Reunião
Impaciência, algo que não faltava para Harry Potter. Ele só constatou o quanto seu pavio era curto naquela semana em que voltou a trabalhar no escritório. Na quarta-feira, seu terceiro dia de volta ao Ministério, já não agüentava mais relatórios, arquivos, pergaminhos, reuniões longas e memorandos interdepartamentais. Entendeu, de verdade, o que a palavra burocracia queria dizer e surpreendeu-se com o fato de que os bruxos às vezes poderiam se assemelhar muitos aos trouxas, ainda mais nesse quesito. As pessoas que volta e meia paravam-no em algum corredor para admirá-lo, idolatrá-lo e expressar o quanto era bom vê-lo de volta contribuíram para que se irritasse ainda mais.
A nuvem que surgira sobre sua cabeça no final da segunda-feira – mesmo com o momento de distração após o julgamento – tornava-se mais espessa, negra e tempestuosa a cada dia. Com isso, lá se foi seu autocontrole, destruído de uma forma tão rápida e letal que Voldemort com certeza agradecera, de onde quer que estivesse, por ter sido liquidado à sua própria maneira. Seu humor ranzinza atingiu tal ponto de conseguir irradiar de seu corpo e atingir as pessoas mais próximas a ele. Cada segundo que passava na companhia de alguém, ele já sentia espasmos de querer soltar fagulhas e palavras ácidas.
Mas ele tinha uma justificativa. Passara tanto tempo tendo uma rotina agitada e sem ritmo algum que se esquecera do que era ter uma rotina normal – ou relativamente, afinal, tratava-se dele. Os reflexos de batalha permaneciam bastante ativos e a adrenalina, corrente em suas veias, implorando para ser descarregada. Seus músculos imploravam por algum tipo de ação, e o fato de que não haveria nenhuma ali nos corredores do Departamento de Aurores o enlouquecia e gerava a frustração.
Era algo temporário; em breve desacostumaria com a vida corrida e entraria nos eixos novamente.
Quem mais sofria com o mau humor eram os melhores amigos porque com eles Harry sentia-se mais desinibido devido à intimidade que tinham e, por isso, vez ou outra soltava um pequeno comentário ríspido. Mesmo assim, os dois também eram os únicos que conseguiam relaxá-lo um pouco, Ron com seu jeito de agir descontraído e Hermione com sua solidariedade e companheirismo.
A morena era a única que conseguia controlá-lo cem por cento. Ela sempre sabia o que dizer ou que fazer para desconcertá-lo e se dar conta do que estava fazendo e de tal modo que Harry não se zangasse também com ela. Ou então Hermione simplesmente lançava-lhe um olhar mais duro, e os dois travam uma batalha visual antes de ele bufar e desistir.
No meio de tudo, o auror vez ou outra se pegava, surpreso, perguntando-se como a amiga fazia aquilo. Chegou à conclusão de que ela o conhecia mais do que ele próprio.
Também concluiu que era absolutamente impossível vencer Hermione Granger numa discussão.
E estava tendo mais uma prova disso naquele momento – E justo em plena sexta-feira!
- Você fala como se eu fosse um monstro. – ele bufou. Já tinha perdido a conta de quantas vezes fizera isso só naquele dia, que, aliás, não tinha nem ao menos chegado à metade. – Minha fase de ser taxado de pirado foi-se há muito tempo, lembra, Hermione? Ela ficou para trás no fim do nosso quinto ano. – emendou, sem conseguir extinguir totalmente o sarcasmo.
A mulher apenas cruzou os braços e continuou a fitá-lo com seu típico olhar reprovador.
Os dois encontravam-se em frente a uma das salas de reuniões do departamento, esperando o começo do último encontro daquela semana.
Harry se sentiu um pouco apreensivo com o silêncio dela. O ânimo que tinha sentido graças ao fim de semana acabara no momento em que a melhor amiga começou mais um de seus discursos sobre seu humor.
- Não me olhe assim! – exclamou. – Não é como se eu fosse surtar a qualquer momento. Sério, não me olhe assim. Eu não preciso disso-
- Ah, precisa sim! – ela o interrompeu. – Precisa de alguém o impeça de fazer uma besteira, mesmo que inconscientemente. Alguém que freie esse seu comportamento inconseqüente.
Não era nem o olhar que ela lhe dirigia nem a intensidade das palavras, mas sim a calma dela que o afetava.
A forte muralha construída ao redor dele, conseqüência daquela fatídica semana, começava a ruir. A cada segundo que passava junto dela, dava a impressão de ruir mais rapidamente. As faíscas que antes pareciam dardejar de seus olhos foram apagadas e substituídas por um brilho mais suplicante.
Era incrível o poder que Hermione tinha nele, algo que o próprio só se deu conta nos últimos dias.
- Você não entende! – disse, agindo um pouco mais transparente que antes. – Não é como se eu pudesse controlar, é só que-
- Então você admite que está agindo mais impacientemente que o normal? – ela questionou, o canto de seus lábios contorcendo-se levianamente.
Harry abriu a boca ao perceber o que tinha dito. De certa forma, acabara de concordar com ela. Parou para pensar mais um pouco, estudando as próximas palavras.
- Nem adianta criar mais um argumento infame, Harry, você sabe que estou certa. – Hermione disse com um tom de voz um tanto triunfante.
Harry estreitou os olhos, porém o canto de seu cérebro já conferia suas barreiras de Oclumência. Habilidosa e esperta do jeito que era, vai ver ela estava se infiltrando nos pensamentos dele...
E foi aí que se deu conta de que não adiantava continuar brigando.
- Tudo bem, eu admito que estou um pouquinho fora de controle. – ele suspirou e abaixou a cabeça ligeiramente. – Mas você não entende-
- Entendo sim, Harry.
Ele ergueu o olhar e encontrou o sorriso dela, tão singelo e simples que transmitiu a ele uma imensa sensação de calma. Percebeu naquele instante seus ombros tensos e relaxou-os.
Seus olhos se encontraram, e ali ele encontrou verdadeira compreensão, leveza e lealdade. De repente, a nuvem sobre sua cabeça que vinha assombrando-o desde segunda pareceu nunca ter existido.
- É algo facilmente compreensível. – a auror continuou. – Você, acostumado a não ter hora para dormir, nem levantar, acostumado a ficar horas a fio bolando estratégias, acostumado a lutas e brigas deve estar achando tudo isso uma chatice pura. Ainda tem muita adrenalina nesse sangue aí e ela está sendo liberada do jeito mais impaciente possível. Daqui a pouco você se acostuma novamente.
Ela realmente o conhecia. Era quase assustador.
Hermione riu. Harry associou isso ao fato de que provavelmente havia uma expressão de espanto em seu rosto.
- Alegre-se que o fim de semana está chegando e irá poder se divertir. – ela sorriu mais uma vez.
Harry ergueu uma sobrancelha.
- Você está me dizendo isso?
- Estou dizendo apenas para o seu bem estar, que é o que importa para mim. – a morena piscou o olhou para ele antes que seu olhar recaísse sobre algum ponto atrás dele. A diversão evaporou de seu rosto, e seu conhecido porte profissional surgiu. – Agora vamos que os outros estão chegando. Comporte-se, ouviu bem?
Mesmo com as palavras de Hermione, a reunião ainda durou uma eternidade para Harry. Ele se comportou, tentou até imitar a pose profissional da amiga, mas foi em vão. Meia hora depois, já estava se sentindo cansado, irritado e com sono. Reprimiu comentários sarcásticos e pode-se dizer que agüentou bem, embora tenha sentido uma imensa vontade de dar um soco no ar de comemoração quando Charles Zemeckis dispensou-os.
Harry voltou depressa à sua sala, subitamente sentindo-se animado para acabar de uma vez por todas com a papelada em sua mesa. Minutos depois, enquanto escrevia algo em um pergaminho, um pequeno avião violeta-claro com o símbolo do Ministério no bordo das asas pousou em sua mesa. Era mais um memorando interdepartamental.
