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Depois que a aula terminou, eu fiquei para almoçar na escola com os meninos e a Gi. Hoje teria a final do campeonato interclasse de futebol feminino, e amanhã seria a vez dos meninos. Mamãe já sabia, então eu estava tranqüila. Antes do jogo eu iria colocar as minhas lições em dia, e depois iria torcer com o pessoal. A escola estava particularmente cheia, o que era normal em finais de futebol.


 


O campeonato seguia da seguinte forma: a escola era classificada em quatro ‘casas’, ou equipes. Eram as turmas de A à D. As casas tinham pessoas dos três anos do ensino médio. O primeiro A, o segundo A e o terceiro A formavam uma equipe, e assim por diante. Harry, eu e todos os irmãos Weasleys fazíamos parte da equipe ‘C’, nosso mascote é o Leão, e o codinome é Grifinória. A equipe ‘A’ é a Corvinal, os corvos; o ‘B’ é a Lufa-lufa, os texugos; e o ‘D’ é a Sonserina, as cobras.


 


Essa divisão dos alunos tem muita relação com o histórico de cada um. Por exemplo: é uma tradição que os Weasleys sempre fiquem na Grifinória; tradição porque esta é a escola mais antiga da cidade. Harry e eu demos sorte de termos ficado aqui também, acho que por sermos parentes e termos um histórico escolar decente contribuiu para isso. A explicação para essa classificação dos alunos é que nos daremos melhor se encontrarmos pessoas parecidas conosco, o que ajuda na adaptação. Eu gostei da idéia.


 


Mas nem tudo são flores. Há uma grande rivalidade entre as casas. Os Grifinórios odeiam os Sonserinos, e vice-versa, desde sempre. Um bom exemplo disso é que nós odiamos o Malfoy e sua turma. Ele faz questão de nos atormentar sempre que nos vê. O Draco, é o primeiro nome dele, joga futebol na mesma posição que o Harry, e vai para a final amanhã junto com os leões.


 


Mas, voltando ao almoço...


 


--O que vocês vão fazer agora? –Gina nos perguntou após a refeição.


 


Eu me espreguicei como resposta, atraindo o riso deles.


 


--Eu vou ter reunião com o time. –Gina disse nervosa. –Vamos ter que bolar um esquema diferente de ultima hora, porque a Corvinal mudou o time. Harry vai nos ajudar.


 


--Sei... –Ron resmungou, olhando feio pra ele.


 


--Ronald, deixa de ser amargurado e para de pegar no meu pé! Com uma namorada linda do seu lado e você fica em cima de mim. Vai passar um tempo com ela!


 


Gina se estressou. Harry segurou o riso, ou apanharia do ruivo. Eu mordi o lábio inferior, também queria rir, e olhei pro Ron.


 


Ele estava com a boca meio aberta, formando um biquinho lindo, como se fosse falar.


 


--Desfaz essa cara, Ronald! É aniversário dela e o jogo só começa daqui à duas horas. Vão passear e colocar o namoro em dia, afinal, quanto tempo vocês esperaram por esse momento? Agora que podem ficar juntinhos, você perde tempo brigando comigo.


 


Ela bufou, pegou Harry pela mão e saiu andando com ele. Eu quis brigar com ela, pois queria um empurrãozinho com o meu problema, e não ser atropelada por um trem-bala que nem ela.


 


Rony estava visivelmente sem-jeito.


 


--Não liga pra ela, Ron. Vem, vamos andar um pouco.


 


Ele me deu um beijo no rosto quando eu peguei na mão dele. Antes de sairmos pela propriedade do colégio, nós compramos pão-de-mel recheado na cantina. Ele sabia que eu amava.


 


Nesse clima super fofo, andamos por um tempo, à esmo, e nos sentamos embaixo de uma árvore, de frente pro Lago Negro. O lago é enorme. No verão, o professor Hagrid, de educação física, promove um campeonato de natação ali. Mas são poucos os loucos que se arriscam. Normalmente são novatos em busca de atenção.


 


Eu e o ruivinho  conversávamos sobre coisas bobas.  Depois de um tempinho bateu a fome, e eu abri o meu doce. Dei uma mordida generosa e ofereci a ele. Rony também mordeu, e ficou olhando pra minha boca.


 


--O que foi? –perguntei.


 


--Tá sujo de chocolate aqui, ó...


