Um dia dos namorados qualquer



N/A: Pessoaaas, olá!


Bem, tô quebrando um costume meu de escrever ao final do capítulo porque preciso explicar duas coisinhas:


-Primeira: a história contada aqui é anterior aos acontecimentos de "Uma noite qualquer".


-Segunda: este capítulo foi escrito há tempos e deveria ter sido postado no dia dos namorados, mas esqueci de fazê-lo, e hoje, fuçando nas minhas coisas, me deparei com ele e resolvi postar para vocês!


Ah, sim, obrigada de coração a quem comentou na fic! Vocês me fizeram tão feliz! Fiquei realmente emocionada com o que li ^^ Boba,né? ashauhsahusuahsah


É, mas eu sou boba mesmo e isso quer dizer que eu desejo ardentemente ver seus comentários sobre este capítulo. Críticas, sugestões, xingamentos, elogios, palpites...todos serão muito bem vindos! 


Até a próxima! ;)


 


***


 


“Rose...Rose...ACORDA ROSE!”


 


Foram aquelas palavras, gritadas no ouvido da garota, que fizeram com que Rose Weasley abrisse os olhos, assustada. Violet, sua colega de quarto, encontrava-se parada ao seu lado segurando um envelope vermelho e uma caixa de, pelo que a garota conseguiu enxergar com a visão turva de quem acabara de acordar e ainda não colocara os óculos, corações de chocolate.


 


- São para você. – Violet disse, entregando os dois embrulhos à amiga e sentando-se na beirada da cama de dossel. – Quem mandou?


 


Rose recebeu-os das mãos da garota, cultivando a mesma curiosidade da outra e abriu o envelope mais que depressa, na esperança de que o seu conteúdo pudesse responder a indagação de ambas. Dentro do envelope havia apenas um cartão que ela leu em voz alta: “Não vá comer todos de uma vez, namorada.”.


 


Violet arregalou os olhos para a amiga e levou as mãos à boca, como se ela tivesse acabado de lhe contar um segredo interessantíssimo ou algo assim. O problema é que Rose estava tão surpresa quanto Violet e demorou um instante para emitir um som que se aproximasse ao da fala.


 


-Vi, tem certeza que isso é para mim? – a ruiva perguntou para a amiga, confusa.


 


- Sim, uma garotinha do primeiro ano veio deixar aqui, mas você estava dormindo então eu recebi. Ela disse “Isso é para aquela moça ruiva que usa uns óculos esquisitos, a Srta. Weasley.” – Violet disse, imitando de forma irritante a suposta voz da menina que fora entregar o presente.


 


- Você não perguntou quem a mandou entregar isso? – Rose questionou, embora uma leve suspeita estivesse se formando em sua mente.


 


- Eu perguntei, mas ela disse que encontrou jogado na sala comunal e resolveu entregar antes que alguém roubasse. Eu não acreditei nessa história, mas não adiantaria insistir porque a garota estava com cara de que recebera alguns bons sicles para manter o bico calado.


 


Rose levantou-se de um salto da cama, tentando conter um sentimento misto de raiva e satisfação. Sem dizer uma palavra sequer em resposta às perguntas insistentes de Violet, ela colocou a primeira roupa limpa que encontrou em seu malão e rumou ao salão principal, onde, ela supunha, o cara responsável por aquela palhaçada de cartão e chocolates estaria tomando seu café da manhã com um sorriso satisfeito estampado na cara.


 


E foi exatamente assim que ela o encontrou quando chegou ao salão e olhou para a mesa da Sonserina. Ele estava lá, com aquele sorriso fabuloso, que se tornou ainda mais incrível quando seus olhos encontraram os da garota que caminhava obstinada em sua direção. Essa mesma garota precisou ser forte para não demonstrar como aquele sorriso a afetava.


 


- Algum problema, Rose? Parece que você está prestes a vomitar corações de chocolate. – Scorpius Malfoy, o dono do sorriso mais lindo de Hogwarts, zombou da ruiva quando ela se aproximou de sua mesa, furiosa.


 


- Eu devia mesmo botar aquelas coisas doces voadoras pra fora em cima dessa sua cabeça loira horrorosa, Scorpius! – ela respondeu, indignada com o descaramento do outro. – Foi você, não foi?


