Encontros



Encontros


Lily POV:


- Eu sabia que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria! Depois de Potter insistir muito é óbvio que um dia a Evans se renderia...


- Evans vai sair com o Potter? Já estava na hora...


- Sempre achei aquela ruiva muito sem sal, nunca entendi o que o Jay viu nela...


- Evans bonita? Nunca, Madame Pince é mais bonita que ela!


- Está brincando comigo? Evans nunca aceitaria sair com o idiota do Potter!


- Ah, eles formam um lindo casal!


- Não dou um mês pra ela estar grávida...


- Prevejo um casamento em breve, de acordo com minha última aula de Adivinhação...


- AI MEU MERLIM! – exclamei, me sentando junto a Alice e Maria, que comiam tranquilamente seu café de segunda. – Não aguento mais! Por todo lugar que eu passo tem cochichos, e isso está me deixando louca!


- Ah Lily, todo mundo está satisfeito que você finalmente cedeu a James! Inclusive eu – Alice comentou, levando a colher de sopa a boca.


- Fala sério! – reclamei, e então abaixei a voz. – Já estão dizendo que logo vou estar grávida!


Maria gargalhou.


- Essa é boa – ela falou, quase se engasgando. – Tudo bem que eu preferia você com Jessie, que tem aquele jeitão todo aprumado de ser além de ser loiro, adoro loiros!


- Loiro escuro principalmente, não é Maria? – Alice brincou.


- Lice, eu vou fingir com toda minha força que eu não entendi o que você quis dizer com isso – Maria falou, irritada.


- Acho que vou me matar – afundei meu rosto nas mãos, e ouvi Alice rir.


- Lily, relaxa, seu mundo não vai acabar somente porque aceitou sair com James! Quem sabe até pode ser divertido...


- Divertido? Por onde eu passo as pessoas olham para mim e ficam cochichando! – retruquei. – Isso está pior do que quando eu me inscrevi para o coral!


- E assim como no fim você acabou gostando do coral, você poderá gostar de James também – Alice deu de ombros. – Você o acusou injustamente, pobre James. Agora você vai se redimir saindo com ele.


- Alice, você não está ajudando – fiz uma careta.


- Eu só quero ver no que isso vai dar – Maria falou animada. – Desde o quinto ano todo mundo esperava por isso, e agora que esse dia finalmente chegou, será uma plateia!


Senti meu corpo tremer. Eu já estava nervosa com isso, desejando que o sábado não chegasse nunca, ou que acontecesse um tsunami em Hogwarts na sexta-feira e destruísse tudo. Ia ser ótimo, não ia?


- E como está indo sua relação com ele? – Alice me perguntou. – Você tem conversado com ele desde sábado?


- Você estava se agarrando com Franco por aí e não viu, mas ontem o dia inteirinho Lily ficou trancada no dormitório, alegando estar vomitando – Maria riu.


- Isso foi cruel, Lily – Alice acompanhou Maria nos risos. – Agora quero ver nas aulas de hoje. Até agora não vi os marotos por aí.


- Se virem me avisem, vou me preparar pra me esconder em qualquer lugar possível – suspirei.


- Lily, não fuja da pessoa que sábado você estará beijando – Maria pressionou, e eu arregalei os olhos.


- Quem disse que eu... que eu e aquele... não! Credo! – gaguejei, chocada, enquanto Maria e Alice riam da minha desgraça. – Eu não vou fazer nada com aquele garoto!


- Aham, é o que vamos ver – Maria falou sem acreditar. – É praticamente impossível que isso não aconteça.


- Maria, simplesmente não vai acontecer – disse, irritada, sentindo meu rosto corar.


Merlim, eu estava encrencada. Como eu fui burra, burra de aceitar sair com ele! Eu não acredito, eu vou me matar. Assim eu não vou precisar de ir a encontro nenhum. Não consigo nem comer, pois já estou enjoada o bastante. Isso é bom que emagreço um pouco.


Tive que aguentar também as provocações de Gravelle e suas amiguinhas durante toda a aula de Transfigurações, pois o lugar que eu sempre sentava era perto demais dos marotos. Então preferi fugir e sentar perto justo de Gravelle. Pra ver o tanto que a situação está crítica, eu preferi Gravelle do que Potter.


Sem falar que ele sempre sorria pra mim quando sem querer eu olhava em sua direção, e eu apenas corava e olhava pra outra direção. Eu sou tão idiota que eu merecia um prêmio. Ele deve estar achando tudo aquilo uma graça, mas ele vai se sentir culpado quando eu me matar por causa dele.


Ai, que droga de vida.


Quero morrer.


E bem que podia ser hoje.




Remo POV:


- Ansioso para sábado, Pontas? – Rabicho perguntou a James, rindo, enquanto nos jogávamos nas poltronas da sala comunal.


- Um pouco. Até agora não acredito que minha Lily finalmente aceitou sair comigo – James sorriu, o olhar meio perdido. – Acho que estou sonhando.


- Vai com calma, Pontas – falei, rindo, enquanto adiantava algumas redações. – Não se esqueça que é de Lily que estamos falando, então...


- Eu sei, vou tomar cuidado com o temperamento explosivo dela – James respondeu com humor.


- Pelo que eu percebi ela tem fugido de você, Pontas – Rabicho comentou. – Talvez ela não queira ir para esse encontro, afinal.


- Talvez não, mas eu tenho certeza que ela vai, e é isso que importa – James tirou seu amado pomo do bolso e começou a acompanha-lo no ar.


E nesse momento vimos Sirius entrar pelo buraco do retrato e caminhar em nossa direção, com uma expressão meio desapontada no rosto. Sentou-se em uma poltrona vaga e suspirou.


- Qual o problema? – James perguntou.


- Beth não quer ir comigo à Hogsmeade – ele suspirou novamente. – Venho tentando convencer ela, mas ela sempre se recusa.


- Nunca desista, meu caro. Veja o que aconteceu com James, depois de quase três anos de insistência finalmente conseguiu sair com Lily – Rabicho disse.


- Mas agora Beth disse que fará tudo o que é possível para não ir. Disse que arrumaria algum outro pra lhe acompanhar ou então tomaria uma poção pra acabar parando na enfermaria – Sirius falou, meio triste. – Pelo visto não será desta vez que irei com ela também.


- Bom, há milhares de garotas disponíveis que adorariam sair com você – sugeri, lembrando imediatamente de Emelina. – Você tem sorte com isso, Almofadas.


- Eu queria Beth. Nunca foi tão difícil conquistar uma garota, como aquela – Sirius ficou olhando para o teto, perdido em pensamentos.


- Ela e Sophie – James falou meio irritado. Depois daquele namoro falso entre ele e Sophie, James passou a defende-la mais vezes quando se tratava de Sirius.


- Eu sei, mas ela é diferente porq... – Sirius parou subitamente de falar, e sentou-se ereto na poltrona. – É verdade. Sophie é uma garota difícil.


- E? – eu e James perguntamos ao mesmo tempo.


- Vou convidá-la pra ir a Hogsmeade comigo, assim não será uma perda de tempo tão grande – os olhos de Sirius brilhavam, olhando para outro lado da sala onde Sophie estava sentada junto a Dorcas e Emelina.


- Nem pensar, Sirius. Primeiro porque ela não vai aceitar, segundo porque você sabe o rolo que isso vai dar, e terceiro Dorcas está ali, é fofoca na certa – James falou rapidamente, prevendo o pior. – E quarto que eu não vou perder meu tempo no encontro com a Lily pra ficar de olho em você!


- Não precisa disso. Relaxa, Pontas – Sirius pôs-se de pé. – Tenho tudo sob controle.


Sirius foi caminhando até as garotas e James decidiu segui-lo. Somente por curiosidade, fomos juntos também, mas ficamos mais atrás para apenas escutar a conversa.


- Olá garotas – Sirius falou com aquela falsa voz galanteadora. – Olá, Sophie.


- Sai daqui antes que eu pegue seu cabelo, arranque fio por fio e faça você os engolir – Sophie ameaçou, e ouvi James rir.


- Muito agradável – Sirius não se deixou levar. – Bom, eu vim aqui para pedir gentilmente a você, na verdade te convidar... Por acaso você gostaria de ir a Hogsmeade comigo no sábado?


Silêncio. Ouvi Dorcas murmurar um "tsc, tsc", e Emelina suspirar. Sophie apenas disse:


- Claro, por que não?


Dorcas soltou uma exclamação, seguida por Lina. James arregalou os olhos, e Sirius simplesmente balbuciou.


- Isso é sério?


- Eu que pergunto, você está falando sério? – Sophie perguntou.


- Estou – Sirius falou, ainda descrente. – Er... Tudo bem então. Até lá.


- Até – Sophie sorriu.


Quando nos afastamos, apenas vi Dorcas e Emelina bombardear Sophie de perguntas, enquanto James ainda não parava de dizer.


- Isso não vai dar certo. Só espero que não sobre pra mim novamente!


- Fica calmo, Pontas – Sirius falou, ainda abobado. – Só achei estranho ela aceitar... Mas afinal, quem resiste a mim?


- Talvez quando seu ego abaixar você descubra – Rabicho comentou, e eu não pude deixar de concordar.




