.



No dia seguinte ele passou em casa como de costume, com Gina ao seu lado. Trocamos um sorriso tímido. Ele segurou a minha mão e a ruiva surtou. Ela já sabia que ele tinha ido em casa, mas quase fez um escândalo na rua. Eu pensei que quando encontrássemos o Harry ela fosse sossegar, mas o contrário aconteceu: os dois começaram a nos amolar. Rony devia estar arrependido à essa altura.


 


O meu namorado – aiin, é ótimo poder descrevê-lo assim – foi comigo até o meu armário. Ele não soltava a minha mão por nada, o que acabava atraindo alguns olhares. Tá, eu disse que era normal andarmos juntos, mas o meu sorriso idiota, que eu tinha certeza que estava no meu rosto, não era normal. Depois entramos na sala e agüentamos duas aulas seguidas de química com o Snape e uma de Literatura Inglesa com a MacGonagal. No geral a aula foi normal. Tivemos que fazer um trabalho em grupo, ele com os meninos e eu com as meninas, como antes. Eu acho que assim é melhor, afinal eu não posso deixar meu namoro influenciar na escola.


 


No intervalo a coisa mudou de figura, porém. Fizemos uma roda em baixo de uma grande árvore perto da quadra. Harry, Gina, Neville, Luna, Simas, Dino, Susana Bones e Anna Abbot já estavam lá antes de Rony e eu chegarmos. Ele me acompanhou até a cantina pra eu comprar o meu suco de laranja. Eu me assustei quando vi aquele povo todo ali, não éramos muito populares.


 


--Ah, o novo casal de Hogwarts chegou! –Simas gritou quando chegamos.


 


O pessoal começou a fazer uma algazarra por causa disso. Vi as orelhas de Rony sumirem no meio dos cabelos; eu não sabia que esse assunto o ia deixar envergonhado. Ele não é tão tímido assim.


 


--Cara, eu sabia que vocês tinham alguma coisa! Desde quando vocês estão ficando? –Dino se sobrepôs ao barulho.


 


Antes de responder, Rony se sentou e me puxou para perto dele.


 


--Não estamos ficando.


 


O ruivo anunciou e o povo se calou com cara de duvida.


 


--Estamos namorando.—Ele esclareceu.


 


Eu ergui a minha mão e exibi a minha aliança. Ele fez o mesmo.


 


As meninas lançaram aquele olhar de inveja que secaria até a pimenteira mais resistente do mundo. Os meninos não acreditaram, e ficaram olhando com cara de idiotas para o ruivo. Rony parecia estar se divertindo com essa atenção.


 


--Fui falar com o pai da Mione ontem.


 


Nessa hora até Cho Chang, as gêmeas Patil e Lilá Brown, que estavam próximas, pararam para ouvir. Eu escondi um riso e me aproximei ainda mais do Ronald. Aquelas futriqueiras tinham que ver que a coisa é séria.


 


--Eu e o Sr Granger conversamos. A Mione é uma garota séria, e o pai dela me mataria se eu não fosse falar com ele.


 


Acho que corei um pouco quando ele me deu um beijo na bochecha.


 


--Vocês nunca ficaram antes? –Simas estava impressionado.


 


Nem antes e nem depois do pedido, né?! Porque eu sou covarde demais pra dar um beijo no meu ruivo lindo. Às vezes eu tenho absoluta certeza que sofro de algum problema muito grave! Pensei isso, mas só neguei com a cabeça como resposta.


 


--Então vocês deviam oficializar o namoro agora, com os amigos. –Luna propôs com a voz sonhadora de sempre. –Sabe, se beijando.


 


Nós dois nos entreolhamos, e o pessoal começou a gritar “beija, beija!”, sendo regidos pela Gina. Tenho que me lembrar de esganar ela e a Luna mais tarde.


 


Sem ter outra opção, nós nos aproximamos de olhos fechados, mas nos separamos antes, quando uma voz severa veio de perto:


 


--Seus moleques depravados, aqui é uma escola!


 


Era Filch, o zelados e inspetor da escola. Ele odiava todo mundo. Atrás dele, Chang ria com as gêmeas e Lilá estava vermelha de raiva. Juro que eu tive que me segurar pra não meter a mão nelas.


 


--Vamos, dispersando!


 


Reclamando, o povo todo saiu andando. Só eu, Rony, Gina e Harry ficamos ali.