 


- Eu o que? – ele ergueu uma das sobrancelhas, sem entender do que se tratava aquela acusação.


 


- Quem me mandou aquele bilhete desaforado, oras!


 


- Bilhete desaforado? Não, não fui eu. – ele disse, levantando-se para encará-la, ficando alguns centímetros maior que a garota. – Eu só mandei um presente para a minha garota. E um alerta. Afinal de contas, eu não quero ser o culpado por vê-la roliça...


 


Fazer esse comentário foi, provavelmente, o maior erro de Scorpius Malfoy. A ira de Rose tornou-se quase incontrolável, não fosse pelo fato de eles estarem no meio do salão principal sendo alvo dos olhares de Hogwarts quase inteira, ela teria gritado até suas cordas vocais explodirem. Por sorte, a ruiva foi sensata o bastante para lançar um olhar fulminante a Scorpius, dar as costas a ele e sair batendo os pés. Ela só não foi rápida o suficiente para evitar ser seguida pelo sonserino.


 


Quando ela entrou na primeira sala de aula aberta e vazia que encontrou e Scorpius a seguiu, fechando a porta a suas costas, não demorou nem meio segundo para que seus gritos fossem ouvidos. Rose estava prestes a lançar uma azaração no garoto e nem ao menos se lembrava o motivo. Mas era isso que ele fazia com ela: irritava profundamente pelo simples fato de existir. Devia significar alguma coisa.


 


- WEASLEY, POR QUE ESTÁ GRITANDO COMIGO? – Scorpius perdeu o controle depois de ouvir meia dúzia de xingamentos em alto e bom som, que, ele sabia, não fizera por merecer.


 


- POR QUE VOCÊ ME MANDOU AQUELE BILHETE? – ela gritou, ainda mais alto, se é que isso fosse possível.


 


Scorpius, que caminhava na direção da ruiva, parou por um momento e a encarou. Então ela ainda não tinha entendido o que o bilhete e os chocolates significavam? MAS NÃO ERA ÓBVIO? O garoto continuou andando até a ruiva e, de surpresa para que ela não pudesse reagir, puxou-a para si.


 


Envolvida naquele abraço, Rose simplesmente relaxou. Esqueceu-se do motivo que a fizera gritar tanto e aproveitou para sentir aquele perfume amadeirado e sensual de Scorpius que tanto gostava. Seu corpo perfeita e confortavelmente ajustado ao dele.


 


- Eu escrevi aquele bilhete porque queria que você dividisse os bombons comigo, sua boba. É o que namorados fazem, dividem as coisas. – Scorpius disse, calmo, ainda abraçando Rose.


 


A ruiva afastou a cabeça do peito de Scorpius para encará-lo, confusa.


 


- E desde quando somos namorados? – ela perguntou, tentando disfarçar um sorriso.


 


- Achei que tivesse deixado isso bem claro na outra noite, quando aquele mané do Finch foi te convidar para ir a Hogsmead com ele! – Scorpius respondeu, ressentido por ela ter feito aquela pergunta.


 


Flashback ON


 


Rose, Scorpius, Alice Wayne da Corvinal, Hildelgard Foster da Lufa-Lufa e Magnus Finch da Sonserina, estavam na biblioteca como de costume, esperando por Albus Severus Potter para estudarem juntos para os testes. Eles formavam uma espécie de grupo de estudos elitizado do sexto ano: só os melhores.


 


Enquanto o sexto e último componente do grupo não aparecia, eles conversavam amigavelmente. Como sempre, eram muito cordiais uns com os outros e mesmo que não houvesse um vínculo de amizade entre todos, na maioria da vezes eles se entendiam muito muito bem. Ou quase. Scorpius não era um garoto de muita conversa, pelo menos não com o grupo inteiro, os únicos amigos de verdade dele eram Albus e Rose, e se tinha alguém ali de quem ele não gostava, esse alguém era Magnus Finch.


 


Ele era mais alto que Scorpius, mais forte e talvez até mais atraente; era inteligente também e sabia disso. Usava seu charme com muitas garotas em Hogwarts e depois que conseguia o que queria, as descartava. Rose partilhava da opinião de Malfoy em relação a Finch: ele era, no mínimo, desprezível.


