Dia lindo



Disclaimer: Alguns personagens, lugares e citações pertencem a Tia Jô. Esta história não tem fins lucrativos! Mas se você quiser doar alguma coisinha, estamos aí.
E blá blá blá... O resto vocês sabem...


Cap. 4 – Dia lindo.


É muito fácil passar das mentiras leves para as pesadas e acabar ferrado na negritude dos nossos atos. Será que mentimos pela covardia de não assumir os nossos atos?

Did I ever tell you
How you live in me?
Every waking moment
even in my dreams

Helizabeth olhava atentamente a sala da filha. Seus olhos pararam no relógio de parede, fixaram no ponteiro com o nome de sua neta, que apontava para viajando.

-Onde está Virgínia? Você a mandou sair para conversarmos? Para onde você a mandou? - virou-se para encarar a filha.

-Não é da sua conta! O que você faz aqui? Por mim, eu nunca mais ouviria o som da sua voz.-disse Molly ríspida e chegando a acreditar que nunca mais veria sua mãe. Não depois de ter deixado bem claro quando discutiram pela última vez, que nunca mais queria vê-la em sua frente ou muito menos que ousasse a chegar perto de sua família.

Mas Arthur como um grande coração mole bateu o pé e disse que Helizabeth tinha o direito de conhecer seus netos. Tudo bem, não teria jeito de dobrar e convencer o marido do contrario, mas nunca... nunca permitiria que ela chegasse perto de seu bebê. Se dependesse dela, Helizabeth nunca chegará perto de sua filhinha. Merlim, por que ela tinha que voltar logo agora? Tudo estava indo perfeitamente bem, ela na sua casinha com seu adorável marido e seus filhos. E como tudo que é bom nunca dura para sempre a pessoa que mais desprezava em sua vida resolvera voltar para lhe infernizar.

-Certo, tinha me esquecido que você me odeia.- disse calmamente para Molly, quase num tom sarcástico.- Mas eu estava com saudades dos meus netos. Quero dizer, meus netos e minha neta como acabei de descobrir.

-Não me venha com essa conversa de saudades, você nunca ligou nem para mim e para minha família. O que você está fazendo aqui?

-Alvo me convidou para aquela reunião...- disse Helizabeth franzindo o nariz de desgosto olhando como era a casa de sua herdeira ao trono.

Não sabia como a filha que fora criada com tudo do bom e do melhor conseguia viver naquela casa minúscula, inunda e caindo aos pedaços. Sua garotinha tinha tudo que queria em seu reino e agora estava quase passando fome ao lado de um pé-rapado sem eira e nem beira. Quase teve pena das condições precárias em que Molly vivia, mas logo passou, afinal fora ela quem escolhera esse caminho sem volta.

-E como você é muito boazinha, não Helizabeth! Veio de tão longe para uma simples reunião? Você não tinha esse direito.

A matriarca da família weasley não tinha o mínimo arrependimento por estar falando naquele tom com sua mãe, afinal, não agüentava ficar com aquela mulher no mesmo lugar por mais de cinco minutos sem gritarem uma com a outra. Tantas coisas mal resolvidas pairavam pelo ar, mas nenhuma das duas tinha vontade ou até mesmo coragem de tocar no passado.

-E você mentiu pra mim, Molly! Mentiu! Por que nunca me contou sobre o nascimento de Virgínia? Por que?- Helizabeth estava ligeiramente vermelha.

A rainha estava muito zangada com a filha por esconder todos esses anos sobre o nascimento de sua herdeira. Agora, faria de tudo para conhecer pessoalmente sua neta. Faria de tudo para que Ginny se juntasse a ela; e se tornasse sua herdeira e sucessora. Nem que demorasse um século, ela não desistiria de ter a neta ao seu lado, como tem que ser.

-A senhora sabe muito bem o motivo...- murmurou, como se tivesse medo de que se falasse alto demais todo seu passado pudesse vir à tona. Não queria e não permitiria que aquelas velhas cicatrizes voltassem a lhe assombrar. Mas já era tarde demais; desde que vira sua mãe na reunião da Ordem não parava de pensar nos fatos que a fizera sair fugida de sua casa.

-Você escolheu seu caminho Molly. Virginia tem que escolher o dela sozinha.

-Ela é minha filha... MINHA FILHA! E não terá contato algum com as Magids... com seu mundinho perfeito.

Molly não permitiria que sua mãe fizesse a cabeça de sua caçula contra ela. Não senhora. Cuidaria pessoalmente de livrar sua caçula daquele destino obscuro. Não que ser uma Magid fosse ruim, mas seguir os passos de sua mãe e se tornar parte da realeza das Magids já era demais. Não tinha como tirar aqueles poderes de sua filha e sabia que teria que conviver com isso, assim como aprendeu a conviver com os seus próprios poderes. Mas nunca que Ginny se tornaria à herdeira de Helizabeth. Não deixaria que sua mãe controlasse seu destino, assim como fez com ela alguns anos atrás.

-Está no sangue dela Molly. Assim como no seu e de meus netos. Isso você não pode arrancar de ninguém. Você sabe, não... está cansada de saber que somente ela poderá me substituir.

-EU NÃO ME IMPORTO! – Molly estava cheia daquela conversa de sucessão do reino das Magids. – SE VOCÊ ME ATINGIU POR CAUSA DE SUA ARROGÂNCIA E SUA SUPERIORIDADE, VOCÊ ATINGIU TAMBÉM A GINNY!

Desde pequena, sua mãe lhe falava do quão importante era ser da realeza das Magids. Mas tudo o que Molly conseguia enxergar eram grandes festas, roupas pomposas, conversas sobre superioridade. Superioridade? Quem eles pensavam que eram para se acharem superiores aos outros bruxos comuns. Só por que viviam em um reino afastado com dragões incríveis e detinham um poder maior eles se achavam superiores ao resto? Essa conversa de superioridade cansava mais do que o papo de bruxos puros. Hoje em dia nenhum bruxo é melhor do que o outro. Tudo bem que havia aqueles que tinham um dom ou outro a mais do que os outros, mas não eram superiores. Todos vieram do mesmo lugar e com certeza algum dia voltariam para o mesmo lugar.

And if all this talk is crazy
And you don't know what I mean
Does it really matter?
Just as long as I believe

-VOCÊ SABE QUE SÓ UMA MULHER PODE ASSUMIR MEU LUGAR! E ELE ESTÁ RESERVADO PARA A MINHA NETA.


Harry após muita insistência de Rony, fora junto com o amigo para que tentasse escutar qualquer frase no corredor. Hermione estava sentada na cama com a cara amarrada.

-Eu continuo achando que vocês não deviam fazer isso.-disse desviando o olhar da janela para os garotos.

-Psiu Mione.- responderam os dois. Que estavam muito concentrados tentando decifrar os ruídos que vinham da sala. POP. POP.

-E ai? Deram sorte?- perguntou Jorge que acabara de aparatar na cama improvisada de Harry.

