O Chapéu Seletor
Os alunos deram de cara com um enorme Saguão de Entrada, cujo teto era tão alto que não era sequer visível. Havia do lado oposto uma escadaria de mármore levando ao primeiro andar, portas duplas à esquerda levando ao Salão Principal, uma porta levando a um corredor subterrâneo ao lado direito da escada, uma porta ao lado esquerdo da escada levando às masmorras. Havia ainda um corredor do lado esquerdo levando à algumas salas de aula, uma outra porta que era um pequeno armário de vassouras. Haviam quatro ampulhetas gigantes nas paredes, uma com rubis, outra com esmeraldas, outra com safiras e outra com topázios. Por fim, havia uma porta ao lado do corredor que levava a uma pequena antecâmara.
E havia também uma mulher de aspecto severo parada no meio do saguão. Tinha cabelos pretos, presos em um coque firme, olhos pequenos e brilhantes atrás de óculos tão quadrados quanto os de Ashley e vestia umas vestes verde esmeraldas. Possuía uma postura tão rígida e ereta que Harry chegou a pensar que se ela não tivesse tal postura pareceria no mínimo vinte centímetros mais baixa.
- Muito obrigada Hagrid. - A mulher se pronunciou, a voz ecoando pelo Saguão. - Eu tomo conta daqui para a frente.
O tom de voz da mulher também era autoritário, e os alunos perceberam de cara que aquele era o tipo de mulher que se deveria evitar ao máximo de aborrecer. Hagrid assentiu para a mulher e seguiu pelas portas que davam no Salão Principal, de onde se houvia cero burburinho de excitação causado pelos alunos veteranos já acomodados. A mulher guiou os alunos pelo salão até a antecâmara e esperou que todos se acomodassem.
- Pois bem. - pronunciou-se a mulher. - Meu nome é Minerva McGonagall, vice-diretora de Hogwarts. Antes do jantar começar, vocês passaram por um momento muito importante: a Cerimônia de Seleção, onde serão selecionados para uma casa. Hogwarts é divida em quatro casas: Grifinória, Corvinal, Lufa-lufa e Sonserina. Enquanto estiverem aqui, sua casa será sua família: passaram o tempo na Sala Comunal, dormirão nos dormitórios de sua casa, terão aulas com os colegas de mesma casa e comerão na mesma mesa. Durante o ano é disputado o campeonato de Quadribol entre as casas e no final do ano a casa com mais pontos ganha a Taça das Casas. Os seus acertos durante o ano os farão ganhar pontos para suas casas, enquanto que os erros os farão perder, então, trabalhem duro e torçam para a sua vitória! Bem, vou sair um pouco mas logo estarei de volta para levá-los até a seleção, então, aproveitem este tempinho para... hum... se ajeitarem melhor.
O olhar dela recaiu sobre a capa de Neville, afivelada debaixo da orelha esquerda e o nariz sujo de Rony. Ela deixou a sala a passos largos e fechou a porta.
- Bem, - disse Harry se virando para Ash e Rony. - ela se esqueceu de mencionar uma coisinha bem simples: como raios vão selecionar a gente?
- Meu irmão Fred diz que dói à beça, mas vocês o conheceram no trem, ele é muito brincalhão, não sei se acredito. Jorge, o outro gêmeo chegou a mencionar uma luta contra um trasgo. - disse Rony limpando o nariz com a manga. Neville tentava arrumar a fivela, mas Hermione teve que ajudá-lo para que ele não se embananasse demais. Harry tentava desesperadamente abaixar os cabelos e Ash puxara um espelhinho do bolso das vestes e ficava ajeitando um fio de cabelo fora do lugar, ou o gloss que escorrera um pouco, ou os óculos...
Hermione repassava mentalmente todos os feitiços que aprendera (e que, acredite, eram muitos). Outros alunos murmuravam conhecimentos básicos que haviam obtido com seus pais, e alguns alunos como Harry que não tinham conhecimento algum a não ser o pouco que leram em casa se penduravam nas palavras de alunos mais sabidos (como Hermione) tentando aprender algo de última hora. Harry e Ash tentavam absorver tudo o que Rony murmurava, mas era um pouco complicado quando o próprio Weasley parecia meio confuso quanto ao que repassar primeiro.