Intrigado, Harry largou a pena, pegou o objeto e abriu-o. Logo reconheceu a caligrafia de Ron.
Que tal um pouquinho de quadribol para enterrar seu mau-humor, Potter? Aposto que isso vai pôr um sorriso no seu rosto quando me ver, ao invés de dardos nos seus olhos.
Minha mãe vai fazer um almoço com a família amanhã. Mas sabe como são esses encontros, não é? Começam de manhã e terminam tarde da noite, então não podem ser considerados apenas “almoços”. Como todos estarão lá, estou pensando de fazer um pequeno racha entre a gente. Acho bom você ir porque mamãe já sabe que você está definitivamente de volta a Londres e, convenhamos, ela está morrendo de saudade de você (querendo ou não, você já é um filho dela, Harry).
Vamos ver se o senhor heroi do mundo bruxo continua tão bom indo atrás do pomo de ouro quanto em Hogwarts.
Ron.
Harry não pôde deixar de rir – um riso de verdade, sem ironias. Seria ótimo rever os Weasley, ainda mais a mãe de Ron, por quem nutria um carinho especial por ela considerá-lo quase um filho. Sentindo mais uma nova descarga de ânimo, Harry pegou outro memorando em sua gaveta, rabiscou uma breve resposta e mandou-o para o melhor amigo.
Talvez aquela semana não houvesse sido tão ruim quanto pensava.
Uma atmosfera aconchegante. Qualquer um que entrasse naquele aposento chegaria à mesma conclusão. Consideravelmente grande, com uma mobília moderna, mas simples, ideal para quem desejasse relaxar após uma longa semana de trabalho. Os dois abajures acesos, um sobre cada uma das duas mesinhas de cabeceira que ficavam ao lado da cama, conferiam um aspecto ainda mais agradável ao local, assim como alguns feixes da luz que vinha da lua lá fora, que, por sua vez, transmitia, não só ao quarto, como também à vizinhança lá fora imensa e reconfortante tranqüilidade.
Tudo notoriamente em perfeita harmonia. Então, por que ele sentia receio de ir deitar-se? De fechar os olhos e dormir?
Porque o mundo dos sonhos era dotado de um poder imprevisível. Tal imprevisibilidade tinha a capacidade de atingir níveis obscuros e sombrios, chegando até mesmo a ser assustadora. E consideremos aqui a opinião de um grifinório, cuja maior característica deveria ser, em teoria, a coragem.
Mas o grifinório em questão era Harry Potter. Quem tivesse vivido apenas uma mísera parcela da vida dele, teria se assustado com muito menos. Então, o conceito de assustador dele e de outra pessoa diferia bastante um do outro. Logo, algo que era assustador para um qualquer, era tranqüilo para Harry – e algo que era assustador para o jovem bruxo seria indescritível para o resto.
E assim se encontrava Harry: de pé e braços cruzados, parado em frente a porta de seu quarto, trajando apenas a típica calça de moletom que usava para dormir, ponderando se seria seguro sucumbir ao cansaço de seu corpo e adormecer como se não houvesse amanhã.
Para qualquer pessoa, dormir provavelmente encontrava-se no topo da listas de coisas a se fazer para afastar as perturbações. Bastava apenas entrar na dimensão do onírico e lá se iam os problemas sendo jogados para algum canto do cérebro, longe do subconsciente dos sonhos.
E era justamente nessa região que as perturbações do auror começavam.
Sentia-se esgotado e queria dormir, mas não tinha certeza se conseguiria de fato descansar se os sonhos que lhe viriam fossem do mesmo calibre daquele da madrugada de segunda-feira.
O motivo de ele sentir-se desconcertado naquele instante quando nos outros dia da semana tivera sonhos normais era algo que talvez nem Merlin saberia responder.
Cada coisa estranha que acontece na minha vida...
De repente, ele se deu conta da besteira que estava fazendo. Balançou a cabeça levemente e foi para a sacada que se encontrava do outro lado do aposento. Lá, apoiou-se na grade e ficou a olhar a vizinhança.
A tranqüilidade do lugar finalmente o atingiu. Pôde ver a rua vazia, apenas algumas outras casas permaneciam com uma luz ou outra ligada. Uma leve brisa varria a rua, levando consigo algumas folhas secas e um pouco de poeira. O vento dava a impressão de entoar uma canção que dava um aspecto sonhador à rua, além de garantir a sensação de calmaria, garantir para que os habitantes dali pudessem relaxar em paz.
Seria algum tipo de magia? Harry nem pôde ao menos pensar numa resposta, pois a paisagem começou a entorpecê-lo. O sono o atingiu com força total, suas pálpebras pesaram e a visão ficou turva.
Embalado pelo torpor, Harry voltou ao quarto, fechou a porta dupla da sacada, juntou as cortinas e rumou preguiçosamente para cama. Sentou, esticou-se para desligar as luminárias, aconchegou-se nos lençóis e nos travesseiros e pouco tempo depois adormeceu.
Na manhã seguinte, Harry acordou devidamente relaxado e descansado. Sentou-se, pôs as costas no encosto da cama e espreguiçou-se. Após a sensação de sonolência ter passado, um estalo em sal mente o fez lembrar-se de que tivera uma noite tranquila, sem sonhos bizarros. Mais um estalo mostrou-lhe que tinha de ir para A Toca. Arrumou-se rápido, pegou sua varinha, pôs sua Firebolt sobre o ombro esquerdo e saiu de casa.
Aparatou a poucos metros do início da propriedade dos Weasley. Ergueu a cabeça e um sorriso surgiu em seus lábios ao depositar os olhos naquela que jamais deixaria de ser seu segundo lar.
- Você sempre gostou daqui, não é mesmo? – perguntou uma voz etérea que o fez sobressaltar-se de leve.
Ao seu lado, Luna abriu um pequeno sorriso. Era notável que alguns traços de sua expressão não estavam certos, o que mostrava que ela ainda não tinha se recuperado totalmente do julgamento.
- Luna! Ah... Olá. – ele respondeu, um pouco desconcertado. – O que está fazendo aqui? – perguntou, erguendo uma sobrancelha.
Muito discreto, Potter, disse uma voz irônica dentro de sua cabeça.
- Ron me convidou. – a loira respondeu, e, com o susto passado, Harry percebeu que o característico tom sonhador da bruxa voltou um pouco. – Logo depois do julgamento. Foi muita bondade dele me chamar para passar um dia em família.
O moreno se perguntou por que só foi saber da reunião com os Weasley no dia anterior, porém suas divagações não duraram tanto, pois Luna chamou sua atenção e, em seguida, começou a puxar sua mão em direção à Toca.
Assim que cruzaram o portão de entrada, algo caloroso e tranqüilo encheu o peito de Harry. Sentiu-se acolhido, como se braços o abraçassem e o acariciassem. Um suspiro saudoso escapou-lhe, e ele atribuiu isso ao fato da saudade que sentira daquele lugar.
Sons confusos vinham de longe, o que queria dizer que a família toda já estava lá. Luna largou o braço dele, e Harry subiu os degraus que levavam à porta da casa, batendo duas vezes na superfície de madeira. Ele ouviu sons indistintos do outro lado, e, após um minuto, Molly Weasley surgiu na soleira, virada para trás e gritando algo com uma irritação que só passou quando ela pôs os olhos no recém-chegado.
- Harry, querido! – exclamou com um pouco de surpresa. De repente, seus olhos ficaram marejados e ela o tomou num abraço apertado que quase o fez soltar a vassoura. – Quanto tempo não o vejo! Como está a vida? Tudo bem? Ah, espero que esteja, porque me dá uma aflição cada vez que você, Ron ou Hermione saem num trabalho louco... Principalmente você, que está constantemente viajando. Ou melhor, estava, não é? Ron me disse que vai ficar mais no escritório daqui para frente.
