Capítulo V



 


Marlene McKinnon



 


Assim que abri a porta da enfermaria pude ver Hagrid sentado em uma das camas da enfermaria, que havia sido mágicamente aumentada para suportá-lo. Corri em sua direção, os meninos ficaram para tráz acho que desaceleraram o passo para que eu ficasse um pouco sozinha com ele. Dei um forte abraço em Hagrid e ele resmungou um pouco de dor.


- Desculpa, desculpa! Eu sou uma idiota. Como você está?- Eu perguntei já com lágrimas nos olhos por vê-lo naquele estado.


- Está tudo bem. Eles vão precisar de bem mais do que isso para me derrubar.- Ele disse enquanto limpava uma lágrima que teimava em escorrer pelo meu rosto. E eu sorri para ele, ele tentou sorrir de volta mas isso parecia lhe causar dor, por que ele fez uma careta.


Hagrid estava com os olhos inchados, tinha cortes no rosto e nos braços,  provavelmente também tinha nas pernas, mas elas estavam cobertas por um edredom por tanto não dava para vê-las.  Percebi que de tempos em tempos ele tinha espasmos no corpo, provavelmente efeito de alguma cruciatus.


Imaginar a dor que ele deveria ter sentindo fez com que mais lágrimas caíssem dos meus olhos. Esfreguei-os para que ele não visse,  mas era tarde demais.


- Oh, Lene! Por favor, não chore!- Disse o meio-gigante.


 E nessa hora pude sentir uma mão apertando meu ombro, em um gesto de consolo. Me virei e vi Sirius seus olhos tansbordavam preocupação com o nosso amigo.


- Meninos! Como vocês estão?


- Revoltados!- Hagrid fez uma cara de desentendido. - O quadribol foi cancelado!- Disse James se explicando.


Depois dessa frase Remus deu nele um tapa na cabeça.


- Deixa de ser idiota, Pontas.


Hagrid não conseguiu se segurar e começou a rir o que gerou uma crise tosse. Isso chamou a atenção da medi-bruxa do colégio que chegou nos expulsando da enfermaria.


- Fora os cinco!  Já está tarde e o Rúbeo precisa descansar! Fora! Fora!


Nos despedimos, desejamos melhoras e prometemos ao guarda-caça que voltaríamos no  dia seguinte.
Peter, Remus e James foram andando um pouco mais na frente. Eu e Sirius ficamos para trás.


- Você tá bem?-Ele me perguntou.


- É triste vê-lo assim, né?


-É... Mas ele vai ficar bem.- Ele disse passando o braço por trás do meu ombro e me dando um beijo no alto da cabeça.- Fica tranquila.


- Obrigada.- E sorri pra ele.


Passamos o resto do caminho até a torre da Grifinória em silêncio.


Chegamos lá e Sirius e James foram jogar xadrez de bruxo, eu, Peter e Remus fomos fazer os deveres. O lobinho parecia estar em outro planeta e eu não podia perder a oportunidade de implicar. Amassei um pergaminho e joguei nele. Ele levou um susto, mas riu.


- O que foi? - Perguntei.


Ele respirou fundo, parecia estar criando coragem para falar. E quando abriu a boca não se dirigia apenas a mim.


- Não quero vocês na casa dos gritos hoje.


- O QUE?- Sirius virou-se para ele indignado.


- Você tá brincando, né, Aluado?- Questionou James.


- Não eu estou falando sério. É perigoso demais.


- A gente já discutiu isso mais vezes do que a ruivinha me disse "É Evans para você, Potter". Você ainda não se deu por vencido?


- Dessa vez é diferente, Pontas, além de um lobisomem podem haver comensais lá fora.


- Mais um motivo para irmos, você pode precisar de ajuda.


- Eu sei me cuidar, Almofadinhas.


- Nós também sabemos, Aluado. Não adianta tentar discutir, nós vamos.


- Se alguma coisa acontecer a vocês, eu nunca-Mas Sirius o interrompeu.


- A responsabilidade é toda nossa. Você não vai ter culpa nenhuma se algo acontecer.


- E fica tranquilo porque nada vai acontecer. - Completou James e Remus bufou.


Voltamos a fazer o que estávamos fazendo como se nada tivesse acontecido, apenas o nosso querido lobo ainda parecia frustrado. E em pouco tempo eu já tinha terminado meu dever e fiquei observando o jogo de xadrez.


- Potter, desista. Você nunca vai me superar no xadrez de bruxo. Eu sou invencível.- O cachorro convencido disse estalando os dedos e depois colocando as mãos atrás da cabeça.


James ia abrir a boca para responder, mas antes que ele pudesse dizer alguma coisa me meti na conversa.


- Sai daí, James. Eu vou acabar com a marra desse Black de araque.


- Você me vencer? Duvido.


