Convivência Forçada

-Mais rápido, Severo.-Emily chamou com impaciência e percebeu a irritação do professor ao seu lado.-É aqui.

O restaurante tinha a decoração moderna e aparência cara.

-Eu convidei, eu pago. Sem negociações, nem reclamação.-avisou ela rindo do que acreditava ser uma expressão de surpresa.-É claro que meu pai vai me matar quando souber o que eu fiz com a aposentadoria dele, mas...

Ela notou que a surpresa se tornara espanto e riu mais.

-Estou brincando, Severo.

Ele resmungou algo enquanto se dirigiam a única mesa vazia do salão. Um garçom veio prontamente atendê-los.

-O que o casal deseja?

Emily quase caiu da cadeira.

-Desculpe?-os olhos de Snape faiscaram.

O garçom corou nervosamente, mas não tanto quanto Emily.

-O salmão grelhado, por favor.-pediu a mulher baixinho.

Ainda corado, o garçom anotou o pedido e se apressou em sair dali, totalmente desconcentrado com os olhares mortais do homem. Emily espiou Snape de canto de olho e sentiu pena do garçom, junto com uma vontade interior de rir.

 

-Comprei algumas frutas, talvez possa fazer um bolo.-blefou Emily, a mulher tinha plena consciência de ser um desastre na cozinha, especialmente se tratando de bolos.

-Ah, claro.-zombou Snape sem levantar os olhos do Profeta Diário que lia. Ela espiou por cima do ombro dele.

-Foram os comensais?-quis saber com curiosidade.

Severo se retesou ao ouvir a pergunta e Emily interpretou como um sim.

-Não conheço ninguém que teria coragem de fazer o que você faz.-disse ela admirada.

Quase no mesmo instante, a marca negra ardeu e se acentuou em seu antebraço esquerdo.

-Boa sorte.-desejou Emily um pouco preocupada.

 

 

-Milorde.

-Levante-se, Severo.-Voldemort examinava com atenção o servo, procurando resquícios de traição. Mais uma vez, o Lord tinha a impressão de que a Ordem sabia demais, que Dumbledore sabia demais.

-Já faz alguns dias. Como anda nossa fonte no ministério?

-A cada dia que passa, ganho mais sua confiança. Em breve, ela não negará informações.

Um muxoxo vindo de Lúcio fez Snape se voltar para o loiro.

-Problemas, Lúcio?-Voldemort falava calma e ameaçadora, causando arrepios no circulo de seguidores.

-Não, Milorde.-o comensal congelou.

-Continue com o trabalho, Severo.-ordenou fitando o rosto pálido do outro.-Mas não se esqueça da Ordem da Fênix, há algo importante por trás dela, posso sentir.

-Sim, Milorde.

 

 

-Demorou.-a raiva tomou conta do mal-humorado professor de poções.-Como foi a reunião?

-Meu trabalho como espião somente interessa a Dumbledore.

-Com tanta lealdade fica difícil meu trabalho de convencer o ministério de que você está nos ajudando.-ela elogiou, mas percebeu que Snape não gostou.

-Não tente me comprar com agrados.-falou secamente e se dirigiu para o quarto.

Quando voltou, Emily examinava seu reflexo no espelho da cozinha. Os cabelos ruivos desciam pelas costas e formavam cachos no final e os olhos verdes tinham um brilho animado e diferenciado.

Ela lembrava muito uma mulher querida e conhecida por todos. Ela lembrava Lílian Potter, concluiu Snape com o coração pesado.

-Ainda irritado?-Emily se voltou para ele, parecendo achar graça.-Acabei de descobrir quem você me lembra, um personagem de uma história trouxa.-ela sorriu.-Solitário, mas com grande coração. Você realmente se parece muito com o Manfred, Severo.

Emily riu da expressão confusa de Snape ao terminar a frase.

 

 

 

 

-Primeira semana juntos. Doeu, Manny?

Snape fitou Emily com um olhar assassino, desde a última reunião com o Lord das Trevas, a mulher o apelidara assim. E o pior é que ele sequer sabia quem era o tal Manfred.

-Tão sério.-provocou ela, sentando no braço da poltrona em que ele diariamente lia o Profeta Diário.

-Não vai trabalhar, Emily?

-No sábado?-ela riu.-Não, desculpe, prefiro ficar.

Severo resmungou e fechou o jornal. Estava prestes a voltar ao quarto quando ela o parou.

-Que tal uma volta no Beco Diagonal? Não é possível que o senhor aguente ficar tanto tempo trancado aqui.

Ele ponderou por um momento e aceitou. Ela tinha razão, não aguentava mais ficar naquele pequeno e tedioso apartamento. Nunca fora alguém de se manter parado, sempre preferira a ação.

 

-Manny, está tão calado.

Snape congelou a menção do novo apelido, mas ninguém pareceu ter ouvido. Ainda bem, ele mataria Watson se isso tivesse ocorrido.

-Precisa reabastecer o estoque?-perguntou ela observando a loja de ingredientes de poções com curiosidade.

-Não.

-Bom dia, Mundungo.-Emily mudou de assunto e sorriu para o bruxo que vendia, descaradamente, mercadorias roubadas. O ladrão pareceu desconcentrado ao vê-la.-O que tem ai hoje, Dungo?

-Caldeirões.-Mundungo desviou o olhar de Snape e mostrou a mercadoria com as mãos tremulas. Sabia que seria entregado a Dumbledore ou ao Ministério.

-Estão furados.-disse Emily ameaçadoramente e se afastou com o mestre de poções.-Formamos uma dupla perigosa, não acha?-confirmou rindo.

Severo se permitiu espiar Fletcher por cima do ombro e teve que concordar, com um sorriso maldoso.

-Já que hoje é sábado, que tal uma pizza?-ela propôs de repente.

-Pizza?-repetiu ele incrédulo.

-Sabe o que é, não?

-É claro que sim, Watson!-rosnou ele, embora Emily tivesse a suspeita de que ele tinha sua dúvidas.

 

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Leitores, meus caros! Gostaram?

 

E é nesse capítulo que aparece o mais importante da fic (ou da série, se eu conseguir terminá-la), provavelmente vocês já perceberam o que é.

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