Nas Horas Incertas




Hermione volta a se aproximar do rapaz que, especialmente naqueles dias nos quais está tenso com estreia no quadribol, precisa de seu apoio.


Ron tinha conquistado a posição de goleiro, mas a sua insegurança não permitia que tivesse um bom desempenho. Ele possuía tantos talentos, Hermione sabia. Por que precisava ser tão inseguro assim?


Todos deram risadas quando os gêmeos disseram que para Ron jogar bem era preciso que a plateia ficasse de costas. Hermione, no entanto, não achou qualquer graça naquela brincadeira. Pelo contrário. Ficou sinceramente preocupada com o amigo e queria ajudá-lo.


Na primeira oportunidade, quando ficaram sozinhos numa das muitas rondas como monitores, ela puxou o assunto.


- Ron, o que você está achando de ser goleiro?


- Estou achando ótimo e assustador ao mesmo tempo – falou, definindo muito bem os contraditórios sentimentos que experimentava.


- Mas não precisava ser assim, Ron. Você tem talento para goleiro. Caso contrário, não teria sido selecionado. Você tem que acreditar mais em si mesmo e deixar de se preocupar com o que pensam os outros.


Mais uma vez Hermione estava dando um conselho sensato, Ron reconhecia. Mas não era fácil vencer a insegurança. Era algo mais forte do que ele. Tentava se concentrar, esquecer que estava sendo observado por dezenas de pessoas... mas era impossível!


- Hermione, eu tento fazer tudo isso. Mas sempre fico nervoso, não tem jeito. Pior é que todos os alunos da Grifinória contam com meu desempenho. É muito difícil decepcionar tanta gente!


A menina teve vontade de abraçar o ruivo. Mas, como sempre, refreou os seus impulsos. No entanto, não podia deixar de dizer mais algumas palavras de incentivo.


-Ron, eu acredito em você! Não gosto muito de quadribol, mas, pode ter certeza, vou estar sempre na arquibancada torcendo por você e pela Grifinória – disse com decisão e sinceridade.


- Obrigada, Mione. Você é uma grande amiga! Pena que não será apenas você que vai ficar na arquibancada assistindo ao jogo...


- Ron! – gritou em protesto, mas, ao ouvir a gargalhada do ruivo, a menina também não conteve o riso.


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Chegou finalmente o dia do jogo. Para Hermione foi um alívio. Afinal, não aguentava mais ver Ron tão nervoso. Falava apenas desse assunto, seja na ronda dos monitores como nos momentos que sentavam juntos para fazer as tarefas da escola. O ruivo, no entanto, estava apavorado. Percebia que todos no time e também os alunos de Grifinória tinham grande expectativa com seu desempenho e temia não corresponder e ser um fiasco.


Quando Hermione desceu para o salão com Gina, Ron e Harry já tinham se dirigido para o refeitório. A irmã perguntou ao ruivo como ele estava se sentindo, mas o rapaz permaneceu mudo. Foi Harry que respondeu no lugar do amigo, dizendo que ele estava nervoso. Hermione usou seu melhor tom bem-humorado para tentar animar Ron. “Bem, isso é um bom sinal. Acho que você se sai tão bem nos exames se não estiver um pouco nervoso”, disse.


Pouco depois chegou Luna para mostrar o seu esquisito chapéu em forma de cabeça de leão. Todos ficaram admirados e fizeram comentários, os mais simpáticos que conseguiram. Ron permanecia paralisado e com um olhar vazio fitou Luna quando ela lhe desejou boa sorte.


Em seguida veio Angelina, pedindo para Harry e Ron se apressarem. O ruivo permanecia sem reação e Hermione estava cada vez mais preocupada com ele. Queria dizer, mais uma vez, para o amigo ficar tranquilo, acreditar na própria capacidade, mas percebeu que ele não prestaria atenção em suas palavras.


A menina já havia visto que nos distintivos usados pelos alunos da Sonserina estava escrito “Weasley é nosso rei”. Temia que o amigo ficasse ainda mais para baixo com essa provocação e, num sussurro, recomendou a Harry assim que ele se preparava para sair da mesa com o ruivo. “Não deixe Ron ver os distintivos da Sonserina”.