Dorcas POV:


- Você só pode estar louca, simplesmente maluca e doida! É isso! Você precisa se internar, pode deixar que eu mando uma carta pra sua mãe...


- Que exagero, garota – Sophie riu. Era a primeira vez que eu a via rir daquela maneira desde a competição.


- Exagero? Sophie, você aceitou sair com Sirius Black! O mesmo que te beijou a força, não sei se você lembra, sábado passado! E de novo! – ainda me amedrontava olhar para aquela expressão meio psicopata dela.


- Eu aceitei o convite... porque eu tenho um plano – Sophie piscou.


- Que plano? – eu e Emelina perguntamos em uníssono.


- Vocês vão saber, não se preocupem – Sophie começou a recolher suas coisas. – Mas vai marcar pra sempre na história de Hogwarts, e na história de Sirius Black. Já está na hora de ele pagar.


Dizendo isso, simplesmente saiu pra fora do buraco do retrato. Eu e Emelina nos entreolhamos.


- Ainda resta dúvidas de que ela enlouqueceu?


- Não, nenhuma – Emelina suspirou. – Só espero que ela não se dê mal, seja lá o que ela for fazer.


- Mas eu vou descobrir, pode deixar – respondi. – Mas agora, estou preocupada com outras coisas...


- O quê?


- Jason – falei, vendo-o com os amigos sentados a uma mesa afastada. – Sophie me disse que ele pegou o dueto justamente pra impressionar alguma garota, e eu só preciso saber quem.


- Maria? – Emelina sugeriu, e eu bufei.


- Eles brigam feito cão e gato, impossível.


- E aquele papo de os opostos de atraem? – Emelina falou com certo tom enigmático, o qual eu perguntaria depois.


- Maria nunca gostaria dele. Ela é minha amiga, sabe que eu estou de olho nele há um tempo.


Emelina deu de ombros, encerrando o assunto. Mas eu não havia encerrado ainda. Precisava de um jeito de me aproximar de Jason, de chamar sua atenção, mas eu não sabia como... E também precisava tirar essa tal garota do meu caminho.


Depois de uns minutos pensando, aos quais Emelina apenas escrevia no pergaminho, decidi puxar um assunto que já estava pendente antes.


- E você e Chapman, Emelina? – falei de súbito.


- O que tem isso? – ela corou. – Quero dizer, como assim?


- Nem vem com isso, eu sei faz tempo que você está interessada nele. Se eu fosse você tomava cuidado, ele é nosso inimigo agora, e ele canta bem. Pode estar se aproximando de você por interesse.


- Mas é claro que não – ela revirou os olhos. – Esse negócio de inimigo está errado, Dorcas. Temos que ver a competição como algo limpo.


- Faz de conta que sim, Lina – desprezei o assunto, tomando cuidado para Lina não se esquivar. – Mas e quanto você gostar dele? É verdade, que eu sei.


Emelina demorou séculos pra responder, quase como se esquecesse da conversa, mas eu estava ali pra pressionar.


- Ok, ok – ela soltou um suspiro impaciente. – Talvez eu esteja meio que gostando dele. Mas não sei se isso vai dar certo.


- Parece que ele gosta de você também.


- Talvez por interesse – ela impôs.


- Mas você pode ficar com ele por interesse também. Assim você sai ganhando: fica com ele, já que você gosta dele e também pega algumas informações da Lufa-Lufa pra gente. O que você acha?


- Está falando pra eu ficar com Benn? – Emelina franziu a testa. – Quem estava falando de inimigo agora pouco?


- E quem estava falando de competição limpa? – retruquei. – Vamos lá, Lina. Faça o que seu coração mandar.


- Estou te estranhando, Meadowes – Emelina soltou uma risada pelo nariz.


- Só estou dizendo. Ficar com ele é tão bom pra você quando para nós.


Ela não respondeu. Eu sabia que ela estava pensando no assunto, por isso deixei o cérebro tomar conta do recado. Minha parte eu já tinha feito.


Dorcas Meadowes, você é incrível.




Lily POV:


- Esse livro é excelente também, li ele no quarto ano. Estava procurando alguma distração, algum livro interessante de Herbologia, quando eu achei esse falando de todos os tipos de feitiços de um lado mais humorístico. Tenho certeza que se parte dos alunos soubessem sobre ele, todo mundo ia querer pegá-lo... Lily, está me ouvindo?


- Quê? Er... desculpa Jessie – corei totalmente, levantando a cabeça. – Eu estava viajando.


- Percebi mesmo – ele riu, afastando os livros da mesa para me encarar melhor. – Algum problema?


- Não ficou sabendo? – estranhei, erguendo a sobrancelha.


- Do quê?


Suspirei. Era tão difícil dizer aquilo em voz alta que quase não consegui fazer sair.


- Eu vou pra Hogsmeade com o Potter – falei baixinho.


Jessie não respondeu de imediato, apenas ficou ali, franzindo a testa sem parar.


- Com o Potter? Mas você não odiava ele?


Boa pergunta. Odeio quando alguém faz uma pergunta tão óbvia e eu não sei responder.


- Não sei. Esse mesmo é o problema – respondi, sem graça.


- Não entendi – ele sorriu.


- Eu pensei que ele tinha feito uma coisa e o acusei, e por isso parei de falar com ele, porque antes eu era quase amiga dele. Então eu descobri que ele não havia feito isso, então me senti culpada...


- E aceitou sair com ele? – Jessie completou meio abobado, até como se estivesse se incomodando.


- É – admiti, tão constrangida que eu seria capaz de conjurar uma pá, cavar um buraco ali mesmo na biblioteca e enfiar minha cabeça nele.


Jessie não respondeu. Agora sim eu tinha certeza absoluta que ele estava incomodado. Será que estava com ciúmes? Céus, será que Jessie...


Para de pensar bobagens Lily, você já tem problemas suficientes na cabeça. Se bem que isso... De qualquer forma, tentei mudar de assunto.


Mas não foi a mesma coisa, ele não parecia tão contagiado com a conversa, nem mesmo quando eu puxei o assunto daquele livro que ele tinha citado antes. Pronto, me senti culpada e agora tenho mais coisas que vão me deixar louca.


Isso fora que eu estava fugindo do Potter de todo o jeito, e escutava sempre Alice dizer que uma hora ou outra eu terei que falar com ele. Mas eu não vou conversar com o Potter, porque... Bom, até sábado eu não converso com ele. Até lá eu já terei criado coragem em falar com ele.


Mas Jessie ficou tão sério que eu até me amedrontei. E eu só esperava que tudo voltasse a seu lugar logo, antes que eu pirasse.




Alice POV:


Perder a segunda competição não foi um baque tão profundo em mim como eu achava. Claro, porque agora eu tinha um namorado para me consolar. Eu não sou uma sortuda?


É claro que Maria e Lily reclamavam disso, mas eu vou repetir: estão solteiras porque querem. E agora Maria estava totalmente bipolar, porque Dorcas espalhou para o mundo que Jason estava interessado em alguém, e agora Maria está dividida em amá-lo e odiá-lo. Igual Lily, que estava indo a loucura aos poucos por causa do passeio de sábado.


E enquanto isso, no coral, havíamos combinado de conversar um certo assunto com Moreau, ideia de Dorcas. De princípio não achei muito bom, mas acabei aceitando. Já estávamos reunidos na sala, as conversas altas e as piadas dos marotos enchendo a sala, quando Moreau chega sorrindo carismaticamente como sempre.


- Olá, pessoal – ele disse, depositando sua maleta em cima do piano do Brad. – Recuperados de sábado?


- Na verdade tínhamos esquecido. Obrigada por nos lembrar, professor – Beth comentou, nos fazendo rir.


- Bom, espero que isso anime vocês um pouquinho – ele tirou da maleta alguns papeis, e foi nos distribuindo. Era novamente uma letra de uma música, dessa vez nem tanto conhecida.


- Iremos cantar essa música na próxima competição? – Emelina perguntou, passando os olhos pela folha.


- Apenas uma sugestão – Moreau disse, fazendo com que nos entreolhássemos; era justamente o assunto que queríamos tratar.


Mas antes que sequer abrirmos a boca para questionar, Moreau já cantava.


- Bust it!


Trocamos olhares, surpresos, mas John já havia começado a dançar, e aí já era.


"This here's a tale for all the fellas


Tryin' to do what those ladies tell us


Get shot down 'cause you're over zealous


Play hard to get, females get jealous"


John já havia puxado Beth, que puxou Emelina, que puxou Sophie e Dorcas, depois Sirius e James, e logo o rap do Moreau já tinha nos contagiado. Era o que a combinação "Moreau+rap" acabava causando.


"Okay smartie, go to a party


Girls are scantily clad and showin' body


A chick walks by, you wish you could sex her


But you're standin' on the wall like you was Poindexter"


- Uh, hey, ya, uh, uh, hey, ya – as garotas logo cantaram.


- Just bust a move!


- Uh, hey, uh, ya, uh, hey, ya, uh, uh!


"Your best friend Harry has a brother Larry


In five days from now he's gonna marry


He's hopin' you can make it there if you can


'Cause in the ceremony you'll be the best man"


Foi um nítido momento de descontração, ao qual cantávamos, e meio que brincávamos, já que Moreau havia se perdido no meio da gente. John havia subido no piano, e ainda me pergunto como ele não despencou lá de cima.