 


--Vocês também!


 


Ah, cara chato! Gina e eu tivemos que sair primeiro, e depois os meninos. Como esse inspetor é idiota! Ele acha o que?! Que vamos nos atracar no meio do pátio? Aposto que ele anda nesse mau-humor todo porque a bibliotecária deve ter dado um fora nele. Sempre achei que os dois tivessem um romance. Um romance bizarro, mais ainda assim romance.


 


*


 


--Você viu a Cho e a Lilá rindo?


 


Perguntei pra Gi enquanto nos afastávamos dos meninos.


 


--Não. Nem vi as duas. Você sabe, nem as procuro.


 


--Eu não procurei. Elas estavam lá, olhando pra gente. Aposto que elas chamaram o Filch.


 


Gina se enfureceu.


 


--Vou cuidar da Chang mais tarde. Vai ter jogo.


 


Sim, Gina fazia parte do time de futebol da escola. Era zagueira. No time masculino, Harry era o centroavante e Rony o goleiro. Eu era a que ficava na arquibancada, torcendo. Não me dava muito bem com esportes.


 


--E aí, tá gostando de namorar meu irmão?


 


Eu ri e corei.


 


--Você sabe que sim, Gina. Mas tem uma coisa que está me deixando nervosa...


 


--O quê? Se for a Vacander, a Chang ou qualquer garota assim, não preci...


 


Cortei-a:


 


--Não é isso. –Tá, ela era minha melhor amiga, eu não precisava me envergonhar. –É que... –Respirei fundo e a encarei. –Não consigo beijá-lo.


 


Nessa hora ruiva começou a rir que nem uma louca, e eu fiquei com cara de taxo. Poxa, eu só queria que ela me ajudasse, e ela faz isso! Depois de sei lá quanto tempo, mas foi muito, ela parou e me encarou.


 


--Você não pode estar falando sério.


 


Fechei mais a cara ainda, e ela retirou qualquer semblante feliz do rosto. Mais séria, perguntou:


 


--E por que você não consegue? Digo –Ela emendou –isso me deixa aliviada, porque você prova que não é tão retardada quanto eu pensei, mas...


 


--Gina, estou falando sério. –ela ficou sem-graça – Por mais que eu tenha vontade, eu não consigo beijá-lo de jeito nenhum.


 


Parecia que ela queria rir, mas como uma boa amiga não o fez. Eu fiquei feliz por isso.


 


--Bom, Mione, é uma situação complicada, ainda mais porque ele é meu irmão. Mas, se você quiser, eu posso tentar ajudar...


 


--Como?


 


A pergunta saiu mais ansiosa do que eu gostaria.


 


--Calma! Olha, vou conversar com o Harry. Ele vai me ajudar a pensar em alguma situação legal para vocês, ok?


 


Eu assenti com a cabeça e vi os meninos se aproximarem.


 


--Vocês demoraram. –Gina disse, beijando o Harry, pra variar.


 


--Tivemos que ficar ouvindo um sermão sobre a reputação da escola. Filch fez questão de nos presentear com isso. –Ron respondeu, me abraçando.


 


Eu fiquei meio desconcertada. Ser abraçada por ele sem compromisso é uma coisa, mas como namorados era outra. Até a sensação parecia mudar. Para melhor, é claro.


 


--Falando em presentear, hoje é aniversário de alguém... –Harry cantarolou.


 


Eu me virei de frente pro ruivo e escondi meu rosto no peito dele quando os três começaram a cantar “Parabéns”. Eles sabem que eu odeio que cantem parabéns pra mim. Não sei explicar o porquê, mas me dá vontade de chorar. Até os oito anos eu podia chorar, e minha mãe sempre me abraçava sorrindo; acho que ela pensava que eram lágrimas de emoção...


 


--Mione, sentimos muito, mas você só vai ganhar o nosso presente na sua festa. –Gina disse sorrindo.


 


Mamãe fez questão de fazer uma festa. Afinal “quinze anos não é uma data que se pode passar em branco, Hermione querida!”, ela me falou tanto isso que eu cedi.


 


Ainda sem me virar, senti o Ron me abraçar mais forte, mas durou pouco, pois o sinal tocou. Tive que me soltar dos braços dele. Enquanto Gina e Harry se “despediam”, Ron segurou minha mão e seguimos juntos para a sala.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.