 


No entanto, Finch parecia não perceber os sentimentos que a ruiva (não) nutria por ele e a cada encontro do grupo, tentava uma nova investida contra a garota, que sempre se esquivava muito bem sozinha. Mas naquela noite em especial, ela não conseguia se livrar de Finch e Scorpius não estava gostando nada do que via e ouvia.


 


- Rose, você está linda hoje. – Magnus Finch disse, sentando-se ao lado da ruiva.


 


- Obrigada. – ela respondeu, mais por educação do que qualquer outra coisa, fingindo concentração e interesse em um livro do qual não sabia nem o título.


 


- Eu estive pensando, o dia dos namorados está chegando e talvez fosse legal se fôssemos juntos a Hogsmead no sábado. – ele disse, com um sorriso afetado no rosto.


 


Rose ficou tão perplexa tentando digerir o que acabara de ouvir que não conseguiu formular uma resposta decente ao ponto de demonstrar o quanto aquele convite a ofendera e Scorpius precisou intervir para ajudar a, até então, amiga.


 


- O que te fez pensar que ela iria com você a Hogsmead, Finch? – o loiro perguntou, encarando o mais novo rival.


 


- Ora, Malfoy, o que me faria pensar o contrário? – Finch disse, nada modesto.


 


- Bem, Finch, sinto muito desapontar você e estragar seus planos, mas Rose já tem com quem passar o dia dos namorados.  – Scorpius disse, desafiador.


 


- Tenho? – foi a vez de Rose dizer alguma coisa.


 


- É, Rosie, acho que já está na hora de a gente assumir nosso relacionamento. Pelo menos para os amigos mais chegados. E para os trasgos. – dizendo isso, passou o braço pelos ombros da ruiva, em um gesto que gritava “ELA É MINHA, TIRA O OLHO!” e sorriu maroto.


 


Magnus Finch tentou lançar uma azaração em Scorpius em seguida, o que seria mais que merecido depois de ser chamado de trasgo, mas Rose percebeu e usou o feitiço do escudo para proteger seu “namorado”. Finch passou a noite na enfermaria, desacordado. Ninguém tocou mais no assunto.


 


Flashback OFF


 


- Era sério? Eu achei que você só estava, sabe, ajudando a me livrar dele. – a felicidade estampada no rosto da garota.


 


- Claro que era sério. A menos que o que a gente teve não tenha significado nada pra você.


 


- E o que foi mesmo que a gente teve? – Rose perguntou, fazendo-se de desentendida, só para provocar o loiro.


 


- Vai dizer que estava bêbada demais para se lembrar? – o loiro disse, a uma distância perigosa da garota.


 


- Acho que sim. – ela disse, a voz enfraquecida, olhando nos olhos do loiro.


 


-Então vou precisar refrescar sua memória.


 


Dizendo isso, Scorpius passou uma das mãos pela nuca de Rose e trouxe o rosto da garota para perto do seu e sem hesitar, beijou-lhe os lábios. Então era exatamente disso que ele falava, ela pensou. O beijo. Aquele beijo...


 


Flashback ON


 


Era véspera de ano novo e a festa de aniversário de Violet Monroe, melhor amiga de Rose Weasley, estava acontecendo há horas em um pub trouxa de Londres. Violet era fascinada por trouxas e quase sempre obrigava seus amigos a se misturarem, por mais que alguns deles se sentissem mal com a situação. Era o caso de Scorpius. Não que ele não gostasse dos trouxas, ele só não sabia se comportar de modo que não parecesse idiota na frente deles e, por Merlin, como ele odiava pensar na possibilidade de parecer idiota.


 


Rose conseguira convencer seus pais a deixarem-na ir a tal festa de Violet sob a condição de que seus primos Albus e James também fossem. Os três eram grandes amigos, apesar das inúmeras brigas que costumavam ter por invasão de privacidade. James era um sujeito bastante ciumento, o que aumentava a confiança que Ronald Weasley tinha nele.


 


Quando os três chegaram ao pub, uma hora e meia atrasados graças a demora de James, a maioria dos convidados já estava um tanto quanto...bêbada.


 


- Merlin, estou no paraíso! – James exclamou ao ver a quantidade absurda de bebida alcoólica misturada a uma quantidade absurda de alunas de Hogwarts.


