Dia das Bruxas



Voltei!
Acho que nenhum leitor sentiu minha falata, mas eu estava viajando (lugar no meio do mato) e consegui escrever quatro capitulos =)
Espero que gostem.





Dia das Bruxas


Lily POV:


Minha vida estava num ritmo tão rápido que quase não percebi o tempo passar. Agora com Sean no coral tudo havia mudado na dança de Valerie e uma vez ou outra Moreau aquecia Dorcas e ela cantava para nós. Não nego que odeio ela, mas também não nego que ela canta bem. E eu também treinava para meu solo, com Moreau sempre certificando de que eu não desafinaria. Eu até estava muito bem, minha voz se estendia cada vez mais.


Fora isso, muito serviço na monitoria. James e os outros ajudaram com isso quando abaixaram a guarda, e ainda mais quando sumiam assim, do nada. Ele e Remo, devo dizer. Faltou algumas vezes no coral, e nas poucas vezes que eu vi estava bem abatido. Minha cabeça logo voava para a teoria de Snape, que Remo tinha Licantropia, mas nada justificava os sumiços contínuos de Sirius, James e até mesmo Pedro. Era tudo muito estranho, mas decidi não contestar.


E por falar em James, estou o evitando o máximo possível. Geralmente quando eu chegava ao salão principal ou na sala comunal ele estava com Sophie, então eu mantinha minha distância. A única vez que ele pelo menos veio falar comigo foi para me perguntar se eu iria ao jogo de quadribol, o primeiro da temporada, contra Lufa-Lufa. Mas é claro que eu não fui, ainda mais pelo fato de Amos estar no time. O resultado foi um massacre; parece que o novo goleiro, o amigo de Sean, não deixou passar uma bola, o que garantiu facilmente a vitória.


Muitas redações e deveres para fazer, trabalhos enormes. Os professores realmente não deram nenhum pingo de trégua. Isso fora os discursos apavorantes dos N.I.E.M.'s.


Tudo estava indo bem, depressa. O coral ficava mais e mais divertido, todo mundo amigo de todo mundo – no meu caso, exceto Dorcas. Com o passar dos dias Remo melhorava a aparência e logo estava vendo a hilaridade que era Jason dançar – o pior do grupo. Diferente de John e Emelina, que eram com certeza os melhores. Minha voz estava cada vez melhor, a de Maria nem se fala, e Alice finalmente conseguiu cantar afinadamente "Tonight", em meio a aplausos. E, quando me dei conta, faltava apenas uma semana para o dia das bruxas.


Emelina estava desesperada para achar o último membro, e acabou nos infectando com esse desespero. Maria já deu a ideia de subornar alguém para entrar, mas Moreau recusou a dica; disse que uma hora ou outra alguém ia se inscrever.


Alice e Franco estavam mais próximos que nunca, quem não os conhece já pensa que estão namorando. Jason e Maria discutiam toda vez que se encontravam, e, infelizmente, Amos nunca mais veio falar comigo. Pensei em marcar a reunião de monitores para depois da competição, coisa que todo mundo já estava comentando.


As vezes me paravam nos corredores pra me fazer algumas perguntas, e, no caso de alguns sonserinos, começaram a fazer provocações nenhum pouco agradáveis, assim como faziam nos jogos de quadribol. Mas a que realmente causou foi Nina Stanley.


- O que está fazendo aqui? – Moreau disse, irritado, quando ela entrou na sala durante nosso ensaio.


- Desejar boa sorte, ora pois – ela sorriu perigosamente, enquanto nós nos entreolhávamos. – A competição está bem próxima, e quero que seja algo bem... amistoso.


Moreau não parecia muito contente, mas não era a toa. A mulher era mais falsa do que aquelas amiguinhas da Gravelle juntas.


- Bom, então é isso! – Nina falou, e então ergueu a varinha. – Tenho um presentinho pra vocês, espero que agrade.


E balançou a varinha. O que aconteceu a seguir foi o caos; todos os instrumentos, inclusive o piano, junto com outros objetos quebráveis, explodiram, fazendo um barulho estridente. Corremos para o canto da sala o mais rápido possível, aos gritos. Moreau parecia que ia cuspir fogo.


- Ops... – ela fingiu susto. – Feitiço errado.


- Saia daqui, agora! – Moreau rosnou, e foi o que ela fez, mas não antes de se virar e dar um aceno.


A sorte é que somos bruxos, e foi tão fácil consertar quanto quebrar. Logo a sala estava intacta novamente, e voltamos ao ensaio.




Maria POV:


- Que cor vocês acham melhor? – Alice estendeu dois pedaços de tecido. – Esse vermelho ou o verde?


- Está brincando, né? – Dorcas falou. – Claro que o vermelho! Estamos na Grifinória, não na Sonserina!


- Então o vestido já está pronto? – Sophie perguntou.


Tinha nos juntado no nosso dormitório para decidi de uma vez o problema do vestido. Beth e Louise também estavam presentes, apenas observando a cena.


- Sim – Alice disse, contente. – Minha mãe é uma excelente costureira, e estilista também.


- Dá pra notar, esse modelo é lindo! – Lily falou.


- Ei, e o que os garotos vão usar? O vestido também? – brinquei.


- Só uma roupa social mesmo, mas vou mandar eles colocarem uma gravata de acordo com a cor do vestido – Alice disse, animada.


- Alice, por que você não veste ele para ver como fica no corpo? – Emelina sugeriu, e todas apoiaram, curiosas.


- Tudo bem, mas vou ter que tomar cuidado. Esse é o modelo para todos os outros. E ainda tenho que mandar para mamãe de volta – ela disse, e então se ergueu e foi até o banheiro.


- Com certeza ficaria muito melhor se eu fosse provar – Dorcas deu de ombros.


- Esse vestido ficaria muito melhor na Madame Pince, do que em você – Lily retrucou, e as duas trocaram olhares raivosos.


- Estou tão ansiosa para sexta! – Louise comentou.


- Imagina se a gente não – Emelina falou com certo tremor. – E ainda não conseguimos o último membro!


Então a porta se abriu, e Alice saiu, o que causou suspiros e gritos histéricos.


- É lindo! – comentamos.


Era um tomara-que-caia de um vermelho sangue, meio cumprido, mas lindo. Tinha pedrinhas como detalhe e um lacinho em volta da cintura, com mais pedrinhas. Alice girou e dava para ver as camadas com uma espécie de flores costuradas.


- Nossa, é maravilhoso! – Beth disse, colocando sua inseparável caixa de feijõezinhos de todos os sabores do lado. – É realmente lindo! Nossa!


- Eu disse que minha mãe é ótima pra essas coisas! – Alice falou com orgulho. – E é bem rápida também, quinta-feira mesmo ela já vai mandar todos.


- Será que ela poderia fazer um pra mim? – Beth perguntou, esperançosa. – Eu achei realmente bonito, mas não se preocupe. Eu pago.


Antes que Alice respondesse, soltei um grito. A ideia surgiu feito um jato na minha cabeça.


- Beth! Beth! Beth! – falei, pulando freneticamente. – É o seguinte, você pode ter esse vestido somente para você, sem pagar se...


- Entrar para o coral! – Emelina se pôs de pé num pulo, entendendo minha ideia. – Além de ter outros vestidos das outras apresentações também.


Todo mundo ficou em silêncio, e Beth olhou para as outras, que sorriam e assentiam, incentivando.


- Eu? Entrar para o coral? – ela fez uma cara de desagrado, mas por fim sorriu. – Mas quero muito doce nos bastidores.


