Um dia não muito bom.
Diário de Lily:
18 de agosto de 1975:
Após mandarmos de volta Zeus para o seu dono, eu e Marlene conversarmos um pouco. Nossa!!! Colocar um nome desses em uma coruja, só poder ser o Sirius mesmo. Ele tem uma imaginação muito fértil.
Desculpe-me diário, eu demorei a voltar a escrever, por que esses dias foram muito bagunçados e conturbados. Há uma semana, alguns tios e primos muitos próximos da Marlene foram assassinados pelos seguidores de Vol... ahh, desculpa, eu não consigo falar o nome, nem mesmo escrever. Eles foram assassinados pelos seguidores de Você-sabe-quem. Esse louco está tomando conta de tudo e as pessoas que não entrar no jogo são massacradas. Infelizmente, eu estou na mira deles, porque sou nascida trouxa.
Mas depois que eu terminar a escola, eu quero entrar para a academia de aurors. Para poder lutar contra toda essa atrocidade.
Minha amiga e seus familiares estão arrasados. A família dela e outras famílias puros-sangues que são contra esses assassinos são os alvos principais de Você-sabe-quem. Depois desse ocorrido, Marlene mudou muito. Ela diz que vai aproveitar cada momento da vida, por que não sabe o que pode acontecer com o dia de amanhã. Desde o velório, eu pedi para a minha mãe me deixar ficar aqui para fazer companhia para minha colega.
Aos poucos ela esta melhorando do susto, mas é claro que depois desse episodio irá ficar uma ferida no coração.
Nesses dias a Marlene não para de falar do Potter. Isso me deixa numa raiva. Ta bom, ele é bonito e tal, mas ele é o Potter. O arrogante, o idiota, o infantil, o bagunceiro, o galinha,......
No dia do velório, ele estava lá com os pais dele. Mas você acha que a Marlene falou para eu consolar ele. Eu nem acreditei quando ela falou. Eu percebi que ele não queria chorar na frente das pessoas, mas ele tinha chorado na casa dele, porque os olhos dele estavam vermelhos.
Vou contar tudo o que ocorreu naquele dia.
Flashback:
As gotas de água da chuva que cai lá fora batiam contra o vidro da janela do meu quarto fazendo um som sincronizado me deixando com um tédio enorme. Eu queria caminhar lá fora, mas por puro azar o vento começou trazer nuvens escuras encobrindo todo céu claro que existia há dois minutos.
Como eu não posso sair agora, eu vou esperar a chuva passar enquanto eu arrumo o meu quarto. Não é normal ver o meu quarto bagunçado e ele esta dessa maneira, pois eu tinha chegado de uma viagem onde fui visitar umas primas minhas com os meus pais e minha “querida” irmã.
Percebendo que a chuva não estava passando, fui até a janela e olhei o céu. Está tão esquisito. O dia estava com sol forte e do nada começa a chover. Mas senti um arrepio estranho subir pela minha coluna. Não um arrepio de prazer e sim um arrepio de medo. Essa chuva me lembra somente uma única pessoa. Uma pessoa que eu nunca conheci e temo conhecer. Voldemort.
Balancei minha cabeça numa tentativa de esquecer esses pensamentos, mas nesse momento eu escuto um grito vindo do quarto da cozinha. No momento eu parei, não sabia o que fazer. Olhei em volta do meu quarto e achei o que estava procurando. Minha varinha.
Sai correndo do meu quarto e desci de dois em dois os degraus da escada que dava para a sala. Já na sala, me viro para a porta que dava para a copa. Chegando à copa com a varinha em punho, me deparo com a seguinte cena: minha irmã, Petúnia, com uma cara de mistura de nojo e medo estava em cima mesa e minha mãe, no chão, com medo. As duas estavam olhando para o mesmo ponto. Quando me dei conta, elas estavam olhando para uma pequena criatura que estava perto de uma cadeira tombada. Essa criatura era o elfo da família da Marlene.
– Hunters, o que você faz aqui? – Eu perguntei ao elfo.
– Me desculpe Srta. Evans. Hunters não queria assustar essas pessoas. Hunters só queria dar uma notícia urgente para a Srta. Evans. A dona de Hunters pediu para Hunters vim aqui....