 


- James Potter, que honra tê-lo em minha festa de aniversário! – Violet disse, a voz um tanto afetada para negar a embriaguês, abraçando o garoto, que mais do que depressa correspondeu o afago com um beijo na bochecha da garota.


 


- Hey, Jam, tudo bem se você soltar minha amiga agora? Obrigada! – Rose disse, separando os dois e esperando a amiga se virar para abraçá-la também. – Parabéns, Vi!


 


- Rose Weasley, muito obrigada pelo presente! – Violet sussurrou no ouvido da amiga enquanto recebia os cumprimentos. Obviamente ela se referia à presença de James, já que sua quedinha pelo ruivo era pauta freqüente nas conversas com Rose.


 


- Hey, Violet! Parabéns! – Albus disse, desconcertado, abraçando a amiga.


 


- Obrigada por vir, Al. – Violet respondeu, tão desconcertada quanto o moreno. Rose não sabia muito bem o que acontecera entre os dois, mas havia uma certa tensão ali, como se algum deles tivesse ferido os sentimentos do outro. – Ah, sim, sua amiga Alice Wayne está por aí. Por que não vai atrás dela? – é, Rose já podia imaginar quem havia ferido quem.


 


- OLHA SÓ QUEM VEIO! – alguém gritou, literalmente, no meio da multidão, tirando a atenção do casal. Logo Rose pode ver Scorpius Malfoy passando por trás de Violet com uma garrafa de cerveja trouxa na mão.


 


Ele passou direto por ela e Vi e abraçou Al. Os dois eram muito amigos, nem pareciam Malfoy e Potter. Quem não ia muito com a cara de Scorpius era James, mas ele raramente ia com a cara de qualquer homem que não fosse da família, e acabava tendo que aturar o loiro por ser amigo do irmão e de Rose.


 


- Cara, é por isso que eu gosto de você: tu é destemido! Eu, no seu lugar, ia estar me borrando de medo de ser azarado pela senhorita Grifinória aqui. – Scorpius disse, apontando para Violet ao dizer essa última parte, rindo, como se fosse tudo uma grande piada. E para ele era mesmo.


 


Rose, percebendo o clima estranho, tentou mudar de assunto e distrair a amiga e o primo, mas o estrago estava feito. Violet, de repente, pegou a mão de James e o levou para fora do Pub. Al, irritado, fez o caminho contrário e foi procurar Alice, deixando Rose e Scorpius para trás.


 


- É Weasley, parece que fomos abandonados por nossos melhores amigos. – Scorpius suspirou, aproximando-se de Rose. – O que faremos?


 


- Você eu não sei, mas eu vou beber alguma coisa. É ano novo e, de verdade, não quero ser a única pessoa sóbria na festa. – ela disse, virando-se para ir em direção ao bar.


 


- Uau! Eu pago sua bebida. – ele disse, animado.


 


- Mesmo?- a ruiva perguntou, desconfiada – Por quê?


 


- Porque eu nunca vi você sendo tão descolada. Quero fazer parte disso. – Scorpius disse. Se fosse em qualquer outra noite, a garota teria se irritado e gritado com ele, mas era festa, um novo ano estava começando e ela achou melhor aceitar aquilo como um elogio e sorrir para o garoto.


 


Os dois pegaram suas bebidas e sentaram-se na primeira mesa vazia que encontraram. Rose ficou impressionada com o efeito que o álcool produzia em sua personalidade. Ela estava relaxada, rindo, despreocupada. E tudo isso na presença de Malfoy, que apesar de ser seu amigo há tempos, sempre a deixava nervosa por nenhum motivo aparente.


 


Scorpius estava adorando ver Rose Weasley agindo de uma maneira humana. Ela era sempre tão controlada e reservada, que vê-la sorridente e comunicativa como estava chegava a ser épico. Os dois passaram parte da noite ali, enxugando cada garrafa de cerveja que era colocada na frente deles, como se toda a cevada do mundo fosse acabar naquela virada de ano.


 


- Scorpius, eu sou chata? – Rose perguntou, depois de um momento de longo silêncio entre os dois.


 


- Você? Chata? – Scorpius encarou a ruiva e a resposta que deu a ela foi sincera – Não. Eu poderia dizer que sim, porque estou pra conhecer ser humano mais irritante que você, mas acho que você só é chata comigo porque eu sou chato com você. Então, não, você não é chata.