No momento em que Ron se levantou e se aproximou dela, a menina teve uma reação instintiva. Com uma voz suave desejou, com toda sinceridade: “Boa sorte, Ron”. E, ficando na ponta dos pés, deu um beijo carinhoso na bochecha do ruivo.


Notando que Harry a contemplava admirado, agiu logo. “E boa sorte para você também, Harry”, falou, dando uma piscadela para o amigo.


Ron não percebeu mais nada ao seu redor enquanto caminhava até o vestuário. Era algo tão simples ganhar um beijo na bochecha. Mas, não sabia por que, aquele beijo era diferente. Trazia calor, carinho, esperança. Instintivamente, ele levou a mão ao lugar que a amiga tinha beijado. “Hermione gosta de mim”, pensou. “Não, que loucura”, contestou para si mesmo. “Tudo bem, gosta, mas como amigo”.


Hermione estava muito nervosa quando o jogo começou. Acompanhava tudo da arquibancada, ao lado de Gina. Mas não ouvia os comentário da ruiva, nem os gritos de Grifinória. Estava completamente concentrada em Ron.


Logo, no entanto, começou a ouvir as provocações da Sonserina. Cantavam músicas zombando Ron, dizendo que ele não agarrava os goles. “Wealsey é nosso rei”, entoavam em coro. E, a cada refrão repetido, ela percebia que o amigo ficava mais nervoso, deixando a equipe rival fazer pontos.


O desespero de Ron, compartilhado com igual intensidade por Hermione, pareceu ter chegado ao fim quando Harry ergueu os braços com o pomo de ouro nas mãos. A menina não sabia como ele tinha capturado o pomo, mas a sua agonia acabara. Imaginava que também a de Ron, mas logo descobriria que estava enganada.


Foi quando todo o time se abraçou comemorando a sofrida vitória e Ron ficou isolado, perto da baliza, que Hermione percebeu que o ruivo não estava nada bem. Logo Ron escorregou da vassoura, desanimado, e a arrastando se dirigiu com passos lentos para o vestuário.


A menina levantou rapidamente para tentar alcançar Ron. Mas quando chegou ao gramado, uma confusão a imobilizou. Harry e Jorge, não suportando mais as provocações de Malfoy, começaram a socá-lo. Logo Madame Hooch grita e lança o feitiço do Impedimento. Com a voz elevada, a professora os expulsou do campo dizendo que fossem procurar a diretora da Grifinória.


Hermione ficou preocupada com Harry e Jorge, mas não a ponto de esquecer Ron. Pediu a Fred que visse se o irmão ainda se encontrava no vestuário, dizendo que precisava falar com ele. O rapaz voltou com a notícia de que Ron não estava mais lá. “Mas fica tranqüila. Daqui a pouco ele aparece”, falou Fred ao perceber o nervosismo da morena.


Depois de andar nos arredores do vestuário e do campo à procura do amigo, Hermione decidiu voltar para torre de Grifinória. “Quem sabe Ron também não foi para lá”, pensou, tentando consolar a si mesma. No salão comunal encontrou os jogadores do time e alguns alunos sentados, todos um pouco desanimados, na expectativa de receber notícias de Harry e Jorge. Ron, porém, não estava entre eles.


- Gina, você na sabe onde está Ron? Será que ele subiu para o dormitório? – perguntou aflita.


- Não, Fred já esteve lá procurando por ele. Ron deve estar caminhando por aí, envergonhado com o fraco desempenho que teve”, disse a menina em tom indiferente.


Hermione sentiu o sangue subir. Era exatamente isso que pensava estar acontecendo. Achava, porém, que o ruivo não sentia apenas vergonha, mas também tristeza.


Olhou para a janela e viu que caia uma fraca nevasca. Ron estaria lá fora, no frio, sozinho... Queria tanto estar ao lado dele, poder abraçá-lo, dizer que tudo estava bem.


Percebeu um movimento no retrato da Mulher Gorda. Eram Harry e Jorge que voltavam, bem desanimados. Hermione ainda aguardou um pouco, esperando que um vulto ruivo os acompanhasse, mas foi em vão. Ron não estava com eles.


A morena ouviu atenta o relato dos dois sobre como tinham sido expulsos do time de quadribol por Umbridge. Todos fizeram os seus comentários mais indignados. Nem por um segundo sequer a menina esquecia, no entanto, que Ron estava lá fora, provavelmente sentindo frio.


