1º Dia

1º DIA

 

                       Rony se levantou da cama sem sono. A mais de 4 anos ele não dormia sozinho, ainda mais em um quarto estranho. Rony sentou na cama observando o quarto do hotel, era estranho não estar em casa. Algumas vezes ele se perguntou o que estava fazendo ali, se não estava exagerando demais. Mas aí se lembrava de tantas brigas bobas que teve com Hermione. A ultima tinha sido a gota d’água. Rose já estava com um pouco mais de três anos e já estava começando a ficar sentida com todas as brigas. Na época de Hogwarts era normal eles brigarem tanto, quando começaram a namorar também. Mas agora estava casados, e tinham uma filha, não era certo ficarem brigando por coisas bobas.

 

*FLASHBACK*

 

- Você não vai me responder Hermione? – Rony perguntou nervoso subindo as escadas atrás de Hermione.

- Não Ronald, eu não vou. Já te expliquei mais de mil vezes e você não acredita em mim.

- Como acreditar? Todos os dias essa maldita coruja vem no mesmo horário, te entregar uma carta da mesma pessoa.

- São negócios Ronald! N-e-g-o-c-i-o-s! Você sabe muito bem que é isso... não se faça de bobo.

-É eu devo ser muito bobo mesmo, deixando minha esposa trocar cartas com seu ex namorado de escola na minha própria casa.

- Não fale como se isso fosse uma traição Ronald! – Hermione entrou no quarto e parou na porta.

- E não é?! O que você acharia se eu começasse a trocar cartas com Lilá? Hein?!

- Victor é o meu chefe no ministério, e você sabe muito bem disso! – Hermione aumentou o tom de voz ficando realmente com raiva. – Quando aceitei o emprego você estava ciente disso.

- É mas não pensei que chegaria a tanto, trocar cartas com ele... nem quero imaginar o que mais vocês fazem…

- ESTÁ INSINUANDO O QUE? – Hermione se aproximou dele com raiva.

- NÃO ESTOU INSINUANDO NADA. POR QUE? VOCE TEM ALGUM MOTIVO PRA FICAR COM A CONCIENCIA PESADA?

- Não me trate como se eu fosse uma qualquer Ronald. – Hermione pegou o livro em suas mãos e bateu no ombro de Rony. – Sou uma mulher casada, e sou mãe. E mesmo se não fosse, eu não teria nenhum tipo de relacionamento com meu próprio chefe a não ser profissional.

- Bom, já não sei mais se acredito nisso.

- VOCE ESTÁ ME OFENDENDO!

- VOCÊ ME OFENDE TROCANDO CARTAS COM ELE.

- RONALD VOCE É TÃO INFANTIL! – Hermione virou as costas para ele e entrou no quarto.

- EU NÃO TERMINEI! – Ele gritou com raiva.

- MAS EU SIM! – Hermione bateu a porta antes que Rony pudesse entrar.

- MAS QUE DROGA! – Ele gritou chutando a parede.

- Chegamos em um mal momento? – Gina apareceu segurando a mão de Rose e Harry ao lado com James no colo e Tiago ao lado.

- Na verdade sim! – Rony disse frio.

- Amor, leve Rose e as crianças lá pra baixo. – Harry falou beijando o rosto de Gina e ela afirmou com a cabeça.

- Vamos crianças, vamos abrir alguns sapos de chocolate. – Gina falou pegando James do colo de Harry.

- Oba! – Tiago e Rose falaram juntos e os quatro desceram para a cozinha.

- Rony… o que está acontecendo com você e Hermione?

- Não sei Harry. Sinceramente não sei.

- Vocês estão brigando muito nos últimos dias. Gina e eu observamos Rose hoje, e ela parece triste. Vocês não podem continuar agindo como se ainda tivessem 17 anos. Vocês dois tem uma filha para cuidar, não podem ficar discutindo todos os dias.

- Eu sei Harry! Mas é que, Hermione me deixa louco…Argh! Eu odeio quando ela faz esse tipo de coisa e ela sabe disso.

- Mas vocês dois tem que aprender a conversar.

- Não sei se isso funcionaria.

- Vocês já tentaram?

- Não.

- Então tente. Vou ajudar Gina com as crianças, vou tentar entreter Rose o máximo possível para vocês dois conversarem. – Harry bateu no ombro do amigo e desceu as escadas. Rony respirou fundo e tomou coragem para bater na porta.

- O que você quer? – Hermione perguntou detrás da porta.

- Podemos conversar? – Rony perguntou com a voz baixa e com um aceno de varinha Hermione abriu a porta. Rony entrou no quarto e Hermione estava sentada na cama abraçada a um travesseiro, como se ainda tivesse doze anos de idade. – Hermione… - Rony se sentou ao lado dela. – Não podemos continuar assim… Rose… não pode nos ver brigando tanto. Ela é apenas uma criança.

