Capítulo único

O perfume adocicado invadiu as narinas de Teddy no instante em que seus pés tocaram o hall de entrada da casa de seu padrinho. E então ele soube que ela estava lá. Antes mesmo que seus olhos a encontrassem, ele sabia que ela estava ali. Ninguém precisava lhe dizer. Simplesmente sabia e ponto final.

O estranho era que Teddy nunca se sentiu tão estupidamente ansioso para ver Victoire, como vinha acontecendo nos últimos dias. Nunca sentiu tanta necessidade de tê-la por perto, nem que fosse apenas para irritá-la – o que estava acontecendo com muita frequência. Apesar de serem melhores amigos desde sempre, estavam brigando mais do que o normal. Talvez fosse o stress do último ano da escola que estivesse fazendo Ted agir feito um imbecil às vezes ou então era o fato de Vic ter decidido ser amiga de outros meninos. Não sabia ao certo o que impulsionava seu comportamento idiota, mas tinha lá suas suspeitas.

Encontrou Victoire na sala de estar, ajudando James, Albus e Lily com os enfeites da árvore de natal. Sua tia Gina (tia de consideração, na verdade) estava lá também, mas ela ficava apenas supervisionando. Sabia perfeitamente que se deixasse James sozinho, ele inventaria um monte de histórias absurdas sobre o natal em Hogwarts, apenas para assustar seu irmão mais novo.

- Teddy, querido, que bom que você chegou! – Gina sorriu para o jovem e se adiantou para lhe dar um abraço apertado – E sua avó, onde está?

- Oi tia! – Teddy abraçou a mulher – Foi para A Toca. Acho que foi ajudar a Sra. Weasley com as sobremesas ou algo do tipo.

Gina deu uma risada.

- Como se a mamãe fosse mesmo aceitar ajuda com alguma coisa – Gina comentou para ninguém em especial – Bom, agora que está aqui vou para a cozinha terminar o assado. Logo a Hermione vai chegar e vai ter um ataque se souber que nem comecei a preparar a sobremesa para a festa. Não deixe James assustar o Albus.

- Não vou deixar – Teddy garantiu, embora precisasse admitir que achava bastante engraçado quando James e Albus começavam a discutir, e o mais novo sempre acabava chorando por alguma estupidez dita pelo mais velho. Crianças eram tão esquisitas.

Teddy caminhou até estar próximo a Victoire, que estava ajudando Lily a pendurar um enfeite na parte mais alta da árvore. Vic sempre fora alta e esguia – assim como sua mãe – então não tinha dificuldades em ajudar sua prima.

- Hey Vic! – Teddy cumprimentou a menina, enquanto pendurava uma bola dourada na árvore – Onde estão seus irmãos?

- Decidiu falar comigo de novo? – ela perguntou, sem nem olhar para Teddy. Ainda estava chateada pela última briga que tiveram – Não, Lily, é assim que se coloca. A cabeça da rena tem que ficar virada para cima.

Lily deu uma risada. Sabia perfeitamente como se colocava os enfeites, só estava fazendo tudo errado para manter Victoire distraída. Podia ser apenas uma criança, mas sabia que havia algo errado com a prima, então a forma de ajudar foi agindo feito uma tontinha que não sabia enfeitar uma árvore de natal direito.

- E, respondeu a sua pergunta, a Domi e o Louis vão vir com os meus pais. – Vic ainda não tinha se virado para olhar Teddy, embora tivesse consciência da proximidade entre os dois. Podia sentir seu perfume e sabia perfeitamente que ele estava com aquele sorrisinho irritante nos lábios.

Teddy coçou a nuca, bagunçando um pouco seus cabelos – que estavam castanho-escuros naquele momento – e balançou a cabeça negativamente. Aquela menina sempre tinha o dom de dificultar as coisas.

- Sério mesmo que você não vai falar direito comigo? – perguntou, parando bem ao lado de Victoire dessa vez.

James e Albus haviam começando a discutir alguma coisa sobre o Trasgo das Masmorras, mas Teddy não estava dando a mínima.

Victoire respirou fundo e contou mentalmente até dez, antes de se virar para encarar Teddy. Seus olhos, ela notou, estavam azul-esverdeados – exatamente como gostava – e teve a certeza que ele havia deixado daquela cor apenas para agradá-la.