"You say "neato," check your libido


And roll to the church in your new tuxedo


The bride walks down just to start the wedding


And there's one more girl you won't be getting"


"You want it, you got it


If you want it, baby, you got it"


- Just bust a move! – Moreau e os garotos cantaram.


"If you want it, you got it


If you want it, baby, you got it"


Beth tentou subir no piano, mas não conseguiu.


"So you start thinkin', then you start blinkin'


A bride maid looks and thinks that you're winkin'


She thinks you're kinda cute so she winks back


And then you're feelin' really fine 'cause the girl is stacked


Reception's jumpin, bass is pumpin'


Look at the girl, and your heart starts thumpin'


Says she wants to dance to a different groove


Now you know what to do, G, bust a move."


Franco e eu dançávamos, enquanto Lily deslizava pra longe de James, e Maria pisava no pé de Jason propositalmente.


"You want it, you got it


If you want it, baby, you got it


Just bust a move


If you want it, you got it


If you want it, baby, you got it"


- Move it, boy! – Moreau reapareceu depois de um tempo, enquanto a música continuava.


- Uh, uh, uh, hey, uh, uh, ya, uh, huh, hey, huh, hey, uh, uh, hey, ya, ya! – finalizamos, seguidas por risos, palmas e o barulho de John pulando do piano, quase derrubando o pobre Brad.


- Ótimo trabalho, pessoal! Se continuarmos assim, a próxima competição estará no papo! – Moreau falou contentíssimo, enquanto as última risadas cessavam.


- Professor, queríamos justamente falar sobre isso – Dorcas se adiantou, já que o resto de nós havia simplesmente hesitado.


- Diga, Dorcas – Moreau falou, dando pouca atenção, enquanto organizava alguma coisa na maleta.


- Bom, nós estávamos pensando – Dorcas continuou, e ignorou o pigarro de Sean -, que dessa vez nós escolhêssemos as músicas.


Moreau parou por um minuto, franzindo a testa em desconfiança.


- Vocês? Escolherem as músicas? Por quê?


- É só uma sugestão! – Maria sorriu amarelo. – Quero dizer, seria uma experiência pra gente.


- Algum problema com as músicas que eu escolho?


- Não, nenhum! – Dorcas falou depressa. – Mas seria legal nós escolhermos, o que acha?


Moreau ponderou, olhando para cada um dos nossos rostos. Com certeza o meu denunciaria. Eu era péssima atriz.


- Tudo bem – ele deu de ombros, por fim, mas antes de vibrarmos ele completou. – Mas quero que vocês façam um número pra mim.


- Um número? – perguntamos, sem entender.


- Sim. Dividam-se em dois grupos, quero ver se vocês estão aptos a fazer um número por si só – Moreau sorriu, satisfeito com sua ideia.


- Pelo visto será garotos versus garotas novamente – Lily comentou enquanto saíamos da sala. – Quero dizer, é óbvio não é?


- Não sei, mas parece divertido – Lina comentou, ansiosa.


- Bom, mesmo assim eu já tenho algumas ideias já formul... – Lily começou, então parou de subido, deu as costas e saiu correndo. Só consegui avistar os cabelos ruivos virando o corredor.


- O que foi isso? – Sophie perguntou.


- O que você acha? –Maria riu.


Apenas uma palavra: James.




Sophie POV:


- Tudo bem, só você sabe disso Dorcas, portanto trate de me ajudar! – pedi novamente, caminhando pelos corredores lotados com minha prancheta em mãos.


- Amiga, eu nunca vi plano tão maléfico e ao mesmo tempo perfeito e digno de qualquer garota quanto esse! – Dorcas exclamou, agitada. – Eu me mataria se não te ajudasse, estou tão ansiosa!


- Calma, nem é aquelas coisas – falei, checando a lista. – Deixa eu ver, já anotei o nome de todas elas...


- Como conseguiu? – Dorcas espichou o pescoço pra ver o que eu lia.


- Em apenas um dia eu consegui reunir esses nomes. Garotas que suspiram quando Sirius Black passa, ou garotas, que graças a sua fofoca, já foram agarradas por ele e sempre quis mais...


- Eu sabia que você é a Sophie que eu tanto idolatro – Dorcas falou com profundo afeto. – Vamos começar quando?


- Agora – sorri pra ela, e me aproximei de uma garota magra e alta, os cabelos meio armados. Quinto ano, Corvinal. – Olá!


A garota me estranhou como se eu fosse um bicho estranho. Eu apenas sorri, acompanhada de Dorcas.


- Eu sei que você não me conhece, na verdade isso é bom. Mas é que eu sou uma amiga do Sirius, sabe, o maroto? – perguntei, e ela assentiu, visivelmente mais interessada no assunto. – Então, ele me pediu pra falar com você. Sabe como é, não parece, mas ele é extremamente tímido!


- E está realmente interessado em você, e pediu pra virmos falar diretamente com você – Dorcas ajudou.


- É sobre um encontro – falei.


- Em Hogsmeade – Dorcas completou.


- No Cabeça de Javali, pra ser exata – falei, sentindo pena da garota ao ver seus olhos brilharem, e um pequeno sorriso surgir. Eu me sentia péssima com aquilo, mas era necessário. – As cinco horas. Você vai?


- C-claro! – a garota gaguejou, quase dando pulinhos.


- Perfeito. Eu estou me sentindo uma idiota fazendo isso, mas ele nos pagou, então – dei de ombros, tudo como o planejado. – Mas ele pediu segredo. Segredo absoluto, porque ele quer que seja perfeito!


A garota quase vibrou, e eu e Dorcas nos entreolhamos, satisfeitas.


- Ouviu, nada de contar a ninguém! Nem a suas amigas e nem a ninguém! – Dorcas falou.


Ela assentiu, e me abraçou com tanta força que senti meus ossos tão finos serem amassados. Em seguida saiu dando pulinhos entre a multidão.


- Primeira já foi, continuaremos o trabalho – falei animada, riscando o primeiro nome da lista.


A seguir foi saindo tão natural que eu quase acreditei que Sirius Black havia chamado aquelas garotas realmente. E eu estava me assustando com o jeito que eu estava agindo, acho que eu andava muito com Dorcas. Mas eu estava com um bom pressentimento quanto a esse plano.


Depois de umas cinquenta garotas, todas escolhidas por seu jeito meio escandaloso, nervoso, irritado e bravo, havíamos terminado. O dia nunca havia rendido tanto, e eu estava extremamente curiosa pra sábado.


Agora só restava a última parte do plano.


- Ei, Black! – o puxei pelas vestes quando estávamos saindo da última aula do dia, Feitiços. – Posso falar com você um minuto?


- Olá minha amável e adorada Soo, o que deseja? – ele perguntou com aquele sorriso que ele PENSAVA que me convencia. Mal sabia ele que nem sorrir ele vai poder...


- Nem vem com graça – suspirei. – É sobre o passeio de sábado.


- Nem pense em desmarcar – ele falou com a testa franzida.


- Não é isso. Exatamente – ponderei. – Tenho me atrasado muito nos deveres, por isso vou me atrasar um pouco.


- Quer que eu te ajude? – ele perguntou prontamente.


- Não – respondi, seca. – Eu só vou atrasar um pouco, por isso é melhor nós marcamos um lugar.


- No Três Vassouras? – sugeriu.


- Lotado demais. O que acha no Cabeça do Javali?


Já pude sentir as coisas maliciosas passando na cabeça do imbecil, mas não decidi comentar nada.


- Você que decide – ele sorriu, e eu nem queria imaginar nos pensamentos de agora. – Que horas?


- Hum – fingi pensar. – Quinze pras cinco está bom pra você?


- Excelente.


- Vê se não se atrasa – alertei, apontando o dedo em sua direção.


- Nunca – ele falou, então voou em cima de mim me dando um beijo no rosto e saiu correndo.


Eca! Corri para o dormitório para lavar o rosto, até avistar minha deliciosa caixa de caldeirões de chocolate, me fazendo esquecer disso. O dormitório estava completamente vazio, e meu estômago dizia para comer, e meu cérebro não. Nessa luta frenética do meu próprio corpo, apenas corri para o banheiro e usei a escova novamente, despejando tudo que eu podia.


Me sentia bem melhor agora.




Maria POV:


- Ai garoto, nem vem me atormentar que eu estou cheia de você! – berrei quando eu vi McKinnon se aproximar de mim enquanto eu andava no pátio de volta para o castelo. Me arrependi de ter ido tomar um ar, estava um frio terrível, além de começar uma geada forte.


- Eu quero conversar com você, MacDonald. Como gente decente – ele segurou meu braço e me virou. Se não fosse pelo frio eu teria metido a mão na cara dele. Meu Merlim, me dê paciência com esse jumento.


- Fala logo. Não quero morrer congelada – falei, impaciente.


- Por acaso você já percebeu no tanto que nós já brigamos? – ele perguntou com a voz controlada. – Por coisas tão idiotas e sem sentido?


- A culpa foi extremamente sua – cortei.


- Viu? Logo isso vai acarretar em outra discussão, e eu não quero isso – ele falou com um suspiro. – Eu já tenho 16 anos, e você 17. Não acha que estamos na idade de crescer, de amadurecer?


