Capítulo IX

 

Remus Lupin

Os dias se passaram dentro da normalidade, quer dizer tão normal quanto se pode ser um dia-a-dia em uma Escola de Magia e Bruxaria. E pode se dizer que até rapidamente, a sexta-feira chegou.

- Ainda sem dormir por nossa causa?- Pontas perguntou a Lene, enquanto se sentava ao lado dela na hora do almoço.

Eu me sentei de frente pra eles, Almofadinhas do meu lado direito e Rabicho do esquerdo. Realmente Lene estava com olheiras.

- É.- Ela disse sorrindo.

- Desculpa, Lene.- Eu pedi.

A pior parte de ser um lobisomem não são as transformações, a pior parte é ver como isso pode afetar aqueles que você gosta. É bom ter com quem contar, mas é horrível ver que isso está prejudicando-os.

- Você não tem porque se desculpar! Deixa de ser bobo. - Ela sorriu pra mim.

E eu sorri de volta, pelo menos tentei. Ela mudou de assunto porque a Lily e a Dorcas estavam chegando.

- Eu preciso jogar quadribol! Preciso voar!- Ela desabafou.

-Estou louco para agarrar um pomo de ouro de novo.- Pontas comentou.

-Porra! O que eu mais queria era poder rebater alguns balaços!- Almofadinhas entrou na sessão desabafo.

- Sério, gente, quadribol de novo? Vamos falar de outra coisa!- Dorcas praticamente implorou.

- Ela tem razão.Vamos falar de outra coisa.- Tentei ajudá-la.

Reparei uma troca de olhares e uma risada do Almofadinhas e  da Lene. É verdade que eu tentava agradar a Dorcas, mas não porque quisesse conquistá-la ou algo assim. Ela merece alguém melhor que eu, alguém que não fosse um monstro. Eu apenas queria vê-la feliz.

- Aah! O Prof. Slughorn já me entregou a poção tradutora, mas ele disse para tomarmos apenas no dia da viajem.- Nos avisou Lene.

Seguimos conversando por todo o almoço. Logo já era a hora da última aula, a de transfiguração, junto com a Lufa-Lufa.

Na primeira carteira estavam sentadas Lene e Lily, logo atrás delas estavam Theo Horst e Pierry Gomes, ambos da Lufa-Lufa. Pontas estava ao lado dos dois colegas da outra casa, o lugar mais próximo que ele conseguiu da ruivinha, Rabicho estava sentado com ele. Eu e o Almofadinhas estávamos mais atrás.

A Prof.ª Minerva estava falando sobre animagia, um assunto que modéstia a parte, todos os marotos conheciam bem. Apesar de não ser um animago, eu acompanhei tudo o que eles passaram para conseguir se transformar em animais.

A professora estava na metade do que seria uma longa definição de animagia quando o tal Horst começou a brincar com os cabelos da Lene, eles estavam preso em um rabo-de-cavalo. Almofadinhas, Pontas e eu trocamos olhares, não precisamos dizer nada para saber o que o outro estava pensando.

" O que ele pensa que está fazendo?"

" Quem ele pensa que é pra ficar mexendo no cabelo da nossa Lene?"

" Lufa-Lufa abusado!"

 Pontas nos deu um sorriso maroto, a frase "Hora de botar ele no lugar dele, não é?" estampada em seu rosto. Almofadinhas e eu apenas confirmamos com a cabeça.

Um sonoro tapa ecoou na sala. Todos os olhos se voltaram para o Horst que agitavam a mão, que acabara de ser agredida por Pontas. Parecia ter doído. Não satisfeito meu amigo quatro olhos ainda disse para o Lufa-Lufa:

- Não mexe com ela!- Eu e o Almofadinhas ríamos.

A Lene olhou pra trás roxa de vergonha e lançou um olhar zangado pra gente. Nós lhe sorrimos como se nada tivesse acontecido. Ela era como nossa irmã caçula, coitado de quem ousasse se aproximar dela.

A Prof.ª Minerva preferiu ignorar o ocorrido e continuou dando a sua aula.

- Qual o problema de vocês? - A Lene perguntou enquanto andávamos pelo corredor em direção ao salão principal para jantar.

- Lenezinha, se algum marmanjo resolver se aproximar de você vai ter que enfrentar os Marotos. - O Almofadinhas disse sorrindo.

- Mais fica tranquila aos 40 a gente te libera para o primeiro beijo. - Pontas completou.

Ela bufou, eu e Rabicho rimos. Não demorou muito para que ela não pudesse mais prender o riso também.
Antes de jantarmos o Prof. Dumbledore se levantou e disse:

- Prometo ser breve. Assim como vocês estou morrendo de fome.- Ele sorriu. - Gostaria de avisar que vocês já estam liberados para andar por todo o terreno da escola, exceto é claro a Floresta Proibida, assim como os passeios a Hogsmeade no fim de semana e o quadribol já não estão mais suspensos.-Todo o salão principal comemorava.