 


Ele indicou o canto direito da minha boca. Eu tentei enxergar, mas não consegui.


 


--Onde?


 


Ele sorriu maroto e se aproximou de mim. Eu fechei os olhos automaticamente quando senti os lábios dele novamente contra os meus. Esse ‘beijo’ demorou mais do que o normal, e eu aproveitei cada momento, imóvel.


 


Ele se separou de mim e eu dei um suspiro.


 


--Tá limpo agora? –Perguntei rindo.


 


Ele assentiu e mordeu o doce. Dessa vez, mesmo sem estar lambuzado, eu me aproximei dele. Devo confessar que senti um frio na barriga bem grande, mas não parei. Repeti o beijo.


 


--Estava sujo, também?


 


Eu neguei com a cabeça e mordi o lábio inferior. Ele sorriu maliciosamente e se aproximou novamente. Quando estávamos quase lá, fomos interrompidos.


 


--Ei, gente. –Harry chamou. –Ãh, desculpe...


 


Ele percebeu que interrompeu e deu meia volta.


 


--Agora que já atrapalhou, Harry, trate de voltar aqui.  –Rony quase gritou.


 


Meu primo girou nos calcanhares.


 


--O que foi? –Eu perguntei com a voz calma.


 


Mas de calma mesmo só estava a voz.


 


--É que o jogo vai começar meia hora mais cedo, e a Gina pediu pra  procurar vocês. Eu já estava desistindo, quando o Neville me disse que vocês estavam aqui. Ele disse que queria falar com você, Ron, mas saiu de perto quando viu a Mione indo pra cima de você.


 


Rony riu e rolei os olhos.


 


--Vamos subir? –Harry chamou.


 


O ruivo me ajudou a levantar. Eu ofereci um pão-de-mel que estava no meu bolso; Harry aceitou e mordeu, sujando a boca.


 


Rony e eu nos entreolhamos e caímos na gargalhada. Harry não entendeu nada:


 


--Que foi?


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--E por que você não consegue? Digo –Ela emendou –isso me deixa aliviada, porque você prova que não é tão retardada quanto eu pensei, mas...


 


--Gina, estou falando sério. –ela ficou sem-graça – Por mais que eu tenha vontade, eu não consigo beijá-lo de jeito nenhum.


 


Parecia que ela queria rir, mas como uma boa amiga não o fez. Eu fiquei feliz por isso.


 


--Bom, Mione, é uma situação complicada, ainda mais porque ele é meu irmão. Mas, se você quiser, eu posso tentar ajudar...


 


--Como?


 


A pergunta saiu mais ansiosa do que eu gostaria.


 


--Calma! Olha, vou conversar com o Harry. Ele vai me ajudar a pensar em alguma situação legal para vocês, ok?


 


Eu assenti com a cabeça e vi os meninos se aproximarem.


 


--Vocês demoraram. –Gina disse, beijando o Harry, pra variar.


 


--Tivemos que ficar ouvindo um sermão sobre a reputação da escola. Filch fez questão de nos presentear com isso. –Ron respondeu, me abraçando.


 


Eu fiquei meio desconcertada. Ser abraçada por ele sem compromisso é uma coisa, mas como namorados era outra. Até a sensação parecia mudar. Para melhor, é claro.


 


--Falando em presentear, hoje é aniversário de alguém... –Harry cantarolou.


 


Eu me virei de frente pro ruivo e escondi meu rosto no peito dele quando os três começaram a cantar “Parabéns”. Eles sabem que eu odeio que cantem parabéns pra mim. Não sei explicar o porquê, mas me dá vontade de chorar. Até os oito anos eu podia chorar, e minha mãe sempre me abraçava sorrindo; acho que ela pensava que eram lágrimas de emoção...


 


--Mione, sentimos muito, mas você só vai ganhar o nosso presente na sua festa. –Gina disse sorrindo.


 


Mamãe fez questão de fazer uma festa. Afinal “quinze anos não é uma data que se pode passar em branco, Hermione querida!”, ela me falou tanto isso que eu cedi.


 


Ainda sem me virar, senti o Ron me abraçar mais forte, mas durou pouco, pois o sinal tocou. Tive que me soltar dos braços dele. Enquanto Gina e Harry se “despediam”, Ron segurou minha mão e seguimos juntos para a sala.

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