– O que é esse bicho estranho? É uma aberração igual a você. Por que você traz essas coisas para dentro de casa? Imagine se meu namorado estivesse aqui e visse isso? – falou Petúnia interrompendo o elfo de continuar o que falava.
Com uma reverencia exagerado, Hunters continuou:
– Hunters peça desculpas a família de Evans. Hunters necessita de falar com a Srta. Evans urgente. – Hunters falou primeiramente para minha mãe e Petúnia e no final virou-se para mim.
– Vem Hunters. Vou levar você até o meu quarto para podermos conversar melhor. – eu disse saindo da cozinha junto com o elfo. Eu queria ficar o mais longe possível de minha irmã.
– Bicho retardado. – gritou Petúnia de dentro da cozinha. Com isso começou uma discussão entre ela e minha mãe que eu não estava com um pingo de vontade de escutar.
– Hunters poderia perguntar uma coisa a Srta. Evans? – Hunters falou enquanto nós subíamos a escada.
– Sim.
– O que é retardado? – Hunters disse com um olhar indagador.
Nesse momento, eu mordi os meus lábios numa tentativa de não rir. Não sabia o que responder a ele, seria chato falar a verdade.
– Não liga pelo o que ela diz, Hunters – foi a única coisa que veio na cabeça.
Entramos no quarto e ao olhar pela janela percebi que o céu escurecera mais. Assim com eu, Hunters olhava preocupado para a chuva caindo lá fora.
– Então, o que a Marlene queria de urgente comigo? – perguntei voltando a minha atenção ao elfo.
Assim que terminei de falar, ele passou a me olhar com jeito triste de que algo de ruim estava acontecendo. Ele abriu a boca varias vezes, porem não consegui emitir nenhum som. Hunters olhava da janela para mim e de mim para a janela. As vezes, o olhar de tristeza mudava para preocupado, como se qualquer coisa pudesse acontecer no presente momento.
E foi com tudo isso que percebe o que estava acontecendo. Ele estava lá por causa daquela chuva, por causa dele, Voldemort.
– Hunters pela amor de Merlin, fala alguma coisa. Aconteceu alguma coisa com a Marlene? Ele a atacou ou aos pais dela? – falei desesperada.
– Não Srta. Evans. Ele não atacou eles. – ao falar isso eu me aliviei – Mas lembra dos tios e os primos dela? Robert e Elizabeth e seus filhos Alexandre e Mariana? – perguntou o elfo com lagrimas nos olhos.
– Não me diga que ele ...
–... OS MATOU. – continuou Hunters, porem aos gritos. – ELE SÓ NÃO OS MATOU. ELE OS TORTUROU PARA BRINCAR COM A VIDA DELES, PARA OS VER SOFRER.
Ao terminar de ouvir os gritos de tristeza do elfo, não agüentei o meu próprio peso, eu desabei na poltrona que estava bem atrás de mim. Não acreditei no que estava acontecendo. Tentei pensar em algo, mas não consegui. O meu olhar estava perdido na chuva que caia lá fora. Parecia que o tempo tinha parado para mim e que as estrelas chovaram pela perda de quatro vidas humanas.
Robert e Elizabeth moravam na Inglaterra e seus filhos gêmeos Alexandre e Mariana estudavam na França. Eles tinham a mesma idade que eu. Sempre que terminava o ano letivo, eu e Marlene aproveitávamos as férias com Alex e Mari. E pensar que eles foram mortos...
Senti alguém me abraçando pelos ombros. Não queria saber quem fosse, mas eu precisava de algum conforto. Depois de alguns minutos percebi que não somente eu chorava, Hunters estava sentado ao chão com as costas grudadas na parede abraçando as pernas e apoiando a cabeça no joelho.
Levantei-me e fui até ele e tentei fala:
– Hun... Hunters... calma, fai ficar tudo bem.
Ele levantou a cabeça e balançou.
– Você não entende... Ele esta tomando conta de tudo... matando vidas inocentes. Desde o primeiro momento que ele começou a agir o tempo mudou. E daqui em diante tudo vai piorar. – disse o elfo olhando a janela.