Passou a hora do almoço e já estava anoitecendo quando finalmente Ron entrou na sala comunal. Hermione mais uma vez controlou sua emoção e não correu até ele para abraçá-lo, como tanto desejava, mas levantou de um salto e perguntou com aflição e alívio: “Onde você estava?”


- Caminhando – respondeu simplesmente, sem fixar por muito tempo os seus olhos nos da menina. Ele tremia levemente de frio e tinha neve no cabelo.


- Você parece congelado. Vem aqui e senta! – disse a menina apontando uma cadeira vazia em frente à lareira.


O diálogo que se seguiu, entre Ron e Harry, foi marcado por pedidos de desculpa e confissões de erros por parte do ruivo e pelas tentativas do segundo de consolar o amigo. Foi Hermione que ajudou os dois a sair daquela roda-viva.


- Bem - disse Hermione, sua voz tremendo levemente. - Eu acho que sei de uma coisa que deve animar vocês dois.


- Ah é? - perguntou Harry ceticamente.


- É - disse Hermione, contemplando a janela - Hagrid está de volta.


A visita ao meio-gigante, que consideravam um grande amigo, fez, por alguns momentos, Ron esquecer o desempenho vergonhoso no jogo e Harry, a revolta com a expulsão do time.


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Hermione acordou lembrando-se de Ron. Jamais vira o amigo tão abatido. Verdade era que ele não se mostrou desanimado durante a visita a Hagrid e imaginava que uma boa noite de sono poderia fazê-lo se recuperar um pouco. Mas a menina sabia que o ruivo não esqueceria tão fácil seu desempenho sofrível no quadribol. Havia sonhado em segredo por tanto tempo em entrar no time e agora, quando finalmente alcançara isso, não conseguiu se sair bem. E pior: tinha sido ridicularizado pelo time adversário que considerava que o fraco desempenho de Ron como goleiro garantiria a vitória deles.


Ela aguardou por Ron aquela manhã, na sala comunal, sem saber exatamente o que falar ou como agir com o amigo. Sabia, simplesmente, que faria de tudo para Ron perceber que estava do lado dele.


Com a cabeça baixa e passos lentos, Ron desceu as escadas. Apenas quando alcançava o último degrau, ele olhou para frente e avistou a amiga. Hermione deu um leve sorriso, um pouco sem graça. “Como você está?”, perguntou. “Eu estou...”, o ruivo respondeu reticente.


A menina tomou coragem e perguntou se ela ainda estava muito chateado por causa do jogo.


- Hermione, eu não quero falar sobre isso. Você não pode entender... – disse, elevando em seguida a voz - Sempre tira excelentes notas, é ótima com os feitiços, nunca fracassou em nada. Não faz ideia do que eu estou sentindo.


- Você está enganado, Ron. Eu sei exatamente o que você sente. Já me senti fracassada muitas vezes – respondeu com firmeza.


O rapaz olhou para a amiga intrigado. Hermione Granger, a melhor aluna de sua turma e uma das mais bem-sucedidas nos estudos em toda a história de Hogwarts, dizia que já tinha passado por um fracasso? “Você já se sentiu fracassada? Isso não faz sentido...”, ponderou.


A menina nunca tinha falado sobre aquilo com ninguém, mas achou que agora precisava contar para Ron. Com um tom de voz suave, abriu o coração:


- Ron, antes de vir para Hogwarts, eu me sentia um completo fracasso. Tirava ótimas notas na escola, mas não tinha amigo algum e era criticada pelos meus colegas de turma. Eles me achavam uma nerd chata e muito estranha... E eu me sentia realmente estranha, diferente de todo mundo, com uns poderes que eu não sabia como usar ou controlar... Eu sofri muito... – desabafou a menina.


- Eu nunca imaginei que você havia passado por isso.. Você nunca contou nada... – falou o ruivo com a voz baixa.


A confissão de Hermione desarmou Ron. Percebeu que também a menina, que julgava muitas vezes estar um patamar acima dele, tinha os seus sofrimentos. Ron finalmente conseguiu falar de como tinha sido difícil se sentir responsável pela derrota da casa. “Se eu tivesse fracassado numa prova, sem prejudicar ninguém, seria diferente. Mas o meu fracasso afetou muitas pessoas”, afirmou.