-Não, e vocês?- Rony estava completamente arrasado. Sabia que mesmo que suplicasse, sua mãe não diria nada sobre a conversa. Sua mãe era teimosa ao extremo e até hoje não sabia ao certo como ela deixou que seus preciosos filhinhos participassem da Ordem. E tinha certeza que as duas conversavam sobre o fato de Ginny ser uma magid e como conhecia muito bem sua mãe, nesse momento ela estava pirando com o fato de Helizabeth querer conhecer sua irmã e dizer toda a verdade. Mas a única chance de ouvir estava sendo arruinada pelo barulho constante que Hermione fazia ao se mexer desconfortavelmente em sua cama.

-Nada. Mamãe selou a sala. - disse Fred que estava apoiado na parede tampando um dos pôsteres do time de quadribol preferido do irmão.- Nem com a nova geração das orelhas extensíveis nós conseguimos.

-Eu avisei, mas vocês me escutam... não!- Hermione disse com seu tom de desaprovação habitual.

-Queria ser uma mosca pra saber qual o tema da discussão.- no mesmo instante Fred e Jorge se olharam e deram um sorriso maroto para Rony.- Nem pensem nisso. Não sou curioso o bastante. – Os dois irmãos mais velhos murcharam. Aquela seria uma experiência fascinante. Transformar o irmão mais novo numa mosca seria verdadeiramente inesquecível. Sabiam executar o feitiço, mas não garantiam que trariam Rony com todas as partes de seu corpo ao normal. E parecia que o ruivinho sabia disso e negou no ato o convite.

-A única coisa que posso supor, é que a vovó deve estar fula com a mamãe. – disse Fred.

- É, mas aposto que mamãe está mais ainda. – Jorge continuou

Durante anos, Molly fizera questão de esconder de sua mãe que tinha tido uma filha. Mas agora todo seu esforço fora por água abaixo, Helizabeth por uma infeliz coincidência, agora sabia da existência de Ginny. Molly temia pelo pior. Sabia que Helizabeth buscava uma substituta e quem melhor que alguém de seu próprio sangue. Também que cedo ou tarde Helizabeth tentaria levar Ginny para o reino das Magids e isso não permitiria. Não suportaria perder sua filhinha para a pessoa que mais odiava no mundo.

-A minha filha nunca será sua herdeira. Não permitirei.

- Você escolheu ser uma Weasley a ser minha sucessora. Tudo bem, eu deixei você ir embora para longe de mim. Mas minha neta será minha herdeira, quer você queira ou não. Tenho certeza que Virgínia seguirá meus passos por livre e espontânea vontade.

-Claro. Passos que levaram as pessoas que eu mais amava a morte, não é? – Helizabeth não sabia ao certo do que a filha estava falando, mas a conversa estava tomando um rumo oposto ao que ela viera discutir.

I will love again
Though my heart is breaking
I will love again
Stronger than before
I will love again
Even if it takes a lifetime to get over you
Heaven only knows
I will love again

-Olha aqui sua insolente. – voltou a falar. Odiava perder o controle da situação. Quem estava ali para falar era ela e não sua filha. Os anos ao lado daquele homenzinho a fizera perder a educação e se transformara numa pessoa grosseira e sem um pingo de sensatez. Helizabeth odiava pessoas sem educação, e infelizmente sua filha agora era uma dessas pessoas. Mas com sua neta seria tudo diferente, ensinaria tudo para ela. Antes que o ano letivo acabasse, Virgínia Weasley se tornaria a Magid digna de assumir o seu posto.- Eu permiti que você se casasse com esse sujeito. Mas não permitirei que você continue com esse segredo. Virginia saberá sobre mim e todo o resto.

Molly ignorou a última frase e explodiu. Quem ela pensava que era para querer controlar sua vida assim? Ela crescerá e nunca mais seguiria as ordens de sua mãe.

-Ah claro. Você permitiu que nós nos casássemos depois que me trancou em meu quarto ou no dia que me expulsou do reino?

-Molly, eu só te pedi um tempo para pensar e o que você faz. Foge! E pior ainda, se casa com ele! Eu não tive outra escolha. Eu, sendo a Rainha, não poderia permitir que uma magid, quanto mais minha filha, se casasse com um mero bruxo. Você me desobedeceu e teve seu castigo.

-Vá embora. A conversa acabou! – Molly ficava cada vez mais vermelha. Como ela ousava chamar de mero bruxo o homem que ela escolheu como seu companheiro para o resto da vida.

-Tudo bem...eu vou. Mas antes, me diga só mais uma coisa.- Molly apenas a olhou de relance concordando com a cabeça.- Onde Virgínia está?

-Não é da sua conta. Vá embora e nunca mais volte. Não se aproxime da minha família e muito menos do meu bebê.

-Não tem problema. Eu a encontrarei em Hogwarts. Você não estará lá para controlar a minha herdeira e Dumbledore não vai me querer como inimiga. Ele já tem inimigos demais. Então não será difícil achar uma garota ruiva por lá.

E antes que Molly pudesse protestar Helizabeth desapareceu dizendo “Abiden”. Molly bateu com as mãos no braço do sofá. Estava tão cansada de tudo, se sentia extremamente impotente; sabia que não conseguiria impedir que Helizabeth conversasse com Ginny. Agora perderia sua caçula para sempre.

Todas as poucas vezes em que conversava com sua mãe brigavam. E não era diferente de quando era uma adolescente. Várias lembranças surgiram em sua mente. Lembrava-se perfeitamente do que sentiu horas depois de saber que seria a sucessora de sua mãe e ainda para melhorar seu dia, na noite anterior num dos encontros escondidos, Arthur Weasley havia a pedido em casamento. Sentia-se a pessoa mais sortuda do mundo. Mas o que a deixava mal era que sua mãe era terminantemente contra o casamento de uma magid e um bruxo. Magids não podiam se casar com bruxos normais, pois os dois eram de classes diferentes. Magids era uma classe acima dos bruxos e bruxas. Outra lembrança que vinha lhe assombrar era quando Voldemort estava juntando aliados e seu pai e seu irmão estavam fora dos domínios da Floresta dos Dragões.

Estavam a serviço da Ordem da Fênix. Os dois viajavam por todo o país tentando descobrir os planos do maior bruxo das trevas. Balançando a cabeça afastou as lembranças. Se sentia angustiada, odiava relembrar do seu passado. Era doloroso demais para suportar. Apenas uma coisa nunca se permitiu apagar de sua memória. O fato de que por causa de sua mãe, seu precioso pai e irmão estavam mortos. Suspirou aliviada ao se lembrar que sua filhinha querida passaria a última semana de agosto na casa de sua amiga, Luna Lovergood, e que de lá iria direto para a Estação. Não agüentaria ver os olhinhos curiosos e suplicantes de sua filha lhe pedindo explicações sobre Helizabeth. Não queria e não podia tocar naquele assunto. E rezou para que Dumbledore tivesse bom senso e lhe consultasse antes de permitir que sua mãe chegasse perto de Virgínia.


