Preocupações



No capítulo anterior...

– Olha Remus, a gente não tem que fazer isso. – disse com calma, retirando o saco das mãos do amigo. – Vamos só cumprir a detenção, está bem?

– Mas Lily...

– Essa... essa brincadeira está muito fraca, não acha? – falou, ainda tentando convencê-lo – Da próxima vez, pensamos em uma melhor, uma pegadinha épica, ok?

Aquilo parecia ter convencido Lupin. Quando Lily virou-se novamente para continuar seu trabalho, ouviu a voz do garoto dizendo, empolgado:

– Está bem. Mas aquela festa ilegal no Salão Comunal da Grifinória para zoar o Potter ainda está de pé, certo?

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O mente de Lily praticamente travou com aquela frase. Como assim, uma festa ilegal?

– Que festa ilegal? – perguntou sem se preocupar com o seu disfarce.

– Como assim, “que festa ilegal”? Aquela que estamos planejando há séculos! Como não se lembra, Lily, foi você que sugeriu! – falou Lupin parecendo indignado pela garota não ter a festa como prioridade em sua mente.

– Olha Remus, dá pra você me explicar essa história direito? – pediu a garota cruzando os braços e se sentando em uma cadeira. Tudo aquilo lhe deixara farta e esgotada.

Não faria mais joguinhos, não fingiria mais nada. Estava determinada em acabar com aquilo de uma vez por todas e não perderia mais tempo chorando e se lamentando pela burrada que fizera. Aquilo não era real, não era sua vida. Não esperaria mais a ajuda de Cook. Agiria por conta própria.

Lupin a fitou por alguns instantes, analisando a situação. Era claro para ele que algo estava errado, Lily se esquecendo de coisas que ela própria havia sugerido.

– Tudo bem. – disse, por fim. – Vou recapitular o plano que você mesma criou. Mas só porque estou com preguiça de limpar isso aqui.

A detenção! Por um momento, esquecera o motivo de estar trancada na sala de poções às oito horas da noite com Remus. Mas a limpeza podia esperar, afinal, tinham ainda 3 longas horas pela frente. Poderia ouvir o plano absurdo que ela mesma criara, tranquilamente, que ainda sobraria tempo.

– Bem, você teve a melhor ideia do mundo, pois ela junta uma super festa com Potter todo zoado chorando e chamando a mamãe. – riu Lupin, esfregando as mãos uma na outra. – A gente ia dar uma festa no Salão Comunal que foi marcada pra amanhã, com muita comida e bebida. Mas o grande final é encharcar o Potter com um balde cheio de baba de dragão que eu encomendei na Zonko’s. Ele vai ficar fedendo na frente de toda a Grifinória! Se lembrou agora, amor?

Essa era a ideia mais ridícula que Lily já ouvira na vida. Primeiro: a festa, se descoberta, com certeza seria uma brecha para a expulsão dos dois maiores encrenqueiros de Hogwarts. Segundo: humilhariam James em público! Apesar de o velho Potter ter humilhado inúmeras pessoas em público, inclusive seu velho amigo Snape, o novo James não tinha nada haver com isso, seria injusto! “Ah Lily, quem você está querendo enganar? Só não quer que esse plano seja executado porque gosta do James e não quer que nada aconteça com ele.”,disse uma vozinha lá no fundo de sua mente que se parecia até demais com a voz de Cook.

– Olha Remus, sinceramente acho melhor não executarmos esse plano, não é legal e não seria justo com o James, quero dizer Potter! – justificou-se Lily firmemente.

– E desde quando você é justa? – disse Lupin, ficando irritado. – Você me impediu de soltar as bombas de bosta pra acumular toda a nossa energia e concentração pra uma pegadinha melhor e agora quer me impedir de dar a festa que você mesma sugeriu? Desculpa, mas isso eu não vou fazer. Vou dar aquela festa com ou sem você, Lily!

E virou-se rapidamente para o canto onde estava varrendo, sem dizer mais nada. Lily resolveu dedicar-se a sua detenção também, sem dizer mais nenhuma palavra. Teria que ser injusta com Remus se quisesse salvar a pele de James. Mas essa seria sua prioridade no momento. E então a ruiva teve uma grande ideia. Se James havia se tornado o gênio de Hogwarts, poderia saber o que estava acontecendo com Lily, poderia ajudá-la. “Não seja burra, ele nem te conhece.” Pensou consigo mesma. Mas era o único plano que tinha. E iria até o fim com ele.