- Como é essa história de gnomo de jardim? Pode repetir, Ron? - pediu Ash.
Mas quando Rony ia explicar, algo surgiu:
- Devíamos dar mais uma chance a ele...
- Não, já demos todas as chances que podíamos e... AH MEU DEUS O QUE É ISSO?
- Humpf. - Um dos calouros resmungou. - Eu que pergunto: o que são vocês?
- Fantasmas, não vê? Eu sou o Frei Gorducho, o fantasma da Lufa-lufa! Espero vê-los lá!
- É mesmo... - resmungou o outro fantasma. - São calouros, me esqueci que a seleção era hoje. Mas voltando ao assunto, o Pirraça...
- Não tem jeito, só o Barão Sangrento consegue fazer algo.
- Mas o Barão está tão insuportável ultimamente... - o restante da conversa não foi ouvido porque os fantasmas atravessaram outra parede e sumiram de vista.
- Assustador. - resmungou Ashley. Ela não gostava nem um pouco de gente morta. Não que os temesse: "Tema os vivos, os mortos não podem mais lhe fazer mal", era o que dizia, mas lhes davam arrepios.
- Relaxe, eu os achei bem simpáticos. Será que tem mais?
- Está brincando, certo Harry?
- Não, é sério.
- Pelo visto - interferiu Rony - ao contrário dos meus irmãos gêmeos vocês divergem em muita coisa.
- Não faz nem ideia. - os irmãos responderam juntos.
Rony recomeçou a explicar sobre gnomos quando a porta se abriu e McGonagall apareceu.
- Pois bem, vamos para a Seleção. - ela foi andando, seguida de perto pelos alunos. Parou de frente às duas portas e as abriu.
Os alunos entraram em choque.
Havia um enorme salão atrás das portas. O teto era encantado e refletia o céu lá fora, estrelado e negro como era possível ser. Flutuavam centenas de velas acesas no ar, iluminando maravilhosamente o Salão. Quatro mesas já ocupadas por muitos alunos estavam dispostas ao longo do salão. À frente havia uma mesa com os professores assentados e os gêmeos logo reconheceram Dumbledore do cartão de sapo de chocolate.
McGonagal continuou avançando com os alunos em seu encalço até quase colar na mesa dos professores. Ela pegou um banquinho de madeira e o colocou no meio com um chapéu de bruxo esfarrapado por cima. O chapéu possuía um rasgo rente à aba que subitamente se abriu, como uma boca, e o chapéu começou a cantar uma canção original, composta por ele mesmo. Ao ver um chapéu cantante, Ashley quase desmaiou, até ouvir seu irmão rir da fraqueza dela. Então se pôs de pé, mas a verdade é que Harry levara um sustinho também, embora jamais fosse admitir isto. O garoto absorvia cada palavra do chapéu tentando descobrir qualquer coisa sobre o teste, qualquer pista que ele pudesse deixar escapar:
Ah, vocês podem me achar pouco atraente,
mas não me julguem pela aparência
Engulo a mim mesmo se puderem encontrar
Um chapéu mais inteligente do que o papai aqui.
Podem guardar seus chapéus-coco bem pretos,
suas cartolas altas de cetim brilhoso
porque eu sou o Chapéu Seletor de Hogwarts
E dou de dez a zero em qualquer outro chapéu.
Não há nada escondido em sua cabeça
que o Chapéu Seletor não consiga ver,
por isso é só me porem na cabeça que vou dizer
em que casa de Hogwarts deverão ficar.
Quem sabe sua morada é a Grifinórnia,
casa onde habitam os corações indômitos.