* * * *


Ginny adorava quando o céu ficava nublado, pois era sinal de chuva. E nada melhor do que pegar o trem com destino a Hogwarts chovendo. Poderia se acomodar confortavelmente na poltrona de sua cabine e conversar tranqüilamente com sua melhor amiga e ninguém viria para importuna-las, como acontecia quase todo ano, com exceção daqueles em que Hermione e Rony discutiam antes mesmo de chegarem no castelo, e a ruiva para apartar a briga carregava Mione para sua cabine, bem longe de seu irmão. Naquela manhã de 1° de setembro, Ginny e Luna dividiam a cabine. Luna estava sentada lendo de cabeça para baixo O Pasquim e como de praxe sua varinha estava atrás da orelha esquerda.
Luna achava que ali era o lugar mais seguro e viável de se guardar sua varinha; pois tinha o péssimo costume de sentar-se sem querer em cima de suas varinhas. Enquanto que Ginny também lia a mesma revista só que do jeito normal, mantinha seus pés em cima da poltrona de Luna e como andava demais com a loira, havia adquirido o costume de também guardar sua varinha em um lugar inusitado, ao invés de ser em seu bolso interno como todo aluno fazia, ela preferia prender os cabelos em um coque mal feito com a varinha, onde vários fios rubros escapavam por todas as partes. Ignorando completamente o fato de seu cabelo poder pegar fogo e ficar careca por um bom tempo.
Luna percebeu que a amiga estava meio inquieta em sua poltrona. Mas nada disse, a matéria sobre os dragões escoceses estava muito mais interessante. Um pigarro. Ginny se mexeu desconfortavelmente no banco, demonstrando que queria chamar a atenção da amiga.

People never tell you
how they truly feel
I would die for you gladly
If I knew it was for real

-Por Merlim, o que você quer Ginny?- disse olhando por cima de sua revista. Ginny sorriu. Finalmente a loira havia entendido o recado.

-Bem...eu preciso lhe falar...Não quero que saiba pelos outros. -começou pondo sua revista de lado e voltou a olhar fixamente para a garota a sua frente. - Mas promete que não vai rir de mim.

-Aham...-disse com os olhos em sua revista.

-Loony...promete?- Ginny parecia apreensiva e completamente sem jeito com a revelação que faria.

-Ok...eu juro.- dando-se por vencida a loira levantou a mão direita fazendo um pequeno juramento.

-Certo...-respirou fundo, buscando as palavras certas. Merlim, como aquilo era constrangedor. Nunca pensou que aquilo pudesse lhe acontecer. Logo com ela...- Bem, junto com a minha carta dos matérias sabe...-Loony olhava para a amiga com as sobrancelhas arqueadas. Definitivamente ginny tinha problemas de se comunicar quando estava nervosa.- Então...veio uma outra carta, sabe...Quer dizer...-Ginny estava tendo dificuldades em contar para a amiga a novidade.-Eu fui... escolhida como monitora.

Pronto...Falei.

A ruiva olhava para a loira tentando decifrar seu rosto sereno e avoado. Luna não sabia o que dizer, sua vontade era de rir da cara de desesperada da amiga, mas prometera que não riria. O melhor que tinha a fazer era falar algo antes que a garota a sua frente tivesse um treco.

-E?- Okay. Aquilo não foi uma boa resposta. Se é que se poderia chamar de resposta. Ginny estava completamente vermelha. Estava sentindo vergonha do novo cargo. Jurou que honraria os gêmeos e viraria aquela escola de cabeça pra baixo, mas agora sendo monitora num poderia fazer um terço do que havia planejado.- Parabéns Ginny.

-Parabéns Ginny?! Isso está errado Luna! Muito errado! Eu não posso ser monitora! – balançava excessivamente as mãos. Dumbledore havia conseguido acabar com seu ano letivo antes mesmo dele realmente começar. Estava sozinha, não teria os gêmeos para bagunçar. Rony não ligava para ela, quase não se falavam, seu mundinho girava somente em torno da amizade entre ele, Harry e Hermione. Sua única companhia seria sua fiel amiga, Luna.

-Claro que pode. E por falar nisso...-disse olhando para o relógio de pulso.- Acho que você já deveria estar na cabine dos monitores. Se não me engano a reunião começa em cinco minutos.

Ginny arregalou os olhos. Mal havia começado a ser monitora e já estava chegando atrasada na primeira reunião. Nunca havia se arrumado tão depressa em toda sua vida. Camisa pra fora da saia com os últimos dois botões abertos, uma das meias no joelho e a outra no tornozelo. Gravata com um nó ridículo e capa nas mãos. Tropeçando em suas vestes mal arrumadas, saiu correndo e antes de entrar no outro vagão deu a língua a Luna em resposta ao que a garota havia lhe gritado no corredor.

- Agora que você é da elite, sinto lhe informar que nossa amizade terminou. - E com um sorriso voltou a ler sua revista de cabeça para baixo.

Ginny odiava passar por aquele vagão em especial, era onde os sonserinos em peso se acomodavam, ali era chamado gentilmente de “covil das serpentes”. Ginny apertou o passo, pois não queria dar de cara com algum sonserino no estado deprimente em que estava e se meter em briga e acabar perdendo a reunião. Sentiu um alivio quando atravessou aquele vagão. Podia ver a porta da cabine dos monitores, no final do último vagão do trem com uma reluzente placa que indicava que a cabine era reservada para os monitores. Logo que passou pelo covil das cobras permitiu-se distrair com o nó mal feito de sua gravata enquanto andava pelo interminável vagão quando esbarrou em alguém que vinha pelo caminho oposto ao seu. Com o impacto pode sentir que era um homem e bem mais forte que ela, já que este nem saiu do lugar, enquanto que ela fora parar no chão.

-Desculpe.- disse ao aceitar a ajuda do estranho para se levantar.

-Eu é que peço desculpas, não te vi.- aquela voz era conhecida. Parou de ajeitar seu uniforme e olhou para cima, podendo ver perfeitamente o rosto do aluno. Era um garoto de 16 anos da corvinal. Miguel Córner, seu ex-namorado. -Você está bem, Ginny?

-Sim, obrigada.- disse seca. Aquela pessoa era quem ela menos queria ver em sua frente. Preferia mil vezes ter dado um encontrão em Draco Malfoy do que ter encontrado Miguel.- Desculpe mais uma vez, Corner.

-Disponha.- disse com aquele sorriso que ela e as outras garotas em peso conheciam bem.