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Após horas e horas limpando, os dois foram liberados e, se trocar uma palavra sequer, rumaram direto para seus dormitórios na Torre da Grifinória. Lily entrou sem fazer barulho, já imaginava que suas colegas de quarto (não podia chamá-las de amigas nessas circunstâncias) estariam dormindo. Deitou-se, com o uniforme mesmo, mas demorou séculos para pegar no sono. Na verdade, dormira apenas uma ou duas horas no máximo, acordando diversas vezes durante a noite.

Não conseguia parar de pensar na tal festa que Lupin daria. “Isso vai dar errado.” pensou “Vai dar muito errado”. Tinha que dar um jeito de impedir, só não sabia como. Após rolar de um lado para o outro milhares de vezes, Lily teve uma ideia, não era grande coisa, mas poderia funcionar.

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A ruiva acordou cedo para ter tempo de executar seu plano de emergência antes das aulas começarem. Afinal, a festinha idiota de Lupin seria naquela noite. Encontrou justamente quem precisava, sentado em uma das poltronas do Salão Comunal, que por sorte estava vazio devido ao horário, lendo um livro.

Lily aproximou-se devagar para não assustá-lo, afinal esse James não a conhecia direito. Preferiu tocar-lhe o ombro delicadamente ao invés de chamá-lo, pensando que isso o assustaria menos. Com certeza, o garoto não estava esperando que alguém o chamasse para conversar às 6 da manhã.

Mas o efeito foi exatamente o oposto do que a ruiva imaginava. Assim que tocou o ombro de James, o garoto pulou de susto na poltrona, o livro escapando-lhe as mãos e caindo do outro lado da sala.

– Ei, o que pensa que está fazendo? – perguntou irritado, levantando-se para pegar seu livro. – Por que me assustou desse jeito?

Lily corou. Nunca ouvira James reclamando com ela, geralmente era o contrário.Percebeu o quanto era incômodo.

– De... desculpe Potter, eu não quis assustar você. Sou Lily Evans, acho que nunca nos falamos antes. –disse a garota um tanto envergonhada, estendendo uma das mãos para James, que a apertou formalmente.

– Nunca nos falamos, mas sei quem você é. – disse Potter enquanto soltava-se do aperto de mão de Lily para ajeitar a gravata, o nó simetricamente dado pousando em seu peito magro. – “A encrenqueira” como a chamam. Por que está falando comigo?Achei que me odiasse.

– Por que eu te odiaria? – falou a garota, sem pensar.

– Bom, porque no nosso primeiro ano você arremessou um frisbee dentado na minha cara com a desculpa de que não gostava de nerds. Depois no segundo ano você e Lupin me deixaram por horas preso num armário de vassouras. No terceiro ano vocês...

– Ok, ok. Já é o suficiente! – Lily apressou-se em dizer. – Hum, deixando essa rixa de lado, podemos conversar?

Fez-se silêncio por longos e agonizantes minutos. Ao perceber que nenhuma resposta viria, a ruiva acrescentou:

– É importante. Por favor.

James sentou-se novamente, só que desta vez em um sofá ao lado da lareira, fazendo sinal para que a garota tomasse o lugar a seu lado. Lily logo se dirigiu ao sofá, um pouco nervosa. Assim que se sentou, o garoto perguntou:

– Do que se trata? O que tem de tão importante para falar comigo, Srta. Evans?

Aquilo foi muito estranho, James nunca a chamara pelo sobrenome, por mais que a garota o implorasse. E esse ainda vinha com um “Srta.” na frente!

– Olha James, posso te chamar assim? – o garoto assistiu, positivamente. – Ok, na verdade são duas coisas. A primeira tem a ver com você. Remus quer dar uma festa ilegal aqui no Salão Comunal da Grifinória hoje à noite e você é o alvo principal da pegadinha que ele bolou.

O garoto não expressou nenhuma reação, mostrando-se indiferente, como se tudo aquilo não passasse de algo de rotina. “Ei, acorda James, estou tentando ajudar você!”, pensou irritada.

– James, ele vai jogar um balde de baba de dragão em você!

Mais uma vez o garoto não falou nada.

