Capítulo VI
Sirius Black
- Não me olhem com essas caras. - Foi o que Pontas disse quando eu, Aluado e Rabicho conseguimos alcançá-lo.
- O que foi aquilo? - Perguntei.
James costumava ser imprevisível, mas dessa vez ele se superou. Por essa ninguém esperava.
- Eu te conheço, Almofadinhas, você também não ficaria lá.
Ele tinha razão, eu não ficaria. Eu não sabia o que dizer. E isso é um milagre.
- Por que, Pontas? Há anos você tenta sair com ela e quando ela aceita você simplesmente recusa? Eu não quero ser um fardo para vocês. Lidei muito tempo com a licantropia sozinho e posso continuar assim.
Pontas parou de andar, e nós também.
- Por que? Bom, eu vim por que vocês são os meu melhores amigos e eu não vou ficar lá dentro no quentinho da sala comunal enquanto vocês estão correndo risco de vida aqui fora. Daria a minha vida por vocês, assim como daria por ela. O que sinto pela Lily não é uma paixãozinha, é amor. E esse sentimento não é uma moeda de troca que ela possa usar pra me convencer a fazer o que ela quer. - Eu ia interromper para dizer que ela não sabia o motivo da nossa saída, provavelmente imagina que fosse mais uma de nossas "brincadeiras".- Eu sei que ela não tem noção do porque de nós sairmos e talvez se soubesse não teria feito o que fez.- Ele respirou fundo.- E se você, Aluado, disser mais uma vez que é um fardo para nós, eu juro que te espanco. E agora chegar de falar disso.
Quem éramos nós para discordar de um Pontas tão convicto, não é? Continuamos o caminho em silêncio.
Havíamos nos atrasado um pouco por conta de toda essa história do Pontas e da Lils, por isso quando chegamos aos jardins a lua ja estava lá e o Aluado se transformou quase que imediatamente, nós também e fomos escoltando pela orla da Floresta Proibida para não sermos vistos.
Já estávamos além da metade do caminho quandoo ouvimos passos. Pontas nos guiou para dentro da floresta, para nos escondermos. O que era um pouco difícil, esconder um cachorro e um rato não tanto, mas um lobisomem e um cervo era mais complicado.
Pudemos ouvir os passos e as capas dos comensais farfalhando no chão. Em um impulso eu ia na direção deles.
"O que pensa que está fazendo?"-Perguntou o Pontas.
Com o tempo havíamos aprendido a nos comunicarmos por legiminência quando estávamos em nossas formas animais.
"Indo atrás deles é claro! Eles machucaram Hagrid." Fizeram a Lene chorar.
" Ela chorará mais ainda se você morrer."
" Ei! Não era para você ter ouvido isso."
"Pois é, mas eu ouvi e agora fica quietinho aí antes que nos vejam."
"Vamos ser covardes e nos esconder?"
" Não vamos ser covardes, vamos ser prudentes."
" Está falando como o Aluado."
"Alguém tem que ser responsável enquanto ele está impossibilitado. E aonde está o Rabicho?"
"Não sei." Respondi secamente. Estava revoltado por não ir atrás dos capachos de Voldemort.
" Ele deve ter voltado para o castelo. Vamos aproveitar que os comensais já foram e seguir para a casa dos gritos."
Eu ainda estava irritado demais, por isso não falamos mais nada pelo caminho. Apenas escoltamos Aluado. Ele estava mais tranquilo essa noite.
Já que o Rabicho não estava conosco fui eu quem teve que parar o salgueiro lutador, Pontas era grande demais para a tarefa. Um dos galhos atingiu meu fucinho. O sangue que escorria fez uma trilha até o quarto.
"Você tá legal?"
"Sim." Respondi meio ríspido ao Pontas.
" Olha, você acha que eu também não queria atacar aqueles filhos da puta?"
" E por que não fomos?" Eu realmente não entendia.
"E deixar que descobrissem a condição de Remus? Estaria no Profeta Diário de amanhã e os outros pais obrigariam Dumbledore a expulsa-lo."
"Eu...Eu não..."
"Não tinha pensado nisso. Eu sei. Agora desfaça essa cara de bunda antes que chegue algum cara de pau perto de você."
Eu ri, ou lati. Foi uma risada meio latido ou um latido meio risada. Eu não sei. Essa é uma questão tipo: a zebra é branca com listra preta ou preta com listra branca?
A noite se seguiu tranquila. Aluado não quebrou mais nada, apenas arranhou a parede ( um barulho extremamente irritante, ainda mais quando se tem a audição de um cachorro), mas acho que isso se deve ao fato de não haver mais nada para quebrar. Tudo que havia no quarto já estava destruído. Acho que pra ele destruir o que está intacto é mais divertido.
Quando os primeiros raios de Sol atingiram a janela ele voltou ao normal e nós também. Me espreguicei e disse:
-Bom dia para as flores mais lindas do meu jardim.
- Meu Merlim! Que Gay!- Pontas falou em meio a um bocejo.
- Não sou eu quem se transforma em veado.
-É. UM. CERVO.- Ele respondeu "calmamente".
-Ah, calem a boca vocês dois! Ei, cade o Rabicho? E o que houve com seu nariz, Almofadinhas?
Quando ele mencionou meu machucado eu fiquei tentando enxergá-lo. É óbvio que não consegui e fiquei vesgo. Os palhaços riram da minha cara.
- Nós não sabemos. Acho que ele voltou para o castelo. E isso aqui foi por causa do salgueiro lutador.- Passei a mão no nariz. -Ai. Ai.- Reclamei e fiz uma careta de dor.
-Tá doendo?
-Não,não, Pontas, esse é o refrão da nova música das Esquisitonas.
-Ta vendo, Aluado? Eu tento ser legal,mas ele não merece.- E fingiu chorar.
Nós rimos e nos sentamos.
- Cadê a Lene? Estou morrendo de fome!
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