O garoto atravessou o vagão da sonserina com uma velocidade incrível. Não que tivesse medo da sonserina, claro, mas na certa tinha marcado de se encontrar com sua namorada Cho Chang. E Ginny continuou parada no corredor, depois de alguns segundos parada balançou a cabeça, saindo do transe e com uma vontade incrível de se chutar se dirigiu a cabine dos monitores. Podia não estar muito a fim de ver a cara bonitinha do garoto, mas não conseguia evitar o admirar secretamente. Entrou e se surpreendeu. Não era uma simples cabine. Era imensa. Com quatro grandes poltronas, onde na certa seria para que monitores da mesma casa sentassem-se juntos. E na parede oposta a janela estava um quadro branco.
Estranhou não ter ninguém, afinal estava atrasada. Bateu de leve na testa, Luna havia se enganado com o horário como sempre acontecia por ser tão avoada e ela como uma boa tapada não conferiu o horário da reunião na carta. Mas já que estava por lá não iria embora. Não agüentaria passar outra vez pelo covil da serpente. Mas antes tivesse chegado atrasada do que ter tido o desprazer de esbarrar em seu ex-namorado. Teve vontade de se bater por ainda acha-lo lindo e se derreter todas as vezes que o via sorrindo daquele jeito maroto e sedutor. Sentou-se numa poltrona ao lado da janela. Cruzou as pernas e começou a tamborilar os dedos na janela cantarolando uma musica das esquisitonas.

Já estava por ali a uns vinte minutos e nada de uma viva alma aparecer. Começava a pensar na hipótese de ir embora e mais tarde na escola perguntar a Hermione a pauta da reunião. Mas sua mente viajou involuntariamente para um assunto bem melhor. Miguel Corner. Seu ex a cada ano ficava mais lindo. A garota estava muito confusa. Primeiro, no ano passado pensou ter esquecido de vez Harry Potter, sua paixonite de infância, ai começou a namorar Miguel, o que apesar do garoto ser um galinha não foi tão ruim assim, mas depois veio Dino, tão pegajoso e depois nas férias de verão Harry aparecera tão gentil, amigo. E agora para piorar Miguel reaparecia todo gentil. Mas se o moreno pensava que a reconquistaria com um singelo sorriso estava redondamente enganado, não seria tão fácil dessa vez. Estava disposta a esquecer de vez Harry, Miguel e Dino. Esse ano faria votos de castidade! Não chegaria perto de nenhum garoto. Esse ano tudo o que pensaria era em seus estudos e nada mais. Nada desviaria sua atenção. Nem mesmo o quadribol, que tanto amava.

So if all this talk sounds crazy
Or if the words don't come out right
Does it really matter
If it gets me through this night

Miguel era considerado por muitas alunas como um dos garotos mais charmosos da escola. Era um doce de pessoa, mesmo que não soubesse ficar com uma garota de cada vez. O moreno era uma pessoa maravilhosa, tinha um sorriso e olhar extremamente sedutor e encantador. Ginny sentiu seu coração dar um pulo a mais, os olhos do garoto eram sua paixão. Não eram verdes esmeralda como os de um certo grifinório que vivia atazanando a mente da ruiva, mas sim um azul claro. Se sentiu uma boba, estava novamente suspirando por um irrecuperável.
Por Merlim, por que ela só gostava dos mais problemáticos? Por que não conseguia arrumar um Krum da vida, que de acordo com Hermione era maravilhoso e a venerava. Será que era tão difícil assim encontrar alguém que realmente gostasse dela? Lembrou que o garoto por pouco não ficou em primeiro lugar no jornalzinho clandestino que circulava pela escola. Perdeu apenas para Draco Malfoy, que tinha que admitir, poderia ser o maior canalha, mas que era lindo ele era. Ainda ficou mais algum tempo na cabine sonhando com aqueles olhos azuis profundos, mas para sua sorte ou melhor, azar alguém entrou tirando-lhe de seus pensamentos insanos.

-Eu não acredito...vestes de segunda mão...sardas horríveis...cabelo vermelho queimado...-disse em um tom arrastado e sarcástico.- O que faz aqui Weasley?

Ginny nada respondeu, continuou olhando para fora da janela. O melhor era ignora-lo até o resto dos monitores chegarem. E rezou para que não demorassem, senão seria obrigada a lhe azarar como fizera da última vez que se encontraram no ano passado, o que não seria de todo mau.

-Além de mal educada é surda. – disse olhando para fora do corredor e constatando que não tinha ninguém fechou a porta da cabine.- Aqui é só para monitores, ou você não sabe ler?

-Não enche Malfoy.- isso, respira fundo e ignora esse estúpido.

-Ora ora, ela sabe falar.- Draco andava lentamente pela cabine.- Sabe, devemos aproveitar que estamos sozinhos aqui...-disse com um sorriso malicioso.

-O que?- a ruiva quase gritou afundando-se mais na poltrona.- Se você pensa que vou te beijar, pode tirando o unicórnio da chuva! – Beijo? Até parece que logo ele pensaria numa coisa dessas. Teve vontade de se bater pela segunda vez. De onde tirava tanta insanidade. Certamente o tão perto que ficou do Corner a fez pegar um pouco de sua loucura.

Me beijar? Pensou o loiro fazendo uma cara de nojo. Nunca em sã consciência beijaria a Weasley. Tinha medo de pegar alguma doença. Claro, naquele chiqueiro que viviam, os Weasley deviam ter as piores doenças. E nem morto se arriscaria a pegar tais doenças.

-Não, não, não...-disse parando em frente à ruiva.- Nós temos contas a acertar. Ou pensa que esqueci que você me azarou no ano passado?

- Ow... doninha, você ainda se lembra daquela nossa conversinha...

Apesar da situação em que se encontrava, a ruiva não pode deixar de rir. Lembrava-se perfeitamente daquele fatídico dia. A única coisa boa daquele dia foi ter azarado o loiro com uma Azaração de Rebater bicho-papão, deixando aquele rosto perfeito coberto de bolhas enormes e vermelhas por quase uma semana inteira. Quase teve pena do loiro, mas após pensar bem, ele merecia. Ninguém mandou ele fazer parte da Brigada Inquisitorial formada pela sapa velha da Umbrigde. Mas agora estava começando a pensar nas conseqüências de seus atos. O loiro aparentava estar transbordando de ódio. E para o desespero da ruiva parecia que ele havia encontrado o momento perfeito para se vingar. E não seria nada agradável a vingança. Tinha certeza que se ele não lhe enchesse de bolhas e furúnculos, faria coisa bem pior, e pela sua cara, ele faria coisa bem pior. Nem havia formalmente sido nomeada monitora e seria morta por um filhote de comensal.

Draco, antes que Ginny pudesse fazer qualquer coisa agarrou com força o antebraço dela e a levantou violentamente. A ruiva teve impressão que se ele apertasse mais um pouco seu braço ele se partiria ao meio, tamanha era a sua força.

-Malfoy...você está me machucando...-seus olhos começavam a lagrimejar.

Nesse momento se sentia a pessoa mais fraca do mundo. Suplicando a um Malfoy; quase que implorando para que ele a soltasse, mas ele não ligava a mínima para o pedido da garota. Queria que ela sentisse na pele o que ele passara naquela maldita semana na Ala Hospitalar.

-É para doer mesmo. Eu vou me vingar pirralha. Pode esperar...- Okay, havia irritado muito aquele lance da azaração.