O moreno nem pôde responder pois o ar fugiu de seus pulmões segundos após o abraço. Abriu a boca, mas nenhum som foi emitido. Se a Sra. Weasley e Hermione continuarem assim, perderei minhas costelas.
Molly soltou-o ao perceber o silêncio.
- Desculpe-me. Mas é que esses garotos já estão me enlouquecendo e ainda não é meio-dia! – disse, abrindo um sorriso bondoso.
- Tudo bem, Sra. Weasley. – ele disse devolvendo o sorriso. – E respondendo às perguntas... Estou bem sim, obrigado. É, eu resolvi dar uma parada. Meses e meses de uma rotina completamente desorganizada e agitada... Chega uma hora que cansa, não é? Ficarei mais em Londres sim.
- Ótimo, ótimo.
Os dois foram interrompidos por um grito. Ao olharem para trás, viram Luna agachada e inclinada em direção à grama.
- Luna, tudo bem? – o homem perguntou.
- Tudo sim... – a editora-chefe suspirou. – Mas ele não me deixou pegar sua saliva! – e apontou para uma pequena criatura que corria pelo jardim em direção ao bosque mais próximo.
Harry reconheceu o formato grande e desengonçado que lembrava uma batata mal talhada.
- Não acredito que esses gnomos já estão voltando. – Molly suspirou. – Não desgnomizarei hoje mesmo! – e desceu as escadas em direção à mais jovem. – Venha, deixe-me ajudá-la.
- Não precisa, Sra. Weasley, muito obrigada. – Luna ergueu-se num salto. – Só queria um pouco da saliva do gnomo porque ouvi dizer que é um ótimo chamariz para zonzóbulos. – seu olhar cruzou o rosto do amigo brevemente. – Aliás, bom dia, Sra. Weasley! Trouxe um pouco de hidromel como cortesia. – e ergueu um embrulho de formato cilíndrico que Harry só notou naquele momento.
- Bom dia, minha querida, e... oh, não precisava. – a matriarca sorriu bondosamente antes de pegar o objeto. – Venham, vamos, todos estão lá dentro. – e puxou o pulso da loira, voltando para casa.
Harry entrou na frente das duas e viu-se na cozinha dos Weasley. De novo foi preenchido por uma ótima sensação de conforto que fez a curva de seus lábios formar mais um breve sorriso. Foi a um canto, depositou a Firebolt e voltou para o centro do aposento.
Uma panela começou a fumegar, chamando atenção da mulher mais velha. Ela sobressaltou-se de leve, pôs um avental e foi para o fogão. O cheiro era irresistível para Harry.
- Gostaria de uma ajuda, Sra. Weasley? – perguntou Luna, recostada em uma bancada.
Molly sorriu de novo.
- Não, querida, agradeço muito. Aliás, os dois estão com fome? Posso oferecê-los um pouco de café da manhã...
Enquanto ele sentava num banco, próximo a Luna, o estômago de Harry se revirou animadamente. Não comera nada em casa, esperando ansiosamente os quitutes para lá de deliciosos da matriarca.
- Obrigada, mas já fiz meu desjejum. – a jornalista respondeu.
- Eu aceito, Sra. Weasley.
Molly serviu dois pratos na frente dele, no qual em um havia uma sopa de cebola e bacon e pequenas torradas e no outro, uma fatia bolo de laranja com cobertura de chocolate. Enquanto se fartava, Harry descobriu que o que mais havia sentido falta em todo seu tempo fora foi aquela comida, além de secretamente achar que nunca iria comer algo tão delicioso em toda sua vida.
As duas mulheres saíram da cozinha, alegando que iriam ver os outros Weasley, deixando-o sozinho.
- Não acredito que veio aqui só pensando nisso. – uma voz foi ouvida. – Desse jeito, está se assemelhando muito ao seu melhor amigo com uma fome fora do comum.
Harry virou-se para a porta de onde Luna e Molly saíram e viu Hermione parada no batente, as duas mãos na cintura e um sorriso travesso nos lábios. Ela caiu na gargalhada ao ver a expressão surpresa do amigo, que se tornava mais engraçada devido ao fato de ele estar com um pedaço de torrada na boca e o braço direito com a colher de sopa parada no ar, na metade do caminho.
Ele engoliu tudo, depois voltou-se para o prato, visivelmente frustrado.
- Bom dia para você também, Mione. – resmungou antes de voltar a comer.
A morena entrou no local, circundou a bancada e ficou parada de frente a ele.
- Não sei por que ficou assim, sabe que não falei por mal. – disse com um tom de voz tranqüilo. – Não exatamente. – ela ergueu a cabeça e fitou algum ponto atrás dele enquanto mordia o lábio inferior. – Porque não é insulto... mas também não é um elogio. – e voltou a observá-lo.
Harry lançou-lhe um olhar inquisitivo.
- Eu ainda gosto do Ron, Harry, sabe disso. – ela recostou-se na pia logo atrás e pôs as duas mãos uma de cada lado da superfície de mármore.
O olhar dele tornou-se mais intenso.
- Não desse jeito. – ela revirou os olhos e cruzou os braços.
Agora, o moreno ergueu a sobrancelha, parando com a colher a meio caminho da boca mais uma vez.
- E o que você me disse segunda-feira mesmo? – questionou, observando-a por cima.
- O que você ouviu segunda foi apenas meu estágio de dúvida. Recentemente, cheguei no estágio final-
- Que seria?
- Superação total. – Hermione concluiu.
A firmeza que saiu dos lábios dela não o deixou com mais dúvida alguma. Harry chegou a acompanhar uma fase do relacionamento dos melhores amigos e, pelo que tinha visto, achava que, caso houvesse um rompimento, Hermione ficaria um tanto desconcertada, mas o porte que via e que ostentava ante a situação era surpreendente.
Incrível como Hermione era forte.
Mas... já não era para ele saber aquilo? Afinal, a conhecia havia mais de dez anos. Mesmo assim, o moreno não pôde deixar de notar que, naqueles últimos dias, vinha descobrindo lados da melhor amiga.
Uma leve frustração o assolou. Deveria ser mais um efeito do trabalho de campo excessivo. Tanto tempo gasto com estratégias, lutas e feitiços que tinha esquecido fatos sobre as pessoas mais próximas de si.
O silêncio recaiu sobre a atmosfera em que os dois ocasionalmente se olhavam.
- Aliás, por que vocês dois terminaram mesmo, hein? – Harry perguntou, afastando o prato da sopa e puxando o bolo para mais perto.
Hermione, cujo olhar perdeu-se na paisagem lá fora, rapidamente virou-se para ele com uma expressão intrigada.
- Pensei que Ron tivesse te contado. Ou que você soubesse através de conclusões próprias.
Harry riu de leve enquanto dava uma garfada no doce.
- Mione, eu esqueci o aniversário do Ron esse ano. Você realmente quer que eu saiba por que os dois romperam? De verdade? – ele olhou para ela divertido.
A morena mordeu o lábio inferior enquanto seu olhar se perdia mais uma vez no ambiente ao redor. O silêncio provavelmente voltaria se uma nova voz feminina não houvesse interrompido.
- Hermione! Dá para você parar de enrolar na cozinha e vir me ajudar a calar a boca do Percy a respeito da- – as palavras morreram, e sua dona parou de chofre na porta assim que seus olhos recaíram sobre o homem sentado no balcão. – Ah, olá, Harry. Bom vê-lo de volta. Não sabia que chegou. Engraçado, mamãe acabou de passar por mim lá na sala... Mas acontece que ela já está enlouquecida com Carlinhos e aquela maldita miniatura de dragão que ele quer soltar aqui.
Harry teve um pouco de dificuldade de engolir o bolo ao ver Ginny Weasley. Isso por que não era muito comum ter uma ex-namorada agindo tão amigavelmente levando em consideração que, nas últimas duas vezes em que se viram, quase um ano atrás, uma delas foi marcada pelo rompimento do namoro. O outro encontro foi pouco tempo depois do fim, onde a situação ainda não havia voltado ao normal – e ele não tinha esquecido disso, algo que, com certeza, nem passava mais pela cabeça da ruiva.
