Capítulo 35



- E então? Perderam a voz? – Escórpio estava vermelho. Sem motivo, é claro, porque eu não era mais nada dele. Mas não pude deixar de sorrir ao perceber que ele estava com ciúmes de mim.


- Não. Ainda podemos falar. – Patrícia sorria irônica e encarava Thiago, que nesse momento parecia prestes a matar os dois que se atreviam a beijar a sua garota e a sua irmã mais nova.


- Então, por favor. Se expliquem. – Daniel era outro, que eu não entendia o motivo, estava mais vermelho que os meus cabelos.


- Explicar o quê? – perguntei, inocente.


- O que vocês estão fazendo aqui. Se agarrando com esses caras. – Thiago fez cara de nojo quando se referiu aos meninos.


- Estamos solteiras, Thiago. Podemos nos agarrar com quem quisermos, onde bem entendermos.


- Solteiras? Tiro isso da onde Patrícia?


- Estou solteira Thiago. Eu não tenho um namorado, caso você não saiba.


- E eu? – ele fez cara de choque.


- Você? Que eu saiba, seu lema era “Thiago Potter não se apaixona, não namora e não se apega.”


- Isso foi antes. – ele fez bico.


- Antes? – ela ergueu as sobrancelhas enquanto eu ficava desesperadamente olhando de um para o outro.


- Sim. Antes de conhecer você.


Tudo bem. Meu irmão podia ser o maior galinha e idiota do colégio, mas eu devo admitir. Isso foi fofo.


- Você sempre me conheceu, Thiago. Desde o seu nascimento.


- Sim. Esse realmente era o meu lema, Patrícia. – ele suspirou. – Mas ele deixou de fazer sentido no momento em que eu me descobri apaixonado por você.


Ela parou. Eu parei. Escórpio parou. Daniel parou. Todo mundo parou. Thiago Potter acabou de admitir que era apaixonado pela Patrícia. E isso era mais raro do que o Torneio Tribuxo. Quer dizer, isso nunca havia acontecido antes.


- Ham-ham. Acho que a gente tá sobrando. Vamos sair daqui? – disse, puxando Escórpio e Daniel pela camisa. Antes que perguntem, os outros dois garotos haviam ido embora. Frouxos. Covardes.


- Daniel.


- Quê?


- Me deixe a sós com a Lily. – Escórpio não tirava os olhos de mim.


- Ou o quê? – ele desafiou Escórpio. O mesmo o encarou com tanta intensidade, que não foi preciso mais nenhuma palavra para o Daniel nos deixar a sós.


- Bom. Vou sair daqui. Não to afim de ficar sozinha com você.


Ele me encarou nos olhos, lendo a minha alma e me fazendo arrepiar.


- Por que?


- Por que? Você ainda tem a cara de pau de me perguntar por quê?


- Me responda. Tem medo?


- Medo do quê eu poderia ter?


- De eu não me segurar e acabar te beijando.


Não pude evitar o fato de que meu coração acelerou um passo. E eu devo ter corado um pouco, porque senti o meu rosto quente. Além de que, eu arrepiei e minhas pernas ficaram bambas.


- Você terminou comigo.


- Você disse que estava acabado Lilian. Eu só acatei a sua decisão.


- Sim. E o problema é esse. Você me obedeceu. Era para ter lutado.


- Eu lutei Lily, só você não viu.


- Você não lutou.


- Lutei. E foi uma das piores lutas da minha vida. Porque eu lutei com algo que eu sabia que não poderia vencer. Lutei contra o amor que eu sinto por você. E doeu. Muito.


- Sente?


- É Lilian. Sinto. Não sei o que se passa nessa sua cabecinha que te faz pensar que eu não te amo mais.


- Você ficou com a Layla.


- Você ficou com o Daniel e com o, qual o nome dele mesmo?


- Jack.


- Tá, que seja. – ele emburrou.


- Pra te fazer ciúmes. – sussurrei.


Ele riu. E foi a risada mais linda.


- Ciúmes em mim? Sabe que não precisa disso. Eu sinto ciúmes de você mesmo você estando assim, normal. Sinto ciúmes do ar que você respira Lilian.


- Então por que brigou comigo? – não pude conter as lágrimas que ameaçavam descer. Ele chegou mais perto e passou a mão pela minha bochecha, secando-as.


- Eu te amo. E ás vezes, o amor nos faz cometer atos e loucuras idiotas. – ele suspirou. – As vezes o amor machuca Lilian.


Eu olhei nos olhos dele e vi a dor que ali se passava. Eu o conhecia a muito tempo e muito bem. Sabia quando estava mentindo e quando estava falando a verdade. Sabia quando ele estava sofrendo, quando estava triste. E nesse momento, ele estava falando a verdade. E ao mesmo tempo, estava sofrendo.


- Eu também te amo.


Ele enlaçou a minha cintura e tirou uma mecha do cabelo que teimava em cair sobre o meu olho.


- Por que terminamos? Por que fomos idiotas?


- Somos idiotas, sempre seremos. E somos humanos também. É normal errar.


- Nosso erro me machucou.


Sorri.


- Você não tem noção de como isso partiu meu coração, Escórpio. Senti meu mundo desmoronar, me senti completamente sem chão. Você era, é e sempre vai ser meu porto seguro.


- Você me mantém vivo, Lilian.


- Eu te amo. Muito.


- É questão de pirraça.


Franzi a testa.


- O quê?!


- Nós terminamos por pura pirraça. Orgulho demais, ciúmes demais. Acho que, na verdade, fomos rápidos demais.


- Acha que poderíamos tentar de novo?


Você fingiu pensar por um momento.


- Desde de que, possamos ir mais devagar.


- Claro.


Você me deu um selinho e eu fiz bico.


- Que foi, coisa feia?


- Isso não é ser devagar, isso é fazer tortura.


Me deu mais um selinho e eu empurrei, tentei empurrar, você.


- Sou mais forte que você, espero que saiba disso. – você sorriu.


- Não.


- Sim. Sou mais forte, mais alto e mais legal.


- E mais convencido, mais chato, mais ciumento.


- A única coisa em que você me supera é que é mais bonita que eu.


- Claro. Mas não é só isso.


- Ah. O que mais então, ruiva obsessiva?


- Eu sou a que amo mais.


- Claro que não, bobinha.


O encarei, com cara sapeca: - Prova.


E ele provou. Me dando um beijo. Um dos melhores beijos da minha vida. Melhor que o do Daniel ou o do Jack. Porque foi um beijo com o garoto que eu amava. Demais. E que, para minha sorte, era meu. De novo.

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