– James, você ouviu o que eu disse? – exclamou Lily, indignada com o desinteresse de Potter.

– Perfeitamente.

– Então?

– Então o quê? E daí, Evans?

Então, Lily explodiu.

– James Potter, eu estou aqui fazendo o FAVOR de te avisar que vão jogar um balde de baba de dragão na sua cabeça hoje à noite em uma festa ilegal e você me diz “e daí, Evans”?

– Silêncio, vai acordar todo mundo! – disse James tapando a boca da ruiva com uma das mãos. Apesar das mudanças causadas pelo desejo, Lily continuava a mesma grifinória temperamental de sempre.

Apos alguns minutos, James conseguiu acalmar a garota.

– Lily, posso te chamar de Lily? – a ruiva concordou com a cabeça, ainda de cara amarrada. – Agora me diga, o que eu posso fazer com esse aviso! Vou evitar isso como, dormindo em frente ao quadro da Mulher Gorda para não entrar no Salão Comunal e correr o risco de ser humilhado publicamente? Desculpe Lily, mas eu não posso fazer nada. Obrigado por avisar, nem sei por que fez isso, geralmente é você que planeja as pegadinhas.

– Não essa. Quero dizer, fui eu sim, mas só agora percebi que fui tola e que eu... me importo com você, James. – disse a ruiva corando tanto que não era mais possível distinguir seu rosto de seus cabelos. Somente se destacavam aqueles olhos incrivelmente verdes.

Os dois se encararam por um tempo, sem falar nada. Olhando nos olhos de James, a garota percebeu que, mesmo por trás daquela “mascara” de nerd, o garoto ainda era lindo. Aquilo que dissera a pouco poderia ter apenas um significado para o rapaz, para Lily a frase tinha duplo sentido. Ela não apenas se importava com a segurança de Potter, de impedir que ele fosse alvo de humilhações e brincadeiras maldosas – apesar de uma vozinha, bem no fundo de sua consciência, com uma voz incrivelmente parecida com a de Severus, dissesse que o grifinório deveria experimentar o gostinho da humilhação – como a que estaria por vir durante a noite. Ela se importava com tudo relacionado a ele. Esse desejo mal sucedido trouxe inúmeras encrencas, mas, para uma coisa ele serviu. Serviu para mostrar a Lily que ela estava totalmente apaixonada por James Potter.

– Então, qual era a outra coisa que você ia me falar? – perguntou o moreno, quebrando o silêncio e fazendo a garota acordar de seus devaneios.

– Quê? Ah, é. – murmurou a ruiva, enquanto tentava rapidamente se lembrar do outro motivo. – Lembrei. James, eu preciso te contar uma coisa muito, mas muito importante e urgente. Você é a única pessoa que pode me ajudar.

O garoto se demonstrava extremamente curioso.

– E o que é?

– Bem, eu cometi um grande erro, sabe. Mas foi totalmente sem intenção!

– Lily, sem querer se grosso, mas eu tenho horário, sabe? E daqui a pouco os outros alunos vão começar a descer para o café! – disse James um tanto incomodado com a enrolação da garota.

– Tá, desculpa, vou contar logo. – e então Lily contou tudo sobre o que desejara sem pensar, sobre Cook e seu desespero por reverter a bobagem que fizera. Explicou tudo sobre os Marauders, cada um dos quatro, como tinham se formado, os apelidos, personalidade. TUDO.

James apenas ouvia, sem questioná-la nenhuma vez, prestando atenção nos mínimos detalhes.

– E aí, vai me ajudar ou não? – perguntou a ruiva, ansiosa por um sim.

– Não. Desculpe Lily, mas não posso ajudar você. – respondeu James balançando a cabeça negativamente enquanto o chão da garota começava a desabar.

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Capítulo com o James! Prometi que ele ia aparecer logo e cumpri, espero que tenham gostado desse momento Evans/Potter, eu pelo menos gostei. Não se preocupem, agora o James vai aparecer bastante!

Já vou avisar que o próximo capítulo será o último mas ainda farei um epílogo para a fanfic.

Muito obrigada ao pessoal que está lendo e comentando, valeu mesmo adoro quando vocês deixam opinião!

Continuem comentando e até o próximo capítulo Tenho um anúncio a fazer, não sei se farei no próximo capítulo ou só no epílogo.

Beijos! =D

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Comentários (1)

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