Ousadia e sangue frio e nobreza
destacam os alunos da Grifinórnia dos demais;
quem sabe é na Lufa-Lufa que você vai morar,
onde seus moradores são justos e leais
pacientes, sinceros, sem medo da dor;
ou será a velha e sábia Corvinal,
a casa dos que tem a mente sempre alerta,
onde os homens de grande espírito e saber
sempre encontrarão companheiros seus iguais;
ou quem sabe a Sonserina será a sua casa
e ali fará seus verdadeiros amigos,
homens de astúcia que usam quaisquer meios
para atingir os fins que antes colimaram.
Vamos, me experimentem! Não deverão temer!
Nem se atrapalhar! Estarão em boas mãos!
(Mesmo que os chapéus não tenham pés nem mãos)
porque sou o único, sou um Chapéu Pensador!
O salão prorrompeu em aplausos. Os novatos aplaudiram também, meio sem jeito. E alguns alunos como Harry, que realmente prestaram atenção concluiram que...
- Ufa, só temos que colocar o chapéu na cabeça!
- Como é? - perguntou Ash.
- O teste, é só colocar o chapéu. Puxa, que alívio! Eu pensei que fosse ter que mostrar alguma coisa, mas eu não sei nada. Ainda bem!
Ashley ficou parada um tempo tentando absorver que o teste era tão bobo assim. Rony parecia capaz de respirar de novo. Hermione parecia no mínimo triplamente mais tranquila. McGonagall caminhou até o centro com um enorme pergaminho na mão:
- Quando eu chamar seus nomes, virão até o banquinho, assentarão-se e colocarão o chapéu na cabeça. Abbott, Ana.
Uma garota de cabelos meio loiros foi caminhando com a expressão meio assustada. Sem saber direito o que fazer, ela assentou-se no banquinho e colocou o chapeu na cabeça, que lhe afundou até as orelhas. Houve um longo período de silêncio, até que...
- LUFA-LUFA! - o chapéu anunciou. A terceira mesa da direita para a esquerda aplaudiu e vibrou, e a garotinha fo timidamente se juntar a ela.
E fim. O teste era apenas isso.
- Bones, Susana. - chamou McGonagall. Desta vez foi uma garota meio ruiva que se aproximou, mais calma, com franja cortininha no rosto. Ela se assentou. Pouco tempo depois o chapéu anunciou Lufa-Lufa mais uma vez e ela foi para a mesma mesa de Ana Abbott.
- Boot, Terêncio. - um menininho moreno correu até o banquinho. Desta vez o chapéu levou um tempo um pouco maior até anunciar a Corvinal. Foi a mesa à direita da de Lufa-lufa que vibrou, e Terêncio foi se juntar aos seus novos colegas.
- Brown, Lilá. - a garota foi meio sorridente até o chapéu.
- GRIFINÓRIA!
A mesa à extrema direita aplaudiu. Ela foi até lá com um enorme sorriso no rosto.
- Bulstrode, Mila. - uma garota com curtos cabelos castanhos se aproximou. Assentou no banquinho.
- SONSERINA!
E a mesa à extrema esquerda aplaudiu. E depois de Corner, Miguel (Corvinal); Crabbe, Vincent (Sonserina); Finch-Fletchey, Justino (Lufa-Lufa); Finnigan, Simas (Grifinória); Goyle, Gregory (Sonserina); finalmente algo interessante aconteceu:
- Granger, Hermione.
E a garota de cheios cabelos castanhos foi andando com um ar de muita mitideza até o banquinho.
- Por favor, que não seja Grifinória, qualquer uma menos Grifinória, Grifinória não... - implorava Rony.
E o Chapéu conversava com Hermione:
- Hermione Granger... Oh! Nascida trouxa! Seja bem-vinda.
- Hm... Obrigada.
- Vejamos então. Pelo que vejo você é do tipo estudiosa, inteligente. Corvinal não seria má ideia.
- Acho que não, tudo bem por mim.
- Então é isso e... Não! Espere! O que é isso que estou vendo?
- O que?
- Mudança de planos. Confie em mim que estará muito melhor na...
- GRIFINÓRIA!
