Capítulo 3
Depois de o tio Jorge ter xingado o pobre do garoto à beça e o mandado com uma passagem só de ida para a puta que pariu, e Dominique se livrou do Alvo e eu me livrei do Escórpio, os deixando conversar sobre quadribol, nós duas fomos até o quarto da Roxanne.
Chegando lá, ao invés de ouvir soluços e choramingos, nós ouvimos apenas risadas. Gargalhadas muito altas.
Abri a porta, com Dominique em meu encalço.
-ROXANNE!
Ela me olhou furiosa: - VAI GRITAR COM A PORRA DO TEU NAMORADO, LILIAN!
- Calma Rox. Nós só viemos saber se você vai querer uma pílula do dia seguinte ou alguma coisa parecida. – Dominque sorriu.
- Não, obrigada. Eu me preservo ao contrário de vocês duas.
- Mas eu sou uma santa!– exclamei, imitando Dominique que havia se sentado no tapete fofo em frente a cama.
- AHHHH, MUITO SANTA! TÃO SANTA QUE FARIA SEU AVÔ FICAR ORGULHOSO!
- Não grita Roxanne!
- Olha só quem fala. – ela disse, rindo.
- Vai. Chega de ladainha. Conta tudo. Quem era o bofe lindo e maravilhoso que estava com você? – Dominique estava empolgadíssima, como sempre.
- O nome dele era Paul.
- Era?
- Ué, ele ainda está vivo?
- Sim, ele ainda está vivo. Você acha mesmo que eles iriam matá-lo? – perguntei e ela deu de ombros. – Eles não mataram nem o pobre do Escórpio, que é um Malfoy.
Ela parou e fingiu pensar por um tempo.
- Tem razão. Mas que bom que ele ainda está vivo! – ela sorriu maliciosamente.
- Ele é bom? – Dominique perguntou.
- Bom? Ele é ótimo. Sério. Devo ter emagrecido uns cinco quilos. – ela levantou a camiseta mostrando a sua barriga perfeita.
Roxanne era de estatura média, devia ter seus 1,69 de altura. Tinha os cabelos castanhos que desciam até os cotovelos em leves ondas. Os olhos, cor de chocolate, transmitiam um leve brilho malicioso, enquanto que os lábios carnudos lhe davam um ar de boneca de porcelana.
A pele, morena e fina, lhe dava uma cara de moça metida, assim como seu nariz fino e arrebitado. Mas todas essas suas características de princesa não serviam em nada, já que seu jeito era completamente o oposto.
- Vamos fazer um pacto? – Roxanne sugeriu, se sentando ao nosso lado.
- Qual a idéia que nos meterá em encrenca dessa vez? – perguntei, erguendo a sobrancelha.
- Nada demais, ruiva. – ela sorriu. “Nada demais” não era coisa digna de Roxanne.
- Então desembucha mulher, que eu to curiosa! – Dominique exclamou, começando a ficar irritada.
- Vamos fazer um pacto?
- Pacto? Que pacto?
- Nunca iremos esquecer umas das outras, ok? – as lágrimas brilhavam nos olhos dela e pela primeira vez, eu estava vendo Roxanne chorar.
- Claro que não. Toda vez que um gato, estilo Sirius Black passar por mim lá em Beauxbatons, vou me lembrar de vocês. – pronto, também já estava começando a chorar.
- Gente, cabo a melancolia. Vamos ser felizes, curtir os momentos, tomar um porre e, o mais importante, usar camisinha. – Dominique riu de orelha a orelha, mas pude ver o brilho lacrimoso em seu olhar.
Nós nos abraçamos e ficamos assim por alguns minutos, até que a consciência tomou conta da gente.
- Olha aqui, sua saringonça, ai de você se não vier me visitar e me trocar por aquelas veelas da França. – Dominique fez bico.
- Dominique, você é parte veela também.
- Ah, é? Não ligo.
- É mesmo, Lily. Ai de você, sua putinha ruiva e anã, se não me apresentar homens bonitos e franceses e ricos, porque eu não aguento mais ter que cuidar da casa. Lavar a louça não é pra mim. – ela ergueu as mãos, nos mostrando as unhas perfeitas.
- Quem vê pensa que faz alguma merda da vida. Se algum dia suas unhas estiverem ruins, é porque andou arranhando garotos demais. – falei, rindo da cara dela.
- Mandou bem, Lily. To contigo. – a loira balançou os cabelos.
- Agora, nós temos um assunto beeeeem importante, não é dona Delacour?
- O que foi agora, Roxanne?
- Você acha que nós não percebemos, Dominique? – sorri. – Será que além de prima, eu também seria tua cunhada?
Como sempre, demorou alguns segundos até que a ficha dela caísse e ela entendesse do que nós estávamos falando.
- AAAAAAAAAAAAAH, NADA A VER. MEU MERLIN SACUDA VOCÊS DUAS, VIU ? EU E O ALVO NÃO TEMOS NADA, REPITO NADA, UM COM O OUTRO.
- Ahá, se entregou ô boazuda. Eu podia estar falando do Thiago, mas não, tudo o que vem a sua mente é o Alvinho lindhu.
- Você não estaria falando do Thiago, Evans Junior, porque você, assim como eu, tem medo da mente assassina, ciumenta e possessiva da Patrícia.
- Eu não tenho medo de ninguém, entãaaao – Roxanne sorriu. – SE JOGA DOMINIQUE!!! O ALVO É O MAIOR GATO, ARRASA GATA!! PEGA, BEIJA, FAZ TUDO COM ELE!!! SÓ NÃO ESQUECE O PRESERVATIVO.