Se Harry ainda teve dúvida em relação à força de Hermione, com Ginny era uma certeza absoluta. Aquela dali sim era confiante e determinada, tanto que ambas as características foram o que mais chamaram a atenção dele nela. Mas agora ele só admirava tais qualidades de modo fraternal.
- Olá Ginny. – ele abriu um sorriso amigável. – É bom mesmo estar de volta. E quanto à sua mãe, não me resta dúvida que os filhos dela estão enlouquecendo-a. Demorou a me responder quando bati à porta e, mesmo quando o fez, não deixou de gritar para quem quer que fosse.
- Deve ter sido com George e Lino. – Hermione disse revirando os olhos. – Os dois inventaram uns dardos mágicos e trouxeram para cá para que nós servíssemos de cobaias antes de eles botarem no mercado.
Lino Jordan, após a fatídica batalha de Hogwarts que ocasionara a morte de Fred, assumira o lugar dele nas Gemialidades Weasley e desde então vinha mostrando que o melhor amigo ensinara-o bastante a arte dos logros e brincadeiras, honrando seu nome de tal modo que trouxera um grande orgulho a George. Os produtos da nova parceria não decepcionaram os anteriores e mantinham a loja liderando vendas no Beco Diagonal desde cinco anos atrás.
Um sorriso matreiro iluminou o rosto de Ginny.
- Ela só está dizendo isso porque o dardo que ela pegou acabou explodindo na mão dela e espalhando palha-fede pelo corpo dela todo. – disse, lançando um olhar zombeteiro à amiga.
A morena bufou, e Harry caiu na gargalhada, recebendo, em seguida, um olhar ríspido que o fez ficar calado.
- Tive que usar vários feitiços para que não sobrasse um resquício sequer daquele fedor nojento. – ela disse, fazendo careta.
- Ainda bem que você é excelente com feitiços, não é mesmo? – o homem disse, observando-a por cima de novo.
- Ainda bem que mamãe estava por perto, senão a próxima seria eu. – Ginny apontou para si mesma, ainda sorrindo. – Aliás, Harry... você ‘tá parecendo meu irmão idiota. – ela franziu o cenho.
Hermione soltou uma risadinha.
- Eu te falei, não falei?
Harry lançou à melhor amiga um rápido olhar de esguelha antes de virar-se para Ginny.
- Que irmão?
- O mais idiota de todos. – Ginny sorriu marota. – Que você também conhece como seu melhor amigo. E que tem um buraco negro no lugar do estômago.
- Santo Merlin, será possível um homem comer em paz nessa casa? – o moreno revirou os olhos antes de ingerir o último pedaço de bolo.
- Querido, você está n’A Toca dos Weasley, a palavra “paz” não existe por aqui. – a ruiva piscou o olho com um ar de triunfo. – E agora vamos senão daqui a pouco todos estarão aqui procurando por nós.
Harry desceu do banco e olhou para os pratos usados.
- E isso aqui? – perguntou, apontando para os objetos.
- Deixe comigo. – Ginny retirou a varinha do bolso da calça jeans, realizou um breve floreio, e a louça foi em direção à pia e começou a ser lavada sozinha. – Agora vamos.
Os três saíram da cozinha, e, quando chegaram à sala, Harry entendeu as palavras de Ginny em relação à paz naquela casa.
Um estampido foi ouvido acompanhado de um clarão azul-elétrico. Uma exclamação reprovadora foi ouvida, vinda de um homem ruivo com aparência lupina sentado no braço do sofá. Risos eclodiram no meio da sala, vindos de dois adultos e de uma pequena figura localizada entre eles, essa que batia palmas, aparentemente animada e feliz mesmo coberta da cabeça aos pés por uma mistura de espuma de sabão e confete.
Um sorriso surgiu nos lábios de Harry assim que a pequena figura se virou e um pouco de espuma caiu de sua cabeça, revelando fios de cabelo roxo.
- Padrinho! – foi o que ele ouviu antes que suas pernas fossem agarradas pelos cinco anos de energia e vitalidade de Teddy Lupin.
Teddy era uma dos poucos pontos altos da guerra bruxa que levara seus pais, Remus Lupin e Nymphadora Tonks, à morte. Harry era a única pessoa mais próxima de um parente legítimo que o garoto tinha, porém as missões consumiam tempo demais dele, o que o fez abrir mão de cuidar do garoto, quebrando a promessa que fizera si mesmo de que Teddy não seria um órfão como ele e teria tudo o que nunca teve na infância. O auror tentava compensar com seu trabalho, sentia-se um pouco mais aliviado por saber que ajudava a fazer um mundo mais tranqüilo para que o afilhado pudesse crescer em segurança, mas nada era, de fato, suficiente para aliviar a culpa que sentira – culpa que ligeiramente bateu em seu peito naquele instante. Então, surgiram Molly e Arthur Weasley, que alegaram que seria um prazer imenso tomar conta do pequeno, pois estavam acostumados a crianças e a falta delas, devido ao crescimento dos filhos, criava uma estranha atmosfera n’A Toca.
Harry nem ligou para o fato de que suas calças ficariam sujas, a saudade do garoto falava mais alto. Ainda sorrindo, inclinou-se para baixo e acariciou o pouco do cabelo que aparecia na cabeça. A careta que fez quando seus dedos ficaram cheios de espuma fizeram Hermione e Ginny rirem.
Ao ouvirem Teddy, os adultos se viraram para os recém-chegados.
- Merlin! Salvem o grande heroi do mundo bruxo, que finalmente abriu um pequeno espaço em sua agenda tão ocupada para visitar reles mortais como nós. – disse George Weasley num tom falsamente espantado antes colocar a mão no peito num gesto dramático. Ao seu lado, Lino Jordan fez uma breve reverência.
Todos riram.
- Sabe o que é pior? – Harry falou, ainda com um pequeno sorriso. – É o fato de eu ter sentido falta desse seu humor, George.
- Você também sentiu falta de mim, padrinho? – Teddy perguntou, desenterrando a cabeça das pernas dele e erguendo a cabeça para cima, os olhos brilhantes.
- Aposto que sim, não é, Harry? – Hermione murmurou, observando o melhor amigo com um sorriso doce.
- Claro que sim, pequeno. – o auror respondeu carinhosamente antes de retirar a mão da cabeça do garoto e mirá-la na altura dos olhos. – Mas o que diabos fizeram com você?
George e Lino abriram a boca, porém antes que qualquer som saísse por ali, outro grito ecoou pela atmosfera.
- George Weasley! Eu já não falei para você parar de ficar pregando peças nos outros com esses malditos dados?! E ainda mais com Teddy!
A voz de Molly Weasley lembrava um trovão numa tempestade, os olhos faiscavam mais letais que qualquer raio. Harry se esquecera que a matriarca poderia fizer zangada daquele jeito. Se bobeasse, ela poderia até assustar Voldemort.
Os olhares dos presentes voltaram-se para as escadas, por onde Molly descia acompanhada de Luna.
- Eu bem que falei com eles, mãe. – Gui Weasley, sentado no braço do sofá, assumiu as palavras. – Falei várias vezes, mas mesmo assim não me ouviram.
- Blábláblá. – George fez, recendo mais um olhar letal da mãe.
- Escute aqui, George. Você pode não morar mais aqui, você pode ter sua vida lá em Londres, mas quando está sob este teto, eu ainda mando. – Molly disse, caminhando para o filho e apontando um dedo para seu peito.
- Mas o que é que eu fiz?! – o gêmeo ruivo exclamou, abrindo os braços. – Só estamos brincando com as pessoas, ou quer dizer que não se pode mais fazer isso? E só estamos testando nosso novo produto, não matando alguém!
