Parte 1



Harry andava sozinho pelas ruas de Londres, com seus 19 anos, não tinha muito do que se orgulhar na vida amorosa. Depois de suas desventuras no sexto ano com a garota, cujo nome e nem se quer gostava de pronunciar e no sétimo ano o namoro duradouro com nada menos que Gina Weasley, agora sua vida pacata, nada mais era do que um novo universo. Depois de ir até o Gringots fazer uma retirada, decidiu ir ao Caldeirão Furado beber alguma coisa, era Sábado e não havia nada para ser feito, tinha sido dispensado por seu chefe por todo o fim de semana, Gina estava trabalhando no Ministério e Rony e Hermione tinham acabado de viajar em lua-de-mel; mais uma vez estava sozinho.



Sentou-se próximo ao balcão, não demorou muito e foi atendido, o novo dono do Caldeirão Furado era um velho rabugento e mal cheiroso. Pediu uma cerveja amanteigada. Gole a gole tomava devagar e sem vontade alguma, sentia-se vazio. Não haviam muitas pessoas ali naquela tarde, girou o banco, ficando de frente para a porta. Um tempo depois já cheio daquele lugar, pagou a conta e estava prestes a se levantar para tomar seu caminho para casa. A porta se abriu, entrou uma figura encapuzada e baixa. Sentou-se no banco ao lado.



insensível

não há senão se estamos

juntos ao ar livre

se tudo o que vê

é obscuro

e êxtase é o que

você prefere

corra, corra





- Um Wisk de fogo por favor – no mesmo instante Harry reconheceu de quem se tratava.



O sutil descer do capuz pareceu ser feito em câmera lenta, era ela, não havia dúvida, três anos passados e ela nada mudara, continuava jovem e bela, seus embriagantes olhos negros que a faziam parecer mais velha e séria do que realmente era, os cabelos ondulados e os lábios carnudos e apetitosos, com a única diferença de uma pequena cicatriz no canto da boca, mesmo assim ofuscada pela perfeição de todo o resto. Se encararam, um tão surpreso quanto o outro.



- Sophia – sussurrou apenas, não sabia se sorria ou chorava.

- Harry – disse ela simuladamente com um aceno da cabeça.

- Faz muito tempo.

- Faz sim – disse tomando um gole do wisk que o garçom lhe entregara.

- Então, o que tem feito?

- Sou agente do Ministério Francês, e você? – aquela conversa estava estranhamente calma.

- Auror.

- Interessante – tomou outro gole.

- Bom, não nos vemos a tanto tempo, porque não vamos dar uma volta, conheço um parque ótimo aqui perto – disse Harry com um sorriso apreensivo.

- Tudo bem.



Sophia pagou a conta e abandonou ali mesmo o copo de Wisk. Andaram pela Londres trouxa até um pequeno parque próximo, era inverno e nevava muito. Caminhavam devagar olhando para os lados, como que a procura de um motivo para dar a primeira palavra.



insensível

num estado deplorável

ser aquilo que

amei e odiei

talvez viaje para o

outro lado que imaginamos

vamos escorregar

em luvas de veludo

e ficaremos insensíveis





- Está nevando bastante – disse Sophia.

- Está mesmo, creio que teremos uma nevasca esta noite, o tempo em Londres anda muito estranho sabe.

- Não nos vemos a três anos e estamos falando da neve – disse ela rindo com ar sarcástico.

- Então sobre o que falaremos?

- Sobre nós.

- E o que há para se falar, você não aceitou namorar comigo e no dia seguinte deixou uma charada escrita com o seu sangue numa parede – disse secamente, por mais que não quisesse, seu sofrimento o obrigava a repreende-la.

- Se eu tivesse mesmo acreditado no que aquela velha bruxa disse, minha resposta teria sido outra – e o encarou profundamente como costumava fazer para manter-se no controlo, sem pedir, mas ordenando com os olhos – eu era uma menina assustada perto de você.

- Pois não era nada disso que demonstrava, se fosse assim realmente não teria fugido com ele.

- Como foi seu último ano na escola? – perguntou ela mudando de assunto, seus cabelos ao vento e seu rosto sereno nada combinavam com a situação.