Logo em seguida a comida surgiu na mesa. Percebi que a Dorcas quase não tocou em seu prato. Quando eu ia perguntar se estava tudo bem ela se levantou avisando que iria para a sala comunal.

- Espera, eu vou com você. - A Lene falou enquanto se levantava.

- Vou também. - Disse Lily.

Fiquei preocupado com a Dorcas será que ela estava passando mal ou algo do tipo? Será que ela estava doente? Será que era grave?

- Aluado... Aluado... ALUADO!- Sirius me chamava, pelo visto fazia tempo que ele estava tentando me despertar dos meus devaneios.

- Ah! Oi?- Finalmente respondi.

- Vamos?- Ele disse impaciente.

- Aonde?

- Colher amoras na beira do lago para o Dumbledore!- Sua voz cheia de sarcasmo.- Aonde acha que iriamos a essa hora?

- Ah, claro. Desculpe, Sr. Eu Não Tenho Paciência Para Responder Uma Simples Pergunta Educadamente.

- Remus, faz um favor? Vai se foder!- Eu revirei os olhos.

- Parem de brigar as duas!- Pontas pediu e Rabicho riu.

-Temos um piadista entre nós!- Debochou o Almofadinhas e eu me juntei a risada do Rabicho.

- Antes de irmos lá pra fora preciso passar no dormitório. Deixei o mapa lá.- Pontas falou ignorando o comentário do Almofadinhas.

Eu disse a senha para a Mulher Gorda e adentramos pelo buraco do retrato. Dorcas estava dormindo no sofá, com a cabeça no colo da Lily. Lene estava sentada no chão encostada nas pernas da ruiva, as duas conversavam baixinho para não acordar a amiga.

- Já disse que você está linda hoje, meu líriozinho?- Pontas jogou um beijo pra Lily e subiu correndo para o quarto afim de pegar o mapa. Ela bufou.

- Reminhozinho, que eu amo demais- Lene começou a dizer, mas foi interrompida pelo Alomfadinhas.

- Se prepara porque ela vai pedir alguma coisa.

- Como se eu já não soubesse.

- Assim vocês em magoam. - Ela fingiu chorar.- Peter, me defenda!

- Lene, eles estão certos você vai pedir alguma coisa.

- Até tu, Brutos?

- Mas o que você quer, Lene?- Eu perguntei.

- Remus, você que é um menino forte e musculoso, não poderia levar a loirinha lá pro quarto. Não queríamos acordá-la.

- Quer dizer que eu não sou forte e musculoso?- Almofadinhas parecia indgnado.

- Não é isso, Sirius. Você apenas não é confiável o bastante para ter acesso ao nosso quarto.

- Além de fraco, eu não sou digno de confiança? Bom saber, Srta. McKinnon! Você concorda com esse absurdo, Lily?

- De maneira nenhuma. Você é quase o Hulck de tão forte e é a pessoa mais confiável que eu conheço. Confiaria minha vida a você! Confio tanto em você que quando eu tiver um filho você vai ser o padrinho. Combinado?- A ruiva disse rindo.

- Você tá maluca, meu amor? Deixar o nosso filho, o fruto do nosso amor, ser afilhado desse imbecil? Você sabia que o padrinho é responsável pela moral da criança? Nunca o Black vai ser padrinho do nosso bebê!- James havia acabado de voltar.

- Cala a boca, Potter!- Só para provocá-la ele lhe jogou um beijo.

- Vou levar a Dorcas para cima antes que vocês a acordem com essa gritaria.

Gentilmente levantei-a do sofá. Sua cabeça encostada em meu peito, podia sentir a sua respiração tranquila. O meu coração acelerado pela sensação maravilhosa de tê-la em meus braços. Devagar fui subindo as secadas, em parte porque tinha medo de acordá-la, e em parte porque queria adiar ao máximo a hora de deixá-la.

Com um feitiço silencioso abri a porta a coloquei em sua cama. Ela abriu os olhos preguiçosamente e murmurou:

- Remus?

- Shhh... Durma.- Eu sussurei.

Eu me abaixei ao lado da cama e fiz carinho em seu rosto. Ela fechou os olhos e sorriu, parecia ter gostado. Eu abri um grande sorriso. Puxei o edredom que estava dobrado na cama e a cobri. Beijei-a na testa e desejei boa noite. Silenciosamente sai do quarto e fechei a porta.

- Vamos?- Peter perguntou quando cheguei na sala comunal.

- Vamos! - Confirmei, ainda com um sorriso bobo no rosto.

- Algo me diz que a Dorcas vai ter ótimos sonhos essa noite. - Todos riram do comentário do Almofadinhas, menos eu, que optei por ignorá-lo.

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.