Desert rose
Draco observou o frágil copo em sua mão direita, girando-o lentamente, vendo o líquido âmbar brilhar sob a luz baixa.
Não pensou duas vezes e o arremessou contra a lareira. O vidro se partiu em contato com as chamas, o whisky sendo prontamente absorvido pelo crepitar do fogo...
Fechou os olhos, levou as mãos à cabeça. Jamais pensara que pudesse perder o controle...
I dream of rain
I dream of gardens in the desert sand
I wake in vain
I dream of love as time runs through my hand
Pôs-se de pé, pegou as chaves do carro. Precisava sair dali...
Bateu com força a porta, ligou o motor, que ronronou baixinho. Segurou o volante com ambas as mãos, perdeu-se no nada...
Fechou os olhos, recostou a fronte nos próprios braços, ainda apoiados ao volante...
Abriu os olhos lentamente, conseguindo ter a nítida imagem dos olhos castanhos à sua frente, mesmo que ela não estivesse mais ali, diante dele.
Suspirou, em vão. Era inútil tentar se enganar...
I dream of fire
Those dreams are tied to a horse that will never tire
And in the flames
Her shadows play in the shape of a man's desire
Meneou a cabeça brevemente, virou-se parcialmente de costas, dando a ré. Precisava se desculpar, nem que aquilo fosse a última coisa que viesse a fazer...
Dirigiu por algum tempo, sem precisar bem o quanto. Estacionou no lado esquerdo da rua, desligou o carro, mas ainda permaneceu sentado por alguns instantes.
Olhou para cima, na direção de uma janela. Da janela dela...
This desert rose
Each of her veils, a secret promise
This desert flower
No sweet perfume ever tortured me more than this
Sentiu um enorme vazio no estomago, observando as luzes apagadas. Será que ela está em casa?, perguntou a si mesmo, em pensamento. Fechou os olhos mais uma vez, arrependido como jamais estivera antes. Não deveria ter discutido com ela. Não deveria ter dito todas as coisas que dissera...
Sentiu-se péssimo. O pior de todos os seres. Jamais deveria ter gritado com ela. Jamais deveria tê-la humilhado daquela forma...
Respirou fundo, tentando pôr os pensamentos em ordem. Não sabia direito o que fazer. Não sabia como agir...
Ela jamais o perdoaria...
And as she turns
This way she moves in the logic of all my dreams
This fire burns
I realize that nothing's as it seems
Ficou sentado dentro do carro, a mente vagando nas lembranças daquele final de tarde. Lembranças as quais ele daria tudo para apagar de sua memória. Da dela, principalmente...
I dream of rain
I dream of gardens in the desert sand
I wake in vain
I dream of love as time runs through my hand
Olhou os pedestres que caminhavam pela rua, o movimento de carros, as luzes que iluminavam o céu londrino...
Olhou para o painel do carro, sorriu triste pelo nariz. Sequer dera-se conta de que havia passado tanto tempo desde que chegara ali...
Olhou para a frente, tornando a se perder no nada, deitado sobre o volante do veículo. Endireitou-se de pronto, tenso. Os dedos de suas mãos vacilaram por um instante...
I dream of rain
I lift my gaze to empty skies above
I close my eyes
This rare perfume is the sweet intoxication of her love
Fechou os olhos com força, amaldiçoou-se baixinho. Ela voltara para o vício por sua culpa...
Respirou fundo, pensou por uma fração de segundos. Saiu do carro, apressado. Alcançou-a já na entrada do antigo prédio...
- Hermione! – exclamou, sua voz rouca, segurando a morena pela mão.
A garota, que se assustara com a súbita aproximação, prontamente empunhara a varinha. Ao identificar quem era, porém, sentiu o braço pesar, e abaixou-o imediatamente, sentindo-se extremamente cansada...
- O que quer? – disse, a voz baixa, porém séria, enquanto apagava a bituca do cigarro com a ponta do salto e fazia um leve manejo com a varinha, fazendo-o desaparecer.
Malfoy franziu o cenho, incomodado. Não estava acostumado com aquele tom dela. Mas sabia que ela tinha todos os motivos para tratá-lo daquela maneira.
- Eu errei. – disse, indo direto ao assunto, como era de costume – Sei que errei, me desculpe.
Viu-a revirar os olhos e sorrir, com sarcasmo.
- Bom pra você. – disse, com indiferença – Se me der licença.
E não esperou uma resposta para abrir a porta e entrar.
- Espera! – Draco pôs o pé entre o batente e a porta. Hermione revirou os olhos mais uma vez, perdendo a paciência – Me ouve!
A morena umedeceu os lábios, e Draco sabia que ela estava tentando controlar a raiva. Sempre fora assim. Ela sempre pensara e se controlara demais. Jamais perdera o controle. Diferentemente dele...
I dream of rain
I dream of gardens in the desert sand
I wake in vain
I dream of love as time runs through my hand
- Me deixa. – ela pediu, a voz séria.
- Não. – ele respondeu, firme.
Os dois se encararam, em silêncio...
Sweet desert rose
Each of her veils, a secret promise
This desert flower
No sweet perfume ever tortured me more than this
Hermione estava prestes a expulsá-lo mais uma vez quando um dos moradores aproximou-se deles, cumprimentou-os e pediu passagem.
A morena praguejou baixinho ao abrir espaço, sabendo que, conforme seu vizinho sairia, Draco entraria por aquela porta...
Sweet desert rose
This memory of Eden haunts us all
This desert flower
This rare perfume, is the sweet intoxication of the fall
- Hermione! – tornou a chamá-la, subindo os degraus rapidamente, atrás dela – Hermione, por Merlin...