- Yes! – vibrei, e Emelina começou a comemorar, e logo todas – exceto Dorcas – estavam pulando em cima de Beth, envolvendo nossa salvação em um abraço.


- Caramba, muito obrigada! – Emelina disse, ofegante. – Não sabe o favor que nos fez!


- Vou mandar minha mãe fazer mais um modelo – Alice disse, contagiada.


- Mas Beth, você sabe cantar? – Lily perguntou.


- E quem se importa! – falei. – Jason, John e Franco não cantam e mesmo assim estão lá.


- Na verdade, eu canto. Mas não sei se é bom – Beth mordeu o lábio.


- É só cantar qualquer coisa pra Moreau e já tá tudo certo – Emelina disse feliz. – Muito, muito obrigada!


Eu e Lily trocamos um olhar significativo: como é que ela estava ali, dormindo no mesmo dormitório, embaixo do nosso nariz e não havíamos percebido?




Lily POV:


Novamente, na noite daquela terça-feira, fui a última a sair da biblioteca de novo expulsa por Madame Pince. Ela deveria agradecer que sou uma aluna que de qualquer forma gosta de estudar!


E novamente fui abordada no corredor. Não, não por James, e sim por uma voz irritante e feminina, bem conhecida e odiável.


- Ora, olá Evans – Gravelle disse as minhas costas, quando eu estava prestes a virar o corredor.


- Fora da cama a essa hora? – falei, até mais duas sombras apareceram ao seu lado. – Vocês três? Detenção tripla, que ótimo!


- Eu também sou monitora Evans, vai me dar detenção? – Stanton falou.


Argh.


- Foi bom te encontrar, Evans – Gravelle sorriu falsamente. – Como está indo? Muita depressão por causa do casal atualmente mais popular de Hogwarts?


- Ahn... não. Mas acho que você sim, não é? – desafiei. – Sempre ouvi dizer que tem uma paixão secreta por ele.


Ela sorriu mais uma vez, e então mudou de assunto.


- Sabe, eu estou com vergonha Evans, muita vergonha – ela disse, fazendo um muxoxo. – Do que vai acontecer sexta. Vocês vão manchar o nome da Grifinória, mais do que já está manchado. E tenho quase certeza que vão perder, e Nina Stanley vai ter razão, afinal.


- Acha isso, é? Que bom pra você – ignorei, e dei as costas.


- Só espero que você não chegue a dançar! – ela gritou. – Sabe como é, suas banhas devem atrapalhar.


E as três começaram a rir descontroladamente dessa piada totalmente sem cabimento. Me virei para encará-las.


- Vocês se acham perfeitas? – perguntei. – Pois tenho uma novidade para vocês... Vocês não são! Podem ser totalmente loiras por fora, mas por dentro são podres.


Os olhos de Gravelle brilharam de malícia.


- Quer mesmo comparar quem é podre aqui? – ela disse, aproximando-se perigosamente. – Se dermos um grau de quem é a mais ridicularizada aqui com certeza esse alguém seria...


- Você – uma voz atrás de mim completou, e eu me sobressaltei. – Sem dúvidas nenhuma, Gravelle. Você é ridícula.


Quando viu o rosto de James ficar claro, Gravelle pestanejou.


- Não sei por que você diz isso – ela disse, corada e constrangida. Seu rosto retorceu. – Nem sei do que Lily está falando.


Lily? Mas é muita falsidade para uma loira só. Nada contra loiras, mas Gravelle é uma, não posso contestar.


- Sei – ele falou com rispidez. – Bom, boa noite para vocês. Vamos, Lily?


E saímos na direção oposta. Eu estava mais perdida do que cebola em salada de frutas, mas mesmo assim decidi seguir James, que olhava para mim pelo canto do olho, sorrindo.


- Gostei das respostas que deu a elas. Está aprendendo a ignorar – ele disse, satisfeito.


Parei de andar para encará-lo, cruzando os braços.


- Por que fez isso? – perguntei.


- Porque você é minha amiga. Amigos fazem isso, não é? – ele disse, satisfeito.


- E o como sabia que estávamos lá?


- Já percebi que você adora sair da biblioteca tarde da noite – ele deu de ombros. – Só queria conversar um pouco com você, já que anda me evitando.


- Não ando te...


- Anda sim – ele interrompeu. – Lily, não quero me afastar de você.


É sério, ele é um idiota. Ele sabe que sou manteiga derretida pra essas coisas e fica falando! Que droga!


- Nem eu, James – respondi, dando um meio sorriso. – Só que eu ando meio ocupada, meio confusa. Vamos ver se depois dessa competição do coral as coisas se acalmam um pouco.


- Será isso mesmo ou é o fato de eu estar namorando agora? - ele sorriu torto. Canalha.


- É normal você querer dar atenção só ao namoro no início, e deixar os amigos meio de lado. Só estou te respeitando – expliquei.


- Aham, tá bom – ele bufou, e voltamos a andar. – Você é muito confusa, Lily Evans.


- E você é um palhaço, James Potter – brinquei, o empurrando pro lado.


Ele me empurrou de volta.


Eu empurrei mais uma vez, agora mais forte.


Ficamos nos empurrando até a sala comunal, atualmente vazia. E no meio do empurra-empurra ele acabou exagerando. Empurrou tão forte que me desiquilibrei pro lado, indo direto de encontro com a quina de uma mesa próxima. Eu, esperta, puxei sua camisa e caímos juntos, e ele serviu como meu amortecedor.


Ele gemeu de dor, e escorregamos para o chão. Mas não foi tão bem sucedido assim, vendo que eu tinha batido o cotovelo no chão. É, estava doendo.


Demoramos um pouco acariciando nossos machucados, até começarmos a rir da cena. Foi meio instantâneo, sabe? Uma hora estávamos resmungando xingamentos e agora estávamos ali, rindo feito dois retardados mentais.


- Culpa sua! – resmunguei.


- Minha? Quem foi que me puxou? – ele xingou, mas ainda estava rindo.


Rimos uns bons cinco minutos, até a parte constrangedora chegar.


Eu percebi que eu estava em cima dele. Em cima dele mesmo. Sentada e tudo, a mão sobre seu peito... e que peito. Droga, olha eu pensando o que não devia!


Me levantei rapidamente, constrangida, mas ele ainda ria. Pelo visto não tinha percebido.


- É... eu vou dormir – falei depressa, corando. – Até mais, James.


- Até – ele disse, e então me beijou no rosto – de novo. Canalha.


Subi rapidamente para o dormitório, sem ousar olhar pra trás. Sabia que se o fizesse, não conseguiria dormir a noite.




James POV:


As corujas invadiram o salão na manhã seguinte, e os pacotes começaram a cair por todo lado, como sempre. Minha mãe me escrevia quase todo dia, ou me mandava alguns de seus brownies deliciosos.


Mas dessa vez me surpreendi. Não era a letra da minha mãe na pequena carta de uma coruja de igreja. Abri, curioso:


Vem me encontrar no corujal. É importante.


Sophie M.


- Bom, rapazes – falei, colocando a carta na mochila e me levantando. – Encontro com vocês na aula.


- Chamado da namorada? – Remo disse, rindo.


O comentário fez Sirius resmungar alguma coisa, fazendo com que enchesse a boca com mais cereal. Ele andava meio estranho desde que comecei a "namorar" Sophie. Fala pouco, mas quando falava era mais piadas típicas dele. Mas o mais incrível é o fato de ele não estar com mais nenhuma garota ultimamente. Isso ainda é inacreditável.


- Pois é – falei, sorrindo e pegando uma maçã próxima. – Até mais.