- Não acho que devemos nos falar. – ela disse, desviando o olhar do dele. – Pelo menos não enquanto você não disser a palavra mágica.

- Por favor?

- Argh, esquece – ela pegou a caixa com os enfeites que restavam e saiu andando em passos firmes em direção a escada que levava ao segundo andar.

- O que foi que eu fiz de errado, afinal? – ele perguntou, a ninguém em especial, mas Lily estava atenta a conversa que a prima e o quase irmão estavam tendo, de forma que respondeu:

- A palavra mágica, dessa vez, é “desculpa” – explicou, enquanto colocava um dos presentes embaixo da árvore – Ela está bem chateada com você.

- Eu sei! – disse desanimado. E ele sabia mesmo. Havia sido totalmente estúpido com Vic quando a encontrou aos beijos com Charles Finnigan, um garoto da Grifinória e jogador do time de Quadribol. Não sabia muito bem o porquê daquilo, mas não pode evitar. Quando viu, já estava interrompendo os dois e descontando toda a sua raiva na menina, como se ela tivesse mesmo feito algo muito errado.

- Eu já disse que o trasgo das masmorras é solto toda noite para assustar os garotos do primeiro ano, e você vai ter que conviver com isso ano que vem.

- Não vou nada!

- Vai sim e ele vai te trancar dentro da masmorra, porque você é muito lerdo e não vai conseguir correr para longe o suficiente dele, e...

- PAPAAAAAAAAAAAAI!

Foi só quando ouviu o grito de Albus e viu o pequeno correr para fora da sala, que Teddy voltou à realidade. Estava tão perdido em seus pensamentos, que não notou o momento em James começou a assustar o irmão.

- James, você não deveria assustar o Albus desse jeito. Isso é errado.

- Brigar com a Vic também é e você fez isso quase todos os dias, desde que as aulas começaram. – James jogou aquilo na cara de Teddy sem dó.

- JAMES SIRIUS POTTER...

- Já vou, pai! – James correu para fora da sala assim que ouviu o chamado de Harry.

Teddy até tentou, mas não conseguiu evitar uma risada. Era tão engraçado ver a facilidade com que James conseguia se meter em encrenca. Merlin o ajudasse ou em breve ele seria a nova promessa de garoto problema da escola. Se apenas com onze anos aprontava inúmeras coisas, não queria nem imaginar o que seria daquela escola quando ele fosse mais velho.

Em silêncio, perdido nos próprios pensamentos, ajudou Lily a terminar de arrumar a árvore de natal. Depois, os dois foram pendurar as meias na lareira e colocar mais alguns enfeites espalhados na sala. Poderia ter feito tudo com magia, afinal, já tinha dezessete anos, mas preferiu ajudar a prima da forma convencional; não queria causar inveja na menina de oito anos, que havia manifestado o dom da magia há pouco mais de um ano e ainda não conseguia controlar as coisas estranhas que fazia quando estava eufórica demais ou irritada demais. No final de tudo, ele julgou que tinham feito um bom trabalho. A sala de estar estava dignamente decorada para a festa de natal que teriam aquela noite. Esperava que seu padrinho Harry tivesse a sorte de fazer um trabalho decente do lado de fora da casa, já que estava acompanhado por Albus e James, e os dois raramente davam sossego.

- Por que você não vai falar com ela? Aposto que a Vic está lá no meu quarto, mexendo nos enfeites e pensando em como garotos são extremamente problemáticos.

- Você tem certeza que tem só oito anos, Lily? – Teddy perguntou com divertimento.

A menina ia responder, mas naquele instante Hugo cruzou a porta da sala e a pequena ruiva se distraiu com a presença do primo. Os dois logo deram as mãos e saíram correndo para fora do local. Pela janela, pode ver Rony e Harry fazendo feitiços para decorar o jardim, enquanto Rose, Albus e James – os dois, aparentemente, haviam esquecido a briga idiota – estavam brincando com a neve. Ouviu as vozes de Hermione e Gina na cozinha, as duas conversando sobre alguma receita de torta, ou pelo menos fora isso que entendeu.

Percebendo que não tinha mais nenhuma utilidade ali, decidiu subir as escadas e ir atrás de Vic. Ela provavelmente ainda estava querendo sua cabeça, mas como Lily mesmo dissera, era só pedir desculpas que tudo iria se resolver.

