Instigados



Esperei ela se afastar um pouco antes de segui-la. Caminhava com mais calma, porém minhas pernas longas me ajudavam a mantê-la sob meu olhar. Não planejava atrair sua atenção novamente para mim, mas queria ver e saber o que ela faria.


Voltamos onde minutos antes havia ocorrido a briga e percebi que a reunião de pessoas, que se iniciara para ver a troca de socos, se dispersara. Sem minha presença ali, todos deviam ter percebido que não haveria mais nenhum show gratuito de luta livre.


O local estava praticamente deserto, as pessoas deviam ter optado por ficar definitivamente dentro dos estabelecimentos, pois andar pelas ruas se tornara, além de cansativo e frio, sujo.


A neve pisada, principalmente pelos estudantes de Hogwarts com seus pés ávidos, se tornara uma mistura de gelo derretido e terra, as pegadas se tornando poças de lama. Pés pequenos, grandes ou em formatos esquisitos, todos haviam passado ali, e aumentado a sujeira.


Ela andava tentando desviar de tais poças, porém suas vestes longas se arrastavam, manchando o bonito tecido, e quando chegou exatamente no ponto onde estivera antes, me impedindo de meter mais um soco naquele idiota, parou derrepente, me levando a fazer o mesmo.


Fiquei olhando ela se abaixar, dobrando os joelhos e deixando as vestes ainda mais sujas, para pegar algo. Ela voltou a ficar ereta num gesto rápido, trazendo nas mãos um objeto que pingava gotas escuras. No seu olhar, havia desalento perante a visão de seu livro destruído.


Depois de alguns segundos daquela triste observação, enquanto as gotas ainda escorriam, sua atenção foi retirada do volume, assim como a minha dela, devido a aproximação do mesmo rapaz que estivera antes com ela.


Ele parou ao seu lado e também fitou o papel encharcado, disse algo que não pude ouvir, e se aproximou mais do objeto em suas mãos. Ela se virou para ele e respondeu algo, que novamente não pude ouvir, por mais que tentasse.


Eles ficaram em silencio por alguns segundos e quando ela voltou a falar, fitou o livro uma ultima vez, antes de lança-lo a lama de onde o havia recolhido. Saiu dali, caminhando em direção ao castelo, sendo rapidamente seguida por ele.


Esperei saírem de meu campo de visão antes de voltar a andar. Cheguei até o livro no chão e o peguei como ela fizera. Olhei para os lados e não vi ninguém. Juntei aquilo da melhor forma que pude, o guardei no interior de meu casaco e o fechei contra meu corpo.


Enquanto também fazia o percurso de volta a Hogwarts senti a umidade passar pelo tecido e me tocar, mas não me abalei. Fiz todo o percurso com uma lentidão calculada, como se de outro modo pudessem perceber o que fazia. Que carregava um livro velho, que não fazia a menos idéia sobre o que falava, e que estava destruído, muito provavelmente, sem chances de reparo.


Quando, enfim, cheguei a meu dormitório, fui direto para o banheiro. Tranquei a porta e puxei as veste para tira-las de meu corpo, tendo o cuidado de remover o livro antes e coloca-lo sobre o balcão da pia.


A agua suja havia atravessado todo o tecido que separava o livro de minha pele, havia marcas irregulares de lama em minha camisa e meu casaco, até a gravata recebera sua porção de sujeira.


Entrei no espaço do chuveiro após me livrar do resto das roupas e me banhei, lavando principalmente o local onde aquela mistura me tocara. Poucos minutos depois saía da ducha, totalmente intacto. Me sequei cuidadosamente e enrolei a toalha em meu corpo antes de voltar a atenção ao livro sobre a pia.


Ele parecia ainda mais melado e sem condições de reparo que antes. Era estranho que isso houvesse acontecido. Livros normalmente recebiam feitiços que aumentavam sua durabilidade e lhe conferiam proteção, o impermeabilizante tendia a ser o primeiro a ser lançado em toda obra publicada, mas aquele sucumbira tão facilmente como se não fosse nada além de papiro comum.


Franzi a tez ao finalizar este pensamento, me aproximei do objeto e pela primeira vez o olhei detidamente. O livro tinha uma mancha no canto esquerdo superior que descia por um grande espaço até quase a base. Apenas um cantinho verde na direita inferior se mostrava seco.