A mesa da Grifinória aplaudiu. Rony estava tão chocado e decepcionado como seria possível estar. Hermione foi meio saltitante até a mesa da Grifinória e tudo seguiu como se nada tivesse acontecido:
- Greengrass, Dafne. - uma garota de cabelos tão loiros quanto os de Malfoy se adiantou e foi rapidamente selecionada para a Sonserina.
- Longbottom, Neville. - O garoto do sapo se adiantou.
- Esse aí eu quero ver. - murmurou Rony. - Tenho certeza de que vai ser Lufa-Lufa!
- GRIFINÓRIA!
- O quê? - o ruivo reclamou. - Sabe, de repente a Grifinória não me parece mais uma ideia tão boa.
E Neville ficou tão feliz em ir para a Grifinória que quase se esqueceu de devolver o chapéu para McGonagall, para que MacDougal, Morag fosse selecionado para a Corvinal.
- Malfoy, Draco.
- Cinco galeões como vai para a Sonserina em menos de dois segundos. - apostou Harry.
- Não, ele é burro demais para realizar seu sonho e ir para lá. Cinco galeões como vai para a Lufa-lufa. - rebateu Ash.
- Não sendo a Grifinória está ótimo para mim. - disse Rony.
Draco se assentou no banquinho. McGonagall nem sequer desviou os olhos da lista, antes que o chapéu tocasse um mísero fio loiro do garoto...
- SONSERINA!
- Não acredito... - reclamou Ashley.
- Pode ir pagando. - ela desembolsou o dinheiro para o irmão de dentro das vestes enquanto McMillan, Ernesto, ia para a Lufa-Lufa. E depois...
- Montague, Graham. - foi para a Sonserina.
E enquanto Nott, Teodoro, se juntava a Montague na Sonserina alguns pensamentos terríveis começaram a se passar na cabeça dos Gêmeos, como fazem os pensamentos ruins quando não devem.
- Parkinson, Pansy.
- SONSERINA!
E se tudo não passasse de um engano?
- Patil, Padma.
- CORVINAL!
E se eles não fossem bruxos coisíssima nenhuma, mesmo com tantos acontecimentos estranhos ao seu redor?
- Patil, Parvati.
- GRIFINÓRIA!
E se o chapéu ficasse na cabeça deles por tempo demais sem se decidir e os professores decidissem que tudo não passara de um terrível engano?
- Perks, Sally.
- LUFA-LUFA!
Sally Perks nem foi aplaudida direito pois em seguida McGonagall anunciou:
- Potter, Ashley.
E a usual algazarra do Salão parou imediatamente. O silêncio era tão mórbido e pesado que poderia ser cortado com uma faca. Ninguém se movia. Ninguém falava. Ninguém respirava. Nada.
Nem mesmo Ashley saíra do lugar.
- Anda logo... - Rony resmungou no ouvido dela entre os dentes. Por fim, Harry deu um empurraozinho na irmã e finalmente caiu a ficha de que era com ela.
Assim que ela saiu da bagunça e se destacou da multidão, o silêncio se transformou em uma cascata de burburinhos. Todos pareciam olhar para Ash e murmurar alguma coisa, e isso não a agradava nem um pouco: usualmente, quando isto acontecia, estavam falando mal dela. Apesar de que, obviamente, nesta situação os comentários eram outros. Harry torcia para que a irmã não perdesse a cabeça como era de seu costume, torcia para que ela fosse selecionada logo e fim.
Quanto mais as pessoas olhavam, falavam, e apontavam, o que era uma tremenda falta de educação, mais nervosa ela ficava. Por fim, assentou-se com a expressão ao mesmo tempo dura e preocupada no banquinho. Ela nem teve tempo para decifrar as centenas de olhares que recebia: o chapéu foi colocado em sua cabeça e lhe afundou até a ponta do nariz. Ela não via nada a não ser a escuridão dentro do chapéu, e fim.
- Ashley Potter... Venho esperando por você e seu irmão a dado tempo.
- Hum... Tá bem.
- É minha impressão ou você está particularmente irritada com os comentários externos? Está com raiva deles?
