Bilhetes



Bilhetes


 


Com o término da noite passada, Hermione resolvera esquecer que havia desculpado os amigos. Durante o café e todo o período da manhã ela os tratou com frieza e mau humor. Eles até que tentavam animá-la, mas ela não cedia. Quase fomos pegos! ... Vocês não me ouviram, outra vez! ... Ah é, e se tivesse acontecido? Como você pode saber? ... Você sabia que ainda é monitor Potter? ... Quietos, vocês dois, eu cansei de conversa! ... foram algumas das poucas frases que eles ouviram sair da boca da amiga. Ao chegar no almoço os três estavam irritadiços e cansados. Ainda eram as primeiras semanas do ano letivo e eles não haviam se acostumado ao ritmo de estudos. Eles, com exceção de Hermione é claro. Ela parecia se sentir até animada, em relação à carga horária lotada. Os três se largaram na mesa da grifinória, servindo-se rápido e em silêncio.


- Nossa, que bicho mordeu vocês três? – Uma Gina radiante disse, ao chegar na mesa e se largar ao lado do irmão. Os três – e mais alguns garotos da grifinória, para desgosto de Rony – a encararam. Com as bocas cheias de comida e caras de desentendidos, eles fizeram barulhos como “Huh?”


- Chegaram quietos. Normalmente vocês estão tagarelando o tempo todo. Menos você Rony, você realmente sempre está de boca cheia. – disse ela para o irmão que lançou um olhar feio, voltando-se para seu prato. Harry e Hermione se entreolharam. A garota desviou os olhos e balançou os ombros. Harry repetiu o gesto e voltou a comer.


- Nada? Aham. E eu sou péssima no quadribol. – ela disse, girando os olhos para os três. Eles a encararam com expressão de poucos amigos e ela levantou as mãos em sinal de derrota.


- Ok. Se não querem contar seus segredinhos, tudo bem. Eu não vou morrer de curiosidade para saber o que o trio-do-mistério anda aprontando. – ela disse, olhando ao redor e balançando os cabelos. Harry e Hermione continuaram a comer, distraídos, mas Rony parou, com uma garfada de purê a cinco centímetros da boca.


- O que diabos você está fazendo? – ele disse, escandalizado, fazendo a irmã se sobressaltar. Ela o olhou com raiva e girou os olhos, lançando um sorriso cheio de dentes para alguém à sua esquerda. Rony seguiu o olhar da ruiva e deparou-se com Córmaco McLaggen de olhar maroto, retribuindo, com o mesmo tipo de sorriso do fim da mesa. Ele abriu ligeiramente a boca, furioso, as orelhas corando furiosamente. Hermione percebeu o estado do amigo e esticou o pescoço para ver o motivo de tanto estresse.


- Está saindo com o McLaggen, Gina? – ela perguntou casualmente. Harry despertou de seus pensamentos e olhou também para onde a amiga olhava. Voltou seu olhar para Rony com um sorriso divertido.


- Não está com ciúmes, está, Hermione? – Gina disse, maldosamente, sem se importar com a expressão de vômito que Rony fazia à sua frente. Ela se referia ao interesse que McLaggen despertara por Hermione no começo do ano letivo. Interesse que fora penosamente reprimido pela garota, quando ela teve conhecimento do fato. Harry riu audivelmente. Rony até esboçara um sorriso zombeteiro, mas logo voltara ao seu perfil ciumento. A morena olhou para ela com expressão impassível, enrubescendo.


- Com certeza. Mal posso conter minha decepção. – ela disse sarcástica, tomando um gole de suco demasiadamente exagerado. Gina riu, voltando seu olhar novamente para o loiro que agora acenava. Ela acenou de volta, para desespero de Rony.


- Ele é do sétimo ano. É muito mais velho que você. – o irmão frisou, sério, com as orelhas já roxas. A garota o fitou com raiva. Os dois eram extremamente geniosos e Hermione suspirou, prevendo a briga que se iniciaria naquele momento.