- Ron, você não teve culpa. A equipe da Sonserina o provocou com aquela música idiota, foi muita pressão em cima de você e logo no seu primeiro jogo. Mas sei que joga bem e vai ter ainda muitas oportunidades de provar isso – disse a morena com toda a sinceridade.


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Com a chegada de dezembro, além do aumento de tarefas, Ron e Hermione passam a ter mais obrigações como monitores. Entre uma atividade e outra podiam conversar e até dar risadas juntos, seja das piadas de Ron – Hermione ria especialmente quando as achava sem graça – como das trapalhadas de ambos que, pela primeira vez, precisavam ajudar na decoração de Natal da Grifinória.


Hermione se dobrou de rir quando o ruivo, tropeçando num pisca a pisca, quase caiu no colo da professora Minerva que, sentada na poltrona, acompanhava os alunos colocando os enfeites na árvore da Grifinória. Mione, por sua vez, atenta a Fred e Jorge que passavam suas balas enfeitiçadas aos alunos mais novos, acabou se desiquilibrando da escada e levando a árvore junto. “Como decoradores, somos ótimos monitores”, disse o rapaz às gargalhadas.


Se Hermione havia surpreendido positivamente Ron algumas vezes naquele ano, o fato era que ele estava se tornando um especialista em deixar a menina desconcertada. Foi assim também durante aquela ronda no fim da tarde.


Hermione nunca colocou entre as suas prioridades usar roupas de estilo, maquiagem, bijuterias... A sua única vaidade era o estudo. Claro que se cuidava, mas preferia a simplicidade. Depois que notou os olhares de susto e admiração lançados por Ron durante o Baile de I nverno, entendeu que precisava se arrumar melhor para conquistá-lo.


Mas foi especialmente depois do ruivo ter perguntado, durante uma ronda, se ela não usava brinco, que Hermione passou a caprichar mais no visual. Um pouco relutante no início, acabou se rendendo ao que antes considerava uma futilidade. Claro que sem perder o seu estilo discreto.


Mione havia lavado os cabelos e os prendeu com uma tiara com uma pequena borboleta, colocou um delicado brinco e um brilho rosa suave nos lábios. Mais uma vez se produzia para receber os olhares aprovadores do amigo. Não imaginava, porém, que o rapaz seria conquistado pelo olfato.


- Que perfume maravilhoso é esse?  - perguntou Ron.


A menina disse que não estava sentindo perfume algum e se surpreendeu ao ver o rapaz se inclinar até ela.


- São seus cabelos, Mione... Que perfume ótimo! - falou o rapaz.


A menina, muito sem graça, simplesmente afirmou: "Ah, é o xampu que minha mãe me deu".


- Muito bom! Eu sou muito ligada aos cheiros, sabia? Minha memória é tão marcada por isso... Lembro que, ainda muito pequeno, visitava à casa dos meus avós que tinha sempre um perfume de cipreste. O aroma do bolo de chocolate feito por mamãe, das flores cultivadas pela tia Morgana, dos feitiços que saiam do caldeirão do tio Eduardo... Sei quando uma poção está dando errado pelo cheiro que emana!


Hermione, que também percebia quando o amigo se aproximava pelo seu perfume cítrico, ficou com vontade de comentar algo sobre isso, mas teve vergonha.


Aquelas rondas como monitores haviam aproximado os dois ainda mais. Antes, era sempre ela, Ron e Harry. Agora a menina e o ruivo tinham mais momentos juntos, apenas os dois, e podiam se conhecer cada vez melhor. E, claro, o amor que sentia por ele aumentava. A desconfiança de que esse sentimento era correspondido também crescia. Mas Hermione sempre precisava de certezas, de comprovações científicas. Ron para ela era um mistério, um grande desafio a toda a sua lógica. E Hermione gostava de desafios.


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Quanto mais próximos chegavam do Natal, mas os alunos conversavam animados sobre como passariam esse feriado. Hermione estava indo esquiar com seus pais e ficou chateada ao ver que Ron se divertia dizendo que nunca ouviu falar de patins para descer as montanhas. O ruivo e Harry iriam para A Toca e a menina suspirou, lembrando com saudade os dias felizes que já havia passado naquela esquisita e aconchegante casa.