 


Ao ouvir aquela resposta, o rosto de Rose se iluminou. Ouvir Scorpius Malfoy admitir que ele é que era o chato da história foi música para seus ouvidos.


 


- Scorpius, você acha que uma garota que não sabe cozinhar não serve para se casar? – Rose não conseguiu resistir ao impulso de fazer aquela pergunta. Ela havia lido em alguma revista trouxa de Violet que a maioria das mulheres solteiras depois dos 30 anos não sabiam ou não gostavam de cozinhar.


 


O loiro riu da pergunta por pelo menos um minuto antes de responder. Rose tinha cada dúvida bizarra, ele pensou.


 


- Eu acho que você devia aprender a cozinhar. – Scorpius disse, zombeteiro. Viu as bochechas da garota passarem de um rosado natural para um vermelho escarlate. Então ela não sabia mesmo cozinhar!


 


- Não estou falando de mim. Quero dizer, eu não sei cozinhar, mas isso não devia ser um problema, certo? Eu sei fazer tantas outras coisas. Eu sou boa em poções, herbologia, runas, transfiguração, azarações em geral... Mas por que diabos uma garota que sabe conjurar um patrono perfeitamente precisa saber fazer um maldito bolo de abóbora, que fique bonito e saboroso, para conseguir um marido?


 


- E por que diabos uma garota que sabe conjurar um patrono perfeitamente iria querer um marido? – Scorpius perguntou. Não fazia sentido para ele que uma garota como Rose, tão independente, destemida e inteligente quisesse ter um marido.


 


- Bem, essa garota precisa ter com quem compartilhar seu sucesso. E...sabe como é, todo mundo precisa aliviar a tensão. – ela brincou


 


- Eu sei cozinhar, mas meu patrono não é tão bom. – Scorpius disse, encarando os olhos azuis da ruiva por trás daquelas lentes enormes. – Encontre um homem assim e case-se com ele.


 


- E se você for o único homem assim?


 


Ele encarou a ruiva outra vez, com sua visão turva e sorriu bobamente.


 


- Aí eu me caso com você, certo? – ele disse, piscando para ela. Poderia parecer apenas um comentário bêbado para Rose, mas ele sabia muito bem o que estava dizendo.


 


- Combinado. – ela disse, piscando de volta para o loiro e estendendo-lhe a mão para apertar e selar o acordo.


 


Ao tocar a pele macia da garota, o loiro sentiu algo estranho na boca do estômago. Uma sensação gostosa, como aquele frio que dá na barriga quando você faz algo proibido pela primeira vez, quando você voa pela primeira vez em uma vassoura ou quando você dá seu primeiro beijo em alguém.


 


Ele se levantou e, ainda segurando a mão de Rose, puxou-a para si, levantando a garota da cadeira e deixando o corpo dela muito próximo ao seu. Uma música animadinha começava a tocar e tudo o que Malfoy queria era dançar com a garota em seus braços. Estranhamente, ela parecia entender o desejo do outro e sussurrou em seu ouvido, antes de levá-lo ao centro do pub, onde ficava a pista de dança:


 


- Eu quero dançar com você. Agora.


 


Scorpius não se atreveu a dizer uma única palavra em resposta à ruiva. Ele simplesmente a acompanhou pelo local e quando tomaram seus lugares, deixou que seus pés guiassem seus corpos e, embora a música que tocava não fosse lenta, eles estavam abraçados. A dança não durou muito. Logo Violet e James apareceram e obrigaram o casal a voltar para a mesa com eles. Então, Albus e Alice se juntaram aos quatro e o clima ficou novamente estranho entre ele e Vi.


 


Toda aquela troca de olhares entre James e Vi, depois Vi e Al, Al e Alice, Alice e Vi, Vi e Rose, Rose e Scorpius, Scorpius e Alice, Alice e James e Al e Vi só podia significar uma coisa: a guerra havia começado. Violet e Alice fariam qualquer coisa para chamarem a atenção dos garotos Potter e Rose e Scorpius só poderiam sentar e assistir.


 


- Rose, James estava me contando umas histórias incríveis de quando vocês foram todos para a Romênia visitar seu tio que trabalha com dragões. Ainda não consigo acreditar que ele montou mesmo naquele dragão. – Violet disse a Rose, como se estivesse se gabando de saber em primeira mão daquelas histórias.