Chegou ao terceiro andar, encontrou-a procurando a chave no bolso da calça. Impediu-a de entrar antes que ela tornasse a bater a porta na sua cara.
- Me larga. – dissera, contorcendo-se, soltando seu braço do aperto dele – Me deixa. Esqueça que existo!
Não havia raiva na voz dela. Havia... mágoa. O que tornava tudo pior...
- Me deixa explicar... – mas ela simplesmente riu, com ironia. Draco odiou aquela atitude dela.
- Malfoy... – murmurou, suspirando em seguida, tornando a umedecer os lábios, mordendo-os com força excessiva – Vai pro inferno. – disse, e entrou no pequeno apartamento.
- Não, Hermione, eu... – mas o loiro parou à porta, surpreso e um tanto irritado. Trincou os dentes, fechou o cenho – Weasley. – disse, sério.
- Malfoy. – o tom frio do rapaz demonstrava que ele já sabia de todo o ocorrido – Que faz aqui?!
Draco percebeu que ele não olhava mais para si, mas para Hermione. Cerrou os punhos, com raiva. Ela não devia explicações a ele...
- Não sei. – a resposta dela o deixou com raiva, mas foi o gesto dela que o deixo mais irado.
A morena simplesmente parara ao lado do ruivo, os braços cruzados junto ao peito. Deixando que ele a abraçasse pela cintura, num gesto protetor. Draco não gostou daquilo.
- Diga logo o quer. – Fred Weasley dissera, sério, a voz saindo num pequeno rosnado.
Draco entrou no apartamento, fechando a porta atrás de si.
- Meu assunto é com Hermione. – disse, seco.
- Não tenho mais nenhum assunto com você. – a resposta dela fora como uma punhalada em seu peito.
- Então, creio que se é assim... – Fred estendera o braço, indicando a saída.
Draco não se moveu.
- Preciso falar com você. – pediu, seus olhos sobre Hermione.
A morena virou o rosto de lado, não se atrevendo a encarar as íris cinzas do loiro.
- Não. – disse, afastando-se de Fred, caminhando até a pequena cozinha em estilo americano.
- Hermione, por... – mas mordera o lábio com força ao ter sua passagem bloqueada pelo ruivo à sua frente – Por favor, me escuta.
- Ela não quer. – Fred respondeu, no que a raiva de Draco cresceu mais ainda.
- Você não sabe o que ela quer. – rebateu, irritado.
- Ele sabe sim. – a voz da garota ecoou seca e fria. Ela encontrava-se apoiada na pequena bancada, os braços cruzados à sua frente, uma garrafa de cerveja amanteigada numa das mãos – Não quero falar com você. Não quero mais nada com você!
Draco engoliu em seco. Sabia que seria difícil, mas não tanto...
- Hermione, por...
- Cara, vai embora! – Fred resmungou, impaciente, cortando o loiro – Ela não quer te ouvir, não quer te ver, não quer saber mais de você! – exclamou, sério – Aprenda a perder, Malfoy!
- Malfoys não perdem. – Draco respondeu, sem pensar.
A resposta foi um riso alto e debochado vindo da cozinha...
- Ah, Malfoy, você realmente é uma figura! – Hermione comentou, ironicamente, caminhando até a sala – Está acostumado a ter tudo, não é mesmo? – perguntou, parando de frente para ele, a menos de dois passos de distância – Aposto que sim. Bom, infelizmente, Malfoy, você perdeu. – disse, os olhos frios fixos nele – Sinto muito, mas eu não sou igual as suas amiguinhas patéticas de tempos de escola...
- Hermione...
- ... ou as vagabundas com quem você estava acostumado a lidar antes de mim. – continuou, sem se abalar – Eu, Malfoy, sei exatamente o que gosto, o que não gosto, o que quero e o que não quero. – caminhou mais um passo, seus rostos ficando mais próximos ainda. O loiro engoliu em seco mais uma vez.
-Hermione, por favor...
- Eu gosto, sim, de você. – Hermione disse, pausadamente – E eu queria, sim, ficar com você. – definiu, a voz abaixando um tom – Mas eu não gosto de ser humilhada. Não gosto de ser destratada, não gosto que desconfiem de mim! – deu-lhe as costas, mas voltou-se rapidamente – E eu não quero mais você aqui!
Antes que conseguisse dizer mais alguma coisa, o loiro viu-se arremessado para fora do apartamento. Bateu com força na porta, arrebentando-a, caindo desamparado no meio do corredor.
Mal erguera a cabeça e vira a morena consertar a porta, fechando-a em sua cara, para nunca mais tornar a abri-la...
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Música: Desert Rose
Cantor: Sting
Comentários (4)
" Fred Weasley " como assim? uasuahsu confesso que pensei em muitas pessoas, menos nele ç.ç OMFG, arrasou! Moça, ficou muito boa. Apesar de Draco ter feito besteira, mas estranho seria se ele não fizesse '-' bom mesmo.
2012-06-01Adorei!!! Esperando pelo proximo capitulo! hehehe. Sabe qual seria o meu sonho? Que dali 3 anos o Draco descobrisse que a Hermione tinha tido um filho... e que poderia ser dele! oaskoaskoaskas. Ta, parei! Não demora para postar, oks!?Beijos
2012-01-29linda, linda, linda... ainda bem que vc conseguiu encaixar o final perfeitamente feliz. lida e relida e rerelida!
2012-01-25O que aconteceu? o que Draco fez? Vai ter um cap explicando? Hermione vai perdoar? O que Fred tem haver com isso? Vc vai responder, não vai? Vou ficar esperando.
2012-01-18