Fui rápido para fora do salão, usei alguns atalhos e logo estava subindo as escadas. Sophie estava lá, acariciando a coruja que eu supunha ser dela. Qualquer um acharia estranho o fato de eu não saber se minha namorada tinha uma coruja, mas eu quase não fazia interrogatório para ela. Sempre fazíamos o teatro de ficarmos juntos, e nossa conversa geralmente era sobre as caras engraçadas que algumas garotas faziam quando olhavam nós dois ali.


- Olá, minha namorada – falei, rindo.


- É sobre isso que quero conversar – ela falou, ficando séria com humor. – Estou terminando com você.


Fingi choque.


- Mas por quê? – perguntei, colocando a mão na boca.


- Você me decepcionou, James – ela interpretava uma cara de choro. – Fiquei sabendo... que você me traiu!


- O quê? – fingi espanto mais uma vez. – Quem te disse isso?


- Gravelle – ela falou, agora definitivamente chorando – de brincadeira é claro. – Ela disse que te viu junto com Lily juntinhos ontem na sala comunal! Você me traiu!


Ah, é claro. Deveria ter verificado isso.


- Mas... mas... – balbuciei.


- Não diga nada – ela se aproximou de mim. – Está tudo acabado entre nós dois.


Ficamos sérios por alguns segundos, até cair na gargalhada. Sophie me abraçou.


- Obrigada, James. Obrigada por tudo – ela me agradeceu. – Nem sei como agradecer.


- Só fique feliz, é o suficiente – assenti.


- Pois é, foi a primeira coisa que aconteceu assim que acordei hoje – ela contou, entediada. – Gravelle e Dorcas vieram correndo me contar isso. Gravelle só não espalhou a fofoca porque Dorcas não queria que sua amiga ficasse com fama de chifruda por aí.


- Dorcas as vezes é bem conveniente – comentei, rindo.


- É – ela concordou. – E além do mais as pessoas já estão se acostumando e já pararam de falar faz tempo. Já foi o bastante.


- Claro – envolvi meu braço em seu pescoço, caminhando pra fora do corujal. – Foi muito bom te namorar, Sophie.


- Foi mesmo – ela gargalhou mais uma vez. – Ah, e James... Quero que saiba de uma coisa.


- O quê? – perguntei, curioso.


- Alguns dias atrás, no coral, Lily cantou uma música, e bom – ela mordeu o lábio. – Era bem romântica, até para ela. Foi quando começamos a namorar.


Não respondi, ainda tentando entender o que ela queria dizer com aquilo.


- What I did for love, foi a música que ela cantou. Foi bonita – Sophie sorriu mais abertamente, então se dirigiu a saída. – Obrigada por tudo, nos vemos por aí.


Minha cabeça bombardeava com aquilo, e ainda não entendia o que Sophie queria dizer com aquilo. Foi meio estranho...


É, até me senti bem com isso. E Sophie, afinal, era uma garota bem legal. E agora que nosso "namoro" terminou, minhas portas se abriram para Lily. Assim como as portas se abriram para Sirius também.




Dorcas POV:


Ouvir: I know what boys like


- I know what boys like, I know what guys want, I seem them looking…


Era muita vergonha alheia. Olhei para o lado e vi que não era apenas eu que estava boquiaberta.


- I make them want me, I like to tease them, and they want to touch me, I never let them – Beth cantava, ainda segurando um sapo de chocolate. Graças a Merlim ela não estava comendo enquanto cantava... – I know what boys like, I got what boys want, I know what boys like… boys like, boys like, boys like me!


Quando a música finalizou as palmas foram altas, e John fazia questão de assobiar.


- Ótimo, Beth! Parabéns! – Moreau sorria amarelo. Tá, ela não desafinou, mas aquela música... – Seja bem vinda!


As palmas ecoaram e Beth fez uma referência. Moreau parecia contente, mas é melhor ter Beth do que ter ninguém, não é mesmo?


- Certo, agora que temos o time completo, estamos prontos para competir! – Moreau falou, animado, e palmas e gritos animados o seguiram. – Mas agora vamos treinar os passos, ainda mais para Beth aprender tudo conosco...


Ensaiamos mais um pouco. Beth não dançava muito bem, mas ninguém era pior do que Jason. Eu já estava fazendo uma lista de defeitos e ia jogar na cara dele, sou ótima nisso. A primeira dela é sua boca. Nunca havia notado como aquela boca é enorme...


Sabíamos que estávamos cada vez próximos da competição, e até eu, Dorcas Meadowes, estava meio ansiosa.




Remo POV:


- Você terminou com Sophie? – Sirius exclamou, meio espantado e contente ao mesmo tempo, reagindo a notícia que James dera no jantar daquela noite.


- Sim – James disse indiferente, dando de ombros. – Já estávamos cansados desse namoro de fachada, e todo mundo já estava comentando. Foi o bastante para ela sair da língua do povo.


- Mas pelo jeito voltou – Rabicho comentou. – Eu já vi várias pessoas comentarem que vocês terminaram.


- Bom, o pior já passou – James falou. – Agora é bola pra frente.


- Bola pra frente – Sirius respondeu, e quando olhamos para ele vimos um sorriso presunçoso naquele rosto.


- Só te peço uma coisa, Almofadinhas – James disse, sério. – É bola pra frente, mas vê se não pisa nessa bola. De novo.


Sirius não respondeu. Ainda sorria, pensando em coisas que nós preferimos não saber.




Sean POV:


- Lily! Lily! Lily! – Alice e Maria chegaram correndo, agitadas, enquanto eu observava Lily estudar e estudar na sala comunal.


- Nossa, o que foi? – Lily perguntou, curiosa.


- Você não sabe o que caiu nos nossos ouvidos – Alice disse, agitada.


- O quê? – agora me interessei.


- Sophie e James terminaram! – elas disseram juntas, e começaram a comemorar, esperando a relação de Lily.


- Isso é incrível! – dei meu apoio. – O que acha disso Lily?


Ela havia corado, voltando a ler seu livro.


- Er... Que pena. Terminar um namoro é triste né – Lily gaguejou. Estava na cara que ela estava feliz por dentro.


Troquei olhares com Maria e Alice. Era fato, Lily estava gostando de James. Mas não está negando isso somente a nós. Está negando a ela mesma.




Sophie POV:


- Ainda não estou acreditando nisso! – Geovana exclamou, no dormitório naquela noite, quando contei que havia "terminado" com James. – James Potter! Você é louca?


- Bem, eu achei o mais certo a fazer – Dorcas falou, me lançando um olhar significativo. – Estou orgulhosa de você, Sophie.


- Obrigada – falei, rindo. – Estava com saudades de ser solteira.


- Ah, claro. Agora todos os garotos vão correr atrás de você. Isso é o que geralmente acontece quando se envolve com um maroto – Audrey disse.


- Espero que não – falei rapidamente.


- Marotos a parte, espero que novas pessoas apareçam pra você, So – Emelina sorriu.


- Acho que não quero nada agora.


- E por que você nem está triste? – Geovana perguntou, desconfiada. – Era para você está aos prantos por causa do término do namoro.


- Er... Não ficamos tanto tempo assim juntos para eu sentir algo mais forte – inventei no momento. Eu estava ficando boa nisso.


- Faz sentido – Audrey deu de ombros.


Só Emelina sabia o real motivo daquilo tudo, e graças a Merlim ela não contou nada a Dorcas.


A única coisa que me sobrou agora é me empanturrar de caldeirões de chocolate, e se engordar, usar meus métodos. Imagina se eu não entrar no vestido! Tenho que estar apresentável para sexta-feira.