 


- Ah, está falando da Norberta? Todos montamos nela. O dragão estava desacordado e meu tio colocou todos os sobrinhos em cima dela para tirar fotos, não é como se meu irmão fosse um herói, Violet. – Albus se meteu na conversa antes mesmo que Rose pudesse dizer algo.


 


- Al, você também tem uma foto com o dragão? – Alice perguntou, animada.


 


- Não tenho mais, meu irmão mais velho acidentalmente botou fogo na sala de estar uma vez e nossas fotos se perderam. – Albus disse, ressentido.


 


- Albus, Alice, juntem-se para uma foto! – disse Violet tirando uma máquina fotográfica sabe-se lá de onde e fazendo sinal para que eles se juntassem. – Pronto, Albus, não precisa mais chorar pela foto perdida, aqui não é a Romênia, mas você definitivamente está abraçando um dragão.


 


- VIOLET! – Rose gritou quando entendeu o que a amiga dissera. Violet passara dos limites.


 


- O que você disse, Violet? – Alice perguntou, levantando-se nervosa, como se estivesse pronta para azarar a outra garota.


 


- Briga de mulher? Essa noite vai ser ÉPICA! – Scorpius disse, rindo, para James.


 


- Olha, Malfoy, terei de concordar com você. Obrigado por me fazer vir nessa festa, Rose! – James disse baixo demais para que as meninas pudessem ouvir.


 


- Além de feia você é burra, Wayne? – Violet esbravejou avançando em direção a loira.


 


- Você passou dos limites, sua vadiazinha-esquisita-adoradora-de-trouxas! Aqua Eructo!


 


Um jato enorme de água saiu da varinha de Alice, atingindo Violet em cheio. A garota respirou fundo e em uma fração de segundos empunhou sua varinha e sussurrou: Furnunculus.


 


- NÃO!- Alice gritou quando o primeiro furúnculo começou a se formar em seu rosto.


 


- Vi, o que você fez? – Rose perguntou, estupefata.


 


- Ela me molhou, Rose! Na minha festa de aniversário! – Violet respondeu indignada. Era óbvio que ela merecera.


 


- E por isso você criou furúnculos na cara dela? Na noite de ano novo? – Rose disse, chamando a amiga à razão.


 


Naquele momento, Violet encheu os olhos de lágrimas que embora lutasse contra, não tardariam a cair. Albus abraçava Alice tentando desesperadamente acalmá-la e evitar mais confusão. Quer dizer, elas usaram magia em um bar trouxa. Com trouxas por perto! A sorte é que estavam todos muito bêbados (e que o ministério não ficaria sabendo porque as duas já eram maiores de idade) para perceberem feitiços saindo de varinhas, e se por acaso percebessem, o efeito do álcool seria a desculpa perfeita.


 


- Oh, por Merlin, me desculpe Alice! – Violet dirigiu-se à outra, aos prantos. – Eu estava com raiva, mas não deveria ter feito isso, pelo menos não com você. Era o Al que eu queria ferir...quer dizer...eu só queria que ele sentisse metade do que eu senti quando...


 


Ao perceber o que estava havendo ali, James decidiu interromper a garota e fazer o que precisava ser feito.


 


- Violet, por que você não vai se secar enquanto eu e Rose cuidamos da Srta Wayne aqui? Al, vá com ela.


 


Al nem pensou em desobedecer ao irmão. Tudo o que ele precisava era daquele momento com Violet. Rose reparou na maneira como ele havia olhado para a amiga a noite inteira, como se quisesse um tempo sozinho com ela desde que chegara na festa, como se precisasse se desculpar por algo. Assim, os dois desapareceram pub adentro. James e Alice seguiram na direção oposta, o garoto ajudando a menina a esconder seu rosto enquanto não encontravam um local seguro para desfazerem a azaração. Mais uma vez, Rose e Scorpius foram deixados sozinhos.


 


- Merlin, essa festa acaba de entrar para minha lista de noites memoráveis. – Scorpius disse, quando se viu novamente sozinho com Rose. – E o ano está só começando!