- Eu sei Rony, mas é que as vezes você me tira do sério.

- Você também me tira dos sério as vezes. – Rony riu. – Eu sei que tenho que aprender a me controlar, mas você tem que me ajudar.

- Mas você não entende Rony… eu sei que você tem ciúmes de Victor, mas eu não posso simplesmente ignorar as cartas dele, é o meu trabalho.

- Sim, eu sei. Me desculpe.

- Tudo bem, eu vou tentar pedir para ele parar um pouco com as cartas.

- Ótima idéia. – Rony sorriu e a beijou. – Eu te amo.

- Eu também te amo Rony. – Hermione sorriu e puxou Rony para cima dela. Com um aceno de varinha Hermione fechou a porta do quarto, e Rony continuou debruçado sobre seu corpo a beijando. Ele passou a mão por baixo de sua blusa e Hermione lhe deu um sorriso maroto.

- Faz um tempinho não é... – Rony falou com uma voz sensual.

- Sim... quer aproveitar que Harry e Gina estão cuidando de Rose? – Hermione perguntou maliciosa.

- Não precisa nem perguntar. – Rony sorriu e voltou a beijá-la. Ele se virou na cama e colocou Hermione em seu colo. Os dois sorriram maliciosos mas antes que pudessem fazer mais alguma coisa, ouviram alguém bater a porta.

- Droga! – Rony falou arrumando a camisa.

- Calma amor, ainda teremos tempo. – Hermione sorriu se levantando da cama e arrumando o cabelo. – Pode entrar!

- Desculpe atrapalhar os pombinhos, mas nós precisamos ir. – Gina falou rindo e Rose entrou correndo no quarto pulando no colo do pai.

- Ah, claro. Obrigada por cuidarem de Rose hoje. Eu tive muito trabalho aqui e Rony não conseguiria tomar conta dela sozinho. – Hermione e Gina riram.

- Não tem problema, nos divertimos muito hoje não foi Rose? – Harry perguntou olhando para a afilhada.

- Sim tio Harry! Obrigada! Obrigada tia Ginny. – Rose disse com uma voz suave.

- Não foi nada meu bem! Até mais. – Gina falou e Rose correu para abraçá-la.

- Eu acompanho vocês até a porta. – Hermione sorriu e desceu com os dois. Harry foi o ultimo a sair do quarto, sorrindo para Rony como se dissesse: “eu estava certo”.

                Depois de acompanhar Harry e Gina até a porta, Hermione voltou para o quarto e os três passaram a tarde de domingo juntos. Rose contava empolgada como foi o dia com Harry e Gina, e os três faziam planos para as férias, queriam viajar para algum lugar especial. Depois de planejarem as férias, Rose adormeceu no colo de Rony.

- Deve ter tido um dia cheio. – Hermione sorriu acariciando os cabelos da filha.

- É, e nós também tivemos. Merecemos um descanso não?! – Rony sorriu piscando para ela.

- Coloque Rose no quarto. – Hermione sorriu e se levantou da cama. Rony foi até o quarto de Rose e a colocou na cama, cobrindo-a e lhe dando um beijo de boa noite. Ele deixou a porta um pouco aberta como sempre fazia, e depois voltou para o seu quarto.

- Hermione, cadê você? – Rony perguntou olhando para os lados e Hermione apareceu com uma lingerie vermelha muito sexy. – Uau! Moça, é melhor andarmos logo com isso antes que minha mulher volte para casa. – Rony brincou se aproximando de Hermione e a abraçando pela cintura.

- Então vamos logo com isso! – Hermione agarrou seu pescoço e Rony a pegou no colo levando-a para a cama. Ele a deitou e começou a beijar seu pescoço. Hermione entrelaçou suas pernas no corpo dele enquanto passava as mãos pelo seu cabelo. Rony foi descendo as mãos pelas costas de Hermione até que começou a desabotoar a lingerie. Hermione foi respirando mais forte ansiosa, até que Rony parou ouvindo um barulho na janela.

- Ah quem será agora? – Rony perguntou caindo na cama decepcionado.

- Calma, é só uma coruja. – Hermione vestiu o roupão e abriu a janela pegando o bilhete. A coruja pousou na janela enquanto Hermione começou a ler.

- Mas... essa coruja é do… Ah ótimo! Agora além de atrapalhar nossa vida ele tem que atrapalhar o único momento íntimo que temos a dias. – Rony falou nervoso.

- Rony! – Hermione chamou sua atenção enquanto terminava de ler o bilhete.