– Nós temos que ter calma. – disse sentando ao lado de Hunters.
– Marlene perguntou se você poderia dormir uns dias na casa dela? – perguntou Hunters mais controlado.
– Claro que sim. – respondi, mas percebi que minha mãe estava dentro do quarto e era ela tinha me abraçado. – Posso mãe?
– Claro filha. Ela precisa de você nesse momento. – respondeu minha mãe com uma mistura de calma e tristeza.
– Então, você pode me buscar daqui a dez minutos para eu arrumar as minhas coisas? – voltei a falar com Hunters.
– O meu senhor pediu para o Ministério ligar a sua lareira. Assim você pode arrumas seus pertences com calma. – falou o elfo ao mesmo tempo em que levantava do chão. – Agora eu tenho que ir. Até mais tarde Srta. Evans.
– Até mais, Hunters. – respondi
Logo após o elfo ter aparatado do meu quarto, virei para minha mãe com um sorriso triste e perguntei:
– Você me ajuda mamãe?
– Sim, Lil. E eu não quero minha filha triste. Eu sei como é perder alguém, mas você precisa estar bem para ajudar a sua amiga. Ela vai estar muito pior que você. Sente aqui, vou pegar um copo de água para você. E pode deixar que eu vou arrumar suas coisas. – minha mãe saiu do cômodo assim que terminou de falar.
Assim que voltou, ela sentou ao meu lado e me deu o copo com água fresca.
– Obrigada mamãe. Não sabia o que seria sem você. Você não quer que eu ajude você a arrumar os meus pertences? – perguntei quando eu a vi pegando minha mala em baixo da minha cama.
– Pode deixar. Agora, descansa um pouco. Você vai ter um dia longo. – falou enquanto pegava minhas roupas e colocava dentro da mala.
Enquanto minha mãe arrumava minhas roupas e meus pertences pessoais, eu deitei na minha cama e fiquei fitando o teto numa tentativa de pensar, porem a minha mente não parava de girar. Era como se fosse um liquidificador misturando memórias em cima de memórias.
Memórias! O que seria de nós sem as memórias?
Foi nesse momento que eu aprendi uma lição: relembrar episódios que marcaram as nossas vidas é uma sensação extremamente prazerosa para a alma e para o coração. E era isso que eu fazia naquele momento.
Lembrei e relembrei varias vezes o dia em que conheci Mari e Alex. Foi durante as férias de verão, nas primeiras semanas depois de terminar o meu primeiro ano em Hogwarts, fui passar alguns dias na casa de Marlene. Era tão... bom pensar em nada disso que nós estamos passando por hoje. Era tudo muito calmo.
E pensar em ter aproveitado mais...
– Fica calma filha. Toma mais um pouco de água. – minha mãe disse me oferecendo outro copo de água.
Sentei em minha cama e percebi que a gola de minha camiseta e a pele do meu rosto estavam molhados pelas minhas lágrimas salgadas.
–Obrigada mãe. A mala já esta pronta? – perguntei com um sorriso triste nos lábios.
– Sim, mas você já quer ir?
– Sim. Assim eu posso ficar mais tempo perto da Lene. Ela precisa de mim. – falei levando da cama.
Peguei a minha mala e minha bolsa que continha um livro e outras coisas. Minha mãe sabia de todos os meus gostos, eu não precisava falar o que precisava. Ela é como um amiga, sabe tudo o que acontece e o que se passa na minha cabeça.
Juntas nós andamos até a sala em silencio onde, na lareira, o fogo dançava brandamente.
– O que precisar é só falar comigo. Eu queria dar um abraço na Marlene, mas prometi para a sua irmã que eu e seu pai iríamos almoçar na casa do namorado dela. - minha mãe disse revirando os olhos.
Eu e Petúnia somos como cão e gato, mas nem sempre foi assim. Na nossa infância, tínhamos um imenso amor uma pela outra. Entretanto, da noite para o dia, esse amor virou ódio a partir do momento em que descobri que eu era uma bruxa. Não sei exatamente se era inveja, mas hoje eu sei que ela faz de tudo para me ver nervosa e colocar meus pais contra mim.