- Eu não gosto que falem de mim.
- Entendo; você quer ser a melhor em tudo, e quer que todos vejam isto e aceitem. E isso tudo porque ao que me parece já riram bastante de você. Se soubessem quem você é viriam todos pedir perdão de joelhos.
- Não preciso do perdão deles.
- Não, mas você o quer. Quer vê-los de joelhos, humilhados, rebaixados. Isto é uma caracteística bem sonserina, sabia? Astúcia, desejo de se provar superior, certa esperteza rodeada de malandragem. É uma pena a Sonserina ter a fama que tem. É uma boa casa por fim, apenas destaca as pessoas que são persistentes e lutam muito pelo que querem, embora geralmente não queiram coisas muito boas e usem os métodos errados para isso.
- Não me interessa, não vou para lá. Aquele idiota do Malfoy e a corja dele estão lá. Sei que vou me dar mal. E depois, não quero ir para uma casa que fabrica bruxos das Trevas.
- Tem certeza?
- Absoluta. Não vou mudar de opinião.
- Neste caso, você tem outras características que te mandarão para...
- GRIFINÓRIA!
O tamanho da ovação que surgiu na mesa da Grifinória era infinito. Os Gêmeos Fred e Jorge cantavam "Ganhamos a Potter" em alto e bom som e os aplausos eram absurdamente ensurdecedores. Ashley mal chegou perto da mesa e já haviam pessoas a arrastando, pessoas apertando sua mão, pessoas a abraçando, pessoas a puxando... Ela teve a impressão de ouvir um "Eu te amo" não muito longe, mas nem se lembrou disso depois. E quando o cabo-de-guerra teve fim, ela se assentou do lado dos únicos Grifinorianos legais que conhecia: Fred e Jorge Weasley (Hermione era um porre e Neville um bebê chorão).
Quando o berreiro teve fim, McGonagall pode prosseguir:
- Potter, Harry.
E mais uma vez reinou o silêncio. Mais uma vez surgiram burburinhos. De repente Harry se perguntou como Ashley não explodira com tantos falando a seu respeito. Era profundamente irritante, ele mesmo estava tendo problemas para se conter. Tempo depois, que parecia uma eternidade, ele se assentou no banquinho e se viu encarando o escuro dentro do chapéu.
- Harry Potter... Sua irmã tem a mente um tanto quanto diferente da sua, apesar de serem gêmeos.
- Acredite, não é o primeiro a dizer isso.
- Vejamos... Também ficou meio irritado com tantos comentários. Tem este desejo de se provar, de aparecer.
- Sonserina não... - murmurou Harry.
- Sonserina não? Tem certeza?
- Sonserina não...
- Você poderia ser grande, sabia? Está tudo aqui na sua cabeça!
- Sonserina não...
- Não? Pois bem, se é assim...
- GRIFINÓRIA!
E uma ovação ainda maior que a de Ashley acordou, mas a garota nem ligou: fazia parte dela. Harry foi puxado, e arrastado, e beijado; fizeram um real cabo-de-guerra com o garoto. Fred e Jorge mudaram a música para: "Ganhamos os Potter!". Ele encontrou a irmã do outro lado e tudo o que quis foi correr até ela e lhe dar um abraço bem apertado. Depois que o barulho diminuiu um pouco ele se assentou ao lado dela e a mesa se acalmou para ver o resto da seleção.
- Smith, Zacharias.
Um menino loiro se adiantou e foi selecionado para a Lufa-Lufa. A comemoração não foi nem em parte comparável à dos Potter, e isso pareceu entristecer um pouco o garoto, mas ele se acomodou na mesa e recebeu os cumprimentos mesmo assim. E a seleção continuou:
- Thomas, Dino.
- GRIFINÓRIA!
- Turpin, Lisa.
- CORVINAL!
- Weasley, Ronald.
Harry e Ash, em uma sincronia de gêmeos mesmo, cruzaram os dedos embaixo da mesa ao mesmo tempo. Ash começou a balançar a perna de ansiedade, e Harry a murmurar palavras de sorte para o amigo.