- O que ele quer agora? – Rony perguntou impaciente. Hermione o olhou pensativa e ao mesmo tempo decepcionada. A coruja logo saiu de sua janela e voou de volta para o dono. Hermione fechou a janela e sentou na cama, entregando o bilhete para Rony.

                “ Querida Hermione,

          Sei que tinha lhe prometido que no próximo mês você teria duas semanas de férias para aproveitar sua família. Mas sinto lhe informar que terá que adiar. Estamos com muito serviço e eu pensei que conseguiria resolver sozinho, mas não consigo sem você. É a funcionária mais experiente e competente que tenho, e espero que possa me ajudar.

                                                                                       Atenciosamente, Victor Krum.”

 

       Rony terminou de ler o bilhete com os olhos pegando fogo. Ele o amassou e o jogou do outro lado do quarto.

- Ron…

- Você não vai aceitar não é mesmo?

- Rony… você tem que entender…

- Eu não acredito! Hermione são as nossas férias! Estamos planejando isso a meses, e com certeza esse idiota com cérebro de hipogrifo sabe disso!

- Sim Rony, mas eu não posso simplesmente largar tudo.

- Então é isso... você prefere fazer o que ele pede do que viajar com sua família?

- Rony deixa de ser infantil e me entenda! Pra você é fácil, você é um auror e seu chefe é o seu melhor amigo. Pode fazer o que quiser a hora que quiser. Mas eu não. Eu não tenho toda essa liberdade.

- E a qualquer momento eu posso ser chamado para uma missão e posso não voltar mais.

- Rony não fala isso…

- Mas é verdade! E mesmo assim eu faço o possível para ficar ao seu lado e ao lado de Rose. Não pense que é fácil só porque Harry é meu chefe, e sim porque eu sei separar a hora de trabalhar e a hora de passar um tempo com a minha família.

- Você tá querendo dizer o que ? Que eu não passo tempo suficiente com a minha família?

- Exatamente isso. Fica o dia inteiro trancada no escritório trocando cartinhas com o Vitinho e o tempo que temos para ficar a sós esse idiota nos atrapalha de novo.

- Você está exagerando Ronald..

- Antes fosse exagerado – Rony aumentou o tom de voz.

- Não me trate como se eu não me importasse com você e com Rose. – Hermione também aumentou a voz.

- SE VOCE SE IMPORTA ENTÃO DEMONSTRE! POR QUE NÃO É O QUE PARECE.

- NÃO FALE ASSIM COMIGO! – Hermione gritou de volta e os dois se olharam com raiva.

- Mamãe, papai... vocês estão brigando de novo? – Rose apareceu na porta passando as mãos nos olhos, sonolenta.

- Amor, volta pra cama… - Hermione falou tentando se acalmar.

- Não consigo dormir com vocês gritando e brigando. – Rose falou inocente.

- Vamos, o papai deita com você até você dormir. – Rony falou e Rose fez que sim com a cabeça. – Vai indo que eu já vou. – Rose se virou e voltou para o seu quarto.

- Rony…

- Hermione, não tá dando certo.

- O… o que você quer dizer com isso?

- Não consigo mais fingir que estou bem com essa situação. Não podemos continuar brigando. Rose não merece isso. E acho que se eu continuar aqui nós vamos sempre ficar brigando.

- Tá dizendo que vai embora?

- Sim.

- Assim, de repente? Só por causa disso? Que eu me lembre antes de dizer “eu aceito” você disse que prometia me amar na alegria e na tristeza.

- Eu não disse que não te amo. – Rony foi até o armário e pegou uma mala, com o aceno de varinha suas roupas foram se colocando dentro dela. – Só não consigo mais conviver assim.

- Então você vai desistir, simples assim? – Hermione perguntou segurando as lágrimas.

- Já resisti por muito tempo Hermione. Agora não da mais. – Ele se aproximou e beijou sua testa. – Me desculpe. – Rony se virou e Rose estava parada na porta do quarto, com o rosto molhado pelas lágrimas.

 

*FIM DO FLASHBACK*

 

                      Hermione se virou na cama sem conseguir dormir. Ela olhou para a filha deitada ao seu lado e acariciou seus cabelos. Nunca imaginou que seu casamento fosse terminar assim. Mas Hermione tinha que admitir que estava realmente exagerando muito no trabalho. Ficou imaginando como seriam as férias se ela tivesse ignorado a carta de Victor. Em poucas semanas eles provavelmente estariam na beira do mar, ajudando Rose a montar um castelo de areia. Ela não poderia deixar que seu casamento terminasse assim. Tinha que fazer alguma coisa, e rápido.

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