– Então boa sorte no almoço. E obrigada. – disse sorrindo
– Não precisa agradecer filha. E se você me mandar uma carta, pede para a sua coruja ir à janela do meu quarto, porque da ultima vez ela foi ao quarto de sua irmã. – falou minha mãe enquanto me abraçava e passava a mão no meu rosto para limpar minha pele.
Abri a minha bolsa a procura de um saquinho que continha o pó de flu. Com a minha mão peguei um pouco do pó e joguei na lareira. Imediatamente, a mistura do vermelho e amarelo do fogo mudou para um verde dando uma sensação de frio no ambiente.
– Tchau
– Tchau filha.
Virei-me para a lareira com a minha bagagem e pronunciei o endereço da casa da Marlene. Viajar de Rede Flu não é uma coisa confortável. No momento em que a pessoa coloca o pé na chamas verdes ela é levada através de um túnel escuro até o seu destino pedido antes de entrar na lareira. O desconfortável é que a pessoa fica girando durante a viagem inteira.
Quando eu abri os meus olhos eu já estava na sala de estar da casa da Marlene. Pelo menos a viagem é rápida.
– Senhorita Evans, que bom que você chegou. – quem falava era Hunters vindo em minha direção.
– Demorei? – perguntei preocupada.
– Não senhorita. Hunters vai levar seus pertences no quarto de hospedes. E a minha senhorita esta no quarto dela. – falou enquanto pegava minha mala e minha bolsa. Hunters sempre se referia a Marlene como “minha senhorita”.
– Obrigada. – disse saindo da sala.
Caminhei silenciosamente no corredor tentando me acalmar para estar bem quando ver a Lene. Chegando perto da escada que dava acesso ao primeiro andar da casa, escutei duas vozes grossas. Ao me virar para a direita e começar a subir, dois homens estavam conversando algo sério, porem ambos estavam cabisbaixos.
Um deles eu reconheci na hora, era o pai da Marlene, John MacKinnon. Ele é alto, tem um cabelo castanho escuro e olhos azuis muito parecidos com os da Marlene. O outro homem me parecia muito familiar. Ele tem um grande porte físico, os cabelos castanhos claro são arrepiados e tem olhos verdes. E alem disso, usava um óculos com uma armação redonda. Eu acho que eu conheço todas essas característica.
– Lily, mas que bom que você veio. – falou o John enquanto vinha em minha direção.
– Tio John, sinto muito pelo ocorrido. Eu não acreditei quando Hunters falou para mim. –disse enquanto abraçava-o.
– E eu? Fiquei chocado com a noticia. Mas quem esta pior é a Elisa e a Marlene. Até a vida de Mari e Alex eles não pouparam. – falou cabisbaixo e depois virou para o homem ao seu lado e continuou. – Ah, Charlus, essa é a Lily Evans.
– É, bem que eu reconheci. – disse estendendo a mão para mim. – Charlus Potter, ao seu despor. James sempre fala de você. É um prazer conhece-la. – ao terminar beijou a minha mão.
No momento eu fiquei surpresa por duas coisas. Primeiro, eu estava falando com o melhor auror e chefe do esquadrão dos aurors da Inglaterra. Segundo, ele era tão cavalheiro para ser pai daquele troglodita do James Potter.
– O prazer é meu senhor Potter. – disse educadamente. Não me interprete mal, mas eu falei dessa maneira, por ser uma pessoa muito importante e não por ser pai daquele arrogante.
– Por favor, não precisa dessa formalidade querida, me chame de Potter. – falou com um sorriso muito parecido de seu filho. Será que todos os Potter são iguais?
– Desculpe senh... quer dizer, Charlus. – falei. Nessa hora eu já estava corando.
– A Marlene está no quarto com o James, Lily. – dessa vez foi o Tio John que disse.
Pêra ai!!! Marlene e o Potter no mesmo quarto. Isso não vai dar certo. Quer dizer, eles já ficaram uma vez mesmo sendo primos. Nossa, o que eu estou pensando? Quatro pessoas morreram e eu estou pensando besteira. É melhor parar com isso.