Lily POV:


Nunca tive uma quinta-feira tão apressada e apreensiva. As aulas quase foram imperceptíveis, já que minha cabeça estava na primeira competição amanhã. Tremia só de pensar, e nem consegui comer direito no almoço.


Moreau havia nos levado para o auditório para o ensaio final, combinando os lugares que ficaríamos e como eu entraria. Meu solo abriria a apresentação, e eu ia ter que entrar pelos fundos, passar pela plateia até o palco. Só de pensar nisso já senti um frio do estômago.


Nervosa, nem fui jantar. Fiquei estudando na sala comunal mesmo, onde o silêncio havia se instalado. Só eu, Maria e Alice estávamos lá, já que as outras garotas estavam no jantar. Beth insistiu para ir pro salão.


Mais tarde, no dormitório, eu lia, mesmo sem me concentrar, meu livro de Herbologia. Maria estava deitada olhando para o nada, pensando em não sei o quê. Alice estava na janela, a espera do pacote da sua mãe. Nem queria pensar na possibilidade de algo dar errado com os vestidos.


- Ah! Está vindo! – ela exclama de repente, e eu e Maria ficamos de pé num pulo. Uma sombra meio grande avançava no luar, e Alice escancarou a janela para deixar a coruja entrar. Um frio gelado tomou conta do quarto.


A coruja parecia cansada, já que o pacote era enorme, cheio de panos vermelhos pra todo lado. Corri a alimentá-la, enquanto Alice verificava se tudo estava certo.


Mais tarde naquela noite nos juntamos novamente no dormitório para fazer a prova. Graças a Merlim tudo estava certo, e várias meninas de vermelho estavam numa longa briga pelo espelho. Alice tinha razão ao elogiar sua mãe, estava tudo muito incrível.


Amanhã já é sexta-feira. É, tudo vai dar certo.




Emelina POV:


Sexta-feira. MERLIM, ERA SEXTA-FEIRA!


Levantei nervosa, olhando se o vestido ainda estava ali. Sabe como é, sempre bom confirmar. Nem queria ir para a aula hoje, de tanto nervosismo. Hogwarts inteira nos observando! Ali, nos vendo cantar e dançar! Todas aquelas pessoas! Meu estômago não estava muito bom...


Andei pelo quarto procurando o que fazer para me ocupar, já que havia acordado mais cedo que pretendia.


Logo Dorcas e Sophie acordavam, resmungando. Começaram a briga habitual de toda manhã pra quem usaria o banheiro primeiro e Dorcas ganhou. Sophie parecia nervosa, mas até que estava sabendo controlar isso.


Ao contrário de mim. Oh, meu Merlim!


As aulas passaram mais depressa que eu previa e o coral era o assunto de todos. Ninguém comentava nada além disso, e McGonagall teve que fazer suas piores caras carrancudas para controlar o falatório. Mas eu jurava ter visto ela desejar boa sorte para Lily, assim que o sinal tocou.


Por onde eu passava não tinha uma só vez que alguém não olhasse para mim, e algumas cochichavam com as outras. Ninguém sabe que isso incomoda e é estupidamente irritante? Mas eu estava nervosa já com isso para ter mais o que reclamar ainda. Lily também. Acho que eu e ela estávamos no mesmo grupo, já que:


Jason só ficava lendo; Dorcas ficava espalhando pra todo mundo que o solo principal era o dela; Sophie ficava calada, olhando para o nada; Remo estava tranquilo, como sempre; Beth comia sapos de chocolate para desestressar; John fazia piadas; Sean dizia estar sossegado, pois os N.O.M.'s quase o fazia esquecer disso; Maria ficava reclamando alguma coisa sobre Jason; Alice estava meio nervosa, mas tinha Franco pra acalmá-la, e ele também estava totalmente calmo.


Só espero que esse estresse não acabe me atrapalhando na hora agá, senão vou acabar tendo uma crise.




Pedro POV:


- Então, é hoje – Almofadinhas comentou, e olhamos para ele. Estávamos no jantar do dia das bruxas, onde todo o salão estava enfeitado e a mesa estava completamente cheia de tudo que se pode imaginar. Era hoje que eu me acabo.


- Está nervoso? – James perguntou a Aluado, que balançou a cabeça.


- Não muito. Sou tranquilo pra essas coisas – ele deu de ombros.


- Mas você não disse que ia sair mais cedo ou mais tarde desse coral? – perguntei, de boca cheia.


- Não é um pesadelo. É até divertido – ele sorriu.


- Mas do que vocês estão falando? – Sirius interrompeu.


- Do coral – James franziu a testa. – Não foi a isso que você se referiu?


- Claro que não! – Sirius bufou.


- Então, o que é hoje? – perguntei.


- O dia em que vou concretar meus planos – Sirius falou com um sorriso esquisito. – Planejei tudo hoje.


- Não me diga que tem Sophie no meio – James se apressou a falar.


- Sophie! – Sirius bufou novamente. – Passado, tudo passado.


- Então do que é que você está falando? – Remo perguntou.


- Não posso dizer.


- Peraí! – James disse, alto. – Como assim Sophie é passado? Você é louco? Depois de todo aquele escarcéu de eu estar namorando com ela, e o fato de ter a beijado, tudo... Passado?


- Exatamente. Não vale a pena ficar se remoendo a toa, não é mesmo? – Sirius disse.


Era evidente que Pontas estava se mordendo para dar um belo soco na cara de Almofadinhas. Mas eu não estava muito interessado, confesso.


E pelo visto nem Aluado.




Alice POV:


Ainda estava curtindo a paisagem que era o salão todo enfeitado com aquelas abóboras gigantes e morcegos por toda parte, sem falar no chapéu abóbora berrante que Dumbledore estava usando. Então, de repente, Emelina acompanhada de Dorcas e Sophie vem correndo em nossa direção.


- Garotas, vamos! – ela disse, meio pálida. – Daqui a uma hora estaremos nos apresentando! Vamos logo!


- O quê? – Lily se engasgou. – Mas já?


- Claro! Senão fica muito tarde, vamos! – ela disse, e eu, Lily, Maria e Beth nos levantamos com pressa. Muitos prestavam atenção, totalmente curiosos.


Curiosa eu também fiquei quando olhei para a mesa da Corvinal, onde tinha vários lugares vazios, assim como Stanley não estava presente na mesa dos funcionários, nem Moreau.


Emelina também puxou os garotos, e logo nós doze estávamos correndo até o dormitório e dali para o auditório, nas salas detrás do palco onde ficava a "sala de espera", se é assim que podemos dizer. Moreau já nos esperava.


- Muito bem pessoal, vamos nos preparar – falou, nervoso.


As garotas logo correram para o banheiro, e os garotos se trocariam na sala mesmo. Foi uma algazarra enquanto todas começavam a se vestir, colocar a sandália e maquiar uma as outras. Maria tinha um bom jeito para cabelos, então ela fez um penteado simples e elegante, onde as duas mechas da frente eram prendidas na parte de trás. Dorcas e Beth ajudavam na maquiagem. Lily e Emelina batiam os pés, nervosas.


Agora eu já podia ouvir vozes do lado de fora, e minha mão começou a suar fervorosamente. Tive que conjurar duas garrafas de água para Lily e Emelina, as mais nervosas ali. Como fui a primeira a me preparar, decidir espiar como estavam os meninos.


Fiquei um pouco surpresa, mas não demonstrei. A camisa social, assim como o resto do corpo, era totalmente preta, e alguns deles arranjavam dificuldade para dar nó na gravata, por ser um pouco diferente da que eles geralmente usavam. Estavam muito bonitos, talvez por ser diferente vê-los sem as roupas de sempre de Hogwarts.


