Capítulo 27

Acordei no dia 7, com a cabeça feita. Eu sabia que o Escórpio não iria se lembrar de que dia era hoje, porque não existe ninguém mais lerdo que ele. Mas eu não iria ficar chateado com ele. Afinal eram 2 meses, não 1 ano.

- Eae, Lilian. Dois meses. Dois meses que você só explora uma boca. – Dominique tinha acabado de sair do banheiro, humilhando com seu cabelo loiro perfeito em uma trança embutida perfeita.

- Vai se fuder. – falei, terminando de vestir a minha saia.

- Mas é verdade!

- Cala a boca, Dominique. Isso tudo é drama, porque você tá solteira e nós não. – Carol tinha acabado de abrir as cortinas da sua cama, já vestida com o uniforme.

Foi então que a porta se escancarou e Patrícia entrou correndo no quarto, vermelha de raiva.

- LILIAN!

- Eu. – falei, olhando para ela.

- Seu irmão é o maior cachorro, canalha, galinha, idiota, puto – ela parou para procurar mais xingamentos – ele é a pior coisa do mundo!

- Ah, disso eu sei. – sorri – O que que ele te fez?

- Pra mim? Haha. Eu estava falando com o Will e tal e ele estava me elogiando, porque eu ganhei o concurso de talentos, sabe? De dois dias a atrás? – (ela havia ganho o concurso de talentos, muito justamente na verdade. Ela havia feito um cover perfeito da Katy Perry, cantando Firework.) Concordei com a cabeça. – Ai, seu irmão lindo chegou e falou pro Will parar de se meter comquem já tinha dono! E eu nem sou namorada do Thiago, Lily!

Comecei a rir da cara dela.

- Ah, então é isso? Você vai ficar do lado dele? Vai rir da minha cara?

- Não é isso. Ele é meu irmão, mas eu sei que ele não é o menino mas legal da Terra e ...

- Jura?

- Deixa eu falar. Mas você tá apaixonada por ele, Patrícia. E nem tente negar porque você não vai conseguir.

- Mas, Lily, eu ...

- E você adorou o fato de que ele sentiu ciúmes de você.

Ela corou.

- Isso não é defeito nenhum. Acontece com qualquer pessoa. Mas ele só vai aprender a te dar valor, quando você parar de correr atrás dele feito uma cachorrinha no cio. Isso tem que parar. Pra ele perceber que também é apaixonado por você, você vai ter que fingir que ele não existe.

- Nossa Lilian. Até que você consegue pensar em coisas legais. – Nina tinha acabado de sair do banheiro, com o cabelo preso em um coque e uma sapatilha preta nos pés.

Depois de discutirmos mais um pouquinho e de termos dado quinhentos e tantos conselhos para a Patrícia, nós descemos para tomar café.

Achei estranho o fato de que Escórpio não veio me encontrar no meio do caminho, mas tudo bem. Devia estar conversando com a Layla. Hm. Mas assim que entrei no salão principal, levei um susto. Não só eu, é claro. Todo mundo.

- Velho o que vem a ser isso? – o salão principal estava cheio de fantasias de super-heróis, objetos eróticos, microfones cor de rosa, e bem no centro, tinha uma Brasília amarela. Isso mesmo. Um carro estacionado no meio do salão. Na verdade, o salão estava parecendo um cenário de clipe dos Mamonas Assassinas, minha banda favorita.

- Lilian, eu acho que isso é ... – Roxanne foi interrompida por um barulho. Mas não um barulho comum. Era o barulho que marcava o inicio da música Pelados em santos.

Foi então que eu vi a cena mais hilária, linda, retardada e perfeita da minha vida. Escórpio vestido de Robbin, cantando Pelados em santos e vindo na minha direção, me fazendo corar.

Depois que ele terminou de cantar, ele se ajoelhou na minha frente e disse:

- Eu pensei que fosse ter medo, sabia? Medo por ter que enfrentar a maior família masculina que eu já conheci. Mas eu não tive. Eu não tive medo de enfrenta-los pra chegar até você.  A mais baixa, a mais chata, a mais insuportável, a mais idiota, a mais nova, a mais estressada, a mais irritante, a mais boba, a mais ciumenta, a mais linda Weasley e Potter de todas. – ele riu da cara de brava que eu fiz. – Eu te amo, lesadinha. Amo muito. E esses foram os quatro anos mais felizes da minha vida. Sim, três anos. Porque desde a primeira vez que nós conversamos, você lembra? Eu estava mal pra caralho porque havia brigado com o meu melhor amigo e você veio. Você veio me ajudar. Você sorriu pra mim e disse: “Ignora. Tudo vai dar certo. Tudo vai se ajeitar, você vai ver.” Desde esse dia, Lilian Potter, eu sabia que você era a mulher da minha vida. Eu sabia que eu escolheria você para ser a mão dos meus filhos, a companheira que eu iria levar pra vida toda. A minha melhor amiga, Lilian. Porque acima de tudo, você é a minha melhor amiga. E, nesses dois meses, eu pude perceber que, não importa quantas outras garotas existam na minha vida, você sempre, sempre será a minha pequena. A minha lesada. A minha garota. A minha única garota.

Nem preciso dizer que quando ele terminou de falar, meus olhos pareciam o rio Nilo de tantas lágrimas. Ele se levantou, beijou a minha aliança com o símbolo do infinito, colocou uma aliança simples, de prata no meu dedo e eu coloquei outra no dedo dele. Então ele me puxou pela cintura, tirou uma mecha de cabelo do meu rosto e me beijou. Várias pessoas assobiaram e bateram palmas, inclusive a diretora e o professor Neville, que provavelmente mandaria uma carta para o meu pai contando todo o ocorrido. Estava tudo lindo e perfeito, até que o Fred grita da mesa da Grifinória, se levantando:

- Perai, garoto. Que história é essa de mãe dos meus filhos? Tu engravidou minha prima é isso? Tá de zuera com a minha cara?

- Fred, calma. É só força de expressão. Do mesmo jeito que eu vou ser a mãe dos seus filhos, entende? – sorte que existia a Thalita pra acalmar os nervos do ruivo.

- Ah, sim. Claro meu amor. – ela fez com que o Fred se sentasse.

Me virei para o Escórpio e o abracei. Bem forte. E sussurrei eu seu ouvido: - Eu te amo, meu besta.

- Eu também te amo, minha lesada. – e ele me beijou. E esse foi o melhor beijo. De todos.

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