– Eu vou lá ver ela. Licença. – falei subindo as escadas.
Subi as escadas e entrei em um corredor mal iluminado pensando como fazer para não me estressar com o Potter. Cheguei perto da porta do quarto da Lene e tentei escutar alguma coisa. Não ouvi nada e então tomei coragem para abrir a porta. Girei a maçaneta e adentrei o quarto. No primeiro momento não vi nada, mas abri um pouco mais a porta para deixar a claridade entrar no cômodo. Mesmo assim continuava escuro. De repente, senti uma mão envolvendo o meu braço.
Nesse momento, entrei em pânico. E se tivesse acontecido algo com a Marlene e o Potter. E se os Comensais da Morte infiltraram na casa dos Mckinnon. Recuei-me, mas a mão me segurava mais forte ainda. Apesar da tal força, não deixei de perceber que tinha um toque de delicadeza nesse gesto. Mesmo assim pensei em minha varinha, porem tinha esquecido-a na minha bolsa. Percebendo que eu ia começar a gritar, a pessoa colocou a outra mão na minha boca.
– Vamos sair do quarto. –sussurrou uma voz masculina próximo ao meu ouvido fazendo me arrepiar. Não sei por que, mais eu obedeci.
Ele tirou a mão da minha boca e do meu braço me deixando ir à direção da porta. Esperei dois segundos e a pessoa saiu do cômodo fechando a porta com calma.
– Mas eu não acredito! Você me deu um susto lá dentro. Isso não é hora de fazer brincadeirinhas Potter. – disse tentando falar num tom baixo.
– Desculpa Lils. Eu não queria assustar você. Eu não queria brincar com você. Eu só queria levar você aqui fora, por causa da Marlene. – foi a primeira vez da minha vida que vi o Potter falar num tom sério. Será que eu preciso me desculpar?
– Er... desculpe. Mas o que tem a Marlene? Ela não esta lá dentro? - perguntei rapidamente.
– Ela está péssima. Eu cheguei aqui logo depois que ela recebeu a notícia. Todo mundo tentou acalmá-la, mas não foi nada fácil. Trouxe-a aqui para descansar um pouco. Consegui agora fazer ela dormir. É melhor deixá-la descansar, porque vai ser um longo dia. Você não acha? – falou cabisbaixo.
– Claro. Nossa, coitada. – falei. Mas logo veio um silêncio constrangedor entre nós dois.
– Você conhecia o Alex, a Mari , o Tio Rob e Tia Beth? – me perguntou quebrando o gelo instalado entre nós dois.
– Ah sim. Desde as férias do primeiro ano. Vou sentir falta deles. – respirei fundo e continuei – Vocês são parentes?
– Não tão próximo quanto a Marlene. Eles são meus primos de quinto grau. – deu uma pausa para indicar com a mão o escritório e caminhamos até lá. – Mas o que vale mesmo não é o sangue e sim a amizade que tenho com eles. Meus pais são muito próximos deles.
Ele abriu a porta e deu passagem para eu entrar no cômodo.
O escritório da casa era mais usado pelos pais da Marlene, já que ela “morava” grande parte do ano em Hogwarts. Ele é bem aconchegante. Na parede a frente da porta ficava a escrivaninha acompanhada com uma cadeira de couro preto e algumas poltronas confortáveis em volta de uma mesinha central. E o que mais eu gosto desse escritório são as estantes que iam até o teto com vários volumes de livros.
– Foi tudo muito rápido o que aconteceu com eles. Infelizmente, o meu pai recebeu a mensagem do Tio Rob muito tarde. – falou com o olhar perdido.
– Mensagem? Como? – perguntei intrigada.
– Ah, é o jeito que os aurors se comunicam. Somente eles sabem. Meu pai me conta tudo que acontece nas reuniões dos aurors e tudo mais, mas algumas coisas são ultra-secretas. Nunca ouve falha nesse tipo de comunicação, mas, infelizmente, ontem a noite falhou. Eu estava com o meu pai quando ele recebeu a mensagem. Ai ele me pediu para acompanhá-lo. Foi terrível. Nem consegui reconhecê-los direito. – falou tentando não chorar.