Sabe-se lá por que, Harry sentia uma imensa vontade de rir da cena. Isso só mostrava que sentira tanta falta dos Weasley que até ver mais uma típica briga entre eles o divertia. Ele olhou de esguelha para Hermione, que em menos de um segundo soube o que se passava em sua cabeça e tratou de repreendê-lo com um olhar severo que o fez ficar quieto.
- Então, teste seu produto em outro lugar que não seja aqui! Nem que cause dano a ninguém daqui! – a matriarca continuava a explodir.
- Mas estou bem, tia Molly! – Teddy interferiu. Soltou-se de Harry e voltou para o centro da sala, parando ao lado da Sra. Weasley. – Só estou meio sujinho. – concluiu, apontando para si mesmo o que fez alguns rirem.
A raiva de Molly automaticamente dissipou-se e a costumeira expressão bondosa voltou a colorir os traços de seu rosto.
- Eu só espero que esses dois – ela indicou o filho e Lino. – não estraguem você, meu querido.
- Pode deixar, tia Molly! – o garoto exclamou animado.
- Que anjinho. – murmurou Luna sonhadoramente, o que chamou a atenção de todos.
- Luna? – Franzindo o cenho, Ginny chamou, reparando pela primeira vez na melhor amiga. – O que está fazendo aqui?
- Ah, Luna estava me ajudando a me livrar de uns reduvídeos vermelhos – Molly respondeu, referindo-se aos insetos maiores que besouros que apitavam escandalosamente e soltavam um odor horrível caso fossem tentassem ser capturados.
- É. Um dos meus editores tem um pai especialista em insetos e ele me explicou como se livra deles. A Sra. Weasley me disse que havia alguns aqui e resolvi ajudá-la. – a loira emendou. – E também estou aqui porque Ron me convidou.
De repente, o cérebro de Harry deu um estalo.
- Ron! – exclamou. – Merlin, já cheguei aqui faz um tempo e até agora não o vi.
- Ele está lá fora com Percy, Carlinhos e Angelina. Papai, Fleur e Victoire também estão lá. – Gui respondeu, apontando para a porta que dava para o quintal.
- Percy. – Ginny repetiu. – Isso me lembra, Hermione, que você tem que me ajudá-lo a calar a boca dele sobre a Emenda 125 de 1962. Ele acha que sabe mais que eu, que trabalho no Escritório Internacional de Direito em Magia! Vamos ver o que ele diz para você.
- Para Hermione Granger, a sabe-tudo, a mente mais brilhante que Hogwarts já viu? – George disse, fazendo a morena corar. – Ele vai fugir com o rabo entre as pernas e vai implorar para nós jogarmos um dardo nele... e escolheremos o mais interessante.
- Nem se atrevam. – Molly sibilou entre dentes, lançando mais um olhar ríspido ao filho. Lino apenas riu.
- Ah, vamos sim. – Hermione sussurrou, ainda um tanto encabulada. – Vamos logo.
- Esperem que vou também. – Luna disse feliz e saltitou nos últimos três degraus da escada para se juntar aos amigos.
As mulheres mais Harry saíram. No canteiro de flores localizado à esquerda, Victoire brincava com algumas borboletas que por ali voavam sob o olhar risonho e amoroso da mãe sentada no banco. Mais à direita, o Sr. Weasley e Percy conversavam (“Lá está ele, fugiu para perto do papai. Até ele mesmo sabe que está errado. Pena que não esfregaremos isso na cara dele”, Ginny bufou). Mais próximos à porta que dava acesso à casa, Carlinhos e Angelina riam de algo junto com Ron, que se dobrara de tanta risada. Assim que ele ficou ereto novamente e seus olhos pousaram nos quatro que acabaram de sair, foi em direção a eles.
- Harry! – exclamou. – Até que enfim apareceu, cara. Já estava pensando que seu mau humor não tinha passado. Demorou, hein? E você também, Luna, – ele virou-se para a jornalista. – também pensei que não viria. Que bom que veio. – e sorriu.
- Você que nem procurou saber de nós, afinal, já chegamos faz um tempinho. – Harry defendeu-se cruzando os braços.
- Verdade. – Luna concordou, os olhos azuis percorrendo seu redor. – Olha! – exclamou feliz, mirando o canteiro onde Fleur e Victoire estavam. – Borboletas do Nilo! – e saiu caminhando tranquilamente.
Os outros quatro ficaram em silêncio durante dois segundos.
- Por que não me disse que convidou Luna? – Ginny virou-se para o irmão, colocando as mãos na cintura numa pose espantosamente parecida com a da mãe. – Seria bom um aviso.
Ron arregalou os olhos na direção da ruiva.
- Pensei que fossem melhores amigas. Sabe, do tipo que contam tudo uma para a outra.
A caçula estreitou os olhos e inclinou-se ligeiramente na direção dele. A cada momento lembrava mais Molly.
- Só me pergunto como fez isso...
- Ah, então aparentemente as duas não são tão amigas assim. – Ron interrompeu, aumentando um pouco o tom de voz. – Porque, sabe, descobriram quem torturou os pais da sua melhor amiga e realizaram o julgamento na segunda passada. E como a boa amiga que você teoricamente acha que é, estaria lá para apoiá-la.
- E você estava? – Ginny desdenhou.
Harry e Hermione observavam tudo como se estivessem numa partida de tênis.
- A trabalho, mas estava. – o ruivo respondeu. – E como mamãe já tinha a ideia desse encontro faz um tempo, eu resolvi convidá-la, sabe, para afastá-la um pouco dos pensamentos ruins sobre o pai. Agora, você pode parar de teimosia e admitir que se afastou um pouco da amiga ou pode continuar ignorando-a...
- Não estou ignorando-a! – a irmã interrompeu, balançando furiosamente as madeixas avermelhadas. – E você está sendo um idiota!
- Wow, vamos segurar os nervos, pessoas. – uma nova voz foi ouvida. Era Carlinhos, que se aproximava com Angelina Johnson, ex-colega de Harry em Hogwarts e atual namorada de George. – Deixemos as patadas para o quadribol. – concluiu divertido. Ao seu lado, Angelina sorriu.
- Então, quando é que vamos jogar para eu acabar com essa criatura? – Ginny alfinetou, ainda mirando o irmão mais novo.
- É isso aí! Vamos jogar! – Harry exclamou animado. – Afinal, não foi por isso que você me chamou, Ron? Para... Como era mesmo? Ah sim, enterrar meu mau humor.
Hermione cruzou os braços e rolou os olhos.
- Por que vocês cismam em resolver tudo com quadribol?
- Ah, Mione, não seja tão mordaz. – o moreno sorriu amigavelmente para a amiga e passou um braço pelos ombros dela. – Estamos aqui para nos divertir, não é?
- É porque a ideia de diversão dela é um livrão chato e empoeirado. – Ron comentou, recebendo automaticamente um olhar mortífero da ex.
Ginny jogou a cabeça para trás e gargalhou.
- É isso aí, Hermione! – exclamou, mais animada. A irritação havia sumido de seu rosto. – Bom que ela vai torcer contra você, Ronald.
- Ela não torceria contra os melhores amigos, não é? – Angelina disse.
- Ah, mas vai torcer contra um deles. – Carlinhos contrapôs, torcendo o nariz. – Porque os times que tenho em mente separam Harry e Ron.
- Desde quando você determina os times? – Ron lançou um olhar de desdém ao irmão.
- Quais times você tem em mente? – a ex-artilheira da Grifinória perguntou.
- Você, eu e Ron de um lado, Harry, Ginny e George de outro. – o criador de dragões respondeu. Depois, virou-se para os outros. – O que acham?
- Para mim está ótimo. – Harry afirmou.
- Vamos nessa. – Ginny falou.
Ron abriu a boca para contra argumentar, porém calou-se ao ver que todos já tinham concordado. Ele bufou brevemente.
- Ótimo, então vou para o armário de vassouras. Quem vem comigo? – Angelina e Ginny se ofereceram prontamente.