- Ronald... OH! Mais um Weasley! Vocês não param de aparecer!
- Relaxa, ano que vem chega a última.
- De qualquer forma, eu sei exatamente o que fazer com você...
- GRIFINÓRIA!
Rony nem comemorou, não sabia se ria ou chorava. Apenas se juntou a Harry e Ash na mesa para ver Zabini, Blás ser o último selecionado, para a Sonserina.
A professora McGonagall enrolou o pergaminho e tirou o banquinho e o chapéu do caminho, indo se juntar aos professores na mesa. O professor Dumbledore se levantou.
- Depois de uma seleção bem mais eufórica do que o usual - seus olhos faiscaram em direção à mesa da Grifinória por alguns segundos. - partiremos para o banquete. Mas antes tenho umas palavrinhas para dizer: Pateta! Chorão! Desbocado! Beliscão! Obrigado. - ele se assentou.
- Meio maluco, não? Questionou Harry.
- Mas um gênio. - respondeu Fred. - Batatas?
Olhando para a mesa o queixo de Harry caiu: as travessas douradas tinham se enchido de comida magicamente: Batatas assadas, frango, arroz, farofa, lombo, tortas de frango, ou abóbora, ou carne seca, tirinhas de peixe fritas com batatas fritas...
- Sabe Harry, - comentou Ashley, colocando frango e batatas no prato. - eu acho que posso me acostumar com isso.
Harry se serviu também de uma das batatas: estava delicioso! Ele comeu um pouco de cada, até ficar quase entupido. Ashley estava tentando evitar as coisas fritas, mas era uma criança, então quem disse que deu? Caiu de cara no peixe frito com batata frita!
Enquanto comiam, uma cabeça prateada surgiu no meio da travessa de batatas assadas. Ashley estava com o garfo a meio caminho da boca e o deixou cair no prato com estrépito. Realmente tinha problemas com fantasmas, mas ao que lhe parecia, teria que acostumar-se com eles.
- Olá novatos. Meu nome é Nicholas de Mimsy-Popington, sou o fantasma da Grifinória.
- Prazer. - disse Harry.
- Espera... - Dino Thomas interviu. - Você é o Nick Quase-Sem-Cabeça, não é?
- Prefiro que me chamem de Nicholas de Mimsy...
- Isso é ridículo. - cortou Rony, enquanto limpava alguns grãos de arroz que voaram na sua roupa quando Ash deixara o garfo cair. - Como alguém pode ser quase sem cabeça?
Nick pareceu profundamente irritado e decepcionado com a pergunta, mas agarrou uma das orelhas assim mesmo e...
- Assim. - respondeu o fantasma, puxando a orelha para baixo. A cabeça quase se separou do pescoço, ficando pendida por apenas um tendão e alguns centímetros de pele.
- Ah meu Deus. - Ashley desviou o olhar para não vomitar.
Nick voltou a cabeça para o lugar.
- De qualquer forma, ganhem o campeonato das casas este ano, certo? O Barão Sangrento está ficando insuportável, é o fantasma da Sonserina. - Harry olhou para a mesa da Sonserina do outro lado do salão e viu um fantasma de um homem com a roupa suja de manchas prateadas e carregando enormes correntes assentado à mesa da Sosnerina. Viu também o Frei Gorducho que conhecera a algum tempo assentado à mesa da Lufa-Lufa e um fantasma de uma mulher muito bonita assentado à mesa da Sonserina.
- É a Mulher Cinzenta. - disse Nick esclarecendo as coisas para o olhar inquisidor de Harry. Em seguida saiu flutuando ao redor da mesa para conversar com outro grupo de alunos.
Depois de algum tempo os pratos e as travessas se limparam e apareceu a sobremesa no lugar: torta de maçã, gelatina, e diversos outros doces como pavês, além de cestas de frutas e pão de frutas secas. As conversas continuaram enquanto comiam:
- ... e meu avô vivia me colocando em situações perigosas para tentar ver se eu recorria à magia para me salvar, mas nunca era nada além de ameaças. - contava Neville. - Chegaram a achar que eu fosse trouxa, eu achei também, até no dia em que meu avô me pendurou pela janela pelos tornozelos e soltou sem querer. Eu caí flutuando até o chão. Meu avô ficou tão feliz que me comprou um sapo...