– E se tivesse Comensais, você e seu pai estariam correndo perigo também. – falei desesperada.
– Calma ruivinha, não precisa se preocupar comigo. - disse com um pequeno sorriso nos lábios.
Comecei a corar não de vergonha, mas sim de raiva. Mesmo nesse estado ele não consegue ter nem um pingo de respeito por mim. Sempre com as mesmas brincadeirinhas.
– Olha aqui Potter...
– Continuando. Eu fui com ele, por que se tivessem Comensais, eu poderia ir até o ministério da Magia e chamar o esquadrão. Mas, em vez de chamar os aurors práticos, tive que chamar os aurors teóricos.
– Existe essa diferença entre aurors?
– Sim, Lils. Os práticos são aqueles que duelam. Os aurors teóricos são divididos em dois grupos: os C.S.I. e os pesquisadores. Os C.S.I. são os detetives e os pesquisados são aqueles que procuram novas técnicas de magias e dão aulas para os práticos para atualizá-los.
– Nossa, eu pensei que só existia C.S.I. no mundo trouxa. E por favor, não me chame de Lils. É Evans. – disse pensativa.
– É o que todos os filhos de não-magicos podem pensar, ruivinha. Minha mãe é chefe dos C.S.I. Ela vai estudar com calma sobre o ocorrido de ontem para prender os vagabundos. – falou
– Potter, olha a boca. Eu já disse para parar me chamar desses codinomes. Eu odeio isso. – repreendi-o.
– Mas é a pura verdade. Todos esses imbecies vão ser presos. – falou nervoso e, mudando o humor, continuou- Que tal, lírio? Ah, vai? Lírio é bonito.
– Potter, você não consegue entender... – não pude continuar a censurar o troglodita, já que escutei um barulho vindo na direção da porta.
Ao olhar para a entrada da biblioteca, me assustei em ver a situação da Marlene. Sua roupa estava totalmente amarrotada, seu cabelo desalinhado e seus olhos estavam totalmente vermelhos.
Num sussurro, ela disse:
– Lily, que bom que você veio. – correu para me abraçar.
Abracei-a fortemente para que toda aquela dor passasse.
– Calma, isso vai passar. Não é fácil, mas vai passar. – tentei acalmá-la.
Depois de ficar um tempo com a cabeça apoiada no meu ombro, ela se afastou e olhou para mim.
– Contaramparavocê?AtéAlexeMaritorturamemataram.MeuMerlin!ElesnãovãoparaLily.Elesestãoportodaaparte. - Marlene disse num fôlego só.
– Prima, senta aqui. – o Potter levou a Lene até uma poltrona. – Vou pegar um copo de água para você.
Tentei acalmar a minha amiga até o Potter chegar com o copo de água.
– Pronto. Toma essa água. Você precisa se acalmar. Não quero ver você passando mal. Por favor, faz isso por você. – falou o Potter enquanto a Marlene tomava o copo de água.
– Obrigada, primo. – agradeceu Marlene ao Potter.
– Olha minha mãe deixou ficar aqui um bom tempo. – disse para ela sorrindo. Mas ela não falou nada, porque a porta foi aberta por uma mulher magnífica. Ela era alta, sua pele era branca, seus olhos castanho-esverdeados e seu cabelo era ruivo.
– Querida, você não conseguiu dormir? – a mulher dirigiu a Marlene e com o aceno negativo desta continuou. – Mas precisa sim. Você precisa de energia para mais tarde, se não você vai ficar fraca.
– Eu sei tia. Obrigada. Ah, essa é a minha amiga Lilian Evans. Eu acho que o James já falou dela para a senhora. – falou Lene.
– Olá querida. Nossa James, ela é bonita mesmo. Eu sou Dorea Potter, mãe desse lindo maroto. - cumprimentou Dorea. Fiquei totalmente vermelha com o comentário. Ela era uma mulher muito elegante, tinha olhos cor de avelã e, por incrível que pareça, tinha cabelo ruivo.
– Olá senhora Potter. Prazer em conhecê-la.
– O prazer é todo meu. E por favor, me chame por Dorea. James, meu querido, ela é realmente maravilhosa. Ele sempre fala de você.
