Capítulo 36
Domingo. Hoje estava fazendo dois meses que eu havia terminado com o Escórpio. E um dia que eu havia tido uma recaída e ficado com ele de novo. Senti meu coração acelerado quando as lembranças da noite passada as tomaram conta da minha mente e do meu coração. Senti as pernas bambas e as costumeiras borboletas no estômago ao pensar que iria encontrar o Escórpio hoje. As bochechas coraram e a espinha arrepiou.
- Lilian? – Dominique estava me chamando. – Ou deveria dizer, senhorita Malfoy?
- Cala a boca. – joguei um graveto nela.
Estávamos no jardim, sentadas em baixo da costumeira árvore, que nos dava uma sombra suficientemente grande para abrigar as oito garotas. Rose e Thalita conversavam animadamente sobre um livro trouxa que Rose havia comprado e as duas haviam lido. Roxanne e Dominique se gabavam falando dos garotos com que haviam ficado ontem. Nina e Carol sorriam e contavam uma para a outra como o seu namorado era fofo e perfeito. E eu e Patrícia estávamos quietas, uma sentada do lado da outra.
- Patrícia. – chamei.
- Oi.
- Conta vai. Desembucha.
Ela se virou para mim.
- Ele me pediu em namoro. Depois daquela declaração, linda por sinal, ele me pediu em namoro. Ofereceu-me um anel lindo. Disse que apesar de eu ser neurótica, chata e obsessiva, ele queria que eu fosse dele. – suspirou. – Eu disse que iria pensar.
- Escórpio pediu para voltar comigo.
- Fiquei sabendo.
Nos encaramos por um segundo e sorrimos.
- O que nós fazemos?
- Não sei. Tenho medo de voltar correndo para os braços do seu irmão e acontecer tudo de novo. Tenho medo de ele estar mentindo para mim.
- Sei como é. Estou com esse medo também.
Minuto de silêncio.
- Argh. Que raiva Lilian!
- Eles nos têm na palma da mão! Odeio essa sensação de que estou sendo controlada.
E era verdade. Eu odiava o modo como Escórpio me possuía. Odiava o fato de que qualquer palavra dele, qualquer gesto, qualquer coisa que ele fizesse, mexia completamente comigo. Odiava quando ele sorria para mim e eu, automaticamente, perdia o foco. Odiava como ele me fazia perder o controle, que eu me esforçava tanto para manter, com apenas um beijo. Odiava o modo que ele me tinha, completamente indefesa. A verdade era essa. Eu não podia lutar contra ele. Não podia lutar contra o sentimento que eu sentia por ele. Simplesmente não podia. Porque esse sentimento era maior do que eu, maior do que tudo. E eu era fraca demais, ingênua demais. Não sabia fingir. Não sabia simplesmente ignorar o fato de que estava apaixonada pelo meu melhor amigo. E isso me irritava. Profundamente.
- Sinta as suas pernas bambearem. – disse Patrícia. Me virei para ver sobre o que ela estava falando. Tudo bem. Escórpio vinha em minha direção junto com, ninguém mais, ninguém menos, do que o meu irmão.
- Patrícia.
- Oi, Thiago. Sim, eu pensei. E sim, vamos conversar a sós. – ela se levantou e o puxou pela mão, o levando para dentro do castelo.
- Posso me sentar?
- O chão não é meu. Sente-se se quiser.
- Voltou a ser a minha melhor amiga, é? – ele me olhou com as sobrancelhas erguidas.
O encarei nos olhos. Aqueles profundos olhos azuis acinzentados que mexiam tanto comigo.
- Nunca deixei de ser.
- Então. Nós voltamos?
- Não sei. – encostei a cabeça no ombro dele.
- Acho que poderíamos ir mais devagar do que fomos antes.
- Como assim?
- Por exemplo, podíamos começar com uma amizade colorida, uma amizade com benefícios. Podíamos não ser namorados, entende? Podíamos apenas “ficar”. Se der certo, e percebemos que realmente nos amamos mais do que amigos, eu te peço em namoro novamente.
Eu ri.
- Vai fazer aquele pedido fofo e meloso de novo? Sabe que eu só aceitei aquilo porque estava de TPM, não sabe?
- Sei. Você não gosta de coisas melosas. – ele me encarou sorrindo. – Sua insensível, sem coração, fria, maléfica, bruxa do 71.
Comecei a gargalhar.
- Bruxa do 71? Da onde tirou isso, coisa feia?
- Do chaves.
- Dã. Jura?
- Ahan.
Dei um soquinho na sua cabeça.
- Coisa feia é você, insuportável.
- Babaca.
- Chaaaaaaaata.
- Te odeio, Escórpio. Sai daqui. Vai embora.
Ele ameaçou se levantar e eu o puxei pela camisa.
- Ué, não me mandou embora?
Olhei bem nos seus olhos.
- Não é pra você me obedecer, seu burro.
- Vaca.
- Boi.
- Égua.
- Cavalo.
- Feia.
- Feio.
- Bobona.
- Bobão.
- Ah, pelo amor de Deus. Se amem menos em público ou então vão resolver esse amor reprimido em um quarto, entre quatro paredes! – nossa, Roxanne. Minha prima. Você não sabe o quanto eu te amo.
Ele abaixou a cabeça, deixando-a na mesma altura que a minha. Acariocou meus cabelos e os colocou atrás da minha orelha.
- Eu te amo, coisa sem altura. – ele sussurrou em meu ouvido.
- Ei!!!!
- Que foi?
- Eu tenho altura!!!
Passaram-se alguns minutos de silêncio, até que ele começou a rir. Rir não. Gargalhar.
- Claro, Lilian. Muita altura.
- Tenho mesmo.
- Ahan.
Bati nele de novo, dessa vez com mais força.
- Nossa. E tem muita força também. Olha só! Deslocou meu braço e quebrou minhas costelas! Meu Deus, Lilian. Me ensina a fazer isso.
- Hahaha. Muito engraçadinho você. Vai entrar pro circo?
- Nem vou. O cachê é muito baixo.
- Ah, sim. Você prefere o cachê que recebe sendo gogoboy das peruas com mais de 30 anos.
- Nossa, Lilian. Morri de rir.
Então, ele me pegou no colo e começou a corre comigo. Comecei a gritar e a bater nos braços dele, para que ele me soltasse, mas não adiantou nada. Então ele me deitou no chão e depois, caiu ao meu lado.
- Odeio você. Odeio o quanto você me faz te amar, sua pessoa alta e forte.
- Eu te odeio mais. Disso você pode ter certeza.
- É a vida.
- Burro.
- Gorda.
- Idiota, canalha, babaca.
- Égua, vaca, feia.
Nós dois começamos a rir e então de repente, ele parou de rir e fez uma cara séria.
- Que foi, Escórpio?
Então uma galinha passou ciscando na nossa frente e ele apontou para ela.
- O que tem a galinha, Escórpio?
Ele olhou para mim e sorriu.
- Sua irmã gêmea.
Comentários (1)
kkkk.... a da galonha e a melhor.... gostei mt desse nv tipo... kkk aguardo o proximo cap
2012-04-02