Não respondi. O vento batia no meu ouvido feito um sopapo, e eu lutava contra a geada e a sensação louca de bater os dentes.


- Eu sou humano, e eu canso facilmente de coisas tolas como essa, MacDonald. E eu estou falando sério. Desde aquele primeiro dia, no trem, nós sempre brigamos por motivo algum! E agora que estamos no mesmo time, somos da mesma casa, sem falar com as coisas ruins que estão acontecendo fora do castelo, você vai implicar comigo justo porque eu sem querer esbarrei em você?


Já ia dizer que não foi te propósito, mas mudei de ideia no caminho. Quem era ele pra me dar sermão? Se bem que... ele estava certo. Meu Merlim, ele está certo! Meu coração bateu de ódio, agora não sei do que. Acho que de vergonha.


- Tem razão – falei por fim, com um suspiro baixo que eu sei que ele não ouviu por causa do vento.


- É bom saber que concorda. Todo mundo já estava cansando das nossas discussões no coral. E fora dele – ele riu. – Acredita que já estavam falando que estávamos ganhando de James e Lily nas discussões?


Bufei baixo, me encolhendo no casaco. Droga, minha mãe sempre me mandava suéteres finos.


- Então está tudo bem? Nada de brigas mais? – ele me olhou com cautela, estendendo a mão. Demorei um tempo para processar toda essa conversa. Será que eu conseguiria manter a paz?


Bom... não custa tentar.


- Nada de brigas – apertei sua mão, com um sorriso.


- Sabe – ele disse, franzindo a testa, sem soltar minha mão. – Você fica muito mais bonita quando sorri.


Nem soube o que responder. Já vi que ele estava tirando uma com a minha cara.


- Obrigada – falei simplesmente, constrangida.


- Está com frio? – ele perguntou, e então me estendeu seu casaco de couro preto e reluzente.


Espera aí.


Ele me deu o casaco.


Isso é... romântico.


Meu Merlim. O que está acontecendo? Que acesso de bondade e gentileza é esse?


- Tudo bem, não vai explodir – ele girou os olhos, então eu peguei o casaco e vesti, olhando-o desconfiada. Opa, tinha perfume masculino.


- Agora eu tenho que ir. Sabe... deveres – ele falou, dando um passo para trás e sorrindo. – Pode ficar com o casaco, depois você me devolve.


Eu o vi afastar, ainda abobada e chocada com tudo aquilo. Eu o odiava minutos atrás! E agora... eu estava com o casaco dele e ele acenava pra mim sorrindo, como se fôssemos amigos desde nascidos.


Meu cérebro ainda trabalhava, e chegava até a doer. Então antes que McKinnon se afastasse demais eu gritei.


- Ei, McKinnon! – ele parou de andar e se virou.


- Sim?


- Posso saber o porque de tudo isso? – perguntei, a curiosidade me tomando.


Ele parou por um momento, então mordeu o lábio.


- Estou tentando impressionar alguém, uma garota, e pra isso eu tenho que amadurecer – ele sorriu, dando de ombros.


Em seguida retomou seu caminho, e eu fiquei pra trás, com a boca tão aberta e o peito tão apertado que eu nem sei como não morri de falta de ar.




Emelina POV:


- Posso me sentar? – alguém pergunta, e quando olho pra cima com a esperança que seria Benn...


- Oi, Remo – sorri. – Claro que pode.


Ele afastou a cadeira e se sentou, apoiando seus livros na mesa.


- Será que vou saber o porque dessa carinha triste? – ele dá uma pequena risada.


- Quer mesmo ouvir os problemas de uma adolescente deprimida? – perguntei.


- Estou a ouvidos, já que essa adolescente deprimida é minha amiga.


Ai, como eu amo o Remo. Acho que nem Sophie e nem Dorcas fariam isso no momento. Com certeza as duas estavam por aí bolando o plano que não querem me contar, com medo que eu acabe dando a língua nos dentes. Isso é uma ofensa.


- É sobre aquela pessoa novamente – contei, mexendo distraidamente na capa do meu livro de Transfiguração. – Eu não sei se ele gosta de mim, não consigo desvendar isso, entende?


- Entendo – Remo falou, parecendo desconfortável, mas continuando sorrindo. Outra pessoa que eu não entendo muito bem. Mas ele estava me ouvindo, e isso é o que importa agora. – Ele já mostrou algum interesse?


- Antes da competição de sábado ele me deu um beijo no rosto. Não sei se isso significa alguma coisa – dei de ombros.


- Significa um começo – Remo falou.


- Será? – franzi a testa. – Eu esperava que ele me chamasse para ir a Hogsmeade nesse fim de semana, mas ele visivelmente sumiu...


E eu suspeitava que isso devia-se ao fato de que ele ganhou. Talvez não quisesse ficar com perdedores... Isso deu uma dor no coração que eu cheguei a fazer uma careta. Remo simplesmente sorriu mais ainda.


- Eu tenho uma ideia, veja se aprova – Remo falou. – Você vai a Hogsmeade comigo, e lá você o procura, dá um jeito de chamar a atenção dele...


- Você quer dizer por ciúmes nele? – perguntei, subitamente animada com a ideia.


- Claro, só se você quiser. Mas...


- É uma ideia ótima, Remo! – exclamei, agitada. – Ai, você é o máximo!


Recolhi minhas coisas e estalei um beijo no rosto dele, que corou até virar um puro pimentão. Eu fiquei tão animada que precisava contar isso a Dorcas e Sophie, e, quem sabe, descobri o plano delas também.




Lily POV:


AI MERLIM! É HOJE!


É hoje, é hoje, é hoje, é hoje, é hoje, é hoje, é hoje, é hoje, é hoje, é hoje!


Sábado, o dia derradeiro da minha morte. Porque eu acho que vou me matar, sinceramente. Eu nem tinha conseguido dormir direito, mesmo com o coral de ontem, ao qual ficamos nos divertindo bolando algum número legal. Mesmo com isso! Revirei na cama a noite inteira, e agora eu tinha certeza que eu estava com olheiras gigantescas e profundas, e por isso todo mundo que olharia na minha cara ia sair correndo de medo.


Quando notei que tinha amanhecido e ouvi Maria cair da cama (ela mesmo se jogava pra poder acordar disposta), aí que eu decidi não levantar mesmo. Fiquei ali quietinha, só ouvindo os passos das outras garotas, depois Alice começou a cochichar, e depois Beth e Louise e pronto, começou a conversa que era impossível não acordar alguém. Ou seja, elas sabiam que eu estava acordada, e agora eu estava perdida.


- Lily, pode ir tratando de sair já daí! – Alice me balançou. – Hoje é o grande dia, então nada de fingir que está dormindo!


Continuei de olhos fechados, imóvel e sem soltar nenhum som sequer. Mas é claro que com Maria isso não resolveria.


- Levanta daí, mulher! – Maria puxou meu cobertor com ferocidade, me fazendo rolar para o chão. Bem que isso poderia ter feito eu quebrar um braço ou uma coluna, mas não, a "sorte" estava comigo hoje.


- Ai! – resmunguei, acariciando minhas costas. – Maria!


- Desculpa amiga, isso é pro seu próprio bem – ela sorriu.


Depois eu me sentei no chão e fiquei as observando. Era garotas de calcinha e sutiã andando pra todo lado, arrumando o cabelo, se vestindo, se maquiando, conversando sobre garotos – assunto que eu evitei de todas as formas possíveis –, e, é claro, me xingando.


- Lily, é melhor você tomar alguma atitude. Não vai querer sair com James de pijamas, vai? – Alice me levantou com esforço. – Vem, eu escolho uma roupa pra você.


Quando me olhei no espelho, enquanto Maria e Alice discutiam a cor da blusa que eu usaria, já vi que o dia não ia ser muito bom. Como eu previra, ali estava uma panda, com aquelas manchas ao redor dos olhos. Eu estava mais pálida que o normal, parecendo um fantasma. Eu já disse que odeio ser ruiva? Sei lá, você é branca demais, com algumas coisas ridículas intituladas sardas, e aquele cabelo que chama atenção a quilômetros de distância... Sabe, não era muito legal. E o que era pior era aquela pele albina horrenda, que me dava arrepios só de ver.


- Lily, para de treinar suas caretas pra James e vem ajudar a gente a decidir – Maria puxou minha mão. – O que você acha melhor, um verde clarinho combinando com seus olhos ou preto, que combina com tudo?


- Ah, com certeza ela vai escolher o preto. Deve estar de luto hoje – Alice gargalhou, e eu cada vez me surpreendia como essa garota me conhecia bem. Sim, eu estava de luto. E quanto mais preto melhor.


Por fim elas me forçaram a ir no banheiro tomar um longo banho e ficar cheirosa – espero que isso não tenha um propósito -, e quando saí parte delas estavam arrumadas. Louise e Beth me deixavam no chinelo, bonitas, maquiadas e bem vestidas. E eu ali, parecendo um boneco de neve humano. Alice não conseguia parar de sorrir com certeza imaginando o ótimo passeio que terá com Franco, e Maria estava mais preocupada com o que vestir como nunca. Até estranhei que alguns dias atrás ela estava se comportando meio diferente, até parou de implicar com Jason! Isso realmente é estranho.