- Beleza. – Carlinhos sorriu. – Vou entrar e chamar George. Chamarei Lino também, ouvi dizer que ele sabe narrar um jogo como ninguém. Será bom dar umas risadas.
- Vou entrar também, deixei minha vassoura na cozinha. – Harry disse. – Vem comigo, Mione?
- Vou sim. – E assim os três entraram novamente n’A Toca.
De volta à sala, George, Lino e Gui estavam sentados no chão, jogando algum jogo de tabuleiro com Teddy, que já estava completamente limpo. Ao ouvir sobre a partida, o garoto ergueu-se num salto e declarou a plenos pulmões e balançando alto os braços que torceria pelo padrinho. Harry riu até chegar à cozinha junto com a amiga.
- É, já deu para ver que você vai ter uma torcida muito organizada. – ela comentou, recostando-se no balcão.
- Você também vai torcer para mim, não é? – ele perguntou olhando para trás para lançá-la um sorriso maroto.
- Vou. Vou até conjurar pompons e ficar balançando-os, gritando seu nome. – a voz da morena saiu um tanto irônica. – Serei uma líder de torcida trouxa.
Harry abaixou naquele momento para pegar a Firebolt, mas parou no lugar e virou-se para ela, ligeiramente boquiaberto.
- Que é? – ela retorquiu, cruzando os braços. – Você realmente não acreditou que eu faria isso?
- Não. Estou imaginando você com aquela roupa de líder de torcida. – o homem respondeu, fazendo-a corar.
- Bobo.
O auror riu, pegou a vassoura e foi até ela.
- Agora eu quero ver isso. – disse matreiro, olhando-a.
A ironia foi substituída por espanto no rosto de Hermione. Foi a vez dela de abrir a boca.
- Nem pense que eu iria arrumar uma roupa daquelas!
Ele riu de novo.
- Não, Mione, não é isso. Quero dizer que quero ver você com pompons torcendo para mim.
O desafio surgiu nos olhos dele. Nem precisou se esforçar tanto para que a melhor amiga entendesse. Era incrível a conexão visual que tinham; algo próprio deles dois, que todos tinham conhecimento, mas sem ideia alguma da intensidade ou da cumplicidade que era transmitida com o simples encontro das íris verdes e castanhas.
Hermione empertigou a postura para tentar ficar da altura dele – falidamente, afinal, Harry era bem mais alto. – e devolveu o olhar na mesma intensidade. O sorrisinho dele escancarou-se, sabia que a amiga não gostava de ser desafiada, principalmente porque ela sempre aceitava para mostrar o quão superior era...
... E isso era a garantia do desejo dele de vê-la balançando pompons, uma visão que seu cérebro sabe-se lá por que estava achando bastante tentadora – e acharia ainda mais se ela, de fato, estivesse trajando o uniforme de uma líder de torcida.
- Olha a minha cara de que vai pagar esse mico. – ela apontou para o próprio rosto.
- Você não precisa fazer isso sozinha. Pode chamar a Luna, por exemplo. Aí peça para ela torcer pelo time de Ron e as duas ficarão com pompons, gritando e zombando uma da outra. Diversão para quem está em campo e quem também está fora.
Harry aumentou a intensidade de seu olhar. Rezava para que tivesse um lado persuasivo bom o suficiente para convencer a amiga.
Os olhos dela estreitaram, embora não fugiram dos dele.
- Exijo dois gols e a captura do pomo em minha homenagem. Não quero nem saber como você vai fazer isso, Potter. – falou, apontando para o peito dele.
- Prometido.
O auror estendeu um sorriso e abraçou-a brevemente com o braço que não segurava a Firebolt.
Dez minutos depois, os presentes encontravam-se do lado de fora para a partida. Lino parecia bastante animado com a ideia de ser narrador e brincava com Gui, que serviria de árbitro. Hermione conseguiu convencer Luna sobre os pompons, e as duas posicionaram-se uma de cada lado do campo com pompons vermelhos para a loira e verdes para a morena, conjurados com breves acenos de varinha. Todos riram com a ideia, e os gritos que deveriam ser apenas das duas acabaram vindo de qualquer canto, tanto direcionados para zombá-las quanto para torcer pelos times propriamente ditos.
O jogo começou acirrado, com ambas as equipes realizando fortes investidas nos campos adversários. Harry descobriu que continuava tão ágil quanto em Hogwarts, embora seus reflexos tenham melhorado consideravelmente devido ao tempo que passaraem missões. Acabouque o primeiro gol foi de seu time, porém não foi ele que furou as balizas conjuradas, e sim Ginny, que em seguida passeou pelo gramado sorrindo triunfante e dando língua para o irmão auror.
Pouco tempo depois, foi a vez do time de Ron e Luna gritarem, após um mergulho espetacular de Carlinhos Weasley, que lançou um míssel em direção ao gol, tornando impossível para George interceptar a goles antes que ela entrasse e marcasse os primeiros dez pontos do outro time.
Hermione e Luna gritavam a plenos pulmões, e o que era para ser apenas uma torcida frenética para os aurores de cada time acabou se tornando um duelo de rimas engraçadas. Todos riam e gritavam para ajudá-las, e Teddy, usando e abusando de sua intensa energia infantil, jogava-se nos braços de Hermione, urrando pelo padrinho.
Com o passar do tempo, os jogadores foram cansando aos poucos, menos Harry. Pela primeira vez, agradeceu aos meses corriqueiros a trabalho, o que resultou num aumento absurdo de sua resistência e fôlego. Ele acabou cumprindo sua promessa à Hermione com os dois gols e a captura do pomo de ouro, finalizando a partida com a vitória de seu time por duzentos e sessenta a noventa.
- Eeeeeeeeeee! – Teddy gritou quando Harry desceu da vassoura e balançou a bolinha dourada no ar. – Meu padrinho é o melhor jogador do mundo!
- Seu moleque puxa-saco. – Carlinhos brincou e bagunçou os fios coloridos dele ao passar a seu lado.
Harry escancarou o sorriso vitorioso e apontou a mão com o pomo para Hermione, que saiu correndo e abraçou-o com força, quase sufocando-o por ter jogado os pompons em sua cara.
- O que você achou, minha líder de torcida pessoal? – ele disse depois que conseguiu se livrar dos fios de plástico que cismavam em entrar pelo seu nariz. – Finalmente achou sua paixão pelo quadribol?
Ela se afastou um pouco, embora o braço esquerdo dele continuasse circundando-a pela cintura.
- Gostei desse jogo. Não significa que gosto de quadribol. – ela destacou a diferença com um tom mais firme.
- Ela gostou foi dos pompons, isso sim. – Ginny comentou descendo da vassoura ao lado dos dois. De repente, ela olhou para o lado e viu o irmão mais novo vindo em sua direção. – E aí Roniquinho? – gritou feliz. – Gostou da finta que eu te dei? Linda, não é? Melhor ainda foi o gol!
Ron bufou e foi até eles, com os olhos tão apertados que era difícil identificá-los.
- Você não me fintou, você cometeu uma falta que o Gui não marcou! Você encostou em mim e não é permitido! Aquele gol foi roubado! – exclamava apontando perigosamente para a irmã.
Harry e Hermione, assim como os outros Weasley, riam abertamente.
- Nem pense em culpar a arbitragem, Ron. – Gui defendeu-se. – Além do mais, você, como o maníaco entendedor de quadribol que é, deveria saber que é sim permitido tocar no adversário, só não se pode tocar é na vassoura.
Ron virou-se para Gui com uma expressão que fez Harry se lembrar de um dragão prestes a soltar fogo pelas ventas.
- Ah, Ron, você jogou bem. – Luna surgiu no meio da discussão, ainda com os pompons na mão. Seu tom de voz calmo contrastava com o que acabara de usar no jogo. – Fez gols bonitos e defesas melhores ainda.
O tom avermelhado que crescia no rosto do ruivo passou de raiva para embaraço, o que fez George e Lino trocarem olhares e fazerem caretas na direção dele.