Estava perdida. Ele poderia fazer o que bem entendesse que não teria como escapar. Ele era no mínimo dez centímetros maior que ela e sem contar o dobro da força que tinha. Pensa, pensa... Estava meio difícil de pensar sentindo aquela dor no braço. Aquele loiro lhe pagava. Se pensasse em pegar sua varinha com a mão livre tinha certeza que Malfoy quebraria seu braço. Definitivamente estava ferrada; a única coisa que lhe restava era rezar. Se odiou, aquilo estava se tornando normal na vida da ruiva, por ser tão fraca. Tentou se livrar do apertão se debatendo, mas não adiantou muita coisa. Só fez sua situação piorar, sua varinha se soltou de seus cabelos e foi parar no chão.

-Fique calma...- sussurrou tranqüilamente em seu ouvido. Ginny não pode evitar o friozinho na espinha ao sentir o perfume que emanava daqueles cabelos sedosos. - Não será nem aqui e nem agora. Surgirá o momento perfeito...E você...- não pode completar, pois a porta da cabine abriu inesperadamente assustando-o.

O loiro a soltou empurrando-a ferozmente para trás. A garota teve que se segurar na parede para que não caísse no chão. Quem acabara de entrar era um garoto moreno e baixinho, monitor da lufa-lufa. O garoto parecia meio distraído, pois nem notou o clima entre os dois monitores e encaminhou-se para a poltrona de sua casa.

-Essa conversinha terá uma continuação. – sibilou o loiro passando a mão pelo cabelo, colocando no lugar sua franja que teimava em cair sobre seus olhos.

-Não vejo a hora.- disse numa falsa coragem. A verdade era que estava morrendo de medo só de pensar no resto daquela frase que o loiro não pode terminar. Fez uma nota mental que depois teria que agradecer seu salvador. Não demorou muito o resto dos monitores chegaram. Pode ver que todos os monitores da mesma casa sentaram-se juntos. Só faltava Hermione e seu irmão. Não queria nem pensar na reação dele quando soubesse que ela também era monitora.

I will love again
Though my heart is breaking
I will love again
Stronger than before
I will love again
Even if it takes a lifetime to get over you
Heaven only knows

-Anda logo Ronald, você consegue ser mais lerdo que uma lesma. – disse Hermione.

Ela estava empurrando levemente o amigo ruivo para dentro da cabine e fechando a porta com um leve aceno de sua varinha. Rony estava carregado de dezenas de papeis e mapas.

-Obrigada Rony. – continuou Hermione pegando alguns papéis dos braços do ruivo e colocando sobre um canto vazio da poltrona mais próxima. Rony dirigiu-se para a poltrona da grifinória.
Sentou-se ao lado de alguém que tentava esconder o rosto olhando para fora. O ruivo nem notou quem poderia ser a estranha. Ele estava concentrado demais em resmungar por causa de Hermione. Hermione simplesmente o pegara para que fosse seu assistente pessoal.
Agora que a garota era a chefe dos monitores, tinha o dever de dar todas as ordens para os novos monitores. Mesmo estando no sexto ano, Hermione conseguira a base de muito esforço ser a Monitora-Chefe. Mas o cargo era dividido com nada mais... nada menos que Draco Malfoy. Hermione até hoje se perguntava o que levou Dumbledore a nomear o loiro arrogante e prepotente para tal cargo. Coçando discretamente o nariz Rony olhou para o lado e franziu a testa. Conhecia aqueles cabelos. Levou a mão ao coração antes de gritar:

-O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?- Ginny tampou os ouvidos, tentando amenizar os gritos do irmão. Draco cruzou os braços e girou os olhos. Ele os achava patéticos. Pobretões patéticos e mortos de fome. – Ginny? Você...Hermione, você sabia?

-Rony...Estamos numa reunião. Assuntos familiares são depois. E claro que sim. Eu mesma indiquei a Ginny. – disse pondo um fim ao escândalo antes que tomasse grandes proporções.

Ela sabia muito bem onde paravam as brigas entre os irmãos. E que Merlim a livrasse de confusão na primeira reunião como Chefe dos monitores. Tudo bem que dividia a tarefa com o filhote de comensal, mas ser Chefe dos monitores era a melhor coisa do mundo! A reunião transcorreu perfeitamente calma, ela e Draco falaram, ela mais falou do que o loiro, sobre as responsabilidades de ser monitor, e no final distribuíram pequenos mapas da escola desenhados pela morena. No fim da reunião Ginny e Rony ficaram conversando, ou melhor, brigando. Ele exigindo que ela lhe explicasse por que não disse nada sobre ser monitora e ela lhe jogando na cara todos os anos que era ela que ficava por fora de tudo e que aquela era a primeira vez que teve algo dela, somente dela. O que depois lhe causou um baita remorso por ter dito tudo aquilo. Mas era tudo verdade, era sempre ele que escondia algo dela, e agora seu irmão vinha insinuar que ela não tinha direito de ter seus segredos. Ah, se ele soubesse das noites em claro que ela passava, sempre pelo mesmo motivo. Se ele soubesse o motivo; desejaria nunca ter dito para ela não ter segredos com ele.

If I'm true to myself
Nobody else can take the place of you
But I've got to move one
Tell me what else can I do



A ruiva daria tudo para que o Professor se calasse e mandasse servir logo o jantar, mas não. Dumbledore tinha que ter a maldita mania de fazer um longo discurso antes de chamar os alunos novos para passarem pelo chapéu seletor. Estava tão cansada e faminta que nem ligou para o fato do diretor ter anunciado que este ano eles teriam uma nova aluna transferida da França. Também não ligou para o fato de esta aluna ter ido para a sonserina, apenas acompanhou o resto dos alunos aplaudindo mecanicamente todos que eram destinados às casas de Hogwarts. Apenas resolveu sair de seu transe quando ouviu as palavras “bom apetite”. Seus olhinhos brilharam, estava com tanta fome.
Não havia comido nada aquele dia na casa de Luna antes de irem embora e muito menos deu tempo de comprar qualquer coisa com a simpática senhora que vendia doces no trem. Devorava cada bolinho de amora, se Draco Malfoy ou qualquer sonserino que a visse comendo naquele instante falaria que em sua casa não tinha comida; e ela teria que relutantemente concordar. Estava parecendo uma esfomeada. E aquilo não era normal para a garota, que sempre beliscava alguma coisa no jantar, tanto que chamou a atenção de seu irmão mais velho.

-Ginny, coma devagar. Assim terá uma indigestão. – disse Rony com a boca cheia de torta de abóbora. A ruiva apenas o olhou de rabo de olho.

-Olha o Sr. Educação falando. Esvazie a boca antes de falar, Rony. – disse não muito amigavelmente pondo um fim no assunto.


Naquela noite a ruiva teve problemas para dormir. Tudo culpa do seu estômago descontrolado. Rolava pela cama buscando uma posição agradável, o que aconteceu apenas às quatro da manhã, o que lhe proporcionou um belo mau humor. Se Rony Weasley tivesse a sensibilidade de olhar na face da irmã mais nova, teria concluído que aquela não era uma boa hora para dar sermões. O ruivo logo que acordou ficou esperando a irmã descer para tomar café para “conversarem” sobre o assunto não esquecido dos monitores.

-Você é minha irmã! Eu tinha o direito de saber! – disse segurando o braço da garota, impedindo-a de entrar no salão principal.- Por que não me disse, heim?