Louise e Beth decidiram descer, conversando sobre os garotos, como sempre, e Maria e Alice ficaram pra terminar o serviço: eu.


- Você tem sorte de ter um acompanhante hoje, Lily – Alice sorriu, enquanto me maquiava. Não queria nem ver o resultado, não mesmo. – Está frio, ou seja, você tem que exigir um casaco imediatamente, atitude de cavalheirismo.


Maria resmungou.


- O que foi? – perguntei.


- Nossa querida amiga chegou aqui com um casaco masculino por esses dias, mas não quis contar de quem era – Alice a fuzilou com os olhos, agora ajudando Maria com meu cabelo. Eu realmente tinha pena delas, sabe, meu cabelo era muito temperamental.


- Sério? Maria, quem é? – perguntei, os olhos arregalados. Eu nunca tinha visto Maria se relacionar com ninguém. Quero dizer, eu nunca a vi sair com um garoto pra Hogsmeade, ou algum garoto fazer isso com ela, nada. Talvez seja pelo seu jeito meio... "amedrontador" de ser, mas ela nunca se envolvia com um garoto. Pelo menos em Hogwarts. As vezes ela nos contava de algum garoto que conheceu nas férias, mas não era nada muito sério.


- Ninguém. Agora pare com a cabeça, Lily. Antes que eu arranque seu couro cabeludo – ela ameaçou, irritada. – Já não basta ter que segurar vela de Alice e Franco hoje, ainda tenho que aturar vocês enchendo minha cabeça!


- Ora, por que não vai com Dorcas? – sugeri.


- Ela com certeza vai com Gravelle – Maria deu de ombros.


Alice e Maria voltaram a discutir sobre o Garoto do Casaco, enquanto terminavam a bagunça que era meu cabelo. Depois disso, já prontas – e me deixando no chinelo também -, anunciaram que iam descer.


- Sua roupa está separada ali. Vê se não vai errar ou colocar outra roupa! – Alice me alertou.


- Nossa, eu havia me esquecido como me vestir – revirei os olhos, e Alice riu, curvando-se pra me dar um beijo na bochecha.


- Se cuida, e boa sorte! – ela falou, piscando. Ai meu Merlim, isso não estava ajudando.


- Com certeza James está lá embaixo, então vê se não se atrasa – Maria também me beijou. – E queremos todos os detalhes depois, um por um, sem pular nada!


- Ok, ok – suspirei, então elas deram um último aceno e sumiram porta afora.


Esperei os passos delas se distanciarem pra procurar uma corda no dormitório. Era hoje que eu me enforcaria.




Sophie POV:


A ansiedade quase me matava. E a curiosidade também. O combinado era eu nem ir pra Hogsmeade hoje, contanto que Dorcas trouxesse minha encomenda de doces hoje.


- Não sei como você come tanto e não engorda. Queria muito saber – ela comentou, quando dei-lhe todos meus galeões guardados. Acredite, Dorcas, você nunca gostaria de saber.


E Dorcas estava morrendo de curiosidade também, porque ficara sabendo que Jason também não iria a Hogsmeade hoje. Até me forçou a perguntar a ele, ao que me respondeu que estava super atarefado hoje. Mas pelo menos eu não ficaria sozinha, e assim faríamos nossas tarefas juntos.


Emelina também estava meio ansiosa, pois sairia com Remo pra causar ciúmes a Benn, foi isso que eu entendi. Dorcas estava vibrante, dizendo que "estava realmente orgulhosa das suas duas amigas". E depois que eu vi Dorcas se afastar com Gravelle, prometendo ver o show do Cabeça de Javali afim de me contar depois, e Emelina se juntar a Remo, voltei para a sala comunal, onde Jason já me esperava.


No caminho, encontrei com Black, acompanhado de Pedro.


- Minha cara, Sophie. Espero que não se atrase hoje – ele sorriu torto. Coitado, nem imaginaria o que estava por vir.


- Eu digo o mesmo. Nada de se atrasar. Nos encontramos lá – suspirei, mas não deixando de sorrir.


Quando o vi afastar fiquei com tanta pena que quase chorei por ele, mas ao invés disso controlei completamente minha vontade de rir.




Emelina POV:


- Remo, muito obrigada por estar fazendo isso por mim – agradeci novamente quando já tínhamos chegado ao vilarejo. – Acho que nenhum outro garoto faria isso, estou até envergonhada por estar meio que te usando desse jeito.


- Tudo bem, Lina. O plano foi meu – ele riu, encolhido no agasalho como eu. O frio estava horrível, e ainda me surpreendi por não estar nevando ainda. Apenas uma geada deixava o ambiente mais claro, e isso piorava a situação. – Além de tudo, é por uma boa causa.


- Obrigada, de verdade – sorri para ele. – Estou congelando, o que acha de irmos ao Três Vassouras e pedir uma cerveja amanteigada? As vezes ele esteja lá...


- Por que insiste em esconder quem ele é de mim? – Remo perguntou quando adentramos o pub e tirando nossos casacos.


- Acho que vai descobrir hoje – mordi o lábio, constrangida.


Remo pediu nossas cervejas, e voltamos a conversar, animados mesmo com o frio. A cerveja ajudava bastante também, esquentando todo o meu corpo.


- Oh! Ele está ali – avistei Benn entrando no pub com mais alguns alunos da Lufa-Lufa. Estranhei que ele não estivesse com Sean ou Schain.


- Chapman? O garoto que você gosta é o Chapman? – Remo perguntou surpreso, quase se engasgando com a cerveja.


- Sim – corei fervorosamente. – Por quê?


- Não esperava – ele comentou.


Benn ainda não tinha nos visto, por isso eu estava realmente tensa com tudo aquilo. Quando ele me avistou, finalmente, eu acenei. Ele sorriu, fazendo o mesmo, então franziu a testa ao ver que eu estava acompanhada. Remo nem olhou em sua direção.


- Ok, vamos conversar – falei, animada com o resultado.


- Estamos conversando – ele riu. – Você quer dizer, fingir?


- É, praticamente isso – soltei um sorriso de desculpas.


Voltamos a conversar depois disso, e eu continuava a olhar para Benn pelo canto do olho. Ele havia se sentado bem perto da gente, por isso eu continuava a atuar, sorrindo, rindo e conversando com Remo. E eu tinha certeza que Benn já estava tirando conclusões precipitadas.


Remo, Remo... Eu devia muito a esse garoto.




Lily POV:


Era agora. Eu já havia colocado minha roupa: uma camisa branca simples com uma jaqueta de couro preta emprestada de Maria por cima, o que me fazia ter certeza que eu passaria frio, e uma calça justa preta também, com meu inseparável tênis. Eu estava apresentável até... A roupa caiu bem, e minhas olheiras haviam sumido graças a maquiagem milagrosa de Alice. E meu cabelo... bom. Eu quase nunca o soltava, então Maria apenas tinha prendido algumas mechas e soltado outras. É, elas fizeram um bom trabalho, mesmo que eu saiba que eu não tenho solução.


Já que eu não tinha encontrado nenhuma corda no quarto – certeza que Alie escondeu todas de mim -, decidi descer. Eu estava tão nervosa que minhas mãos chegavam a suar! A suar!


Por que eu estava assim? Era só Potter, afinal. Só ele. Não é nada romântico nem nada... Tudo bem que isso eu nunca esperava, desde quando ele começou a me atormentar no quinto ano, mas isso não tem condição! Eu não posso sair com um garoto não prevendo... Ai meu Merlim, eu estou com medo. Eu juro que se Potter abusar eu vou meter a mão na cara dele.


Eu estava atrasada. Com certeza ele foi embora e não me esperou. Certeza. Aí eu vou ficar feliz, e não vou precisar ir a encontro nenhum! Nenhunzinho. Eu estava mais agitada com isso, quem sabe eu não possa me atrasar mais um pouquinho...


Acho que agora já dá. Acho que Potter já está pensando que eu morri, afinal. Ou que eu desisti dele, o que seria o óbvio. Mas mesmo assim decidi descer, Maria e Alice me matariam.


Minhas pernas tremiam mais do que eu queria, e o frio não estava ajudando com a tremedeira. E minha mão continuava suada. Bom, pelo menos eu não teria que dar as mãos para o Potter-energúmeno. Jamais.


Desci degrau por degrau da escada circular, calmamente, e quando cheguei a sala comunal só tinha alguns alunos do primeiro e segundo ano que ainda não podiam ir pra Hogsmeade. E tinha Jason e Sophie, o que eu estranhei.


- Ei, o que estão fazendo aqui? – perguntei, quando avistei-os nas melhores poltronas. – Não vão a Hogsmeade?


- Oi Lily, está linda! – Sophie sorriu. – Eu vou mais tarde. Eu e Jason temos muitos deveres atrasados. É de família.


Me juntei a Jason para rir.


- Bom, é uma pena – falei. – Eu estou indo agora...


- Com o James, não é? – Sophie riu. – Boa sorte.


- Boa sorte? – Jason estranhou. – Ele é seu ex!


Eu e Sophie nos entreolhamos.


- Bom passeio, Lily! – Sophie sorriu amarelo.