- Obrigado, Luna.
- Verdade. – Hermione concordou, ainda encostada em Harry. – Jogou muito bem e isso até eu admito.
- Sim, sim. Agora que todos demos umas boas risadas e vimos um ótimo jogo, está na hora do almoço. – declarou a Sra. Weasley.
Passado o almoço, cada um foi para um canto. Harry passou a maior parte da tarde na sala. Jogou duas partidas de xadrez de bruxo – perdeu uma e a outra ganhou com muita dificuldade, o que fez o humor do ruivo, meio ranzinza após a derrota no quadribol, voltar ao normal – e mais algumas de Snap Explosivo com Teddy, que continuava gritando e agitando os braços com a mesma intensidade do que a de manhã.
- Deus, esse garoto não para! – a caçula Weasley exclamou enquanto passava pelo aposento num determinado momento.
Harry resolveu ser bonzinho e deixou o afilhado ganhar a maioria das partidas, e a felicidade do pequeno fez com que ele próprio ficasse de bem consigo mesmo. Sentia que, agora que trabalharia mais em Londres, poderia recuperar o tempo perdido e sua promessa.
Lá para as quatro e meia da tarde, Harry viu-se estirado num sofá, conversando animadamente com Ron, Hermione, Luna e Ginny. Os irmãos jogavam xadrez no chão, em frente à lareira, enquanto as outras duas garotas estavam acomodadas em duas poltronas.
- Hey – Ginny fez, chamando a atenção deles. – Vocês sabiam que só falta uma semana para o baile?
Todos se entreolharam e trocaram sorrisos cúmplices, menos Harry, que não entendeu aquela reação.
- Baile? Que baile? – questionou, intrigado.
O olhar que o melhor amigo lhe lançou fez Harry pensar se ele era um fantasma ou algum tipo de alucinação estranha.
- Como assim?
- É, Harry, - Luna concordou. – Dentre todas as pessoas, você é quem justamente deveria saber.
- Ou talvez ele tenha colocado isso no fundo de suas obrigações, afinal, sabemos aqui que Harry não é esse tipo de pessoa que gosta do holofote que recebe. – Hermione contrapôs, e o moreno percebeu que a amiga o defendia. Mas por quê?
- Do que é que vocês estão falando? – ele perguntou de novo.
- Oras, Harry, você não sabe que daqui a alguns dia, o mundo bruxo comemorará cinco anos da queda de Voldemort? – Ginny falou, cruzando os braços.
Um segundo estalo surgiu na cabeça do auror. Era verdade, lembrava-se de ter visto algo do tipo num dos vários Profetas Diário jogados sobre a escrivaninha de seu quarto. Só não esperava que já tivessem se passado cinco anos. Tão rápido assim?
- Parece que estamos com um problema de memória. – sua ex-namorada comentou marotamente.
- Não, é que... Sei lá, estive há tanto tempo numa rotina de vida completamente pirada e intensa que nem tive um segundo sequer para pensar no que está acontecendo no mundo bruxo. Meu cérebro estava programado para “criar, invadir, atacar e prender” que eu não pensava mais em outra coisa. – ele explicou, fixando o olhar no pé da poltrona onde Hermione estava.
- Então vamos atualizá-lo. Daqui a uma semana, fará cinco anos que Voldemort caiu definitivamente, e o Ministério da Magia organizará uma festaem comemoração. Todosnós recebemos convite e, é claro, você também. E considerando que você foi o responsável por isso, é bem provável que seja a pessoa mais importante a dar presença.
O estômago de Harry despencou ao passo que seu cérebro resgatava memórias antigas, desde antes de ter começado a trabalhar intensamente. Lembrou-se do status e do tratamento de celebridade que recebia. Autógrafos incessantemente sendo pedidos, revistas e jornais do mundo todo implorando por entrevistas, sempre idolatrado onde quer que passasse, mulheres que sempre chegavam nele flertando descaradamente. Não conseguia ir a lugar nenhum sem que algum desconhecido surgisse em seu caminho.
E isso o irritava. Profundamente. Porque era a prova viva de que não alcançara a vida normal que tanto prezou e ansiou por ter assim que destruiu seu maior inimigo, nem que nunca alcançaria.
E agora que estava de volta, todo o inferno voltaria, em intensidade e proporção maiores que as anteriores, especialmente por se encontrar às vésperas do aniversário do fato que o tornara adorado.
- Ah não. – gemeu, e percebeu que seus olhos encontravam-se vidrados na direção da escada.
- Eu sabia que essa seria sua reação. – Hermione disse num tom de solidariedade. – Aposto que você não quer ir, não é? E também sabe que, se não for, a situação será mil vezes pior. Toda a imprensa irá atrás de você, perturbará seu sono, sua calma e sua vida querendo saber o motivo da sua ausência. Então, por mais que você odeie o que irei dizer, ir é a sua única opção.
Ele fechou os olhos com força, tentando ignorar o eco que as palavras da amiga faziam em seus ouvidos. Ela estava certa.
- Ah não. – repetiu com a voz estrangulada. – Ah não. Ah não.
- Qual é o problema? – Ron se meteu. Àquela altura, ele e a irmã esqueceram completamente o jogo, e as peças no tabuleiro ficavam fazendo caretas para eles. – Uma festa não é tão ruim assim. É até bom, sabe, um pouquinho de diversão. Não é o fim do mundo.
A irmã e a ex do ruivo lançaram-lhe olhares mortificantes.
- Só digo a verdade. – Ron deu de ombros.
- Às vezes, acho que você gosta de toda a atenção que recebe, Ronald. – Ginny acusou, meneando a cabeça.
- Só acha? Tenho certeza. – Hermione adicionou.
Ron devolveu os olhares das duas mulheres.
- O que é que estão dizendo? Lembro de duas garotas que ficaram animadinhas e até fizeram planos de saírem para comprar vestidos assim que receberam os convites! – falou olhando para ambas.
- Vocês estão sendo muito dramáticos. – falou Luna de seu canto. – Estão vendo a festa como uma preparação para o abatedouro. Pensem que é a oportunidade de ver como as pessoas estão bem e felizes com os esforços que fizemos para trazer paz ao mundo e como nós também devemos nos sentir assim. Não é uma questão de estrelato.
- Obrigado, Luna. Finalmente alguém que me entende. – Ron disse.
- Sabemos disso, Luna. – Hermione suspirou pesadamente e seu tom professoral entrou em cena. – O problema é que todo esforço nobre e todo o significado verdadeiro de um evento sempre acaba indo por água abaixo devido à superficialidade. Teoricamente, é para isso mesmo que o baile foi organizado, mas na hora você verá que tudo se trata apenas de quem está com quem, quem está por cima, quem não está, quem está bem vestido, quem não está.
- E pelo visto continuará para sempre assim se continuar havendo pessoas conformadas com a situação. – a loira contra-argumentou veemente. – Estou pouco me lixando para essas futilidades, e isso vem de uma pessoa que faz parte do mundo da imprensa.
- É, Luna, mas o tipo de imprensa com a qual você trabalha tem conteúdo e é respeitado. – Ginny redarguiu. – Não é o que Hermione quer dizer.
- Eu só sei que estou indo e não quero nem saber sobre o que vão pensar de mim lá.
- Eu também. – Ron concordou prontamente.
- Claro que todos iremos. – a ruiva revirou os olhos. – Não ouviu o que Hermione disse sobre o que acontecerá se não formos? Já consigo até ouvir os comentários “Ginny Weasley sozinha e sem O Eleito”...
Harry lembrou-se de quando ainda namorava a ruiva e ambos eram praticamente perseguidos pelos tablóides, que desejavam saber sobre a vida amorosa deles. Agora que os dois tinham rompido, a imprensa viria mais avassaladora que uma tempestade, mesmo que o fim tivesse sido determinado um ano atrás.
Ele afundou no sofá. A festa ainda estava distante e já conseguia prever o que aconteceria por lá.