- ... estou muito ansiosa para aprender transfiguração. Transformar uma coisa em outra sabem, dizem que é difícil mas deve ser legal. Devemos começar transformando um fósforo em alfinete ou algo do tipo. - discutiu Hermione.
- É de fato uma matéria fascinante. - respondeu Percy Weasley, encantado em conhecer uma garota tão inteligente como Hermione. - A professora que leciona esta matéria é a McGonagall, Vice-diretora de Hogwarts e Diretora da Grifinória. Vai adorá-la.
- ...é o professor mais retardado que tem na escola. - disse Fred a Harry, Rony e Ash. Um completo palhaço. O Snape, professor de Poções está louco pelo cargo dele, de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Ash e Harry olharam para a mesa e viram Quirrel e um professor de nariz de gancho e cabelo preto curto ensebadinho, o tal do Snape, conversando. E então, poderia ser impressão de Harry, mas não foi: uma pontada de dor atravessou a cicatriz dele, mas tão rápido quanto viera ela se foi.
- Tudo bem? - perguntou Rony.
- Claro. - Harry respondeu, meio zonzo. Mas não disse mais nada.
Logo as travessas foram limpas e Dumbledore se levantou. Foi até um suporte na frente da mesa e acendeu as velas com um gesto da mão. A coruja entalhada embaixo abriu as asas.
- Sei que estamos todos ansiosos por uma noite de sono e descanso antes do começo das aulas, ainda mais depois de um banquete tão delicioso, mas antes tenho uns avisos a fazer:
- Primeiro, gostaria de informar aos alunos do primeiro ano que a Floresta Proibida tem este nome justamente por ser proibida a todos os alunos da escola. E alguns dos alunos mais antigos não faria mal relembrar esta regra. - ele disse faiscando o olhar sobre Fred e Jorge. - Em segundo lugar, Filch me pediu para lhes lembrar de que é proibido fazer feitiços no corredor. Os testes para os times de quadribol com a Madame Hooch, e para o coral, com o professor Flitwick começam na segunda semana de aulas e qualquer aluno que esteja cursando no mínimo o segundo ano pode realizá-los. Por fim, neste ano o corredor do terceiro andar no lado direito do castelo é terminantemente proibido para todos aqueles que não quiserem ter uma morte extremamente dolorosa.
Seguiu-se um silêncio anormal depois do último anúncio.
- Não entendi, porque o silêncio? - perguntou Rony.
- Geralmente se diz porque um local é proibido. Quer dizer, a Floresta Proibida é cheia de criaturas selvagens, por exemplo, mas porque guardaram segredo desta vez eu não sei. Poderiam ter me dito, sou monitor-chefe... - respondeu Percy.
- Vamos cantar o Hino da escola agora, para terminar esta maravilhosa noite!
Ele fez um floreio com a varinha fazendo surgir uma fita dourada. Então a fita começou a escrever o hino no ar e os alunos a cantá-lo:
"Hogwarts, Hogwarts, ó querida Hogwarts,
Venha nos ensinar
Quer sejamos velhos e calvos
Quer moços de pernas raladas,
Temos as cabeças precisadas
De ideias interessantes
Pois estão ocas e cheias de ar,
Moscas mortas e fios de cordão.
Nos ensine o que vale a pena
Faça lembrar o que já esquecemos
Faça o melhor, faremos o resto,
Estudaremos até o cérebro desmanchar"
A coisa toda foi um fracasso, cada um cantou em um ritmo diferente, acabando em tempos diferentes. Os últimos foram Fred e Jorge, em um ritmo fúnebre. Dumbledore regeu os últimos versos e fez a fita desaparecer.
– Ah, a música – disse secando os olhos. – Uma mágica que transcende todas que fazemos aqui! E agora, hora de dormir. Andando!