 Queria descobrir o nome daquela obra, mas a inscrição, num relevo leve, estava ilegível, e nem mesmo, após tocar aqueles vincos e percorre-los com os dedos, pude identificar os dizeres ali presentes.


Uma coisa ficou clara para mim naquele momento: aquele era um livro trouxa. Não havia magia alguma ali. Fosse de proteção, ou qualquer outra. Ele estava ‘limpo’, se é que podia dizer isso de algo tão imundo.


Fiquei paralisado por alguns segundos. Pensando o porquê de uma Greengrass andar por ai com livros trouxas. Sabia que minha tez franzira ainda mais, pois podia vê-la através do espelho a minha frente.


Percebi que já me demorava demais no cubículo ao ouvir ruídos do lado de fora. Peguei o livro, passei a vista ao redor e com a toalhinha creme posta ali para secarmos o rosto, o enrolei.


Antes mesmo de me vestir, eu guardava o livro e seu involucro dentro de meu malão, sem ainda entender o que fazia.




N/A: Olá people de my life! Mais um capítulo postado! \o/  


Espero que gostem! E queria pedir a todos que estão lendo algo que não me recordo ter pedido antes: COMENTEM! Quero saber o que estão achando, se a fic tá boa ou não. ]Adoro os comentários de Lana e Neuzimar, mas ver uma outra pessoa comentando seria muito bom, afinal eu sei que há mais pessoas, além delas, lendo isto. Então não deixe de opinar! ;)
 


Respondendo:
 


Laninha, minha flor, que empolgação! Musa inspiradora foi demais! kkk E sim, fique ligada nos detalhes, apesar de eu acreditar que ninguém irá sacar a história de Ast até que tudo aconteça. Mas não custa tenta descobrir, até aceito uns chutes! E aguardo ansiosa sua lista! Beijos!
 


Neuzimar, sim, você tá caminhando pelo rumo certo sobre os motivos que fazem com que o casal se aproxime e estabeleça toda a relação que vai surgir. Quanto ao quesito financeiro, não vejo os Malfoy em falência. Não imagino algo como o Ministério congelando bens e coisas do gênero. Acredito que sofram alguns baques nesse quesito, mas que de algum modo a fortuna não se perca por completo. E todos os momentos difíceis devem realmente existir, apesar de eu considerar que Draco, nesta fic, ainda os sinta de forma mais branda por estar em Hogwarts, contando com a proteção de uns poucos. Mas os sente, de uma forma ou de outra, assim como Ast *mistério/calando a boca*. Fico muito feliz que esteja gostando! Ah, obrigada pelas indicações, as fics da Van e do Thomas não são novas pra mim, mas vou dar uma olhada nas outras com toda certeza! Beijos!
 


Muito obrigada por comentarem! 

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Comentários (3)

  • Neuzimar de Faria

    Finalmente, consegui ler, aff! Internet com problemas por aqui. Mas, sim, gostei e muito do capítulo. O que será que o Draco pretende com aquele livro? Somente algo da Ast para ter por perto? Huummm ...E a história dela, ela é puro sangue, familia tradicional ao que parece. Mas parece tão triste! Um livro trouxa ... Ela é nascida trouxa e seus pais foram mortos por comensais? Foi adotada por aqueles que mataram seus pais, como aconteceu com várias crianças durante a ditadura na Argentina? Ai, acho que viajei. rsrsrsrs 

    2013-04-18
  • Lana Silva

    kkkkkkkkkk eu ainda não fiz a lista...Mas farei, farei.  Amei o capitulo, eu não estou sacando ainda a história da Ast, mas estou tentando descobrir o porque de ela carregar um livro trouxa e porque não enfeitiçado, passou uma coisa pela minha cabeça, mas é totalmente descabido. Mas acho que como os capitulos tem a ver com os dois a Astoria realmente passou ou passa por uma situação semelhante ao do Draco só que de maneira diferente - não sei se pode entender isso... . Agora algo que me preocupa é o que eu pensei que apesar de ser descabido pode ter algo a ver - ok não tem, mas tenho que dizer kkkkk - pensei na Astoria ou ser um aborto - eu sei, descabido - ou não poder estar ai por algum motivo. Não sei ao certo dizer, acho que tentarei descobrir isso com os próximos capitulos, mas por enquanto é isso, fico fazendo algumas terorias sobre ela. Gostei muito do capitulo.Beijoos! 

    2013-04-15
  • Dorcas Potter

    Parabens,vc escreve super bem e a historia está linda *-*

    2013-04-14
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