- Obrigada! – escapei logo de lá, antes que o clima ficasse desconfortável antes da hora.


Mas eu mal me virei para procurar a tal pessoa, e ela aparece na minha frente, sorrindo feito uma criança num parque de diversões. Era o Potter, é claro, o que fez minha respiração vacilar um pouco.


- Está pronta? – ele perguntou, educado.


Eu apenas assenti, me esforçando pra não sair correndo. Acompanhei ele até a saída para o buraco do retrato e daí pro corredor. Não conversávamos muito, ainda mais porque o frio nos impedia. Passamos por Filch em direção a estradinha que ligava o vilarejo a escola, e foi aí que eu reparei direito nele.


Merlim, ele estava... bem vestido, é assim que eu posso dizer. Aqueles cabelos super bagunçados dando um ar de rebeldia, mas ao mesmo tempo charme. Ele estava... ele estava... bonito. AH, não acredito que eu pensei isso! Merlim, mereço ir para o inferno.


Eu e Potter continuávamos com as conversas entrecortadas, enfrentando o tremendo frio e o vento forte. Eu sabia que eu ia sair voando a qualquer momento, mas eu tenho certeza que minha gordura impedia.


Chegamos ao vilarejo tão lotado que eu me perderia ali, e onde o vento era mais fraco, afinal.


- Onde quer ir? – ele perguntou, alterando um pouco a voz por causa da multidão.


- Você que escolhe – dei de ombros.


Merlim, me escuta.


Acho que estou ficando louca.


Já devo ter enlouquecido, é bem imediato, o efeito.


Não estou acreditando.


Ai, Merlim. Está me ouvindo?


Eu necessito de ser internada, eu preciso.


Acho que é alguma doença muito forte, mesmo.


Mas eu vou ter que confessar, e isso vai deixar claro que eu enlouqueci.


Eu estava me divertindo.


Eu... estava...


Me divertindo.


Em um encontro...


Com Potter.


Com JAMES POTTER.


EU ESTAVA ME DIVERTINDO EM UM ENCONTRO COM JAMES POTTER!


!


Eu vou me internar, e não há nada que ninguém diga, eu já decidi. Eu preciso de tratamento médico urgente! Quem, em sã consciência, se diverte num encontro com James Potter?


Eu o odiava, Merlim. Ou melhor, eu o odeio. Odeio? Não sei, mas odiava. Eu nunca aceitei sair com ele na vida, e quando aceito... eu chego a gostar? Algo está errado aqui, muito errado.


Acontece que Potter me levou pra Zonko's depois que eu disse "Você que escolhe". Até me arrependi um pouco de início, mas depois foi... legal. Ok, confesso, foi divertido, muito divertido. Talvez uns dos passeios mais legais que eu tive.


Eu estou louca.


Então, Potter me levou até a Zonko's, e lá ele me mostrou tanta coisa que eu nunca tinha visto lá! Sabe, coisas que passam a seus olhos e você não percebe. Tinha um mínimo apito que quanto menor o tamanho mais alto é o seu som; me arrependi de apitar, acho que as pessoas lá de Hogwarts ainda devem estar se perguntando que barulho foi aquele. Tinha cada coisa inimaginável naquela loja, coisas que eu sempre ignorei, que de repente tornou-se algo totalmente hilário. É claro que Potter conhecia a loja inteira, afinal, ele é um maroto, e um maroto precisava daquilo para viver. Começamos a olhar a loja inteira, e daqui a pouco lá estávamos nós rindo feito crianças idiotas brincando bobamente; Potter sempre me pegava algumas peças, e eu sempre devolvia, como aquele colar que deixava sua pele de acordo com o animal da embalagem enquanto você o usava. Tenho que reconhecer que Potter ficou realmente fofo quando usou o colar de gatinho.


Eu definitivamente enlouqueci.


Depois fomos a Dedosdemel. Isso Potter não ganhava de mim. Eu conheci aquele loja de cor e sorteado, pois ninguém naquele castelo me barrava quando se tratava de doces, ninguém. Devo comentar que Potter ficou meio surpreso quando me viu lotar os braços com um doce diferente de cada vitrine, e ficou encantado ao me ver retirar balas desconhecidas que eu sempre escondia no fundo quando ia a Hogsmeade. Eu sempre fazia isso, porque pra mim essas balas eram sagradas. E Potter achou minha ideia interessante, pois sempre compravam seus produtos preferidos na Zonko's. Eu, ignorando o fato que talvez Potter me achasse uma maluca, comecei a fazer a rapa na loja, me deliciando com os mais variados doces possíveis. Logo saí com uma sacola imensa de doces de lá.


A seguir, a próxima parada seria o Três Vassouras. Ai. Eu sabia. Eu não acredito. Vou sair correndo agora, de verdade.


Era no Três Vassouras que as coisas... aconteciam, e agora eu nem queria entrar lá, mas eu estava com medo demais, mas ao mesmo tempo com frio demais, e eu não podia negar. Antes lá do que o Cabeça de Javali, convenhamos.


O pub estava lotado, especialmente por alunos de Hogwarts.


Isso não seria nada, nada bom.




Remo POV:


Continuávamos a conversa, eu vendo Lina olhar alternadamente para onde Chapman estava. É claro que aquilo estava muito desconfortável, mas eu não tinha coragem de dizer isso a ela. Apesar de tudo, ela estava feliz. E, bom, isso era o que importava.


Nossas conversas não faziam muito sentido, a não ser que tivesse sorrisos e risadas, tudo parte do plano. E Chapman continuava a olhar para nós.


Um casal entrou no pub, e logo reconheci Lily e James. Eles não nos viram, pois foram para um canto mais afastado do bar. Eu sabia que James estava vibrando por dentro, eu podia sentir daqui. E também tinha certeza que aquilo que todos almejavam estava prestes a acontecer com aqueles dois.


Emelina se levantou, dizendo que ia ao banheiro e logo voltava. Eu apenas assenti, tomando distraidamente minha cerveja amanteigada.


Quinze minutos depois Emelina não tinha voltado.


- Oi, Remo! – alguém se sentou no lugar dela, sorrindo.


- Beth – cumprimentei, sorrindo. – Como vai?


- Um tédio – ela suspirou. – Louise sumiu por aí com algum menino e eu fiquei pra trás. Na verdade eu nem queria ter vindo, mas foi tudo por causa do seu amigo.


- Entendo – comentei, rindo.


- Ele veio com quem, já que eu neguei o pedido dele? – Beth perguntou, interessada.


- Sophie – respondi simplesmente, ainda me perguntando do paradeiro de Lina. Beth simplesmente franziu a testa, e depois de tomar um pouco mais da sua bebida, apenas se despediu e saiu do pub. Lá vem encrenca.


Mas agora eu estava com a cabeça em outro lugar. Olhei para onde Chapman estava com seus amigos antes, e agora ali estava só os mesmos.


Decidi averiguar. Paguei minha cerveja e fui até porta do banheiro feminino. Era provável que Emelina não estava lá, porque calculando a distância entre o banheiro e a saída é bem fácil ela ter saído de lá sem eu ter percebido.


Caminhei pra fora do pub e olhei para os dois lados da rua. Estava tudo muito cheio, até que, no meio da multidão, identifiquei um casal aos beijos; o garoto era Chapman, e a garota era Emelina...


Depois disso, eu mais que merecia ir embora dali.




Lily POV:


Depois de conversar, rir e beber muita cerveja amanteigada no Três Vassouras – algo totalmente convidativo – eu e Jam... Potter saímos de lá e a seguir avistamos Remo caminhando em direção a saída do vilarejo.


- Aluado, ei! – Jam... Potter o chamou, e caminhamos até ele.


Ele se virou. Parecia desanimado, e até triste, me fazendo perguntar o que aconteceu.


- Oi, Remo! – cumprimentei quando chegamos perto o bastante. – Aconteceu alguma coisa?


- Er... nada – ele sorriu fraco.


- Está se sentindo bem? – Jam... Potter perguntou com um tom enigmático. Mais questões pra minha pobre cabecinha.


- Sim, só vou voltar para o castelo. Já está tarde – ele consultou o relógio. – Já passam das cinco.


- Já? – arregalei os olhos. – Sendo assim, também vou embora. Daqui a pouco começa a escurecer.


Olhei para o Ja... Potter, que tinha uma expressão neutra.


- Ainda tem tempo de vocês aproveitarem o passeio, eu estou voltando porque tenho que resolver algumas coisas – Remo falou. – Vejo vocês mais tarde.


- Ok – respondemos, enquanto eu percebia Ja... Potter parecer intrigado.


Voltamos o caminho, ainda questionando o que aconteceu a Remo, até a explicação estar ali na nossa frente. Encostados na faixada do Três Vassouras, Emelina e Chapman ali, aos amassos. Mordi o lábio, pensando em Remo. Aí estava a explicação.


Mas o mais desconfortável foi estar ali, ao lado de Ja... Potter, assistindo um casal se agarrar. Será que ele queria o mesmo? Será que ele estava planejando aquilo desde sempre? Será que a qualquer momento ele me agarraria? Ai meu Merlim.


Eu olhei pra ele de soslaio, e ele fazia o mesmo. Ninguém sabia o que dizer, e isso estava muito MUITO desconfortável.