Me deti um pouco em Franco, quando logo fui puxada para dentro. Parecia que Dorcas estava tendo um ataque.


- Me desculpe, mas você não é uma celebridade! – Lily discutia. – Se não percebeu todo mundo está ajudando todo mundo!


- Mas esse meu cabelo está ridículo! Eu sou a principal, eu devo ter destaque! – Dorcas retrucou.


- Por favor, alguém arrume ela logo antes que todo mundo acabe se estressando – Beth reclamou, e concordamos.


Dorcas discutiu mais um pouco com Lily, até escutarmos uma leve batida na porta.


- Garotas, estão prontas? A apresentação da Corvinal vai ser daqui a cinco minutos, vocês não querem ver? – a voz de Moreau saiu abafada atrás da porta.


- Droga, esqueci meus sapatos! – Lily reclamou.


- Tinha que ser – Dorcas revirou os olhos.


- Corre lá pra buscar! Enquanto é tempo... – Maria disse.


- Mas eu vou sair assim? – ela disse, olhando para o vestido vermelho.


- Faz o seguinte. Coloque a veste por cima e prende o cabelo. Nem vai aparecer – Sophie sugeriu, e as duas trocaram sorrisos.


Lily saiu um pouco antes de todas estarmos relativamente prontas, e logo se juntamos aos meninos. Eles ficaram bastante surpresos ao ver aquele mutirão de garotas de vermelho, e alguns chegaram a corar. Emelina correu para Remo, onde começaram a conversar entre risos. Vi Dorcas jogar um olhar desafiador para Jason, e Maria e Sophie corriam para conversar com Sean, que girava as duas, elogiando-as.


Me aproximei de Franco. Ele estava totalmente ruborizado, pigarreou e disse:


- Você... Você está linda! – ele disse, e me juntei a ele pra corar.


- Obrigada, você também.


Então logo nos dirigimos ao corredor ao lado dos bastidores para ver o grupo da Corvinal se apresentar. Ninguém nos via dali, o que era bom, e tínhamos uma ótima visão dali.


Estava completamente cheio. Não tinha um lugar vago! E pior, não tinha só alunos de Hogwarts, assim como moradores de Hogsmeade e outros bruxos. Mas os que realmente chamaram atenção foram duas fileiras ocupadas totalmente por bruxos vestindo roupas azul-marinho.


- Mas quem são aqueles bruxos ali? – Sean perguntou.


- Os juízes – Moreau informou. – São compostos por funcionários do Ministério, alguns moradores de Hogsmeade, Dumbledore, e...


- Nossa! Aquele é Dikson Spencer! – Jason exclamou. – É o famoso vocalista da banda bruxa "Os hipogrifos".


- E aquele não é o homem do rádio? – Franco perguntou.


- É, e nossa! – John praticamente gritou nos nossos ouvidos, seguido por várias reclamações. – É o apanhador dos Cannons!


Ficamos grande parte tentando identificá-los. Eram vinte ou mais, todos esperando pela primeira apresentação. Dei mais uma olhada ao redor. Meu Merlim, estava completamente cheio!


- Senhoras e senhores – falou uma voz vinda do além, talvez. Mas depois reconheci de Sam Weasel, garoto da Lufa-Lufa que também narra os jogos de quadribol -, com vocês, o coral da casa da Corvinal!


Voltei meu olhar pro palco, que agora tinha as grandes cortinas vermelhas fechadas, mas quando abriu me deparei com vários lustres brilhosos enfeitando o palco, e mais algumas faixas gigantes com as cores da Corvinal ao fundo. É, Dumbledore não economizou esforços para fazer um belo show. Além de tudo agora tinha um palco extra, onde as garotas estavam nos degraus de cima e de baixo, posicionadas, enquanto as palmas ainda não haviam cessado. Caramba, Merlim, os vestidos eram lindos! Um rosa claro com uma fita também – droga –, e um tecido de seda, totalmente delicado. Quando achei que nada mais ia ser pior, elas começaram a cantar.


Ouvir: Yeah!


- Yeah, yeah, yeah, yeah... – fez-se um coro, até uma garota alta, do sétimo ano que eu conheci da aula de Herbologia, foi para o centro do palco para cantar.


- A-Town's Down! Yeah, ok!


- Ush Ush Ush…


- Let's go!


- Yeah yeah yeah, yeah yeah, yeah! – elas começaram a dançar, uma coreografia intacta e perfeita, totalmente sincronizada. – Yeah yeah yeah, yeah yeah, yeaah!


Olhei para os outros. Estavam totalmente boquiabertos, até mesmo Moreau! Emelina estava verde. Imagino como Lily estaria se estivesse aqui par ver.


Enquanto isso a plateia já batia palmas. Daqui a pouco começaram os assobios e os gritos. Alguns começaram a cantar juntos. Logo estavam de pé, e os juízes sorriam.


Oh, meu Merlim. É mais difícil do que eu pensava.




James POV:


Eu já escutava vozes no auditório, femininas especificamente. Seria Grifinória? Se fosse eu vou arrebentar a cara do Sirius.


- Almofadinhas! O que você quer? – rosnei, apressado. – Por que estamos aqui?


Tínhamos entrado no camarim, e nem sinal de ninguém por ali, o que me fez pensar que todos já teriam se apresentado. Mas como ouvi o boato que Corvinal seria primeiro, espero que tenha sido assim.


- Calma, tenho que ter certeza! – ele falou de dentro do banheiro. – Achei! Segura aqui pra mim.


E me jogou nada mais nada menos que um sutiã!


- Almofadinhas! Pra que você pegou isso? – perguntei, irritado. – Isso é o que estava planejando, cachorro? Droga, vamos perder a apresentação da Grifinória, e alguém pode aparecer!


- Cara, você está parecendo uma menininha todo preocupado! – ele resmungou. – Faz o seguinte, fica lá fora vendo se alguém não aparece. Desarrumei tudo aqui...


Antes que eu entrasse lá e metesse um soco na cara dele, decidi fazer o que ele tinha sugerido. Um sutiã? Ele veio aqui para pegar um sutiã? Com certeza era de Beth, não tenho dúvidas...


- James? – uma voz me chamou, chegando no corredor.


- Lily? – perguntei surpreso, e escondi o sutiã atrás das costas rapidamente. – Mas o que está fazendo aqui?


- Eu é que pergunto – ela me olhou desconfiado. – O que está fazendo aqui?


- Sirius ficou apertado, queria usar o banheiro – dei de ombros. Bom, modéstia a parte, sou ótimo para inventar histórias. – Mas e você, não vai se apresentar agora?


- Pois é! Estou totalmente atrasada, esqueci meus sapatos e... – ela parou de falar de repente, reparando na minha postura. – O que você tem aí atrás?


Droga.


- Er... nada – falei rapidamente, meu dom de inventar histórias indo embora nessa hora. – Bom, é... Foi bom te encontrar aqui. Desejar boa sorte. E finalmente vou poder te ver cantar!


- Acho que não sou tudo isso, mas... Obrigada! – ela falou, meio nervosa. – E obrigada por ter vindo também...


- Dê o melhor de si, e acredite, sendo confiante você consegue tudo – continuei, querendo esganar o Sirius.


Mas tudo fugiu na minha cabeça com o que Lily fez a seguir. Envolveu meu pescoço em um abraço, e pude sentir seu perfume invadir minhas narinas completamente. Fiquei paralisado, tal o choque, e quando ela se separou tinha um sorriso sincero.


- Obrigada mais uma vez – falou, baixo, enquanto eu só conseguia olhar naqueles olhos tão verdes...


