpo viajou na maravilhosa mágica dos portais, ignorando as leis físicas de tempo-espaço.

   Quando se recuperou da viagem, viu que estava em um cômodo escuro que logo identificou como o quarto de Julius Strongar. Na sua frente um Inominável desilusionado:

   _O que é? - Perguntou o loiro.

   _Você pediu para te chamar caso algo acontecesse aqui. Algo aconteceu.

   Draco odiava falar com Inomináveis algumas vezes. Principalmente quando tentavam ser misteriosos:

   _Fico feliz de não ser uma viagem inútil. Talvez se me disser o que diabos aconteceu eu tenha o momento mais maravilhoso da minha vida inteira. Não é ótimo?

   _Havia um auror vigiando a casa.

   _Uau! Quem diria que eles fariam isso? Parece até mesmo que estão investigando o desaparecimento de Ginevra Weasley!

   _Ele saiu do posto dele.

   _Interessantíssimo.

   _Foi até o final do Beco Diagonal.

   _Mal posso aguentar toda a curiosidade dentro de mim.

   _E foi atacado.

   _E imagino que você tenha visto isso tudo daqui.

   _Eu o segui.

   _Muito bom, assistir aurores sendo assassinados é muito mais importante que cumprir sua maldita missão e vigiar a casa. Tudo pelo entretenimento.

   _Ele não foi assassinado. Levaram ele para o porão dessa casa. Estão esperando alguma coisa.

   A vontade de socar o homem à sua frente foi quase incontrolável. Mas ele se controlou.

   _Vá ao Ministério e passe essas informações para a força-tarefa de aurores responsáveis. Eu vou seguir os suspeitos - apontou a varinha para a cabeça do colega de trabalho e fez um feitiço não verbal. Ativei meu rastreador, traga todos os aurores que conseguir.

   O homem desaparatou imediatamente. Draco quase teve esperanças de que o Inominável não pararia para tomar um café antes de chamar os aurores. Quase.

   Desilusionou a si próprio e agradeceu por ainda estar com as botas anti-som padrões do uniforme do departamento. Desceu as escadas sem fazer barulho e procurou porta por porta até encontrar a que levava ao porão. Ouviu vozes:

   _...esperar - era uma mulher.

   _Fica quieta, ele já deve estar chegando - falou um homem.

   _ELE É UM AUROR, SEU IDIOTA - gritou a mulher. Daqui a pouco essa casa estará cheia de outros aurores procurando por ele.

   Draco finalmente chegou ao porão e vagarosamente se misturou às sombras.

   Era um local pequeno, com alguns móveis e empoeirado. Em um canto, uma vela acesa sobre uma mesa; em outro, um homem desacordado ao chão com dois bruxos em pé próximos a ele.

   A mulher tinha cabelos loiros e usava uma máscara amarela. O homem tinha cabelos brancos e a máscara dele era verde.

   _Você está se esquecendo com quem está falando, Eugênia. Cale sua boca antes que eu pare de tolerar sua voz.

   _E o que você vai fazer?

   O homem retirou rapidamente a varinha da cintura só para ter ela voando da própria mão no instante seguinte, em direção à porta do porão.

   Acabando de descer a escada de maneira totalmente inaudível, estava um outro homem com duas varinhas em punhos, uma delas tendo acabado de ser roubada do bruxo de máscara verde.

   O recém-chegado tinha cabelos negros e máscara vermelha:

   _Quietos vocês dois. Segurem o auror, a chave de portal finalmente chegou. A coruja estúpida estava quase morta.

   Os dois obedeceram. Draco ficou tentado a se aproximar e viajar com eles, mas apenas desilusionado era perigoso demais.

   O recém-chegado foi até os três, segurou o braço da mulher, e colocou a mão no bolso. Eles desapareceram instantaneamente.

   Indo até onde eles tinham estado momentos antes, Draco lançou o feitiço de rastreamento:

   _Trackum Portus!

   Uma espiral roxa saiu da varinha para o ponto em que Draco apontava e ele ficou assim, com magia saindo da varinha, aguardando o resultado do feitiço.