- Er... Vamos voltar para o Três Vassouras? – sugeri.


Então voltamos, e sentamos na mesma mesa afastada que tínhamos nos sentado antes. Eu achei que ele fez isso de propósito, pra... sabe. Ai meu Merlim, ele quer me agarrar.


Ou não quer? Na verdade eu que quero?


MENTIRA, EU NÃO QUERO! Não sei da onde eu tirei isso.


- Vai querer outra cerveja amanteigada? – J-Potter me perguntou.


- Só se dessa vez eu pagar – desafiei. Da primeira vez ele não me deixou pagar, cretino. Acha que só porque sou uma nascida trouxa não vou ter dinheiro? Rum.


- Nem pensar – ele sorriu perversamente.


- Então não, não vou tomar nada.


- Tudo bem – ele suspirou, e pediu uma garrafa e dois copos. Logo ele derramava a cerveja em um copo, bebia e estalava os lábios, provocando.


- Não adianta. Não vou cair em tentação – cruzei os braços e olhei em outra direção.


- É uma pena, está uma delícia – ele colocou mais bebida em seu copo. – Hum, acho que foi a melhor que eu já tomei na vida.


- Então eu te aconselho a apreciar melhor – sorri falsamente.


- É o que eu estou fazendo. Mas... – ele piscou. – Seria ótimo compartilhar com alguém.


- Por que não compartilha com essa senhora aí? – indiquei uma mulher que aparentava seus sessenta anos, sentada na mesa ao lado.


- Boa ideia. Senhora? – J-Potter se esticou até ela com a garrafa em mãos. – Aceita uma cerveja amanteigada? Sabe, parece a melhor cerveja do mundo.


A mulher piscou umas três vezes, olhando-o intrigado. Por fim estendeu seu copo e J-Potter a serviu. Ela bebeu.


- Hum, está realmente boa – e deu seu sorriso cheio de rugas.


- Viu? – J-Potter sorriu satisfeito pra mim. – Está perdendo.


- Ah, é claro. Agora porque não aproveita e vai passear com ela? – falei, irritada.


- Lily Evans, não acredito que está com ciúmes – ele sorriu em malícia.


- Vou beber essa porcaria de cerveja só pra ignorar seu comentário – peguei o copo vazio e o enchi, enquanto J-Potter ria da minha cara. Eu sabia que esse era o passatempo preferido das pessoas.


- Eu sabia que você ia resistir.


- É que eu estou com frio mesmo, e essa cerveja me esquenta um pouco.


Sem hesitar, J-Potter foi tirando seu casaco. Ai Merlim, isso não era um bom sinal. Ele o estendeu pra mim e esperou.


- Vista – pediu.


- Mesmo com o risco de uma Lily completamente desastrada derramar sem querer um pouco de cerveja amanteigada nele? – perguntei, com o receio que ele não me emprestasse.


Mas ele simplesmente riu.


- Mesmo assim – assentiu.


Não tive outra escolha, não é mesmo? Eu estava com frio, e o casaco dele era quentinho. E cheiroso. Um cheiro ótimo na verdade – NO QUE EU ESTOU PENSANDO? Tira isso da cabeça Lily, volte a comentar do pano. Era daqueles panos bem quentes que aqueceria um castelo inteiro, por exemplo. E eu fiquei quente na mesma hora, apesar de o casaco dar duas de mim e eu ter que encolher as mangas.


- Ficou enorme em você – ele comentou, os olhos brilhando. – Mas você continua linda.


Ainda bem que eu não estava bebendo cerveja naquela hora, porque eu tinha certeza que eu teria me engasgado e morrido. Mas até que seria bom naquela situação, porque eu não conseguia mais parar de corar. E pior, ele tinha percebido, e sorria abertamente para mim.


- Obrigada – pigarreei, e pra não fazer outro comentário voltei a tomar a cerveja. Que ele não solte outra coisa pra me fazer engasgar.


- Lily, posso te perguntar uma coisa?


Ai, lá vem bomba. Prepare-se Lily, que agora o bicho vai pegar. Eu já espero por um "Quer namorar comigo?" ou um "Me beija?".


- Já perguntou – tentei descontrair, antes que eu começasse a gaguejar sem parar. – Mas pergunte novamente.


- Posso saber porque você andou fugindo de mim por esses dias? – ele parecia divertido. Ufa, pelo menos não é um pedido de casamento. Depois daquela história de acharem que eu vou ficar grávida eu entrei em trauma.


- Por vergonha – fui sincera, ainda pensando que aquela pergunta foi melhor do que muitas outras na minha cabeça.


- Vergonha...? – ele ergueu as sobrancelhas.


- De você, oras – falei, tentando ao máximo não encará-lo. O segredo era olhar pra baixo, pra sua bebida, como se estivesse passando um filme muito interessante dentro do copo.


- De mim? Mas o que...?


- Já respondi sua pergunta, agora vamos mudar de assunto? – pedi com um suspiro, e ele riu.


- Lily, Lily. As vezes eu não te entendo.


- Bem-vindo ao clube.


Ele não voltou a dizer nada, apenas ficou bebendo sua cerveja e eu a minha, ouvindo as conversas dos outros.


- Então... – ele voltou a falar depois de um tempo. – Está gostando do passeio?


Procurei pela resposta adequada.


- Não está tão mal quanto eu pensava – respondi.


- Isso é sério? – ele parecia surpreso.


- É – sorri. – Você não é tão mal quanto eu pensava, Potter.


Ele bufou.


- Acredite, eu nunca imaginaria você dizendo isso.


- Depois de muito tempo da sua insistência acabei descobrindo que não é de todo um inferno sair com você.


- Você achava que sair comigo era um inferno? – ele perguntou, ofendido.


- Não exatamente. Eu achava que você era um inferno – dei de ombros, meio culpada. – Mas não é.


- Sair comigo é um céu, e eu sou um anjo? – ele sorriu.


- Vamos abaixar o ego? – pedi.


- Acho que venho andado muito com Sirius – ele riu. E nem sabe como, desde... bem, desde que entraram nessa escola. – Falando nele, acho que ele já foi embora com Sophie. Estou curioso agora.


Eu ia comentar que ele estava interessado no paradeiro da sua ex, mas deixei pra lá. Como eu disse, queria evitar momentos desconfortáveis, por isso só comentei.


- Eu também. Mas pode ter certeza que assim que chegarmos no castelo Dorcas nos informará de tudo.


- Tem razão – ele concordou.


Mais silêncio. Ou melhor, nosso silêncio, porque as pessoas do pub estavam cada vez mais barulhentas.


- Ok, quando não tem nenhum assunto, nada melhor do que falar do tempo, não é mesmo? – ele começou, me fazendo rir.


- Certo, vamos falar do tempo. Parece nublado – olhei pela janela. Estava realmente escuro.


- É que já anoiteceu – ele olhou no relógio.


- Que horas são? – perguntei, espantada.


- Já passam das seis.


- Merlim, temos que voltar! – comecei a me levantar, até J-Potter dizer.


- Tem certeza? – ele ergueu a sobrancelha. – Ou quer esperar a chuva passar?


Chuva? Chuva, que chuva? Olhei pela janela novamente, e percebi as gotas grossas caindo e molhando todo o vilarejo. As conversas altas, afinal, era por causa da chuva.


- E agora? – perguntei a ele, que pagava a cerveja.


- Ou esperamos a chuva passar ou... – ele deu de ombros. – Arriscamos ir na chuva.


- Não quero me molhar – fiz uma careta.


- Então vamos esperar.


- Mas vai ficar tarde! – exclamei, aterrorizada. Pronto, vou ser expulsa.


J-Potter deu de ombros novamente, quase como se achasse a situação engraçada, mas não estava nada engraçado. Olhei para fora, pensando. Bom, eu estava desesperada.


- Vamos pela chuva – decidi e pegando na sua mão – EU PEGUEI NA MÃO DELE! Que ousadia -, arrastei ele até a porta do pub.


- Pronto? – perguntei.


- Lily, você fala como se estivéssemos prestes a nos matar... – ele disse, mas eu não disse nada, apenas puxei sua mão e corri.


As ruas estavam desertas, todos correndo para os estabelecimentos pra se proteger da chuva. Estava muito gelada, e as gotas eram da grossura do meu braço. Exagero, eu sei.


Corremos o máximo que pudemos, e aos poucos fomos nos distanciando do vilarejo, correndo pela estrada totalmente lamacenta. Aí estava o problema. Lama mais Lily correndo é igual a...


Pensa num tombo, um tombo bem feio com uma pessoa bem desastrada. Então, sou eu caindo. Eu meio que escorreguei e tropecei numa poça cheia de lama com uma pedra no meio, não deu pra entender muito bem, mas lá estava eu, com lama até no cabelo, o corpo todo afundado na lama, tossindo descontroladamente pedindo socorro dizendo que estava morrendo.


Eu queria ouvir o barulho de uma ambulância – mesmo que isso seja algo completamente do mundo trouxa -, mas sabe o que eu ouvia além da chuva?


Uma risada. Uma risada bem alta mesmo, de um garoto que supostamente era pra estar me socorrendo. Eu ali, jogada no barro com aquela lama entrando em todo lugar possível, sem falar no meu pé afundado em algum buraco, E O POTTER RINDO! Rindo como se aquilo fosse a coisa mais engraçada do mundo.