- Falando nisso, Harry, prepare-se. – Hermione se ajeitou na poltrona e virou-se para ele. – Vão ter mulheres chovendo em cima de você, implorando toscamente para você convidá-las só para terem seus quinze minutos de fama porque sabem que, com quem quer você vá, os sensacionalistas ficarão em cima dela. Se bem que... Se você for sozinho, também irão querer saber por que você, justo você, está desacompanhado. Se você achou que essa semana foi ruim, espere até a próxima.
O moreno resmungou e enterrou o rosto numa almofada. As mulheres interesseiras. Esquecera-se delas também. Não queria nem imaginar o que viria nos próximos dias, pois, cada segundo que pensava, maior tornava-se a vontade de se esconder embaixo da cama e ficar até a festa passar.
Ele não se importava de ir acompanhado, claro, mas que fosse por alguém sincero, verdadeiro e, principalmente, que não desse a mínima para a imprensa e com força de vontade o suficiente para aturar jornalistas como abutres. Alguém que gostasse dele não pelo que tinha, não pelo status, mas sim pelo que, no fundo, era. Contudo, poucas foram as mulheres com quem saíra que eram desse jeito.
No fundo, no fundo, mesmo que encontrasse uma acompanhante ideal, ainda sim se sentiria péssimo por estar jogando-a na cova das serpentes.
Decidiu-se: iria sozinho. Afinal, quem poderia levar? Ele ergueu a cabeça e olhou os amigos. Bem, ali estavam três mulheres decentes que conhecia. Porém, não convidaria Ginny, pois tudo o que queria dela era apenas amizade. Além do mais, Ron o mataria porque provavelmente pensaria que ele estaria brincando com os sentimentos de sua irmã.
Seu olhar recaiu sobre a poltrona mais próxima. Luna? Não, já havia saído com ela uma vez, e a experiência que tivera na festa de Natal do Professor Slughorn em Hogwarts tinha sido o suficiente.
Os olhos chegaram mais para o lado e pousaramem Hermione. Sabe-selá por que, a mente dele vagueou para uma cena do Baile de Inverno, de seu quarto ano em Hogwarts, em que a morena gritava para e ele e Ron que não era a última opção de ninguém.
Naquele momento, no entanto, ela lhe pareceu a primeira e única opção que tinha.
Hermione era uma mulher forte, determinada e já acostumada com as provocações da imprensa. Nos anos deles em Hogwarts, vários foram os boatos de que os dois estavam juntos e ela agüentou-os muito bem. Era um fator positivo.
Por outro lado, ela era sua melhor amiga e, pior, a ex-namorada de seu melhor amigo. Por mais que Hermione tivesse superado Ron, Harry sabia o quanto o ruivo gostava dela e nem queria saber o que o amigo faria consigo se soubesse que a mulher que amava seria nada mais nada menos do que a acompanhante do heroi do mundo bruxo.
Além disso, Hermione poderia ter seu próprio acompanhante – e a ideia o incomodou um pouco, sabe-se lá por qual motivo. Mas por que não? Ela era uma mulher incrível, e o homem que a acompanhasse carregaria uma honra imensa.
Não, definitivamente não poderia convidar Hermione. Até por que ela o rejeitaria, dizendo que os dois eram apenas amigos e que, se fossem juntos, seria como se a imprensa tivesse achado a mina de diamantes das fofocas.
O jeito era ir sozinho, aguentar aquela semana e sobreviver à festa. Afinal, era Harry Potter, não? O homem que enfrentara mais de cem dementadores, um dragão Rabo-Córneo Húngaro, matara um basilisco com uma espada, derrotara um trasgo adulto, quebrara a barreira do tempo para salvar o padrinho e aniquilara o bruxo das trevas mais cruel que a dimensão mágica já vira. E tudo antes dos dezoito anos.
Mas entre ir a um baile e duelar de novo contra Voldemort, Harry estava quase se convencendo de que a segunda opção era mais segura.
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N/A: Sim, estou viva hahahah Desculpa a demora, mas é que eu tava me sentindo mais inspirada pra Canção, minha outra fic, aí eu meio que esqueci dessa um pouco. Acabou que nela eu n fiz qse nada haha Enfim, espero que eu tenha compensando com esse cap, pq eu gostei muuuito de escrevê-lo, e deve estar bom mesmo, pq é raro eu gostar de algo que escrevo =P Ria sozinha aqui com as besteiras que colocava hahaha Então, q bom q a Mione superou o Ron pq eu só acho q ele já ta mirando outra (George e Lino q o digam hahah) E n me batam pq o Harry n convidou a Mione pra festa pq ele ainda n sabe de nada hahaha E já disse que é só o começo
Se vocês, leitores, forem bonzinhos, o cap 3 vem mais rápido (e mais legal =P) Lembrem-se que vocês me inspiram bastante e, por isso, agradeço muitíssimo aos comentários (: Como isso nunca foi betado, qualquer erro, me avisem por favor. Beeeijos!
Comentários (6)
O capítulo ficou muito bom. Adorei essa reunião entre a família Weasley - ri demais das brincadeiras... o Teddy é muito fofo, e inocente, kkkk - e amigos. Mas fiquei curiosa sobre o motivo de Hermione e Ron - impressão minha, ou ele está ALÉM de preocupado com Luna? - terem terminado. E também, qual o motivo de Gina ignorar Luna? Elas estão chateadas? shaushauhsa O Draco vai entrar nessa fic? Ai ai, tantas perguntas, parece um interrogatório, sahushaushua. Espero que o Harry convide a Mione! Será que ela está esperando que ele a convide? Tadinha, SHAUHSUAHSUA. Bom, adorei o capítulo. Tive de lê-lo em fases - tem até algumas coisas que não lembro mais sobre as quais queria comentar quando li, HSUAHSUAHSUA. Desgraça. Vou esperar o próximo capítulo pra me clarear a mente. Aí, também já sei como não esquecer tópicos que quero comentar, hihi. Beijos,Jan
2012-02-14Outro excelente capítulo!Acredito que já tenha dito isso, mas a forma como você escreve é maravilhosa, é prazeroso ler!Quanto aos comentários sobre o capítulo, eu percebo que não sou só eu que tenho uma simpatia diferenciada (negativamente) pelo Ron... Rsrsrs.O Teddy realmente é uma criança adorável, imaginei até uma cena entre esse nosso shiper querido e ele, num futuro próximo. Meu Deus... O que eu não daria para ver Hermione vestida de cheerleader (Não a Emma, eu particularmente não acho que a Hermione se pareça muito com ela) e fazendo rimas divertidas e gritando extasiada! Isso seria muito bom! (Hahaha!)A Luna, poxa, eu acho ela tão querida. É uma das minha personagens favoritas, mas mesmo assim ela é tão lesa que dá dó.Essa Molly dando uma de Zeus, com raios nos olhos é realmente algo que não agrada muito a visão!Enfim, o capítulo é excelente, a autora é fantástica, e essa fic é fora de série! Quero que essas notas tenham um limite maior! Queria dar 10!Beijos, boa semana e boa escrita!
2012-02-14Começei a ler agora e estou gostando do que eu estou vendo, adoro HHr, por isso peço q continue a manter esse casal q JKR nos privou,até o próximo,abraços
2012-02-13Capítulo novo. Oba.Mas ainda não consegui lê-lo todo, SHAUSHAUSHAUSHUA.Volto mais tarde pra comentar o conteúdo.
2012-02-13Capítulo enorrrrme, adorooooooooo. A forma como você escreve os diálogos entre eles é fantástico, muito bom mesmo, parabéns. Agora estou no aguardo dese super baile e da repercussão da ida dele com a nossa querida mione, beijos.
2012-02-12O cap foi fantastico a familia Weasley é realmente fantastica e o Tedy é muito fofo.Só quero ver do casal HH quem vai se tocar primeiro.Quero ver como vai ser este baile.
2012-02-12