   Rastrear o destino de um portal era cansativo e muitas vezes impossível. Haviam várias variáveis, como o conhecimento do bruxo sobre a origem e destino do portal, a quanto tempo a chave havia sido acionada, quantas pessoas haviam usado o portal, magias anti-rastreamento na chave, e mesmo se o portal já havia sido rastreado antes.

   O Inominável não tinha muitas esperanças. O fato da chave ter chegado via coruja era normal, já que era extremamente perigoso aparatar com uma chave de portal, e provavelmente era aparatando que os homens tinham chegado no Beco Diagonal.

   Mas se a coruja não havia demorado tanto, o plano deles de raptar o auror tinha sido planejado um bom tempo antes. Muito provavelmente eles teriam feitiços anti-rastreamento na chave, mesmo que tais feitiços fossem demorados e complicados de se lançar.

   Outro fator preocupante era que, ainda que o Inominável conhecesse bastante a Inglaterra mágica, o portal poderia ser para qualquer lugar da Europa, e as chances de Draco conhecer eram minúscu-

   De repente o feitiço roxo se tornou branco e uma linha branca saiu do chão em direção ao teto. Draco sorriu, satisfeito. Aparatou com a mão na linha branca, se concentrando nela como destino.

   Ao aparatar normalmente, ele sentia como se o mundo o espremesse de todos os lados até ele ficar menor que um átomo e viajar por uma enorme distância em alta velocidade até chegar ao destino, onde a pressão era removida de uma só vez e ele voltava ao tamanho normal.

   O pior não era a sensação horrível e indolor, mas sim lembra-se das aulas em educação trouxa que tivera no Departamento de Mistérios. Física. Quem precisava de física?

   Aparatar usando um feitiço rastreador como referência era ainda pior.

   Era como ser desintegrado em minúsculas partículas e ainda ser capaz de sentir cada uma delas e toda a dor de ter o corpo desmembrado artificialmente. Durava o que parecia uma eternidade enquanto o Draco parecia ver, sem realmente ver, uma luz branca que cegava e desnorteava.

   E de repente tudo acabava. Você estava inteiro e não havia mais dor. Apenas uma vaga lembrança de tudo que você tinha sentido permanecia. Mesmo assim o instinto de autopreservação de qualquer bruxo precisava ser superado após a primeira vez se ele quisesse fazer novamente. Muitos não conseguiam, e ficava cada vez mais difícil.

   Todo o processo não durava mais que segundos.

   E foi assim que Draco chegou a um local conhecido.

   A sala de jantar não tinha menos de duzentos metros quadrados. Um local extremamente perigoso para uma chave de portal e ainda mais para aparatar, já que salas de jantar costumavam ter pessoas.

   O reconhecimento foi instantâneo: estava na casa de Simon Brum, um dos Comensais da Morte que tinham escapado no final da guerra. O local teoricamente era vigiado dia e noite. E ali estava ele, na sala de jantar, sem alertar nenhum auror.

   Não havia ninguém no local. Draco começou a andar pela casa lenta e vagarosamente, agachado e distante do que julgava serem as rotas mais utilizadas.

   O perigo de ser visto era menor do que um leigo poderia imaginar. Pessoas tendiam a não reparar com muita atenção em locais pelos quais passavam sempre, ainda mais dentro da própria residência ou outro local que consideravam seguro.

   Passou pela cozinha, sala de estar, alguns quartos vazio com camas desorganizadas. A mansão estava deserta no primeiro andar. Sobrava o porão ou o andar superior.

   Se decidiu antes pelo porão. Se fossem criminosos idiotas, se enfiariam em um porão com feitiço anti-aparatação onde não havia como escapar em caso de emboscada, o que seria bom para quando os aurores chegassem.

   Ao abrir a porta sequer precisou descer. A escuridão era total, bem como o silêncio. A menos que houvesse algum feitiço para tais efeitos, era pouco provável que alguém estivesse ali. E dentro de uma base de operações, era pouco provável que se dessem ao trabalho de colocar tais feitiços. Portanto, a possibilidade do porão estar sendo utilizado era minúscula. Fechou a porta silenciosamente e se dirigiu às escadas para o segundo andar no hall de entrada.