- Tá tudo certo, arrumei tudo e... – Sirius apareceu abruptamente no portal, então viu Lily ali. – Lily! Como vai?


- Oi, Sirius! – ela falou contente.


- Er... Nós já estamos indo! – falei, puxando o cachorro pelas vestes, e andando de costas para que Lily não me visse com o sutiã nas mãos. – Boa sorte novamente, Lily!


Ela acenou para nós, sorrindo, enquanto eu ainda absorvia tudo o que tinha acontecido. Por fim não fiquei tão bravo com Sirius, mas só pelo fato de que foi quase impossível encontrar lugares vagos no auditório depois.




Lily POV:


Mal fiquei ali observando os dois sumirem quando todo mundo veio pra cima de mim, discutindo, reclamando, pestanejando.


- Impossível! Impossível ganhar delas! – Beth vinha dizendo.


- Você viu a roupas das miseráveis? – Alice parecia atônita.


- E aquela dança? – Emelina estava pálida.


- Vamos perder – Franco disse, pessimista.


- Gente, mas o que aconteceu? – falei, enquanto tirava a capa e soltava meu cabelo, finalmente.


- Horrível, Lily, horrível! – Maria disse, irritada. – Aquelas garotas tinham roupa bonita, cantavam bem, dançavam bem! Não temos chances!


- Nunca subestime Nina Stanley... – Dorcas murmurou.


- Foi bom enquanto durou – Alice estava prestes a chorar.


- Vamos parar com isso agora! – Moreau gritou, e todos se silenciaram, fitando-o. – Acabou com isso. Corvinal foi bem? Foi. Foi aplaudido de pé, fez um ótimo show, mas nós também faremos.


Ninguém respondeu.


- Treinamos praticamente dois meses nisso, estamos preparados. Mas se ficarem se lamentando que eles foram bons, vocês não poderão ser melhores! – ele continuou, sério. – Está na hora de vocês mostrarem a que veio, lembrarem de todo esse tempo que treinaram, se divertiram! E não importa quem ganha e perde!


- Claro que importa – Dorcas sussurrou, e Sophie lhe lançou um olhar mortal.


- Agora, quem está junto? – Moreau estendeu o braço.


John foi o primeiro, depois Franco, Jason e logo corri para lá também. Pouco depois todas as mãos estavam juntas, e entre risos as erguemos no ar, e gritamos:


- GRIFINÓRIA!


Dei uma última espiada pra fora da cortina. Estava tudo cheio, tudo mesmo. Não sei se estava preparada, mas agora já era. Tudo tremia, perna, mãos, tudo. Logo a música começaria e eu tinha que entrar e cantar, na frente de toda Hogwarts.


Ouvi alguém se aproximar de mim. Era Moreau, sorrindo.


- Está pronta, Lily? – perguntou, com uma voz tranquila.


- Não sei – falei com sinceridade.


- Você vai conseguir – ele colocou a mão sobre meu ombro, e sorriu. – E sabe por quê? Porque desde a primeira vez que te vi subir no palco eu vi que por trás da farsa de cantar mal existia alguém talentoso. É só deixar esse alguém tomar conta de você.


Sorri pra ele, com dificuldade, mas sorri.


- Acredite que você consegue. Você é uma das mais talentosas no grupo – ele me incentivou.


- E se eu não conseguir a nota final? – perguntei, temerosa.


- Claro que consegue. É só querer – ele sorriu. – E eu vou estar lá pra aplaudir.


Ele deu um leve tapinha nas minhas costas e se afastou. É, Moreau era uma pessoa bem legal.


Eu sabia que estava pronta. Eu sentia a ansiedade pulsar em minhas veias, minhas mãos suarem, minhas pernas bambearem. Caramba! Era só um musical! Só cantar, dançar e pronto. Parecia fácil demais. Pelo menos ao falar.


Tentei manter a calma, respirei fundo. Vamos lá Lílian, você consegue. Cante ao mesmo som em que você grita com os alunos sapecas que atormentam sua vida nos corredores. Mas grite "docemente".


- Senhoras e senhores – uma voz anunciou –, com vocês o coral da casa da Grifinória!


Certo. Estava na hora. Respirei fundo mais uma vez, dei uma espiada na janela escura que refletia a noite lá fora.


Abri as cortinas e entrei.




Sirius POV:


Ouvir: Don't Rain on My Parade


A música começou, e logo depois uma voz meio familiar começou a cantar, vinda não sei da onde:


- Don't tell me not to live just sit and putter, life's candy and the sun's a ball of butter, don't bring around the cloud to rain on my parade!


Então todas as cabeças se viraram para olhar uma ruiva saindo das cortinas atrás de nós, sorrindo.


Lily. Aquela era Lily!


- Don't tell me not to fly, I've simply got to, if someone takes a spill it's me and not you! – ela vinha entre as fileiras. – Who told you you're allowed to rain on my parade!


Inacreditável. Simplesmente inacreditável.


- I'm marching my band out , I'm beating my drum! – ela entrou em uma fileira lateral. - And if I'm fanned out… Your turn at bat, sir, at least I didn't fake it, hat, sir, I guess I didn't make it…


Olhei para meu amigo do meu lado. Estava parecendo uma criança entrando numa loja de doces, só faltava babar. Tinha a expressão mais boba que já vi.


- But whether I'm the rose of sheer perfection, a freckle on the nose of life's complexion, the cinder or the shine apple of an eye! – era impossível que aquela voz fosse dela. Era? Então ela começou a andar em direção ao palco, todos os olhares e holofotes (com certeza a base de magia) nela. - I gotta fly once, I gotta try once! Only can die once, right, sir? Ooh, life is juicy, juicy and you see , I gotta have my bite, sir…


E nessas alturas ela já estava no palco, andando pra lá e pra cá, carismática. Sua voz era totalmente afinada, meio fina meio doce. Não sabia explicar, mas que a ruiva estava dando um show, isso estava.


- Get ready for me love 'Cause I'm a comer! I simply gotta march my heart's a drummer, don't bring around the cloud to rain on my parade!


E agora que dava pra ver direito, Lily era quase irreconhecível. O vermelho destacava na sua pele branca, e seu cabelo que geralmente andava preso agora estava solto, descendo até a cintura, num emoldurado elegante. Ouvi Pontas murmurando "Meu Merlim..." aqui do meu lado.


- I'm gonna live and live now , get what I want, I know how. One roll for the whole shebang , one throw that bell will go clam. Eye on the target and wam, one shot, one gun shot and BANG! – sua voz ecoou no auditório, onde o silêncio era total fora a música. - Hey, Mr. Arnstein, here I am... – e então, nessa hora, ela caminhou até a cortina, ficando de costas para a plateia, e abriu os braços, fazendo com que as cortinas se abrissem e revelasse todos os outros membros do coral ali. Vi Alice, Maria, Sophie... Como estava deslumbrante. Achei Aluado. Estava elegante, o lobão. – I'll march my band out! I'll beat my drum! And if I'm fanned out… Your turn at bat, sir, at least I didn't fake it, hat, sir, I guess I didn't make it… Get ready for me life, 'cause I'm a comer, I simply gotta march, my heart's a drummer ! Nobody, no, nobody… is gonna… rain on my… pa… raaaade!


Ainda me perguntava como ela não morreu sufocada quando gritou daquele jeito, quando todo o auditório se ergueu aos aplausos, e Lily ofegou, respirando alto. Os aplausos eram altos e fortes, e Lily sorriu. Dava pra ver ela corar daqui. Assobiei alto, e os aplausos pareciam não ter fim.


Um tempo depois ela fez a reverência, e partiu para o próximo número.




