Pesadelo

A respiração estava superficial enquanto o coração palpitava de forma audível e desesperada. Os olhos esbugalhados enquanto sentia um par de braços rodeando-a. Sabia de quem eram, e por isso, só por isso, deixou suas emoções fluírem e chorou no ombro amigo a disposição. O pesadelo ecoando em sua mente.

- Está tudo bem, vai ficar tudo bem. – Disse a castanha enquanto suas mãos acariciavam as costas da hóspede, tentando confortá-la.

- Nunca... Nunca vai ficar bem... – A voz tremida, vulnerável e ofegante fez com que a mais nova sentisse um aperto no peito e logo puxou a hóspede para mais perto do abraço.

- Você sabe que poderíamos usar um feitiço de memória e—

- Não posso. – Disse simplesmente entre os soluços. – Eu tenho que me lembrar. – E por fim seus olhos dourados encontraram os marrons e ela recebeu um sorriso reconfortante em resposta e um abraço apertado.

- Então deixe que eu cuide de você... Não se esconda atrás dessa máscara de aço. Ela pode ficar pesada demais para você. – A morena assentiu, ainda agarrada à amiga.

- Jô! – Chamou uma voz calorosa, o sorriso quase tão brilhante quanto o próprio sol.

- Oi, Lily! – Disse a morena, as mãos no bolso os olhos brilhando ao encontrar sua grande amiga, que há pouco tempo passara a ser um pouco mais que isso.

- Snape me chamou para sair! – Disse a ruiva entusiasmada enquanto a morena sentia um caroço se formando na garganta enquanto a frase ecoava em sua mente. A morena hesitou. Piscou algumas vezes e então olhou nos olhos alegres, vivos e verdes a sua frente. Sem perceber um sorriso preencheu seu rosto e ela abraçou a amiga.

- Que ótimo! Mesmo sendo um sonserino ele tem o coração de ouro. – Disse a morena com um sorriso calmo e gentil.

- Eu sei! Ele me ajudou tanto... Acho que tenho que retribuir.

- Não faça isso só para retribuir algo. – Disse bruscamente a morena. – Dói demais. – Murmurou de forma quase inaudível. – Faça por amor, ou paixão... Algo do gênero.

Lily olhou-lhe nos olhos e depois ao redor. Um sorriso sapeca no rosto.

- Então acho que terei de sair com outra pessoa. – A morena olhou-lhe nos olhos, a expressão confusa e então os lábios doces foram pressionados suavemente contra os seus, mas separados rapidamente.

A morena continuou ali, atônita. Até que a ruiva deu-lhe uma piscadela e disse:

- Vou resolver isso com o Severo, nos vemos depois. – E dando um beijo estalado na bochecha direita da ‘amiga’ correu pelo pátio.

A imagem mudou. A morena ainda atônita viu a mulher de seus sonhos com uma criancinha no colo, a réplica perfeita do homem sorridente e feliz ao seu lado. Mas olhando no fundo dos olhos verdes de sua paixão a morena suspirou. Estava errado... Não era para ter sido assim.

A porta foi arrombada e os três se viraram para ela. Um homem alto e de fisionomia esquisita vinha vestido em suas vestes negras típicas, os olhos vermelhos perigosos e a voz cortante.

- FUJA! – Foi o que o homem de cabelos negros disse, seus olhos azuis cruzando levemente com os verdes da ruiva ao seu lado que pegou a criança no colo e correu o quanto pode. Para o mais longe possível.

E então tudo sumiu. Simplesmente... Sumiu da visão da morena que se deixou sentir a dor deles, cada fragmento de dor. Cada fragmento de qualquer sentimento ruim. Para que eles não sentissem.

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