- Potter! – berrei, quando vi que eu não estava morrendo, apenas tinha afundado meu pé mesmo e rolado pela lama. Muito divertido. – Daria pra você me ajudar?


No meio da escuridão, e com dificuldade de enxergar por causa da chuva, eu só via sua figura curvada, engasgando-se de rir. Grrr.


- Me ajuda logo! – gritei, apavorada. Eu já podia ver as consequências depois: uma Lily completamente doentia internada na enfermaria.


Esperei uns bons minutos até ele parar de rir. Minha perna não saia do barro, e eu tinha certeza que não ia sair nunca mais.


- Calma – ele falou, ainda com o riso na sua voz, me estendendo a mão. – Eu te ajudo.


Mas por essa ele não esperava! O que eu fiz com sua mão? Puxei! Haha, eu puxei! Puxei mesmo, com toda força reunida na minha perna inútil que não vai sair da lama nunca mais. Ouvi um barulho do meu lado, sinal que ele tinha se espatifado no chão também. E bem na lama. Vingança.


Comecei a rir descontroladamente, tanto é que minha barriga começou a ficar dolorida, enquanto eu via ele se melecar de lama igual eu.


- Ei! – ele reclamou.


- Quem ri por último ri melhor, meu amigo – falei, gargalhando.


Então ele jogou lama no meu rosto. Eu peguei e joguei de volta no dele. Daqui a pouco jogávamos lama no outro, ali, no meio da estradinha. Já vi que tomar um banho só não vai tirar todo aquele barro de mim.


A luta durou muito, o bastante pra cansarmos e ficar ofegando um bom tempo também, mas sem deixar de rir. Era muita lama, muito barro. Eu estava até tonta.


- Agora... é sério – falei, ainda engasgada de tanta guerra e de tanto rir. - É melhor a gente ir embora.


James assentiu – já era, chamei-o pelo nome mesmo -, e se levantou com dificuldade, todo sujo de lama. Me controlei novamente pra não rir, porque eu sabia que se voltasse a fazer isso não sairíamos dali hoje.


Com dificuldade, ele me ajudou com a minha perna afundada, e foi sua vez de segurar o riso. Foi uma situação complicada, tirar meu pé da lama. Parece que nunca mais sairia, como eu havia dito.


- Prontinho – ele falou divertido, quando eu finalmente consegui desatolar e ficar em pé novamente. – Quebrou alguma coisa?


Nem prestei atenção a pergunta, havia parado de respirar repentinamente. James estava muito perto, numa zona de perigo. Dava até pra ver todo o barro nas lentes dos seus óculos.


- Lily? – ele falou.


Pedi a todos os santos que eu conhecia para que fizesse ele parar de falar. Que sei lá, ele se engasgasse. Assim ele se afastaria... Mas ele voltou a falar.


- Está tudo bem?


Ele devia estar me achando louca, mas eu não conseguia desviar meus olhos, então...


...


Eu o beijei. EU! LÍLIAN EVANS! O BEIJEI! Não sei o que aconteceu na verdade, em um momento eu estava ali tentando prestar atenção no que ele dizia, e depois do nada eu estava agarrando ele! EU!


Ele não esperava por isso, eu percebi. Eu estava passando minha loucura pra ele, coitado. Mas eu simplesmente me abracei a ele, puxando-o pra mim... Foi a coisa mais sem sentido que eu já fiz na vida. E ao mesmo tempo mais delirante; é, eu fiquei tonta.


E ele correspondeu. Logo estava puxando minha cintura, enquanto eu puxava seu pescoço e movia meus lábios lentamente, aproveitando cada segundo daquele beijo... E QUE BEIJO, MERLIM ME AJUDA!


Então quando dei por mim, quando vi o que eu realmente estava fazendo, ofeguei. Arregalei os olhos, colocando as mãos na boca, enquanto ele abria os olhos e sorria.


- Lily, eu... – ele começou, mas nem deixei ele terminar.


- Por favor, não conte isso a ninguém! A ninguém! – implorei, e ele pareceu intrigado.


E depois disso eu corri. Corri pra valer mesmo, deixando as lágrimas descerem, enquanto eu tomava cuidado pra não capotar novamente.


A minha sorte era que tinha parado de chover.




Sophie POV:


Jason havia sumido, abandonando sua pobre irmã na sala comunal. Com certeza foi atrás da garota que ele não queria me contar quem era. Decidi então ir pra biblioteca, lá era um lugar mais calmo do que a sala comunal, que aos poucos ia se enchendo de gente vinda de Hogsmeade, se divertindo com tudo que havia comprado.


E agora, sentada nessa ótima mesinha perto da janela, onde dava pra a lua coberta pelas nuvens, eu me perguntava onde estava Dorcas pra me contar as novidades. Eu precisava saber das novidades! Queria saber se meu plano funcionou... Mas ela tinha sumido. O que será que aconteceu?


Continuei a divagar o assunto, quase dormindo ali. Já tinha adiantado tudo o que tinha pra adiantar, só me faltava a redação de Poções, que sem a Emelina não ia pra frente. E por falar nela, queria saber as novidades dela também...


Bom, tentei fazer por mim mesma a bendita redação. Era complicada, e falava sobre fungos mágicos da Irlanda. Nada que me interessa, na verdade, por isso esperei que Dorcas aparecesse.


- Aí está você! – uma voz irritada falou, enquanto eu rabiscava entediada um pergaminho rascunho. Quando ergui os olhos, mal acreditei no que vi.


Ali, na minha frente, estava Sirius Black. Mas ele estava completamente... deplorável. Marcas vermelhas cobriam seu rosto, fora alguns arranhões em outras partes do corpo. Seu cabelo então! Parecia ter sido arrancado a força. Estava todo quebrado, desengonçado e mal tratado, coisa que não acontecia nem em seus preciosos jogos de quadribol.


Eu apenas ofeguei de choque, levando a mão na boca não só de susto, mas também para não rir.


- Obrigado por ser pontual, McKinnon. Foi realmente uma gentileza da sua parte! – ele rosnou, enfurecido. – Pode me explicar porque não apareceu?


Eu ainda me controlava pra não rir. A vontade era muita, e eu tinha certeza que se eu começasse não pararia mais.


- Eu... – tentei dizer, segurando o riso. – Eu tinha mais deveres do que eu pensei.


- Ah claro. Você não teria mais tempo de fazê-los, não é? – ele parecia REALMENTE nervoso, chegando a bufar. – Mas pulando essa parte, o que você me diz sobre um bando de garotas malucas no mesmo lugar e mesmo horário que havíamos marcado dizendo que duas garotas haviam dito que eu queria sair com elas?


- Bom, é melhor se informar de quem foram essas... – soltei uma pequena risada, mas Black chegou mais perto, assustador, o bastante para me prender na parede.


- Eu sei que foi você! Você e quem mais... Ah, claro. Quem? Meadowes, é claro. Tanto é que a mesma estava na janela de lá, espiando tudo! – ele gritou. A biblioteca inteira se virou para nós, e Madame Pince apareceu, mas não disse nada, apenas observando a cena.


- Você fez alguma coisa com ela? – perguntei, parando subitamente de rir e o encarando. Ele estava mais nervoso que eu pensei, mas agora eu podia concorrer com ele nesse quesito.


- Bem que eu queria – ele riu com sarcasmo, se aproximando mais, ameaçador, as narinas infladas. – Mas justo você... Sophie McKinnon... Eu achei que não fosse capaz de fazer uma coisa dessas! Sabe o tanto que isso foi sujo e totalmente inapropriado...


- Quer saber? – gritei irritada, o empurrando pra longe. – Isso foi bom pra você aprender, aprender a lição seu... nojento!


- Que lição? Você ficou louca? – ele gritou em resposta.


- Duvido que você se lembra do número de garotas que já foram enganadas por você! Quantas, umas... cem? Duzentas? – desafiei, sentindo o silêncio pairar ao redor de nós. – Sem falar que essas duas garotas que armaram isso pra você também estão no grupo!


- QUEM É VOCÊ PRA SE METER NESSE ASSUNTO?


- A GAROTA QUE ESTÁ CANSADA DE SER AGARRADA POR VOCÊ SEMPRE QUE NÃO QUER!


- VAI NEGAR QUE VOCÊ GOSTA? – ele riu alto, enquanto as pessoas ofegavam.


- E quem é você pra saber disso? – respondi, sem perceber as lágrimas descerem. – Mas sabe o mais importante de tudo isso? É que você conseguiu! Conseguiu ter todas as garotas a seus pés! Não era isso que você queria?


Ele não respondeu, ainda vermelho de nervoso, as narinas ainda infladas. Eu recolhi meu material, irritada, enquanto ele ainda continuava sem resposta.


- Isso – peguei meu espelho e apontei em sua direção, a fim de ele ver os hematomas e as unhadas do seu rosto -, é pra você aprender que nunca se deve brincar com o coração de uma garota.


Sem dizer mais nada, apenas saí da biblioteca, sentindo os olhares chocados dos presentes, meus soluços acabando com o silêncio entre eles.




Músicas:


1- Bust a Move

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