David POV:


Nunca fiquei tão orgulhoso de uma aluna como fiquei de Lily. Parecia totalmente profissional seu modo de cantar, sua voz, seu carisma... Não foi a toa que os aplausos duraram mais que qualquer um, e consegui localizar Stanley do outro lado da cortina, e lhe lancei um sorriso desafiador.


E então não demorou muito pra Valerie começar:


Ouvir: Valerie


Assim como ensaiei todo esse tempo, era o que eles estavam fazendo ali, no palco. Quase cheguei a me emocionar, vendo tudo dando certo.


Well sometimes I go out by myself and I look across the water – Dorcas cantou, seguida pelas vozes de fundo que uma vez já me dera trabalho. – And I think of all the things what you're doing, and in my head I paint a picture!


Olhei para os juízes, e tinham um sorriso aprovador.


- 'Cause since I've come on home, well my body's been a mess – Dorcas continuava, dançando pra lá e pra cá do palco, e, como ensaiado, John e Emelina vieram a frente, caprichando nos passos. - And I miss your ginger hair and the way you like to dress. Won't you come on over? Stop making a fool out of me! Why won't you come on over Valerie?


Chegou a parte do refrão, a que eu mais temia. Emelina fora para perto de Dorcas, enquanto os pares se formavam rapidamente para a dança combinada, fazendo a voz de fundo. Até John e Emelina finalmente combinarem, e John soltar seu tão aguardado salto mortal. A plateia vibrou.


- Well sometimes I go out by myself, and I look across the water – a coreografia ficava mais e mais sincronizada. - And I think of all the things, what you're doing, and in my head I make a picture!


Agora a plateia já estava de pé, aplaudindo e assobiando. Os juízes anotavam.


- 'Cause since I've come on home, well my body's been a mess, and I miss your ginger hair, and the way you like to dress – Dorcas mandava a ver na letra. Bom, pelo menos seu orgulho garantia a perfeição. -Won't you come on over? Stop making a fool out of me... Why won't you come on over Valerie?


- Yeah, Valerie, Valerie… - elas cantavam, e dançavam agitados. Nunca tinha visto eles assim, sorrindo e, acima de tudo, se divertindo.


Agora era vez de Emelina fazer o passo crucial. Conseguiu. A plateia vibrou mais uma vez.


- Why won't you come on over Valerie? – Dorcas finalizou, e o auditório ecoou de palmas e gritos, agitados, pulando, assobiando…


Vi aqueles garotos e garotas, tão tímidos de início, se juntarem em um abraço mútuo, agitados, fazendo a reverência e comemorando, finalmente, o sucesso.




Sophie POV:


- Fomos incríveis! – entramos nos bastidores depois de muito comemorar no palco. – Tão bons quanto aquelas idiotas da Corvinal!


- É isso aí! – Jason disse. – Fomos até melhor!


Vibramos, festejamos mais um pouco, até eu dar a ideia a Sean de erguer Lily no alto. Foi o que Remo e Franco fizeram, assim como sobrou para John e Sean levantarem Dorcas também. Lily sorria, corada.


- Eu te odeio, mas parabéns, você foi muito bem – ouvi Lily comentar com Dorcas no alto.


- Eu sei – ela deu de ombros em resposta. – Você também.


E elas trocaram um aperto de mão. Bom, é melhor que nada...


Ainda festejávamos quando Moreau entrou na sala, e atacamos ele e o erguemos no ar também. Coitado, ficou todo espantado... Mas eu sei que Maria e Dorcas se aproveitaram disso.


- Obrigado, obrigado – ele disse, arfante, depois de um tempo até colocarmos no chão. – Vocês foram excelentes! Nunca senti tanto orgulho! Mas...


- Ih, lá vem energia negativa – Alice resmungou.


- Vocês ainda não sabem o resultado, temos que aguardar até os juízes se decidirem – Moreau falou, e ficamos meio abatidos.


- Temos muitas chances? – Beth perguntou.


- Com certeza! – ele falou, animado. – Vou dar uma olhada lá fora e volto para avisar quando anunciarão o resultado. Aproveitem para descansar.


- Ah, é disso que eu preciso – Maria suspirou, tirando as sandálias. – Dançar de salto é pior coisa que existe.


Ficamos ali ora fazendo comentários ora se saciando com água, esperando, meio ansiosos, pelo resultado.


Será que fomos bons o bastante?




David POV:


Foi caminhando em busca de algum jurado, para que assim anunciasse a hora do resultado, que encontrei com aqueles cabelos loiros na minha frente.


- Olá, Stanley – forcei educação.


- Olha se não é o Moreau – ela sorriu, pondo as mãos na cintura. – Está pronto para ser... melecado pela derrota?


Melecado? Essa mulher enlouqueceu.


- Não tenha tanta certeza disso – respondi, sorrindo tão falsamente quanto ela. – Suas garotas foram boas, mas os meus foram melhores.


- Elas vão ganhar, porque elas se esforçaram ao máximo.


- E o que você disse a elas se elas não ganhassem? – perguntei com sarcasmo. – Ia descontar nos pais delas?


- Não. Pior. Falei que ia desistir delas – ela respondeu sem hesitar, e por um momento tive certeza que aquilo era verdade.


- Você é mais repugnante que...


- Veja bem com o que você vai me comparar – ela falou, apontando seu dedo magro em minha direção. – Mas voltando ao assunto do coral. Você acha mesmo que vai ganhar com Amy Winehouse? Aquela cantora é uma péssima influência.


- E você por acaso acha que rappers são boa influência? – perguntei, com uma risada.


Estava prestes a responder, quando um dos juízes apareceu no corredor.


- Ah, aí estão vocês! – ele disse, sorrindo. – Tragam suas equipes. O resultado será anunciado.




Sophie POV:


De volta ao palco, eu estava muito mais nervosa do que antes de me apresentar. Seria ótimo ganhar na competição de abertura, e já seria um ponto garantido, e...


Droga. Localizei aquele idiota no meio da multidão. Mas por que, por Merlim, de tantas pessoas naquele lugar eu tinha que achar justo ele?


Tentei esquecer isso. Dumbledore caminhava com um envelope em mãos, e Emelina segurou minha mão, e podia sentir o tanto que suava. Demos todos as mãos, olhando desafiadores para a outra equipe.


- Todas as equipes estão de parabéns – Dumbledore sorriu, usando o Sonorus. – Fizeram um excelente show. Devo ressaltar que as duas foram absolutamente cativantes.


Fala logo essa droga de resultado. Já estou ficando histérica. E Emelina vai quebrar meus dedos a qualquer instante.


- Mas apenas uma teve a preferência dos juízes – ele continuou, abrindo o envelope. – Apenas uma ganhou a maioria dos votos...


Merlim... Merlim...


- E a casa vencedora da primeira competição de corais é... – ele puxou o papel, leu. E sorriu. – Grifinória!


Foi uma explosão de gritos de comemoração entre todos nós, pulando freneticamente e se abraçando. Emelina quase teve um treco, e todos pulavam e festejavam. Só me lembro de ter visto Maria e Jason se abraçarem, esquecendo completamente que supostamente se odiavam.


A plateia também havia se erguido e aplaudiam e assobiavam. Abraçamos Moreau também, que eu tenho certeza lançou um olhar desafiador a Nina, que não tinha uma cara muito boa.


Fiquei observando ela por um momento, já que estava cansada de pular e de gritar. Ela tinha cara que tinha comido algo muito ruim, então ela olhou pra cima. E sorriu.


Acompanhei seu olhar ao mesmo tempo em que eu percebia que algo estava errado ali. Aquele cheiro era muito familiar... e a cor...