- Foi bom – disse lembrando-se de Gina, mesmo assim não sentia receio de a estar traindo, sabia em seu intimo que aquela simples conversa avançaria de alguma forma. Por mais que gostasse dela, era Sophia quem ele amava – Namorei Virgínia Weasley, mas nunca foi a mesma coisa.

- Ainda estão juntos?

- Sim.

- Bom para vocês, devem formar um belo casal – disse sem ao menos demonstrar ciúmes.

- Sim, ela é uma jovem encantadora.

Caminharam por mais algum tempo, a neve estava começando a ficar forte.

- Acho melhor irmos para algum lugar, desse jeito você vai ficar gripada.

- Não se incomode, eu moro aqui perto, acho que vou indo pra...- ela conseguiu dar apenas alguns passos, Harry segurou-a suavemente pelo braço.

- Por favor, não vá Sophia.



Seu corpo inteiro se arrepios num êxtase e calor que não sentia a muito tempo, o gosto ardente dos lábios dela. Foi apenas um roçar de lábios, mas que o deixou pegando fogo. Suspirou e sorriu, sentia-se como um adolescente outra vez.



- Você não sabe o quanto eu esperei por isso – disse, mas ao perceber o olhar impassível de Sophia, sua felicidade desmoronou – O que foi?

- Harry, eu estou casada – sussurrou ela de cabeça baixa, não conseguia encara-lo.



Um longo tempo se passou, o vento uivava, e o farfalhar das folhas das árvores tomavam conta do silencio apreensivo entre os dois. “Ela está casada! E agora o que eu faço?” Harry se perguntava, amava de mais aquela mulher para deixa-la fugir de seus braços outra vez.



- Eu não ligo – disse aproximando-se dela, forçando-a a encara-lo – e, por favor, não me peça pra esperar ou deixar você em paz, simplesmente não posso.

- Não é tão simples assim.

- O que não é tão simples? – perguntou ele.

- Eu estou casada, você está com a Weasley, não podemos arriscar tudo por um momento, nós tomamos caminhos diferentes Harry – cruzou os braços, estava tremendo de frio – juntá-los agora mudaria tudo.

- Bom....- gaguejou procurando alguma desculpa convincente para impedi-la de ir embora – isso não quer dizer que não podemos simplesmente ser amigos não é?

- E você conseguiria ser apenas meu amigo? – disse ela lhe dando as costas.



Harry ficou ali, parado enquanto ela andava a passos duros para longe dele. Sentiu uma lágrima escorrer por sua face gelada. “E você conseguiria ser apenas meu amigo?” Aquelas palavras ecoaram por sua mente durante o resto do dia, sabia a resposta.



Insensível

tem o estilo da mãe

mas é uma criança para mim

então

insensível

acha que está

onde devia

mas será que está

no lugar certo?



Subiu as escadas com certa dificuldade, e quando entrou em casa tirou o casaco e se jogou no sofá, mal podia acreditar no que acabara de acontecer. “Por que, por que junto agora que tudo estava dando certo ele tinha que aparecer?” Perguntava-se. Seu casamento estava indo bem, ela e Nickolas estavam morando numa mansão em Paris, e as vezes por causa do trabalho passavam um ou dois dias em um apartamento no cetro de Londres, onde ela se encontrava nesse momento.



Levantou-se e foi até a cozinha, precisava beber alguma coisa para se acalmar. Infelizmente não havia nada além de água e uma única garrafa de vinho, achou melhor deixa-la para outra hora. Sem sabe o que fazer, tomou um banho quente e sentou-se perto da janela, olhando para a rua lá em baixo, já estava escurecendo e nevava muito forte. Pensou em Harry e em seu ultimo ano em Hogwarts, tantos acontecimentos ruins, tantos momentos intensos seguidos por olhares tristes vindos dele, “eu o fiz sofrer muito” foi a conclusão que tirou, e espantou-se consigo mesma pelo tempo com que demorara para chegar até ela.



