A Fada Madrinha
Capítulo Dois
A Fada Madrinha
ou
Uma Saída é Proposta
no qual
Severus Snape é Apresentado
Severus Snape não era o tipo de pessoa que ninguém escolheria ser amigo. Ele era vil, malvado e muito convencido. Ele era o tipo de criança com quem as crianças não brincavam no recreio porque as mães assim o diziam. Se Lily o tivesse conhecido de outra forma, provavelmente teria reagido exactamente como a sua imã tinha. Cruelmente.
Mas a verdade era que ela não o tinha conhecido se outra forma. Ela conheceu-o no recreio e ele propôs-lhe uma saída à vida terrível e sem amigos que ela vivia. Ele disse-lhe que ela era uma feiticeira.
A princípio, ela não acreditou nele. Ela também não queria. Quem é que quer acreditar quando alguém lhe diz que é feiticeiro? A Lily certamente não querida.
Mas, bem, ele fazia sentido. Ela não podia negá-lo. Ele tinha explicações para todas as situações estranhas que aconteciam à volta dela, para todas as situações estranhas que ela originava. Fazia tudo sentido agora e as notícias eram maravilhosas. Ela era uma feiticeira! Ela era mágica! Mágica! E ela sabia fazer imenso, ele tinha-lhe dito! Ela não era esquisita, era especial. Extraordinária, até.
Ele era um miúdo curioso e, na verdade, em qualquer outra circunstância, Lily não se teria dado bem com ele. Porém, ele tinha histórias e respostas sobre Hogwarts, magia e criaturas que Lily nunca tinha sequer imaginado. Ele aceitou-a pelas suas diferenças e, pela primeira vez, Lily sentiu que podia ser ela mesma.
Por vezes, ela era dura com ele visto que ele era frequentemente grosseiro, e indelicadeza era algo que Lily desprezava. Contudo, ela percebeu desde cedo que não podia mudar a personalidade dele e desistiu, apesar de continuar a demonstrar verbalmente o seu desaprovação. Mas Severus ouvia-a e nunca pensava que as perguntas dela eram parvas. Ele precisava de uma amigo tanto quanto Lily.
Então, e apesar de algumas das suas desagradáveis qualidades, Lily e Severus ficaram amigos. Eles partilharam o tipo de ligação que apenas os primeiros amigos sentem.
"Sev," suplicou-lhe Lily, chamando-o pela sua alcunha, "Por favor, diz-me o que se passa. Tu sabes que podes-me contar tudo."
"Não é nada," vociferou ele. Ele notou o olhar severo de Lily e depois disse novamente, "Eu estou bem. A sério."
Ela enrolou o baloiço onde estava sentada, tirou os pés do chão e deixou-se girar. "Aconteceu qualquer coisa porque tu não estás bem." Ele continuou calado. "Hoje, o Bobby Fisher chamou-me anormal e atirou-me um pau."
Ele ficou subitamente muito agitado, "O que é que aconteceu?"
"Voou de volta para ele e atingiu-o na cabeça. Juro que não o lançei. Ninguém acreditou em mim e fiquei de castigo o resto do dia."
Ele não conseguiu suprimir um sorriso. "Isso é genial."
"Não, não é!" vociferou ela. "A mãe e o pai ficaram muito chateados comigo." Ele ficou o mais firme que era possível num baloiço. "E como agora contei-te do meu dia horrível, é a tua vez."
Ele empurrou-se a si próprio para trás e para a frente com os pés, suavemente, "Não aconteceu nada. Já estou habituado."
"Bem, eu também já estou habituada a que as pessoas sejam más comigo mas isso não significa que esteja bem em relação a isso." Ela aproximou-se dele e pousou uma mão delicada na dele. Ele retirou a sua imediatamente, "E fez-me sempre melhor falar sobre o assunto com a mãe ou a Tuney."
"Os meus pais estão a discutir," disse ele solenemente. "Mas eles estão sempre a discutir. Não é nada novo."
"Oh," foi tudo o que ela conseguiu responder.
Ele sentiu o desconforto que causou a Lily, "Mas em breve estaremos em Hogwarts e, então, nada disto vai importar."
"Certo," forçou ela um sorriso, "Hogwarts. Faltam apenas seiscentos e oitenta e três dias."
"E aí seremos livres."
"Sem mais Bobby Fisher."
"Sem mais pais a discutirem."
Ela mordeu o lábio e sorriu, "Vai ser fantástico."
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