Ginny estava completamente impaciente. Dormira mal, estava com dor no estômago e na cabeça e ainda para melhorar seu dia lindo, seu irmão mais velho se achava no direito de lhe pedir explicações. Ah, isso não ficaria assim. Já engolira muita coisa daquele ruivinho insensível, agora era a vez dele de sentir a fúria weasley.

-Olha aqui roniquinho...- puxou o braço ao qual seu irmão ainda segurava. – ...eu nunca me meti nas suas conversas e dos seus amiguinhos.- estreitou ainda mais os olhos.- A vida é minha, e se eu fui ou não nomeada monitora, NÃO É DA SUA CONTA! – o fogo weasley tinha chegado ao limite. Ginny explodira de uma forma que ele nunca tinha visto antes. Sempre achou que sua irmã fosse tranqüila, sabia claro, que ás vezes ela era fogo, mas não tinha motivos para explodir daquele jeito. A garota passava constantemente a mão pelo cabelo, demonstrando estar completamente nervosa com a situação.

Ou tinha?

Antes que Rony pudesse tentar continuar seu sermão todos os vidros das janelas daquele corredor explodiram, sem explicação. Pequenos cacos de vidros voaram por todos os lados, alguns alunos presentes se abaixaram tentando se proteger dos vidrinhos.

-Me deixe em paz.- a garota murmurou antes de entrar no salão principal. Rony que ainda mantinha os olhos arregalados virou-se para as janelas, agora sem nenhuma proteção e coçou a cabeça. Definitivamente conseguira irritar sua irmã.


Ginny massageava a têmpora sentada afastada dos alunos grifinórios. Para sua sorte naquela manhã, a mesa de sua casa estava quase vazia, poderia tentar relaxar e fazer aquela maldita dor de cabeça ir embora antes da aula de herbologia. Ainda estava massageando cada lado da cabeça quando ouviu uma voz sonhadora ao seu lado.

-Olá, ginny. Ou será que devo te chamar de senhorita monitora? – disse Luna sentando-se ao lado da amiga e servindo-se de suco.

-Cala a boca.

-Viu só. Mal virou monitora e já está dando ordens.- Ginny não conseguiu segurar o sorriso. Olhou para a loira e para a surpresa da garota, Ginny a abraçou. Luna era sua melhor amiga, mesmo sendo avoada era a única que a compreendia.

-Também te amo...- disse dando tapinhas nas costas da garota. Ginny se sentia tão solitária, aquela briga com o irmão a deixou pior. Será que nem mesmo seu próprio irmão não poderia ter um pingo de paciência e compreensão em relação a ela. Aquele ano mal havia começado e já se sentia cansada de tudo e de todos. O que mais desejava era poder fugir e ir para bem longe. Onde não poderia ser encontrada.- Vamos, você sabe que a prof° Sprout detesta atrasos.

-Você é a única que me entende...- disse deprimida. Levantando-se sem ânimo e juntando seus livros.

-Eu sei. Sou a única maluca por aqui que tenta te entender. – E saiu puxando pelo pulso a amiga, que mais parecia uma morta-viva. Para Ginny, aquela foi a pior aula que poderia ter no primeiro dia de aula. Não que detestasse herbologia, ou a professora fosse chata, pelo contrário, adorava essa matéria, era uma de suas favoritas, mas naquele dia não se sentia bem para fazer nada.

Maldita insônia.

Teria que lembrar de mais tarde passar pela Ala hospitalar e contrabandear alguma poção para poder dormir em paz sem sonhar. Desde suas férias que virava noites sem dormir direito, o que a deixava de péssimo humor e com vontade de arrancar a cabeça do primeiro idiota que lhe dirigisse a palavra.

Malditos pesadelos. Maldito Tom.

Será que nunca se livraria das lembranças dele? Daria tudo para nunca mais sonhar, ou melhor, ter pesadelos com ele. Parecia que sempre que ele vinha lhe visitar em seus sonhos acordava mais fraca, era como se ele fizesse questão de lhe sugar o resto de vida que lhe restara. Bufou... Aquela aula estava um tédio total e sua cabeça que não melhorava.

I will love again
Though my heart is breaking
I will love again
Stronger than before
I will love again
Even if it takes a lifetime to get over you
Heaven only knows
I will love again

Gina não era a única que estava tendo um dia horrível... um verdadeiro dia de cão.
Para uma certa morena do sexto ano aquele dia também não era um dos melhores. Hermione Granger se encontrava sentada ao lado de seu melhor amigo, Rony Weasley. Estavam tendo uma torturante aula de poções dupla com sonserina. Ótima aula e ótimos alunos para a primeira aula do dia. Será que eles não tinham pena dos pobrezinhos não?
Hermione tentava de todas as formas se concentrar numa poção complicadíssima que Snape explicava, mas não conseguia. E Rony não ajudava muito, pois este achava mais importante lançar sorrisinhos para Parvati Patil que se encontrava sentava ao lado do ruivo acompanhada de sua inseparável amiga Lilá Brown. As duas conversavam baixinho e cada vez que olhavam para Rony davam risadinhas. O que tirava completamente a concentração da morena, que bufou irritada por copiar a mesma frase pela terceira vez seguida.

-Será que você poderia pelo menos fingir prestar atenção, para que aquelas duas calem a boca?- sibilou Hermione sem um pingo de paciência cutucando as costelas do ruivo, lhe chamando atenção. Será que era tão difícil pro ruivo prestar nem que seja por um dia ou apenas enquanto o professor explicava ficar quieto e prestar atenção? Será que era pedir muito? Afinal os N.I.E.M’s seriam no ano que vem e seriam dificílimos, na opinião da garota. E continuou num tom ameaçador. - sabe ano que vem faremos N.I.E.M’s...E se você continuar desinteressado, não vou te ajudar.

A garota jurou para si mesma que mesmo que o ruivo implorasse de joelhos não o ajudaria a estudar. Olhou para Harry que estava sentado ao seu lado e pode ver que milagrosamente estava copiando a matéria. Voltou sua atenção ao professor e sorriu involuntariamente lembrando-se da cara de espanto do mestre de poções ao ver os três entrando em sua aula; e ficou furiosa quando o professor seboso consultou duas vezes sua lista de alunos para ver se não tinham se equivocado ao matricularem Harry e Rony nessa matéria.

-Eu sei que você vai me ajudar, de qualquer maneira. – disse folheando seu livro.- Mione, posso te fazer uma pergunta?- a garota apenas o olhou e voltou a copiar a matéria.

- Faça... eu sei que você vai falar mesmo... – disse Hermione mais azeda do que nunca e com uma tristeza irreparável.

-Você acha que...- baixou a voz, parecia meio constrangido.- a Parvati aceitaria sair comigo? Você sabe...você é uma garota, você entende desses assuntos.

Desses assuntos? Idiota!