Como a própria Lily também havia previsto, Vic estava em seu quarto, revirando uma caixa de enfeites. Teddy sabia que ela não estava a procura de nada em especial. Queria apenas se distrair e ficar o mais longe dele possível, porque não aguentava mais todas as brigas sem propósito.

- Posso? – Ted perguntou, colocando a cabeça para dentro do quarto.

- O quarto não é meu, então fique a vontade. – Vic respondeu acidamente – Se veio buscar os enfeites, pode levar. – estendeu a caixa para ele, que apenas deu de ombros e caminhou em direção à janela com as mãos nos bolsos.

- Vim falar com você, para ser sincero.

- Pois está perdendo o seu tempo – Vic disse – Eu não quero falar com você.

- Caso não tenha notado, já está falando.

Victoire revirou os olhos e cruzou os braços em frente ao corpo, chateada. Ted e ela sempre foram melhores amigos e agora mal conseguiam manter uma conversa sem começarem a discutir feito duas crianças. Até mesmo James e Albus pareciam ter mais senso que os dois, o que era absurdamente vergonhoso.

- Diga de uma vez e me deixe em paz.

- Vic, olha só, me desculpa por ser um idiota que não consegue ficar de boca fechada e sempre ferra com tudo. Eu não deveria me meter na sua vida, mas quando vejo, já meti os pés pelas mãos e falei o que não devia. Você não merece ficar ouvindo as idiotices que falo e não tem culpa por eu ser mentalmente afetado.

Victoire meneou a cabeça negativamente e deu uma risada com a última frase que Ted dissera.

- Você é mesmo mentalmente afetado, Teddy – Vic garantiu – Mas isso não justifica o fato de ser excessivamente ciumento. Você é meu amigo e não meu pai. Precisa começar a relaxar e me deixar viver da forma que acho melhor, e não ficar agindo feito um ignorante todas as vezes que me vê com alguém. Você não tem esse direito.

- Eu sei, mas...

- Além do mais, as pessoas estão começando a comentar, sabe? Dizem que seu ciúme... Bom, que seu ciúme é por que...

- Por que o quê?

- Porque você gosta de mim e não suporta a ideia de me ver com outra pessoa. – Victoire colocou aquilo para fora, sentindo suas bochechas esquentarem e alguma coisa se mexer em seu estômago. Então aquela era a sensação de ter borboletas no estômago, afinal. E ela não estava gostando muito de sentir aquilo.

Ted ficou sem reação por um instante, como se seu cérebro, de repente, tivesse pifado. Em seguida, desatou a rir nervosamente daquele absurdo.

- As pessoas que dizem isso são uns perfeitos idiotas – Teddy comentou, ainda entre risos – Eu nunca me apaixonaria por você, Victoire. Por Deus, isso é absurdo.

- Por quê? A ideia de você gostar de mim é nojenta, por acaso? Você não me considera boa o suficiente, Ted, é isso? – Vic perguntou, sentindo uma raiva gigantesca crescer dentro dela. Queria atirar todos os enfeites daquela caixa sobre Teddy, apenas para fazê-lo parar de rir, mas isso acabaria lhe rendendo um castigo em casa e ela provavelmente se arrependeria caso o machucasse.

- O quê? Não, eu só disse que...

- Que nunca se apaixonaria por mim porque isso é um absurdo. – Victoire disse com certa mágoa – Mas tudo bem. Quer saber? Eu também não me apaixonaria por você. Sabe, Teddy, você não faz meu tipo.

- E quem faz seu tipo, Vic? O retardado do Charles Finnigan?

- E se for? Qual o problema?

- O problema é que isso faz de você uma retardada também, e eu não gosto de pessoas idiotas! Definitivamente, eu não poderia estar apaixonado por alguém como você. – Teddy gritou para a jovem e só então percebeu que havia ido longe demais. Os olhos azuis de Victoire ficaram cheios de lágrimas e seu lábio inferior começou a tremer, como se ela estivesse fazendo mesmo muito esforço para não começar a chorar. Essa imagem o fez se arrepender de cara por ter dito aquelas palavras para ela. – Vic, por favor, me desculpe! Eu não quis...