O último treino da Armada de Dumbledore foi tranquilo. Hermione e Ron duelaram juntos e dessa vez, a menina tinha que admitir, o ruivo se saira melhor. Mas Mione não ficou triste. Pelo contrário. Estava feliz porque ela e o amigo não estavam discutindo mais.


Quando os dois sobem para sala comunal, Ron comenta que pensa em fazer uma tarefa de Astronomia. “Estou tentando seguir o horário que você preparou para mim”, fala. A menina dá um sorriso. “Você também vai estudar?”, pergunta. “Vou sim, mas antes tenho que fazer outra coisa”, responde enigmática.


A menina planejava responder a carta de Krum que a convidara para passar o Natal na Bulgária. Queria dizer logo que não poderia ir e, especialmente, deixar bem claro que teria outro compromisso, antes que o rapaz se oferecesse para visitá-la em Londres. A princípio, pensa em escrever para ele no dormitório, mas depois decide ficar na sala comunal.


 “Vou responder aqui mesmo a carta de Vítor. Quem sabe Ron, descobrindo que estou escrevendo para ele, resolva agir”, decide a menina antes de tirar o rolo de pergaminho e a pena da mochila. Logo protesta contra o próprio pensamento, argumentando que o ruivo não gosta dela, pelo menos do jeito que tanto deseja. Intrigado, o ruivo se pergunta por que a menina foi para um canto afastado da sala.


Harry chega e os dois param um momento as suas tarefas para conversar com o amigo, que conta sobre o beijo trocado com Cho e regado pelas lágrimas dela. Ron acha que Cho deveria ficar feliz com o episódio, sem entender os argumentos de Hermione de que a menina ainda estava triste pela morte de Cedrico. Irritada com a aparente falta de percepção do ruivo, a morena dispara:


- Você é a pessoa mais insensível que eu tive a infelicidade de conhecer.


- Como assim? - diz Ron indignado. - Que tipo de pessoa chora ao receber um beijo?


Hermione tenta, mais uma vez, explicar os confusos sentimentos experimentados pela menina e o ruivo novamente demonstra não entender o complexo universo feminino.


- Uma pessoa não pode sentir tudo isso de uma só vez, ela explodiria – ponderou Ron.


- Só porque você consegue ter controle emocional não quer dizer que nós também não - disse Mione sordidamente, pegando sua pena novamente.


Depois de mais algum tempo de conversa, Ron finalmente notou que o pergaminho no qual Hermione escrevia não era uma simples tarefa. “A propósito, para quem você está escrevendo essa novela”?, perguntou.


Quando ela responde que é para Krum, Ron simplesmente a olha com desgosto. “Hermione prefere gastar tempo com esse cara ao invés de investir nas amizades que realmente valem a pena”, pensa, mas continua quieto.


 “Ele tem ciúme, não tenho dúvida disso. Mas por que não toma uma atitude? Por que não diz que gosta de mim? Não, definitivamente. Ele só se sente inseguro que a nossa amizade diminua. Se gostasse de mim de outra forma, já teria se declarado”, pensa confusamente a menina.


Ron e Mione ficaram ainda mais vinte minutos em silêncio na sala comunal, a menina tentando terminar a carta de forma educada e seca. Quando consegue finalmente assinar a correspondência, com votos de Feliz Natal, se levanta dizendo que vai dormir. Ron, que permanecera pouco concentrado em sua tarefa, tentando esticar o máximo o pescoço para conseguir ler o conteúdo da carta, sobe pouco depois para o dormitório.

                                                                                   xxx
 


Para  ouvir antes, durante ou depois de ler o capítulo:
 

Make You Feel My Love


http://irpra.la/m/1011867 


When the rain 
Is blowing in your face
And the whole world 
Is on your case
I could offer you 
A warm embrace
To make you feel my love

When the evening shadows 
And the stars appear
And there is no one there 
To dry your tears
I could hold you 
For a million years
To make you feel my love

I know you 
Haven't made 
Your mind up yet
But I would never 
Do you wrong
I've known it 
From the moment 
That we met
No doubt in my mind 
Where you belong
(...)


 

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