- Não é tão mais velho, Ronald Weasley, e de qualquer jeito, isso não é da sua conta. – ela disse, ao que o irmão deixou o garfo e o resto de purê cair com um barulho irritante, na mesa. A partir dali, eles brigaram até o fim do almoço. Harry e Hermione, assim como os demais grifinórios ao redor, ignoraram as maldições e ofensas proferidas de um para outro, como sempre. As brigas entre os dois cresciam progressivamente, à medida que Gina envelhecia e se sentia mais livre para marcar encontros. Talvez isso findasse somente quando ela arranjasse um marido. Ou talvez fosse só motivo para que eles encontrassem outra razão para discussões. Quando o almoço terminou, Harry e Hermione acompanharam um Rony furioso, que despejava uma corrente de xingamentos a cada cinco minutos, até as masmorras. Tempo duplo de poções. Era tudo que eles precisavam para dar uma melhorada nos humores.


 


 


- Espero, embora não tenha tantas esperanças, que alguém consiga atingir no mínimo um tom esverdeado, próximo do tom verde musgo característico da poção de Badbone. Podem começar. – Snape disse, após anotar as instruções no quadro negro. Os alunos suspiraram, já exaustos da tarefa que nem haviam começado. Harry e Rony dividiam uma mesa, enquanto Hermione, localizada duas carteiras à frente, trabalhava carrancuda com Draco Malfoy. Os amigos não se sentiam alegres com aquela situação. Apesar de estarem em pé de guerra com a amiga e de Rony ainda estar realmente concentrado na briga com a irmã, ver Hermione dividir o mesmo metro quadrado com Draco Malfoy era preocupante. Hermione não se sentia muito mais alegre que os dois. Não tinha nada contra o Sonserino. Ela até lutara junto com ele durante a Guerra, após Draco trair os Comensais e se juntar à Ordem. Mas velhos hábitos não morriam tão facilmente e volta e meia eles trocavam insultos e mantinham a rixa.


- Pode me emprestar sua adaga de prata, Granger? – disse Draco, pegando-a de surpresa. Ela o olhou, perplexa, presa em suas lembranças do passado. Riu internamente. Uma situação daquelas só ocorreria há alguns anos atrás se o garoto estivesse sob tortura. Ou nem isso. Usar a sua adaga sangue-ruim? Você está maluca? Quer que eu contraia alguma de suas doenças imundas?, pensou ela, seria uma das prováveis reações do garoto àquela idéia tempos atrás.


- Claro. – disse ela, passando o instrumento para o colega. Ele murmurou um “obrigado” quase inaudivelmente. Ainda deve ser uma dificuldade agradecer, ela pensou. Tentou afastar os pensamentos maldosos da cabeça, agitando-a. Afinal, ele estava progredindo. Algo pequeno batera em suas costas, fazendo-a se sobressaltar de leve. Draco a olhou de canto, levantando uma sobrancelha. Hermione olhou para Snape, mas ele estava distraído, repreendendo alguém duas cadeiras à frente. Ela abaixou veloz, e pegou o pequeno pedaço de papel amassado que alguém jogara. Desdobrou com cuidado.


 


“Ele está te atrapalhando? Está te chateando? Quer que a gente tenha uma conversinha com ele no fim da aula? Pode nos perdoar?”


 


Ela girou os olhos, amassando o pedaço de papel e colocando no bolso. Deu outra olhada em Snape e rasgou um pedaço de seu próprio pergaminho. Draco assistia tudo sem entender. Ela molhou a pena no tinteiro e escreveu com pressa.


 


“Não. Está tudo bem. Ele está sendo legal, embora eu preferisse não ter que dividir a mesma carteira. Parem de me perturbar. Nós quase fomos pegos!


 


Ela sublinhou algumas vezes a última frase. Dobrou o bilhetinho em quatro. Draco se moveu inquieto ao seu lado e ela o olhou curiosa. Os olhos claros do loiro estavam presos em algo à direita de Hermione. Ela virou o rosto lentamente, dando de cara com um Snape de sobrancelhas erguidas e sorriso enviesado. Tentou jogar o papel fora, mas o professor fora mais rápido.


 


- Vamos ver o que temos aqui. – ele disse, em voz alta. Toda a turma voltara a cabeça para os dois. Hermione sentiu seu coração gelar. Ele leu, o sorriso maléfico aumentando em seus lábios. – Então a Srta. preferia não ter que dividir o trabalho com o Sr. Malfoy, Granger?