- Eu odeio você, Ted! – ela disse e então correu para fora do quarto de Lily, sem rumo. E daí que estivesse na casa de seus tios e não havia muito lugar para se esconder? Só queria ficar o mais longe daquele garoto, antes que ele a visse chorar feito uma criança que acabou de perder um brinquedo.

- Parabéns, Ted! Você tinha mesmo que ferrar com tudo. – murmurou para si mesmo antes de sair do quarto e ir para o jardim ajudar os tios. Precisava se distrair, para só então pensar em como faria para se desculpar novamente com Vic.

 

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Quando a noite chegou, a casa de Harry estava lotada com todos os Weasley e amigos próximos da família, como Neville Longbottom e Luna Lovegood. Todos estavam felizes por passarem mais um Natal juntos e poderem comemorar aquela data em paz. Por mais que o mundo bruxo estivesse na mais perfeita calmaria há vários anos, era sempre bom agradecer por isso. Todos os mais velhos se lembravam perfeitamente como era passar as festas preocupados com o dia seguinte, sem saber se seriam mortos por comensais ou não.

Teddy estava sentado na varanda da casa, observando Vic brincar com os primos mais novos. Ela parecia um verdadeiro anjo com seus cabelos loiros caindo em cascatas e aqueles olhos azuis que a deixavam ainda mais perfeita. Olhos esses que, quando encontraram os seus, refletiam a mais perfeita mágoa.

- Sabe, se você gosta dela, deveria ir até lá e acabar com esse clima que está entre vocês. – Harry disse, fazendo com que o afilhado saltasse de susto. Estava tão ocupado observando Vic que não percebeu a chegada do padrinho.

- Eu não gosto dela, tio. – Ted disse na defensiva – Só não gosto de ficar brigado com ela e muito menos de vê-la com outros garotos. Eu sei o que passa na cabeça dos meninos daquela escola. Eles só querem sair com ela porque é linda, tem um sorriso incrível, cabelos esvoaçantes, olhos incrivelmente azuis, tem a mania irritante de ficar tamborilando os dedos sobre a mesa quando está distraída, gosta de ler alguns contos trouxas e...

- Você tem certeza que não gosta dela, Teddy? – Harry perguntou com uma risada – Porque, sinceramente, não acho que os garotos que querem sair com a Vic tenham percebido todos esses detalhes.

Teddy ficou em silêncio, voltando a observar a forma como Vic dava risada e jogava a cabeça para trás, como se estivesse simplesmente livre de qualquer chateação.

- Merda, a quem eu quero enganar? – Teddy encarou o padrinho – Sou completamente apaixonado por aquela garota, pai.

Harry sorriu gentilmente, principalmente por ter ouvido seu afilhado lhe chamar de pai. Teddy quase não o chamava assim, mas quando fazia, Harry se sentia incrivelmente feliz, pois sabia que havia feito a coisa certa e estava cumprindo muito bem seu papel de padrinho e segundo pai. Queria ser para Ted o que Sirius foi para ele: um amigo, um conselheiro e uma figura paterna.

- Então vá até lá e diga isso a ela. Não faça como eu que levei anos para descobrir que era apaixonado pela Gina.

- E se... E se eles não gostarem. – Teddy disse “eles”, se referindo aos pais e avós de Vic – Quero dizer, fomos criados como primos e eles podem não gostar muito da ideia de me verem com ela.

- Deles eu cuido. Agora vá lá, chame ela para dar uma volta pelo bairro e se declare de uma vez antes que a perca para sempre. – Harry deu uns tapinhas no ombro do afilhado, que apenas sorriu e se colocou de pé, caminhando em direção a Victoire, que ainda brincava com as crianças da família.

Vic percebeu a aproximação, mas preferiu se manter indiferente, afinal, Teddy lhe devia um belo pedido de desculpas pelas coisas que havia dito aquela tarde e era bom que ele fosse criativo, ou não o perdoaria com facilidade.

- Vic, podemos conversar? – Teddy perguntou sem rodeios.

- Estou ocupada, Ted, caso não tenha notado. – Victoire disse, sem olhar para ele.

Teddy coçou a nuca e suspirou alto. Sabia que Vic ia fazer jogo duro, porque ela era extremamente mimada e quando alguém a irritava, Merlin tivesse piedade, ou ela iria agir com indiferença até achar que a pessoa já foi suficientemente castigada.