A campainha tocou, apreensiva, pegou a varinha de cima da cama, vestiu um roupão e foi atender a porta, ninguém em Londres sabia onde ela morava e Nickolas estava em Paris.



Tão surpresa quanto apavorada, não sabia o que dizer, então ficou encarando-o em silêncio, esperando que dissesse algo.

- Não, eu nunca conseguirei ser só seu amigo. Posso entrar? – pediu ele corando violentamente, era o mesmo menino tímido de sempre.

Ela afastou-se para ele entrar, não disse nada. A não ser o fato dela estar apenas de roupão aquela visita podia ser considerada só uma cortesia. Ele sentou-se no sofá.

- Aceita beber um vinho? É a única coisa que tenho. – disse ela secamente.

- Claro.

Ela serviu e sentou-se na poltrona em frente, evitando ficar próxima dele. Tomou um longo gole, procurando se acalmar.

- E então? O que aconteceu durante esses três anos? Você não parece ter mudado muito. – começou ele depois de muito tempo calados.

- Apenas tentei refazer a minha vida, terminei o ultimo ano na França, me casei, consegui um emprego, comprei esse apartamento, coisas normais e você?

- Bom, me formei no curso intensivo para aurores do Ministério e estou no ramo há um ano. Por enquanto moro numa pensão não muito longe daqui.

- Interessante – disse levando a taça aos lábios devagar, ele a olhava hipnotizado – se me dá licença um instante Harry, vou até o meu quarto trocar de roupa.

- Ah....claro.



Sentiu os olhos dele a seguindo até o corredor, indiferente, abriu a porta do cômodo e desceu o roupão pelo corpo, a roupa estava sobre a cama. Ficou alguns segundos parada, tentando por em ordem seus pensamentos. Ouviu passos se aproximando, virou devagar a cabeça, lá estava ele, encostado a porta, os olhos úmidos a fitando apreensivo e sem fôlego. Esquecendo-se de que estava nua (de costas para ele). Ele ficou vários minutos calado, apenas a olhando, parecia perplexo. Num ato espontâneo Sophia puxou os cabelos para frente.



- Essas cicatrizes...- gaguejou ele mirando as costas dela – são...- aproximou-se aos poucos, parando a poucos centímetros dela.

- Pode tocar se quiser.



Sentiu os labios dele beijarem seu ombro, seguido um arrepio, ele continuava a beijar-lhe as costas e deslizar delicadamente suas mãos pela sua cintura.



- Você tem certeza disso Harry - sussurrou ela.

- Tenho, nunca tive tanta certeza sobre nada antes - disse ele virando-a e a beijando longamente.



As mãos dele passeavam por todo e seu corpo, nunca havia se sentido assim, nem mesmo com Nickolas. As bocas se soltaram e ele a encarou profundamente, excitado, apaixonado, inexperiente.

Ela lhe sorriu quando percebeu que não sabia ao certo o que fazer, afastou-se um pouco e começou a tirar seu casaco, depois afrouxou a gravata e começou a desabotoar a camisa.



Harry sentia pequenas pulsações conforme as mãos dela escorregavam cada vez mais para baixo de seu abdômen, jogou a camisa longe. Apesar do frio em que sem encontrava o quarto nenhum dos dois parecia o sentir. Fechou os olhos e soltou um longo suspiro de prazer quando ela desabotoou sua calça, estava apenas vestindo as roupas de baixo.



Num impulso, pegou-a no colo e a deitou suavemente na cama. lá estava Sophia Neveu, a garota que ele amava, deitada nua a sua frente parecendo tão tensa quanto ele.



- Você parece um garotinho assustado me olhando desse jeito - disse ela em tom amável.

- Eu....eu apenas...



Mesmo que quisesse Harry nunca teria conseguido terminar aquela frase. Ela projetou-se para frente e o puxou de modo que ela sentou-se no seu colo em cima da cama, ela respirava fundo perto da garganta dele, lhe causando calafrios.



O que aconteceu depois nenhum dos dois conseguiu se lembrar com clareza.



minha, minha

garotinha triste

estou pensando em você

minha, minha

garotinha triste

fiquei tão cansado

que estou com

medo de você

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