– Mãe! – falou o Potter corando. Espera ai! O Potter esta vermelho.
– Por que vocês não vão à cozinha comer alguma coisa. Principalmente a senhorita que não comeu nada ainda hoje. - disse Dorea
– Eu acho que vou come alguma coisa sim. – falou Lene levantando da poltrona. – E como esta a minha mãe?
– Ah querida, tive que dar um remédio para ela se acalmar. Ela conseguiu dormir. E quando for hora do velório eu acordo ela.
– Obrigada tia. Nós vamos descer para comer alguma coisa. – disse Lene andando em direção a porta.
Eu e Potter caminhamos um de cada lado da Marlene. Ela andava com a cabeça baixa e percebi que mil coisas passavam na cabeça de minha amiga. Lene nunca foi de chorar na frente das pessoas, mesmo quando ela estivesse chateada com algo. Peguei na mão dela para fazer um carinho e como resposta, ela me lanço um sorriso triste. Ora Potter passava a mão no cabelo dela, ora Potter passava a mão nas costas dela.
Ao chegar na cozinha. Tio John e Chalus estavam conversando sobre o ocorrido.
– Filha, você não consegui descansar? – perguntou tio John a Marlene.
– Só consegui cochilar. Vou comer alguma coisa. – respondeu Lene. – Hunter, você pode colocar a mesa para nós comemos alguma coisa?
– Claro minha jovem mestra.
Na ponta da mesa estava sentado o Tio John, no lado esquerdo estava Chalus e Marlene e lado direito estava eu e Potter.
– Então Lily, como estão seus pais e sua irmã? – perguntou Tio John numa tentativa de diminuir a tristeza do ambiente.
– Estão bem. O meu pai foi chamado para trabalhar num novo projeto. A minha mãe esta trabalhando muito. E minha irmã, bem, esta continua a chamar de aberração.
– Lily, eu já falei para você azarar ela. – falou Marlene ironicamente.
– Eu não preciso fazer isso. É só o meu pai estar perto que ela fica quietinha.
– A sua irmã te chama de aberração? – perguntou Chalus.
– Infelizmente. Nós éramos muito unidas, mas essas brigas começaram quando eu recebi a carta de Hogwarts. Sabe, inveja. – respondi.
– A tio Charlus, Petúnia que é uma aberração. – todos riram quando a Marlene falou.
– Ei mocinha, isso é modos de falar da irmã dos outros. – questionou John.
– Ah Tio John. Mas é toda a verdade o que ela disse. – eu falei quando parou de rir.
– Bom, o papo esta ótimo. Mas eu e o John temos que voltar ao trabalho. – Charlus levantou da cadeira.
– Até mais tarde meninas. – disse John.
– Tio, Eu sou menino. – falou Potter emburrado.
– Ah é. Tinha me esquecido. – brincou John. Potter o olhou com uma cara feia fezendo todos rirem.
– Se não vermos de novo, foi um prazer conhecê-la senhorita Lily Evans. – disse Charlus dando um beijo nas costas da minha mão direita.
– O prazer foi meu Charlus. – disse sorrindo para ele. Como ele era educado. O filho poderia ser assim também.
Depois do Tio John e Charlus ir embora, eu e o Potter fizemos a Marlene comer. Não foi fácil. Mas Ja...Potter consegui fazer ela comer alguns doces. E depois disso, eu e Lene nos separamos da “pessoa querida” e ficamos conversando sobre algumas coisas. O tempo foi passando e o horário do velório estava chegando, então eu e a Marlene fomos nos arrumar.
A tarde foi triste. O velório foi somente para os familiares e para pessoas intimas da família McKinnon, para não haver um perigo de ataque. Fiquei o tempo todo ao lado da Marlene. Algumas pessoas da família eu conhecia outras não. O Remus veio junto com seus pais, Sofia e Gregorius Lupin, cumprimentar a Lene e seus pais.
Pensei que Sirius viria, pois no ultimo ano letivo Marlene e ele estão muito amigos.
Depois do enterro, retornamos para a casa dos McKinoon.
Fim do Flashback.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!