Não deu tempo para pensar. Logo todos ali, da Grifinória, é claro, estavam envolvido por aquela gosma verde e nojenta. Senti aquela sensação novamente, senti o negócio escorrer pelas minhas vestes e cabelo, escutei os gritos apavorados das outras garotas...


Limpei os olhos, já que aquilo havia me deixado completamente cega, e olhei em volta. Nina e as garotas da Corvinal riam descaradamente, e Dumbledore, intacto por sorte, olhava com evidente surpresa. A plateia se silenciou por um momento, mas segundos depois estavam caindo na gargalhada.


Olhei para os outros. John era o único que estava achando a situação engraçada.


Mais um momento rindo, Lily foi a primeira a se retirar, correndo, e logo depois Emelina, e Alice e decidi segui-las. Dorcas parecia ter começado a xingar. Corri meio receosa de escorregar e pagar mais um mico, até chegarmos ao nosso destino.


- Mas quem foi... mas o que... – Emelina encontrava o que dizer.


- Isso não teve a menor graça – Alice resmungou, limpando-se com a varinha.


- Vai começar a coçar daqui alguns minutos – avisei.


Logo vozes agitadas se aproximavam, e Dorcas, vermelha de raiva, entrava na sala, seguida por todos os outros, entre eles Moreau.


- Esse é o nosso prêmio? Tomar banho dessa gosma? – Dorcas xingava. – E Dumbledore não fez nada, nada!


- Calma, pessoal. Nós vamos descobrir quem fez isso, embora eu tenha uma suspeita – ele franziu a testa.


- Stanley? Mas ela estava com a gente o tempo inteiro! – Maria disse. – E pra conseguir controlar aquele tanto de gosma tem que ser muito bom em magia!


- Eu não sei – Moreau tentou nos acalmar. – Eu vou averiguar. Mas se eu fosse vocês se limpavam logo, e usem o feitiço Anti-Coceira.


Só por precaução, eu havia aprendido o feitiço um tempo depois de sair da ala hospitalar aquela vez. Começamos, então, a nos limpar, silenciosamente.


- Aquela gosma pareceu ter entrado até no cérebro – John comentou, dando tapas na cabeça.


- Se eu pego quem fez... vai pagar muito caro! – Dorcas disse, irritada.


- O que importa é que ganhamos – Remo disse.


- Que ótimo modo de vitória! – Beth falou.


- Com certeza quem fez isso estava a fim de sacanear – Jason falou. – Essas pessoas que gostam de fazer brincadeiras sem graças...


- Sonserinos? – Alice arriscou.


- Nunca se sabe – Franco deu de ombros.


- Eu desconfio de alguém – Lily, que até agora não tinha feito nenhum comentário, colocou-se de pé e rapidamente caminhou pra fora da sala, pisando forte, mesmo ainda ter resíduos da gosma.


- Lily! Lily! – Maria e Sean correram até a porta. – Aonde você vai?


Depois de estarmos relativamente limpos, nós garotas decidimos tirar o vestido pra voltar a sala comunal, então nos trancamos no banheiro de novo para nos trocar.


- Esse idiota, acha isso engraçado né? – Dorcas ainda reclamava.


- Pra você ver o que eu passei quando você jogou aquela gosma em mim – falei.


Isso fez com que ela parasse de reclamar, pelo menos em voz alta.


- Ei, alguém viu meu sutiã por aí? – Beth perguntou, olhando ao redor.


Eu ainda me perguntava quem que está por trás disso. E quem Lily pensa que está por trás disso.




James POV:


Quando Lily havia entrado por aquela cortina, tive certeza que nunca mais tiraria os olhos dela. Estava simplesmente perfeita, e eu nunca tinha a visto assim. Seus longos cabelos ruivos que eu tanto gosto soltos, balançando no ritmo que ela cantava e dançava. Aquele vestido vermelho dando tanto contraste a seus olhos verdes... Fiquei observando ela dançar com os outros, o modo como ela contagiava o palco. Fiquei um pouco incomodado quando ela dançou com Aluado, mas depois me acalmei. Sua voz era tão fantástica...


Então veio a gosma. Até agora não entendi aquilo.


- Quem será que fez isso? – perguntei a Almofadinhas, enquanto seguíamos pra fora do auditório lotado.


- Com certeza um gênio! – ele exclamou. – Opa, cantora a vista.


Me virei para olhar e vinha Lily, atravessando as pessoas e ganhando mais olhares. Visivelmente ela não se importava. Ainda estava meio lambuzada, e pelo visto estava irritada.


- Oi Li...


- O que você estava escondendo de mim naquela hora? – perguntou sem rodeios.


- Hã? – falei, sem entender.


- Quando você estava próximo ao camarim! O que você estava segurando atrás de você? – sua voz estava meio histérica.


Olhei pra Sirius imediatamente, e ele me fez um sinal negativo.


- Não, não é nada... – passei a mão nos cabelos, incomodado.


- Ah é? – ela estreitou os olhos. – E como vou saber se aquilo não era alguma gosma verde que você estava planejando jogar na gente?


- Não... O quê? – arregalei os olhos. – Lily, nunca! Eu não fiz isso!


- Então prove! – ela me empurrou. Estava sem dúvidas descontrolada. – Prove! Me diga o que você levava com você!


- Você acha que Pontas estava carregando toda aquela gosma atrás dele? – Sirius tentou ajudar. – Isso é impossível, ruiva...


- Sim. Mas não com magia – ela insistiu. – Quem me garante que você não multiplicou a gosma depois? Existe esse feitiço sabia...


- Lily, eu estava na plateia o tempo todo! Como eu...


- Eu conheço! Conheço uma arte de vocês! Com certeza armaram isso, não foi? – ela gritou. – É por isso que estavam no camarim! Estavam armando...


- Isso é mentira!


- Claro, isso é perfeito! – ela riu desdenhosa. – Fazer um showzinho no grande show! Como se você se importasse!


- Lily... – comecei, ainda espantado com o rumo da conversa.


- Chega! Se não fosse mesmo verdade você me contaria! – seus olhos lacrimejaram. – Isso era importante pra mim, James!


Que ótimo. Como eu contaria a ela que eu estava escondendo um sutiã? Ainda por cima da colega de quarto dela? Segurei seus ombros e a encarei.


- Lily, acredite em mim. Em nós – pedi apoio a Sirius com o olhar. – Não fiz aquilo.


Ela se soltou do meu aperto.


- Eu não acredito – ela começou a se afastar, as lágrimas jorrando de seus olhos. – E não quero mais saber... de você. Fica... longe...


E dizendo isso saiu correndo mais uma vez, sumindo na multidão que sobrara.


- Isso foi...


- Estúpido? Idiota? Sem sentido? – falei, virando-me pra ele irritado. – Carma?


- Pode ser – ele deu de ombros. – Depois você conversa com ela.


- Sim. E vou contar o que eu realmente segurava – falei.


- Isso não! – Sirius falou depressa. – Pontas, como você...


- Olha aqui Sirius, chega – me virei, mais do que aborrecido. – Já estou cansado de acobertar as coisas que você faz, coisas que me impedem de fazer o que eu quero! Coisas que sempre me atrapalham!


- Não venha descontar sua raiva em mim! – ele protestou.


- A culpa real disso é sua – abri os braços, cansado. – Eu não falei pra você querer roubar o sutiã de ninguém. Agora sofra as consequências.


E sai andando. Irritado. Sem olhar pra trás.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • Victoire_Lupin

    Capítulo perfeito! Eu amo sua fic, vc escreve mt bem! To lendo desesperadamente hahaha

    2012-10-26
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.