- Vamos lá, Vic, vai ser rápido. – Teddy praticamente implorou – Precisamos mesmo conversar. Não seja má comigo e vamos dar uma volta.

Victoire pensou por um instante e deu de ombros. Não tinha nada a perder, afinal. Se Ted ousasse a ser estúpido com ela novamente, afundaria a cara dele na neve e chutaria suas partes baixas. Simples assim.

- Certo – ela finalmente olhou para ele, mas sem sorrir – Deixe-me avisar meus pais primeiros, e...

- Não precisa! Eu avisei ao tio Harry que iria levar você para dar uma volta pela vizinhança. – Teddy garantiu – Podemos ir?

Victoire mordeu o lábio inferior, indecisa, mas seguiu com ele. Torceu para que nenhum de seus primos começasse a aprontar ou levaria uma bronca daquelas por não ter tomado conta das crianças.

Caminharam em silêncio durante algum tempo. Teddy procurava as melhores palavras em sua mente para poder usá-las de forma correta e não assustar Vic com o que estava para vir. Ela precisava saber o motivo dele agir feito um completo trasgo. E ele torcia internamente para que seus sentimentos fossem correspondidos.

- E então, sobre o que queria conversar? – Vic puxou o assunto, assim que percebeu que Teddy não faria isso.

- Sobre a forma que venho agido com você – Teddy parou de andar de repente e se virou para ficar em frente à garota. Queria que ela visse em seus olhos o quanto estava arrependido e que acreditasse nos sentimentos que nutria por ela – Eu tenho sido um grosso, idiota, estúpido, trasgo, enfim, tenho sido a pior pessoa do mundo para você e sei que isso é errado, porque você não merece que eu aja assim.

- Todos esses elogios são poucos para definir a forma como você vem agindo – Victoire disse, empinando o queixo para demonstrar certa superioridade – E eu realmente não consigo entender porque você vem agindo dessa forma. Parece que desenvolveu algum distúrbio de personalidade, sério. Às vezes penso que você é bipolar e em outras acredito que você é um completo imbecil. Ainda não consegui definir qual das duas teorias se encaixa melhor, mas acho que a segunda delas combina mais com você.

Teddy teria rido se não estivesse tão nervoso com aquela situação. Sentia um frio na barriga estranho, coisa que agora ele conseguia definir o que era. Em pensar que todo esse tempo ele pensou que estava com algum problema estomacal...

- Você é tão gentil, Vic, que me surpreendo – Teddy disse debochado – Mas você tem razão ao pensar isso. Tenho mesmo agido errado com você e queria me desculpar por isso.

- De novo? – Vic deu uma risada sem humor – Quantas vezes você vai gritar comigo e dizer um monte de coisas más, incluindo que sou uma retardada, e vir se desculpar? Sabe, Ted, isso magoa. E não é pelas palavras em si, e sim porque você, supostamente, é o meu melhor amigo e sempre espero que vá agir de forma decente comigo. Então, do nada, você decide mudar o comportamento e me tratar como qualquer uma... Logo eu que sempre estive perto de você; logo eu que sou apai... – ela se interrompeu rapidamente, sentindo as bochechas corarem furiosamente. Havia lágrimas em seus olhos novamente, o que era estranho, já que ela não gostava muito de chorar na frente dos outros.

- Logo você que é o que? – Teddy perguntou, sentindo seu coração bater mais rápido. Ou o frio havia congelado seu cérebro ou Victoire quase havia se declarado.

- Nada, esquece! – ela disse emburrada – Você queria se desculpar e já fez isso. Agora vamos voltar, não posso deixar as crianças sozinhas.

Victoire se virou para ir embora, mas Teddy segurou seu braço, impedindo que ela saísse dali e voltasse para a casa de seu tio.

- O que você sente por mim, Victoire? – Teddy perguntou, sério. Seus olhos se mantinham fixos nos de Victoire, que parecia mesmo que ia começar a chorar a qualquer segundo.

- Nada! – ela tentou puxar seu braço, mas sem sucesso. Teddy era bem mais forte que ela.

- Você disse que é apaixonada por mim.

- Não disse nada!

- Disse sim!

- Eu nem cheguei a completar a frase, Ted.

- Porque você é uma cabeça dura, Vic.

- E você é um idiota!

- Sou o idiota por quem você está completamente apaixonada!

- Quem disse isso? – Victoire perguntou, em tom de desafio.