Houve o ruído de passos ecoando por todo o salão, e conversas, e berros...
- Alunos do primeiro ano, por aqui, alunos do primeiro ano! - chamava Percy. Harry, Ash e Rony foram até ele com mais alguns poucos alunos da Grifinória em seu encalço. - Sigam-me.
Percy os conduziu até o Saguão Principal e depois até as escadas que começou a subir enquanto falava:
- A entrada para a Sala Comunal fica no sétimo andar. Tomem cuidado ao subir as escadas pois elas mudam.
- Como? - perguntou um aluno qualquer.
Nesse momento, eles avistaram a parte do castelo cheia de escadas, e algumas estavam em movimento.
- Deste jeito. Venham comigo.
Eles foram subindo algumas escadas com todo o cuidado do mundo até chegarem no quarto andar onde...
Um fantasma apareceu voando e carregando guarda-chuvas.
- Pirraça! - repreendeu Percy. - Vocês alunos, tomem muito cuidado com o Pirraça, ele é o Poltergeist do castelo e gosta de pregar peças, mas ele já está morto, e às vezes o que é algo inocente para ele pode não ser tão inocente assim para quem ainda não morreu.
Alguns alunos engoliram em seco.
- Saia daqui, já! - ordenou Percy.
- E se eu não quiser... - perguntou Pirraça, deitado no ar, girando hora de barriga para cima, hora de barriga para baixo...
- Vou chamar o Barão Sangrento.
- Hm... Tenham boa noite, aluninhos! - Pirraça deixou os guarda-chuvas caírem todos na cabeça de Neville e se afastou com uma risada maléfica.
- O Barão Sangrento é o único que consegue controlá-lo, fora isso ele é completamente desobediente. - explicou Percy, enquanto continuavam subindo. - E pronto, chegamos.
Os alunos se viram de frente para um enorme quadro de uma enorme mulher pendurado no meio da parede.
- Este é o quadro da Mulher Gorda, o mais bonito do castelo se me permite o galanteio, senhora.
- Ah, Percy, sempre um cavalheiro. - a mulher riu-se.
- Não é à toa que estou na Grifinória, senhora.
- São alunos novos?
- Sim, são.
- Prazem em conhecê-los!
- O prazer é nosso! - responderam os alunos em coro.
- Que educados! Já estão treinados! - disse a mulher.
- Senhora, se nos permite, preciso levá-los para dentro. - disse Percy.
- Claro! A senha é...?
- Cabeça de Dragão, Mileide.
- Oh Percy... - ela deu risinhos se afastando para o lado e revelando o interior da Sala Comunal.
Havia um espaço aconchegante com uma lareira à frente, e um sofá, além de outros puffs e algumas mesinhas.
- Ouçam com atenção! Dormitórios das garotas à esquerda, dos garotos à direita. Último andar da torre, todos vocês. Para as camas agora!
Ninguém ousou discutir e foram todos deitar. Haviam duas torres idênticas, a do lado esquerdo para as meninas e a do lado direito para os meninos. As torres tinham sete andares, e cada andar era um quarto. Os quartos da turma de Ash e Harry ficavam nos últimos andares, o topo das torres. Haviam quatro camas de dossel em cada quarto, e as coisas de todos os alunos já tinham sido arrumadas sobre suas camas.
Todos foram dormir esperando a manhã calmamente. Harry e Ash soltaram suas corujas e relaxaram, prevendo ficar tudo bem, mas o que os garoto não esperavam era que a noite ainda lhe reservava mais uma surpresa.
Harry sonhou estar com um turbante, o de Quirrel, na cabeça. O turbante disse que ele deveria se mudar para a Sonserina, pois era seu destino. Tentou tirar o turbante da cabeça, mas ele não saía, e Malfoy começou a rir de seu esforço. Depois Snape começou a rir, mas sua gargalhada ficou aguda e fria, houve um clarão verde e Harry acordou assustado. Voltou a dormir e nem se lembrou do sonho depois.
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