Hermione teve que concentrar toda sua raiva em sua pena, que por pouco não se partiu ao meio. Como ele ousava perguntar uma coisa dessas? Depois de tudo o que ouve na Toca. Não que ela estivesse exigindo algo, mas era muita cara de pau dele lhe fazer esse tipo de pergunta. Ela apenas o olhou, e apoiou a cabeça no braço direito, tampando a visão de seu rosto. Rony apenas deu de ombro, afinal a garota estava esquisita desde antes de embarcarem, dando de ombro voltou novamente a folhear seu livro surrado. Se ele pudesse ver o rosto dela nesse momento veria que demonstrava estar magoada.

I will love again

Involuntariamente sua mente voou para o dia posterior a visita de Helizabeth. Nunca pensou que aquilo pudesse acontecer, não naquele dia, não da maneira que aconteceu. Lembrou-se como se tivesse sido hoje:
Rony parecia estar chateado aquele dia, e por esse motivo logo após o jantar todos já se dirigiam aos seus quartos quando percebeu que o ruivo mais novo ia no caminho contrário as escadas. O garoto saiu para os jardins e sem perceber que Hermione o seguia, sentou-se num tronco de árvore caído. Hermione se aproximou silenciosamente.

-Posso me sentar? – perguntou hesitante ao ver o rosto sério do amigo.

-Claro...você quer alguma coisa?

-Queria saber se você está bem, saiu sem dizer nada...- disse preocupada. Para ela era hilário o fato de sempre se preocupar com os outros ou invés de si própria. Mas para Ron, isso era um dos motivos de gostar tanto da morena. Sempre pensava nos outros em primeiro lugar.

-Estou...só pensando...queria ficar sozinho um pouco.

-Tudo bem, vou te deixar sozinho.- disse levantando rapidamente. Mas antes que pudesse dar um passo sentiu as mãos quentes de Rony segurando a sua.

-Não, fica comigo...quer dizer...bem...você entendeu.- suas orelhas estavam completamente vermelhas e Hermione ligeiramente corada com a aproximação dos dois. Sentando-se novamente pode ver melhor aqueles olhos incrivelmente azuis. Apesar de ter a sensibilidade de uma colher de chá, não deixava de ser bonito. Hermione sentiu os olhos do ruivo sobre si e lhe encarou. Ele mantinha um sorriso bobo no rosto.

I will love again

-O que foi...- antes que pudesse terminar a frase sentiu as mãos do rony lhe envolverem pela cintura e lhe puxar para um beijo. Um beijo suave; muito diferente dos beijos de Vitor Krum. Krum? Aquela era uma péssima hora para se lembrar dele. Mesmo que não quisesse admitir, estava adorando sentir os lábios de seu melhor amigo. Estava começando a relaxar nos braços do ruivo quando involuntariamente a imagem do búlgaro fez a garota voltar a si e se separando delicadamente do ruivo voltou para dentro da casa.
Depois do ocorrido não voltaram a falar sobre isso. Pode perceber, ou achou, que aquele beijo para Rony não passou de um mero beijo. Parecia que aquilo nunca aconteceu. Então ela resolveu fazer o mesmo, mas a aproximação a fez recordar todas as sensações que o beijo do ruivo lhe causaram.

Estúpida!

E agora ela estava em plena aula de poções pensando naquele ruivo insensível e ele pensando em convidar a Patil para sair. Bufou outra vez, rabiscando algo ilegível em seu pergaminho. Rony pigarreou tentando chamar a atenção da garota que o ignorou categoricamente.

-Se a senhorita acha essa aula tão tediante a ponto de ignorar a minha pergunta, acho que deveria passear nos jardins, Srta. Granger. – aquela voz arrogante fez a garota voltar a si rapidamente.- menos 20 pontos para a grifinória.

Todos os sonserinos riram pra valer da injustiça do Snape Seboso, enquanto que os grifinórios estavam espantados. Nunca viram Hermione Granger ficar desatenta durante qualquer aula; quanto mais do morcego velho. A garota ficou possessa, onde já se viu, ficar desatenta na aula e ainda por cima perder 20 pontos. Tudo culpa daquele ruivo idiota, que insistia em zanzar pela sua cabeça. Rony olhou-a com aquele olhar de “eu tentei avisar, mas você não me ouviu” e ela, sem muita paciência mandou que prestasse atenção na aula e não nela. O ruivo nem discutiu, pois a cara fechada da garota estava de meter medo. Aquele seria o motivo perfeito para que a morena passasse o resto do dia de cara amarrada.

I will love again


No termino das aulas pela manhã, Ginny praticamente se arrastava ao lado da melhor amiga corvinal. Como queria ainda estar de férias. Bufou...Quando estava em casa queria que as férias acabassem logo, e agora que voltara a Hogwarts queria ir para casa. Se nem mesmo ela conseguia se entender, quem dera Luna conseguisse. A loira a olhava calmamente, tentando adivinhar o que se passava dentro daquela cabeça de fogo. Ainda faltavam alguns minutos para que o almoço fosse servido e como estava um caos a entrada do salão principal, as duas resolveram dar um tempo nos jardins e respirar ar puro. Andaram cerca de cinco minutos e se sentaram na grama bem cuidada perto do lago. Aquele lugar era considerado sagrado para as duas, era ali que buscavam coragem para as aulas da tarde. Ginny se sentou apoiando as costas no largo tronco de uma árvore, enquanto que Luna se jogava de qualquer jeito pela grama fresca. Aquela tarde seria uma das mais quentes do mês.

As duas observavam um pequeno grupinho de alunos sonserinos cercarem uma garota loira que Ginny não soube identificar. A loira-não-identificada era só sorrisos para os rapazes e um grupinho de alunas também sonserinas estavam mais atrás e fuzilavam a loira com os olhos. Ginny quase teve pena da garota, mas o sentimento evaporou rapidamente quando lembrou que aquela garota em questão era sonserina. E sonserinos não tinha pena de ninguém e por que justo ela, um membro dos weasleys que era alvo constante das brincadeiras de mau gosto da turma das cobrinha, iria ter tal sentimento. Luna apenas sorria discretamente da excessiva atenção que era direcionada a loira sonserina. Com muito custo a sonserina conseguiu se livrar dos garotos-cobra e se dirigiu para onde as duas amigas descansavam. Ginny franziu as sobrancelhas achando estranho aquela garota estar vindo na direção delas, mas não comentou nada com a loira deitada ao seu lado. Seria impossível uma aluna sonserina estar vindo falar com uma grifinoriazinha pobretona e uma corvinal lunática. Voltou a fazer desenhos imaginários no chão e por segundos ignorou o fato da loira estar se aproximando mais ainda delas.
Okay, o que aquela cobra fêmea queria com as duas? Não queria ter novamente aquela dor de cabeça infernal que com muito custo conseguira se livrar. Okay, aquilo era algum tipo de piada? O que ela pensava que estava fazendo parando aos pés da loira corvinal.

-Sabia que era você! – exclamou animadamente.- como é difícil te achar Lu.

Ginny precisava ir urgentemente para a ala hospitalar, estava tendo alucinações, e das brabas.

O que ela pensa que está fazendo?