 


- Sou obrigada a concordar com você. – a ruiva disse, desanimada. – Hey, Scorpius, acho que o pessoal vai fazer a contagem para a meia noite! – ela apontou para um cara barbudo que subiu no palco com um microfone e uma daquelas bugigangas que estouram e soltam pedacinhos de papéis coloridos e brilhantes.


 


- Hey, ruiva, você acredita que dá sorte passar a virada do ano beijando alguém? – Scorpius perguntou, inseguro.


 


- Você acredita? – ela respondeu com outra pergunta.


 


- 10 – o cara barbudo no palco contava


 


- Faça um pedido, Scorpius! – Rose disse, segurando a mão do rapaz, sem perceber o que estava fazendo.


 


- 8


 


- Rose, eu... – o loiro iniciou a frase que ensaiou a noite inteira para dizer.


 


- 6


 


- ...acho que estou...


 


- 4


 


- ...estou...


 


- 2


 


- Ah, merda! – Scorpius exclamou, furioso, quando percebeu que não conseguiria dizer o que queria.


 


- FELIZ ANO NOVO PESSOAL!


 


No instante em que o cara barbudo estourou os papeizinhos no palco, Scorpius puxou o rosto de Rose para perto do seu e, sem dar tempo para que ela pudesse pensar em algo, passou a mão pela nuca da ruiva e beijou-lhe os lábios. Apesar de confusa, a garota correspondeu o beijo. Seus corações batiam acelerados e eles demoraram um pouco para entender o que significava aquilo. Quando eles finalmente se separaram, tudo o que mais queriam era continuar aquele beijo. Então, como se não pudessem dizer não ao desejo que crescia dentro deles, beijaram-se outra vez, e outra, e teriam passado a noite colados um no outro se Albus e Violet não tivessem aparecido e eles não precisassem fingir que nada havia acontecido.


 


Flashback OFF


 


- Eu estou completamente apaixonado por você, Rose. Era isso o que eu estava tentando dizer antes de te beijar naquela noite. – Scorpius disse, ao término do beijo, ainda abraçado a Rose. – A verdade é que eu sempre gostei de você. Se eu demorei tanto para dizer isso é porque eu queria que fosse do jeito certo.


 


- Jeito certo? – a ruiva perguntou, levantando uma das sobrancelhas.


 


- É, sabe, rosas, velas, luz do luar...Nada a ver com aqui e agora.


 


- Lembra que eu te mandei fazer um pedido naquela noite? – Scorpius acenou positivamente com a cabeça, afirmando que se lembrava – Eu fiz um também. Eu desejei você, numa sala de aula qualquer, me beijando e dizendo que está apaixonado por mim. Exatamente assim. Do jeito certo.


 


- Isso significa que você também gosta de mim, Weasley? – o loiro indagou, fingindo desconfiança.


 


- Isso significa que apesar de eu te achar um idiota por me fazer esperar tanto para ser sua namorada, eu gosto sim. – dizendo isso, beijou o rapaz – Isso não significa, no entanto, que eu te perdôo por ter insinuado que eu sou gorda.


 


- Gorda? Jamais disse algo parecido. Disse apenas que não gostaria de ver você roliça.


 


- Bem, isso é o suficiente para fazer uma garota se sentir insultada. Você não pode sair por aí mandando chocolates para alguém e depois insinuar que esse alguém é o mais novo sósia da Mulher Gorda e que...


 


Scorpius, percebendo que se não tomasse uma atitude Rose certamente desandaria a falar e ele só teria paz novamente em, no mínimo, uma hora, puxou o corpo da ruiva para si e beijou-lhe os lábios mais uma vez. Surpresa, a garota demorou meio segundo para entender que corresponder àquele beijo era o melhor a fazer, já que ele não iria deixá-la terminar mesmo seu raciocínio sobre, bem, ela já não sabia mais sobre o que estava falando.


 


- Ai meu Merlin! – Violet disse, incrédula ao presenciar aquele beijo quando entrou correndo na primeira sala de aula vazia e aberta que encontrou. - Vocês dois, arrumem um quarto! – brincou, tentando disfarçar o embaraço.


 


- Quem vai arrumar um quarto, Vi? – Albus entrou na sala, um tanto sem fôlego, logo após Violet. – Mas que merda! – exclamou assim que seus olhos pousaram em um Scorpius e uma Rose abraçados e cheios de culpa no olhar.


