Capítulo 31
POV Escórpio:
Eu sou um idiota. Completo idiota. Eu não só agi como um idiota, eu fui um idiota. Eu parti o coração da garota mais foda que eu já conheci. Eu parti o coração da minha garota. O pior: eu quebrei o coração da minha melhor amiga. Eu quebrei todas as promessas que eu já tinha feito. E por que? Porque eu era ciumento. E orgulhoso.
Estava a caminho do salão da Sonserina, quando ouvi passos atrás de mim. Me virei e encarei 4 garotos. Thiago, Alvo, Hugo e Fred. Não pude evitar sentir medo.
- A gente avisou Malfoy. – Thiago estalou os dedos.
- Pois é. Não pensei que fosse capaz disso, Escórpio. Achei que tinha prometido que iria fazer Lilian feliz. – Alvo me encarou nos olhos.
- E não foi isso que eu fiz? – me defendi.
- Não. Não fez. Tudo o que você fez foi iludi-la, deixá-la mais apaixonada ainda, pra depois jogar fora. – Hugo me fuzilava e tive a impressão de que, se fosse permitido, ele estaria atirando em mim com seu calibre 38.
Eles podiam não estar me batendo, mas a forma com que jogavam aquelas verdades na minha cara, faziam com que eu me sentisse pior do que eu já estava.
- Você perdeu, playboy. – Fred sorriu. – Por mais que a Lilian esteja sofrendo pra caramba, quem perdeu foi você. Foi você quem perdeu a garota mais brilhante desse mundo.
- Nós vamos dar um tempo pra você curtir a sua fossa. Vamos fingir que não sabemos do que aconteceu. Até amanhã. Amanhã você vai ter o que merece. – e dizendo isso, Hugo e os outros saíram.
Antes que eu pudesse sequer sair do lugar, senti mãos delicadas me abraçando. Lilian havia me perdoado. Será que era isso ou eu estava delirando?
Me virei e me dei de cara com a Layla.
- Layla! Me solta.
- Ah, gatinho. Por que eu faria isso?
- Estou pedindo.
- Você está solteiro. Nada mais nos impede agora.
Olhei para os cantos para ver se havia vindo alguém. Eu estava mal, com um carência terrível e a Layla era bonita. Me odeiem se quiser, mas eu a beijei. Muito. Várias vezes. E a cada beijo, eu lembrava mais de Lilian. E de como ela me fazia falta, do quando eu sentia a falta dela. Me lembrava da sensação de ter os lábios quentes dela sobre os meus, os cabelos ruivos com perfume de flores.
- Layla – me afastei dela – eu não posso fazer isso.
- Por que não?
- Você sabe que eu gosto da Lily.
- Não me importa. – ela foi chegando perto.
- Importa sim.
- Não importa não. Me beija vai. – e eu juro, isso era só por eu estar bêbado. Mas eu a beijei de novo. E de novo. E muitas outras vezes. Até o momento em que o relógio bateu 7 horas e ela foi pro dormitório dela, na Corvinal.
Assim que entrei no dormitório e fechei a porta me peguei pensando em como será que a Lilian estava. Será que estava bem? Ou estaria sofrendo? Será que estava pensando no idiota que eu era? Ou estaria pensando no idiota do Zabine? Será que estaria chorando ouvindo a nossa música, escrevendo no caderno que ela guardava na fronha cor-de-rosa? Será que estava deitada, com aquela camiseta velha que era do irmão dela? Ou será que estava com a camisa que eu havia dado a ela?
Peguei o anel que ela tinha jogado na minha mão e o guardei dentro da caixinha em que ele veio. Depois, coloquei-o no saco em que eu guardava tudo o que me lembrava ela. Coloquei uma bermuda de pijama e fiquei me lembrando de como ela reclamava por eu não colocar a camiseta do pijama também. Coloquei um fone de ouvido no volume máximo e me lembrei de como ela chamava a minha atenção dizendo que eu ficaria surdo se continuasse a fazer isso. Baguncei o cabelo, me lembrando, também, de como ela se gabava por ser a única que podia fazer aquilo. Era inevitável, afinal. Tudo o que eu fizesse, a partir de hoje, iria me lembrar dela. Mas não importava. Eu não podia mais abraça-la, não podia mais chamá-la de minha. Não podia mais correr com ela no colo e jogá-la na piscina. Não podia mais zoar com a cara dela. Não podia mais chama-la de minha baixinha, ou de lesada. Simplesmente, não podia. Porque além de ter acabado com o nosso namoro, eu acabei com a nossa amizade. E eu estava me sentindo a pior criatura do mundo por isso.
Depois de um bom tempo sozinho, ferrando com a minha audição pelo fone estar no volume máximo, ouvi a porta se abrir e Lucas, Pedro e Gabriel entrarem.
Arranquei o fone e os encarei. Pude ter certeza de que meus olhos estavam vermelhos. Eles eram meus melhores amigos, não escondia nada deles. E mesmo eu não sendo homem de chorar, a dor que eu estava sentindo por ter perdido a mulher da minha vida era grande demais.
- Fiquei com a Layla. – foi a única coisa que eu consegui dizer.
- Você terminou com a ruivinha e ficou com a gata da Corvinal, tudo no mesmo dia. – Lucas bufou. – Voltou a ser o Escórpio de antes?
- Só rolou.
- Só beijos? Ou você resolveu fazer outras coisas também?
- Só beijo, Lucas. E não me olhe assim.
- Olho do jeito que eu quiser. Você tá errado, cara. Muito. Você acabou com tudo, sendo mais idiota do que você já é.
- Não precisa me falar isso. Eu já tô por dentro do fato de eu ser um idiota.
- Isso é bom. Assim a gente não vai precisar esfregar isso na sua cara. – Pedro se jogou na cama dele.
- Você errou muito feio, sabia? – Gabriel me olhou frio. – Já imaginou como Harry Potter vai reagir?
Não. Eu não havia pensado nisso. Preferia simplesmente esquecer o fato de ela era filha de um dos bruxos mais poderosos do mundo.
- Você errou, Escórpio. Mas não vai dar pra conversar com você hoje. – Lucas colocou o pijama e se deitou. – Já deu pra perceber que você está de cabeça quente. – dizendo isso ele virou pro canto e dormiu.
- É cara. Amanhã a gente conversa. – Pedro imitou Lucas.
- Você sabe que vai apanhar, não sabe?
- Sei, Gabriel.
- Então tá. Boa sorte. – e imitou os outros dois.
Me virei na cama, coloquei meu fone de ouvido no máximo novamente. “Você vai ficar surdo se continuar fazendo isso! Abaixa essa música!”, a voz de Lilian ecoava na minha mente e eu me permiti chorar por ela. Devo ter passado umas duas horas chorando, mas logo me peguei adormecido. Sonhando com cabelos ruivos e ondulados e uma menina linda e baixinha. Que era minha e eu acabara de perder.
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