Definitivamente, precisava era de um psiquiatra. Estava vendo coisas. Luna e a sonserina estavam se abraçando, como se fossem velhas amigas.

-Ginny...- disse Luna puxando a ruiva pela mão.- você lembra da Isabelle?

Isabelle? A ruiva teve que se esforçar ao máximo para que se lembrasse da loira. Hãn, quem?

Luna havia contado tudo sobre a loira para Ginny. Isabelle era a garota com que Luna havia feito uma grande amizade na França. As duas se conheciam desde pequenas e eram bastante ligadas. Durante sua rápida estadia na casa de Luna, a ruiva cansou de ouvir a amiga falar sobre Isabelle. Era Isabelle pra cá, Belle pra lá.

-Claro! – disfarçou dando um sorrisinho amarelo. Odiava sua memória fraca. Ou talvez seja sua memória excessiva, que por um pequeno e dramático trauma, resolveu apagar toda a conversa sobre Belle. Sabia que estava sendo dramática e talvez um pouquinho ciumenta mas quem ela pensava que era para ir roubando sua amiga assim. Ginny era muito possessiva, e odiava ter de dividir suas coisa, principalmente amigas. Sabia que não tinha nada a ver, era um direito da Luna ter outras amigas, mas tinham que ser tão grudadas assim, e ser logo uma sonserina?

-Olá! Sou Isabelle Blain, muito prazer. – disse apertando alegremente a mão da ruiva. Ginny estranhou, aquela garota só podia ter batido a cabeça ou a atenção excessiva dos sonserinos a tinha deixado biruta. Nunca pensou que estaria viva para chegar a conhecer uma sonserina alegre e simpática.- Virginia Weasley, certo?
Apenas balançou a cabeça afirmativamente. Só faltou a parte à la Malfoy: vestes de segunda mão, rosto inexpressivo e blá blá blá, o resto sabia de cor.

-Bem, Ginny...- disse Luna chamando a atenção da amiga. – você se importa se eu for conversar uns minutinhos com a Belle?

O que eu falei? Mal se viram e já estão de segredinhos.

-Nããão. Fiquem a vontade...-disse com um sorriso excessivamente forçado.
Quando Luna e Belle estavam a uma boa distância dela, se permitiu jogar na grama e murmurar palavras inteligíveis. Estava frustrada; mal chegaram em Hogwarts e já estava sozinha outra vez. E agora pra piorar, teria que dividir sua única melhor amiga com outra garota. Dramática? Muito. Ciumenta? Ao extremo! Bufou e começou a arrancar as coitadinhas das graminhas verdinhas. Agora que tinha assassinado quase todas as graminhas ao seu redor que se ligou em quem era a loira sonserina. Isabelle M. Blain era a tal garota que veio transferida da França. E caíra logo na sonserina, que azar. Se ela estava na sonserina, então não poderia ser tão gente boa como Luna achava. Mas aquela ali confiaria até em Draco Malfoy. Malfoy... Ginny não impediu que sua mente comparasse Belle e Malfoy. Os dois pareciam irmãos. Blain era loira platinada, possuía olhos incrivelmente azuis e uma elegância ao andar. Tirando o fato de ser simpática e alegre ao extremo, ela parecia uma típica Malfoy. E tinha que admitir, ela era muito bonita. Não era à toa que a sonserina em peso estava andando atrás da garota nova. Os garotos babando por ela e as garotas, tentando rogar pragas para que o cabelo incrivelmente loiro e bonito caísse aos montes. Levantando-se desanimada e com fome dirigiu-se ao castelo dando de cara com as portas do salão principal fechadas. Se xingando mentalmente por ter ficado mofando embaixo da árvore por tempo demais e ter perdido o almoço, arrastou-se até a sala onde teria a próxima aula. Agora teria que esperar até as aulas acabarem para poder dar uma escapadinha e buscar qualquer coisa comestível na cozinha. Aquele ano seria interessante, com uma melhor amiga dividida ao meio, perdendo as refeições, insônias quase diariamente. Tinha começado o ano muito bem.

Incrível! Por favor, alguém me mate!

And do you know I will love again?
You can't stop me from loving again
Breathing again
feeling again
I will one day love again

****D&G****************************FireAndIce****

Agradecimentos:

Obrigada a todos ki comentaram!!! Desculpe num dar o nome de vocês! Mas meu e-mail num quer cooperar!
Bigada de novo!

N/B: A culpa é toda minha se essa capítulo demorou tanto a ser postado... ME DESCULPE.... mas eu estava atolada até o pescoço de coisa para fazer! Me desculpe Oráculo, você continua sendo uma amigona... mas eu acabei me enrolando... LEITORES não culpem a minha amiga...
Tchau e deixem reviews
Yngrid Dunbledore

N/A: Eu sei que Fábio e Gideão não são pai e irmão da Molly e sim primos (foi o que fiquei sabendo), mas para ficar mais emocionante eu mudei os fatos... Espero ki não se importem. Até por que não tem tanta importância assim...
E não nos matem, por favor!!!!! Foram os contra-tempos ki num deixaram postar esse cap. Prometo ki o próximo num demora!
O Draco vai esquentar as coisas no cap.5!!!
Quem quizer visitar meu flogão:
www.flogao.com.br/enervate

Notinha básica para não ficar confuso:

Em negrito e itálico são pensamentos, okay?
E somente em negrito é letra da musica. Lara Fabian- I will love again (linda).
Tá confuso? Me mande uma Reviews...

Tradução música:
Lara Fabian – I will love again (Eu amarei novamente)
Eu já te disse
O quanto você habita em mim?
Em cada momento acordada
E mesmo em meus sonhos

E se todo esse papo é louco
E você não entende o que eu quero dizer
Isso realmente importa?
Apenas enquanto eu acreditar

Eu amarei novamente
Apesar do meu coração estar quebrado
Eu amarei novamente
Mais forte que antes
Eu amarei novamente
Mesmo que leve uma vida inteira pra superar você
Só o céu sabe
Eu amarei novamente

As pessoas nunca dizem a você
Como elas realmente se sentem
Eu poderia morrer por você satisfeita
Se eu soubesse que isso é verdade

Então se todo esse papo é louco
E as palavras não saem direito
Isso realmente importa?
Se isto me ajudar a passar esta noite

Eu amarei novamente
Apesar do meu coração estar quebrado
Eu amarei novamente
Mais forte que antes
Eu amarei novamente
Mesmo que leve uma vida inteira pra superar você
Só o céu sabe

Se sou sincera comigo mesma
Ninguém mais pode tomar o seu lugar
Mas eu tenho que começar a agir
Me diga o que mais posso fazer

Eu amarei novamente
Apesar do meu coração estar quebrado
Eu amarei novamente
Mais forte que antes
Eu amarei novamente
Mesmo que leve uma vida inteira pra superar você
Só o céu sabe
Eu amarei novamente

Eu amarei novamente
Eu amarei novamente
Eu amarei novamente
Você sabe que eu amarei novamente?
Você não pode me impedir de amar novamente.
Respirar novamente
Sentir novamente
Eu sei que um dia eu vou amar novamente





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