   Aquela era uma situação um pouco mais perigosa, percorrer desilusionado uma rota única e comumente utilizada em local aberto, mas ainda dentro de uma zona de conforto. Pessoas tendem a notar apenas o que está na altura dos olhos, poucas vezes o que está embaixo e quase nunca o que está em cima.

   Mesmo assim enxugou com a manga das vestes o suor do rosto e só então se lembrou que estava sem a máscara de Inominável.

   "Merda", pensou e logo a tirou do bolso da veste e a colocou. Era enfeitiçada para ser totalmente transparente quando vista do lado de dentro, de forma que não atrapalhava nem um pouco a visão, bem como para não dificultar a respiração. Além disso diminuía qualquer ruído que não fosse voz. Mais que uma forma de esconder a identidade, uma ferramenta.

   Infelizmente não diminuía ou secava automaticamente o suor, e o Inominável arriscou um feitiço não-verbal anti-suor antes de prosseguir. Ninguém podia dizer quando uma gota no olho podia ser a diferença entre vida e morte.

   Ao subir o primeiro degrau o coração disparou em um enorme susto: alguém gritou alto no segundo andar, um grito de agonia e dor.

   Aproveitando o grito, arriscou subir a escada com um pouco mais de velocidade. Não foi apenas um grito, e logo ele estava no topo. Ainda agachado, foi em direção ao barulho.

   _Olhe como o braço dele se contorce!

   Risadas. Pelo menos três.

   O jovem não demorou para chegar ao cômodo em que acontecia a tortura. Era um tipo de sala de estar - o que era estranho, já que havia uma no primeiro andar - totalmente desprovida de móveis.

   O auror se contorcia no chão ao centro, gritando, claramente vítima da maldição da dor, enquanto oito bruxos observavam. Um deles, com vestes sem mangas nos braços e o responsável pela tortura, exibia com orgulho a tatuagem de Marca Negra. Simon Brum. Mais velho e magro, mas sem dúvidas, era ele.

   O torturador terminou o Cruciatus e o auror parou de gritar.

   _Agora, vou perguntar novamente. Qual o seu nome, cão do Ministério? - Perguntou o Comensal.

   _Kennedy Jill - falou sem sequer tentar resistir, sem orgulho nenhum; Draco teve nojo do auror.

   _Muito bem. Não é muito mais fácil assim? Agora me diga, o que você estava fazendo no Beco Diagonal?

   _Vigiando a casa de Julius Strongar.

   _Vigiando? Você estava esperando por alguém, Kennedy? Mas que ótimo auror você é, parece que encontrou!

   Os homens - Draco notou agora que um deles era uma mulher loira, provavelmente a mesma que tinha estado no Beco, que tinha sido chamada de Eugênia - riram.

   O Comensal se aproximou do auror e se abaixou, puxando o cabelo do prisioneiro, que soltou um gemido de dor:

   _Agora me diga, onde está o ovo?

   _Que ovo?

   Simon soltou Kennedy e deu alguns passo para trás antes de falar:

   _Parece que o auror ainda tem alguma força para mentir para nós, senhores.

   _Não, não, por favor, não! Eu não sei de ovo nenhum! Eu juro! Eu não sei-

   _Crucio.

   Os gritos recomeçaram.

   Draco olhava sem emoção. O interrogado era o auror, mas quem tinha dado informação importante tinha sido o interrogador.

   Primeiro, o ovo que tinha sido pego na casa de Strongar tinha alguma importância, se esse grupo tinha raptado um auror para tentar tê-lo de volta.

   Segundo, esse grupo não tinha agentes em meio aos aurores da força-tarefa de Ronald Weasley, ou se tinha, não eram aurores bem colocados o suficiente para saberem onde uma informação como um ovo de dragão encontrado com um suspeito seria mantido.

   Terceiro, eles estavam confiantes o suficiente de que teriam tempo para interrogar o auror, já que o método de interrogação que usavam era a maldição da dor. Ou acreditavam que teriam aviso prévio suficiente para fugirem caso o local fosse descoberto pelo Ministério.

   O aviso poderia ser algum feitiço próximo à mansão, algum agente no próprio Ministério, ou mesmo não existir e os homens serem simplesmente arrogantes demais. Arrogância era marca registrada de Comensais da Morte, então nenhuma novidade até aqui.