 


- Al, nós...eu...é... – Rose começou a falar, um tanto zonza para conseguir formular uma frase decente.


 


- Eu sabia que a gente devia ter entrado logo no armário de vassouras, mas não, “é muito apertado, Al”! – ele reclamou para Violet, imitando a voz da garota na última frase – Vem, se a gente correr pode ser que ainda encontre ele vazio!


 


Dizendo isso, Albus pegou a mão de Violet e disparou para fora da sala sem olhar para trás, praticamente arrastando a garota com ele. Scorpius e Rose trocaram um olhar cúmplice quando a porta se fechou atrás de Violet e soltaram uma gargalhada nervosa.


 


- Isso foi muito ... – o loiro disse, após se recuperar do acesso de riso.


 


- Constrangedor?


 


- Eu ia dizer bizarro, mas constrangedor também serve. – ele disse, rindo novamente da situação.


 


- Sabe, acho melhor irmos logo para Hogsmead antes que mais algum casal mal intencionado entre e perceba que não foi o único a pensar em se agarrar em uma sala de aula no dia dos namorados.


 


Scorpius concordou com a ruiva e os dois se beijaram mais uma vez. Caminharam em silêncio, um mais absorto em pensamentos que o outro. O loiro parou diante da porta e virou-se para Rose, encarando-a muito seriamente.


 


- Rose, está ciente de que uma vez que colocarmos os pés para fora desta sala, Hogwarts inteira vai saber sobre nós, falar sobre nós?


 


- Estou e não me importa o que Hogwarts inteira vai dizer. Nunca liguei muito para a opinião alheia mesmo. – ela deu de ombros


 


- Claro que não. Se ligasse já teria parado de usar esses óculos, né? – Scorpius zombou, tirando os óculos do rosto da ruiva. Ele nunca perdia a chance de implicar com os óculos de Rose. Nunca.


 


A garota o encarou com o olhar tão assassino, que o fez se arrepender da brincadeira a ponto de lhe pedir desculpas e em seguida colocar os óculos no devido lugar.


 


- Rosie, pronta para enfrentar o mundo lá fora? – ele perguntou, estendendo-lhe a mão.


 


- Você vai estar comigo? – ela perguntou, entrelaçando seus dedos aos do loiro.


 


- Sempre. – ele respondeu, sincero.


 


A ruiva adiantou-se, respirou fundo, encarou o namorado mais uma vez e abriu a porta. Ela sabia que Hogwarts inteira seria o menor de seus problemas. Mas eles estariam juntos nessa, contra tudo e contra todos. E que viesse o mundo.

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Comentários (3)

  • Nat Moony

    Ooown, meninas, valeu! xD Estava mesmo pensando em continuar escrevendo aleatoriamente capítulos sobre a vida dos dois, mas algo assim sem compromisso (até pq eu comecei outra fic esses tempos e minha cabeça anda uma bagunça), de modo que vou pensar com muuuuuito carinho sobre as sugestões que vcs me deram... Me aguardem! hohoho  

    2012-10-27
  • Luhna

    Adorei o capítulo bônus! Muito lindo esse início de namoro dos dois...E concordo plenamente com a Lana, você devia dar continuidade a fic. Tenho até sugestão (*momento leitora intrometida*): você podia escrever contos que envolvessem Rose/Scorpius, sem necessariamente uma ordem cronológica... bastava mudar o nome da fic para "Um dia qualquer" e, a partir daí, viriam milhões de dias quaisquer na vida do meu casal fictício preferido! *_*O que você acha?  

    2012-10-25
  • Lana Silva

    TIPO ASSIM SE VOCÊ NÃO FIZER DESSA FANFIC UMA LONG EU VOU TE LANÇAR MILHÕES DE AZARAÇÕES E MALDIÇÕES IMPERDOAVEIS, ok ? KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK Eu ri muito aqui quando a Violet chamou a Alice de dragão OMG morri mesmo. Ahhh por favor, continua a fanfic flr, está maravilhoso. Achei o capitulo muito lindo e estava torcendo para que não acabasse  ahhhhhhhhhhhhh se você continuar prometo ser a melhor leitora do mundo serio \O - nessas horas até promessa vela - pensa com carinho *-*Amei o capitulo estava sensacionalbjooos! 

    2012-10-20
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