- To contigo, Rox.
E então, nós duas começamos a rir e irritar a Dominique, a mesma adquirindo vários tons de vermelho e depois, roxo. Talvez até azul.
Não demorou muito para que nós decidíssemos sair. Um passeio só de mulheres. Cada uma foi para o seu quarto se arrumar e combinamos de nos encontrar na sala.
Roxanne, ousada como sempre, usava uma saia preta justa, com uma regata branca com decote generoso em u e uma bota preta nos pés. O cabelo estava solto, com a franja sobre o olho direito.
Dominique estava usando um short jeans curtérrimo (graças a insistência do meu irmão, ela resolvera trocar a saia azul) e uma blusa azul, onde se lia “i love men”, só que com o m riscado. Nos pés, ela usava uma sapatilha azul marinho, com tiras envolvendo o tornozelo. Os cabelos presos em um rabo de cavalo.
Eu, ao contrário delas, usava um short jeans curto, mas não tanto e uma camiseta fina de manga longa, meio folgada e transparente, deixando a mostra parte do meu sutiã preto de renda. Nos pés, usava um all star branco e meus cabelos estavam soltos, com a franja penteada pro lado.
- Vamos? – Dominique perguntou, balançando o rabo e eu não pude deixar de sorrir quando vi meu irmão babando nela.
- Caralho Alvo, fecha a boca antes de babar na minha irmã. – Loius surgiu do meio da crosta terrestre, não sei como, mas surgiu.
- Roxanne. Você está de castigo. – tio Jorge a repreendeu com o olhar.
- Mas pai. – ela vez cara de choro. – A Lilian vai embora! Eu tenho que curtir meus últimos momentos com ela! Vai que ela morre no meio da viagem, como eu vou ficar sabendo que não aproveitei os momentos com ela?
- Isso, bucilga, continue agourando a minha viagem. – reclamei, cruzando os braços.
- A ideia é essa, Lily. Fazer macumba pra você não precisar ir mais. – Dominique sorriu.
- Tá bom, senhorita. Eu deixo você ir. – tio Jorge sorriu. – Mas as dez, quero você aqui de novo.
- Tá bom pai. – ela concordou, beijando-lhe a bochecha. Quem não conhece, pode até pensar que ela era meiga.
Despedi-me do Escórpio, mesmo com ele pegando no meu pé e não querendo me deixar sair e fiz um rápido tchau para Thiago e Patrícia, que estavam indo para o quarto fazer coisas proibidas para menores de 18 anos. Alvo nem ligou para a minha despedida, estava mais concentrado em tentar descobrir de que tecido era feito o sutiã da Dominique, e ela, mesmo que negasse, estava gostando dessa atenção.
Então, Roxanne chamou o Fred, que meio a contragosto soltou os lábios da Thalita (provavelmente, se não a gente não o tivesse chamado, ele seguiria o mesmo caminho do Thiago e da Patrícia) e nos levou até o shopping.
Mas, assim que nós chegamos eu pude perceber que realmente, o mundo não tá pra mim. Na porta do shopping estava o Zabine e a sua belíssima e educadíssima namorada, Layla.
Passei ao lado deles, sem me importar com os olhares do Zabine sobre a minha blusa transparente. Entramos no shopping e fomos correndo buscar a programação do cinema.
- Fala sério, Lily. O Escórpio não tem ciúme do Luke não? – Roxanne perguntou, assim que nos sentamos em uma mesa na praça de alimentação, com o panfleto do cinema na mão.
- Ciúme? Ele tem é vontade de começar a terceira guerra mundial. – Dominique riu da sua própria capacidade de formular frases de efeito.
- Não exagera, vai. Nem é tanto ciúmes assim. – falei.
- NÃAAAAAAAAAAAAAAO. – as duas berraram em uníssono.
Passamos umas duas horas no shopping, até que ligamos pro meu pai e este foi nos buscar.
- Pai? Que cara é essa? – perguntei, pois meu pai não abrira a boca desde que nós entramos no carro.
- Nada. Só estava pensando se mudar para a França é realmente a decisão certa.
- CLARO QUE NÃO, NÉ TIOZÃO. VOCÊ ACHA MESMO? A LILIAN NOS PERTENCE, POXA. ELA É LONDRINA, DOS HOMENS INGLESES. SÉRIO TIO, OS FRANCESES NÃO TEM PEGADA. – Dominique fez um escândalo.
- Como sabe disso, minha cara prima? – Roxanne perguntou, maliciosa.
- Minha mãe me contou. Ela disse até que os ingleses são bem mais potentes e...
- CHEGA, DOMINIQUE! Polpe-me dos detalhes sórdidos.
- Claro, tiozão.
O resto do caminho seguiu em silêncio e assim que eu entrei na casa da minha vó, afinal estávamos passando as férias ali, subi para o quarto da Roxanne, sendo seguida por ela e pela Dominique.
- Vocês não vão me abandonar, não é? Não vão me trocar pelas putinhas loiras, né? – perguntei.
- EEi, olha o respeito!!
- Mals, Dominique. Estava me referindo as putinhas, você é putona mesmo.
Ela me olhou incrédula, enquanto Roxanne ria.
Arrumamos os colchões, os três no mesmo quarto e dormimos ali mesmo. Como se fosse a última noite que eu passaria com elas. As melhores primas e as melhores amigas.
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