   Ouviu dois bipes na cabeça. A cavalaria estava chegando. Mas para o próprio espanto, ele não foi o único.

   Foi a mulher loira, que agora Draco fez questão de decorar a face - jovem, não mais que vinte anos, olhos castanhos, uma pequena cicatriz na testa - quem gritou de repente:

   _Tem um Inominável aqui!

   Todos olharam para era. Foram alguns segundos sem ação, exceto pelo homem se contorcendo ao chão, antes do pandemônio começar.

   Entrando pelas janelas - e as quebrando no percurso - vieram feitiços de diversas cores, alguns seguidos de perto por aurores. A reação inicial do grupo foi tentar correr. Mas de repente Draco sentiu um vento atrás de si e homens apareceram também vindo de dentro da casa. Os malfeitores estavam cercados.

   O primeiro a contra-atacar foi a Inominável - ela não podia ser outra coisa se tinha sido alertada naquele preciso momento, junto a Draco, de que um Inominável estava prestes a começar uma operação no local -, seguida pelo Comensal.

   Eles eram duelistas magníficos. Em poucos segundos haviam derrubado quatro aurores e aberto um espaço por onde fugiam. Ainda desilusionado, Draco ergueu um escudo à sua volta e correu atrás deles. Mais tarde consideraria extrema sorte não ter sido atingido na batalha que acontecia de todos os lados.

   Entraram em um quarto sem janelas iluminado por uma única vela flutuante. A mulher imediatamente colocou a máscara de Inominável e levou a varinha à cabeça. Pouco tempo depois Draco sentiu o objeto na própria cabeça tentar se transformar em chave de portal. Após cinco segundos sem a aceitação do jovem, o ímpeto cessou, mas Eugênia tinha desaparecido.

   O Comensal buscava algo em um baú ao lado de uma cama, e assim que encontrou soltou uma exclamação de alegria. Draco não pensou duas vezes antes de se aproximar e agarrar a veste do bruxo das trevas. Quase ao mesmo tempo ele ativou a chave de portal, e Draco sentiu o costumeiro puxão no umbigo em direção a algum lugar.

   Por mais perigoso que fosse, ele não sabia se teria coragem de usar um segundo feitiço rastreador para aparatar naquele dia. Ou naquele mês.

   Rony tinha feito questão de estar presente no ataque. Odiava quando Inomináveis se metiam em assuntos de aurores, mas pela primeira vez, com a vida da irmã em jogo, se sentiu grato ao ver aquela máscara dourada ridícula aparecer dizendo para onde o auror raptado tinha sido levado.

   Cercaram a casa rapidamente. O Inominável tinha ido com eles, alegando que havia um companheiro no local e que precisava estar presente para avisá-lo para se proteger da ação começar.

   E foi quando, espantosamente, pela segunda vez no dia Rony agradeceu por um Inominável estar presente.

   O feitiço de vigilância que ele usou não só era desconhecido pelo auror como provavelmente também era ilegal. Mas foi extremamente útil para localizar o auror sequestrado, o Inominável dentro da casa, e os bruxos das trevas. Todos estavam no mesmo local, o que facilitava bastante as coisas.

   O ruivo traçou rapidamente os planos de ataque, o passando para os aurores distantes via Escutador Falante, e deu um sinal para o Inominável logo antes de atacar.

   A maioria dos vinte aurores flutuou no ar com um feitiço e atacou as janelas do cômodo em que a tortura acontecia. Rony foi um deles:

   _Estupefaça!

   Sem pensar em mais nada, apenas na irmã desaparecida, se jogou logo atrás do feitiço na direção da janela.

   Assim que entrou na sala a primeira coisa que viu foi um feitiço verde vindo em sua direção, que desviou por pouco pulando para o lado.

   A segunda coisa que viu foi o atacante:

   De cabelos negros e olhos castanhos, Simon Brum, o Comensal da Morte que ele investigava antes de Gina desaparecer, encontrava-se na frente do jovem.

   _Protego – disse por puro reflexo quando um feitiço azul voou em sua direção.

   De repente percebeu que era o interesse principal de três inimigos.

   Parando de pensar no Comensal, Rony se concentrou em salvar a própria vida.

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