 


Hermione virou-se para Draco. O garoto a encarava com um misto de fúria e decepção. Hermione balançou a cabeça negativamente, tentando dizer para o Sonserino através do olhar que ele entendera errado. Mas ele não voltou a encará-la novamente.


 


- Para quem você iria mandar esse bilhete, Granger? – O professor perguntou, escorregando os olhos escuros para a mesa dos amigos da garota. Harry e Rony engoliram em seco, embora ele não pudesse provar que eles eram os destinatários.


- Para ninguém, professor. – Hermione disse, com a voz fraca. Ficou com medo que Draco a entregasse. Mas o garoto nem ao menos parecia prestar atenção na discussão dos dois. Voltara-se para seu experimento, tentando inutilmente esmagar um pedaço de sabugo com uma colher de madeira. Hermione franziu o cenho. Quando olhou para baixo, deu de cara com sua adaga de prata. Droga, Hermione, ele estava sendo gentil, porque você tinha que estragar tudo?, ela pensou, suspirando baixo.


- Para ninguém. – o professor repetiu, irritado. – Tem certeza, Srta. Granger? – ele perguntou, pronunciando lentamente cada palavra. A garota sentiu suas mãos suarem. Não gostava de mentir, mas não podia entregar os amigos. Embora, no momento, eles não fossem muito merecedores de sua lealdade.


- Sim senhor. – ela finalizou, corando de leve. O professor a encarou com frieza durante alguns segundos. Um silêncio mórbido tomava conta da sala, quebrado somente pelos murmúrios frustrados de Draco com sua colher de pau.


- Cinqüenta pontos a menos para a Grifinória e duas semanas de detenção, Srta. Granger. – ele decretou, com outro sorriso aparecendo em seus lábios comprimidos. – Para você aprender a não mandar bilhetes para Potter e Weasley, durante a minha aula. – ele disse se retirando lentamente. Hermione bufou baixo, não acreditando na má sorte. – E ah.. – o professor disse, virando-se para ela outra vez. – Para aprender a trabalhar em equipe, não importando as suas circunstâncias, você e o Sr. Malfoy poderão dividir uma mesa até o fim do ano letivo. E as suas detenções também serão aplicadas pelo seu colega, uma vez que ele também é monitor chefe, cargo que a Srta. demonstra não merecer – ele concluiu. Hermione deixara o queixo cair, copiosamente ao loiro ao seu lado. Ele estava vermelho e parecia prestes a discutir, mas Snape levantou um dedo no ar. – Sinto muito por isso, Draco. Mas sinto que sua colega precisa aprender a ter modos e disciplina, e ninguém melhor para ajudá-la nessa tarefa do que o Sr. – ele concluiu, virando-se finalmente e voltando para as carteiras da frente. Draco bufou alto, indignado. Hermione olhou para ele, constrangida, pelo castigo que deveria ser ficar com alguém que, apesar de seus esforços, não gostava de sua presença. O loiro não a encarou, voltando-se frustrado, para novas tentativas com o sabugo. Hermione respirou profundamente. Fechou os olhos. Um peteleco em suas costas a despertou. Ela encarou o papel que havia caído ao seu lado, abismada. Pegou, com as mãos tremendo de irritação.


 


“Agora não vai nos perdoar de vez, não é?”


 


Ela fechou os olhos novamente. Esmagou o papel com as mãos, no momento exato em que Draco soltava um xingamento após o sabugo ter explodido num jato ardido de um líquido fluorescente em seu uniforme impecavelmente branco. Ela o olhou penalizada. Hoje não é o nosso dia, Malfoy, pensou.


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


N/a: Capítulo sem muita história, mas necessário para o desenrolar da fic xD Espero que gostem! Comentem, por favor!

Thalassa: Obrigada! Espero que goste desse capítulo :) Um beijo!

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Comentários (1)

  • Amanda A.

    "Pode nos perdoar?"AUHUAHUHAUHAUHAUHAUHAUHUAHUHA Esse dois cara. 

    2012-01-16
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