Teddy finalmente soltou seu braço, mas sua mão rapidamente foi parar na cintura da menina, trazendo-a para mais perto de seu corpo.

- Bom, tecnicamente, você começou a dizer. E mesmo que não tenha completado a frase, realmente espero que seja verdade.

- Por quê? – Victoire perguntou novamente. Aquela proximidade não estava fazendo muito bem para as suas pernas, que agora pareciam gelatinas de tão bambas.

- Porque eu sou completamente apaixonado por você, tolinha. – Teddy roçou seu nariz no dela e se afastou novamente para olhá-la nos olhos – E é por isso que tenho agido feito um trasgo. Estava morrendo de ciúmes e a ideia de que qualquer cara pudesse tocar em você me deixa maluco. Eu não quero te dividir com mais ninguém, Vic.

- Se isso é verdade, por que disse que nunca se apaixonaria por alguém como eu?

- Porque, de acordo com a sua teoria, sou um completo imbecil com a capacidade mental totalmente afetada. – Teddy brincou, arrancando uma risada da menina – Posso ter demorado para admitir isso, mas é verdade. Sou louco por você e não quero mesmo te perder, e muito menos continuar brigando com você o tempo inteiro.

Ted encarou Victoire com olhos tristes e sinceros. Tristes porque estava realmente arrependido e com medo dela simplesmente surtar e sair dali correndo; sinceros porque, pela primeira vez, estava admitindo em voz alta que realmente amava Vic e não queria perdê-la.

- Você não vai me perder, Teddy – Victoire garantiu, passando a mão pelo rosto de Ted, incapaz de permanecer indiferente aquela expressão de hipogrifo abandonado na chuva.

- Não?

- Não, tolinho – ela sorriu com todos os dentes brancos e perfeitos para ele – Porque por mais imbecil que você seja, eu te amo e não dá para lutar contra isso.

Ted sorriu e então encerrou aquela distância que os separava colando seus lábios aos dela, em um beijo calmo e apaixonado. Um choque percorreu por seu corpo com aquele simples e significativo ato, e seus cabelos começaram a mudar de cor em uma velocidade absurda. Isso nunca havia acontecido antes, porque nunca havia se apaixonado daquela forma e nunca desejou tanto um beijo quanto aquele.

Sorriu para Vic ao se afastarem e franziu o cenho ao ouvir a risada divertida da menina.

- Hmmmm... Teddy?

- O que?

- Cabelo rosa não combina muito com você. – Vic disse, passando a mão pelos cabelos dele, sem conseguir evitar uma gargalhada.

Ted também riu e fez seu cabelo voltar a cor castanho-escuro, exatamente como estava desde cedo.

- Assim está melhor? – perguntou.

- Muito melhor – Vic garantiu, dando um beijo rápido em sua bochecha – Agora precisamos voltar, porq...

Victoire interrompeu a própria frase quando um floco de neve tocou a ponta de seu nariz. Sorriu, se afastou um pouco de Ted e estendeu a mão, na esperança de que outro caísse ali e ela pudesse admirá-lo antes que derretesse, exatamente como fazia quando era pequena.

- Está nevando – ela disse, admirada.

- Yeah – Teddy sorriu – Natal sem neve não é natal.

- Não mesmo! – Vic continuou observando a neve cair, como se fosse a primeira vez que estivesse presenciando esse acontecimento.

- Vic?

- Sim? – ela se virou para encará-lo.

Teddy tornou a puxá-la pela cintura, trazendo-a para mais próximo de seu corpo. Encarou os olhos azuis da menina e sorriu involuntariamente, como se aquilo fosse a coisa mais linda do mundo. E de fato era. Pelo menos para ele.

- Feliz Natal, Vic! – e então ele a beijou mais uma vez, torcendo para que seu cabelo não virasse um arco-íris dessa vez.

 

 

 

 

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N/A: Hey amores! A fic é meio bobinha, eu sei, mas meio que virou um costume escrever contos de natal para comemorar a data, e dessa vez quis mudar um pouco. Ao invés de Rose/Scorpius, fiz Victoire/Teddy =D Espero que vocês tenham gostado, porque eu, sinceramente, achei bem bonitinha hauhauahua Comentem, certo? *o*

Feliz Natal a todos!

Xoxo,

Mily.

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