James levantou e eu me sentei no lugar em que ele estava. Arrumamos as peças no tabuleiro, eu fiquei com as brancas e Sirius com as pretas, ele sempre jogava com as peças pretas acho que é por causa de seu sobrenome.


O jogo se seguiu acirrado. Fora meu avô materno quem nos ensinara a jogar, nós tínhamos mais ou menos 5 anos na época. E desde então toda vez que começávamos a jogar permanecíamos por horas.


- Xeque!- Ele declarou com um sorriso maroto nos lábios.


E ao mesmo tempo o buraco do retrato se abriu. Por ele entraram Lily, Dorcas e Alice. Mas a última entrou já se despedindo.


- Gente, desculpa mas não vou poder ficar. Vou subir e tomar um banho, para encontrar com o Frank.


- Desde que começou a namorar você não tem mais tempo pra mim! - Eu disse fazendo cara de choro.


- Own! Você sabe que eu te amo.- Ela respondeu e me jogou um beijo, enquanto corria escada a cima.


Voltei a minha atenção ao tabuleiro. Era questão de honra eu precisava ganhar. Podia ouvir que as pessoas a minha volta estavam conversando, mas não conseguia escutar extamente o que diziam. Minha concentração só foi interrompida quando Remus chamou por Sirius.


- Almofadinhas, vamos já está ficando tarde.


- Droga. - Xingou porque eu havia capturado um de seus peões.- Não ouse mexer nessas peças quando eu voltar continuamos o jogo, McKinnon.- Disse enquanto se levantava.


- Mas é claro, Black.


Os marotos estavam quase saindo quando Lily disse apreensiva:


- Espera, não vão. - Todos viramos para ela sem entender.- Vocês vão sair do castelo, não é? Por favor, não façam isso.


Como ela poderia saber disso?


- Do que você está falando, Lily?- Indagou Remus.


- Não saiam, por favor. - Ela falou nervosa.


- Desculpa, Lils, mas não podemos. - Sirius explicou a ela.


Ela lançou um olhar desesperado para Remus e ele desviou, parecia não conseguir encará-la. Ela resolveu apelar.


- James, por mim, fique.- Os olhos de James brilharam ao ouvir seu primeiro nome sair da boca da ruivinha.


Ele olhou para  o lobinho que assentiu e sussurou "Fique". E meio cabisbaixo se dirigiu a Lily.


- Desculpa, Lily, de verdade. Mas eu não posso.


Ele ja havia se virado para sair, mas ela não tinha desistido.


- Eu aceito sair com você, se você ficar.


- O QUE?- Ele se virou extremamente surpreso.


- Você ouviu.


-Ele vai ficar. - Remus respondeu no lugar de James.


- Não, não vou. Você não ficaria  se estivesse no meu lugar.


- E você não me deixaria ir se estivesse no meu.


James passou a mão pelos cabelos e virando se novamente para Lily falou:


- Eu te amo. Te amo de verdade, por mais que você não acredite. Sair com você é a coisa que eu mais quero, mas não nessas condições. Me desculpe, mas não posso ficar. - Virou-se e saiu sem dar tempo para ela responder.


Ela estava boquiaberta.


- Me desculpe. - Murmurou Remus e saiu atrás de James com Sirius e Peter em seu encalço.


Assim que a porta se fechou Lily se jogou na poltrona atrás dela.


- Alguém me explica o que acabou de acontecer?- Eu pedi.


- Também gostaria de saber.- Comentou Dorcas.


Lily suspirou profundamente e engoliu a seco.


- Depois do discurso do Dumbledore fui falar com Severus. Saber se ele tinha alguma coisa a ver com o ataque. Ele disse que era inocente. E pediu para que eu não deixasse James sair essa noite. Ele parecia querer evitar que algo ruim acontecesse.


- E tudo isso que eu presenciei foi para atender um pedido do garoto que te chamou de sangue-ruim e está prestes a virar um comensal se é que já não virou? - Eu estava indignada.


Eu não tinha nada contra o Snape, mas depois daquele dia em nosso quinto ano ele tinha despencado em meu conceito. Sou daquelas que mexeu com os meus amigos mexeu comigo, sabe?


- Não fale assim dele. - Ela pediu e eu bufei.- E não é só por isso que fiquei assim. Estou  realmente preocupada com o que pode acontecer a eles.- Ela tinha lágrimas nos olhos.


Eu me ajoelhei em frente a poltrona que ela estava.


- Não fique assim. Eles sabem se cuidar.


- Diga a verdade, Lily, você está apaixonada por James não está?- Dorcas perguntou enquanto se sentava no braço da poltrona dela.


- Eu não sei. - Ela sussurrou e lágrimas escorreram em seu rosto. Eu limpei-as.- Ultimamente percebi que ele não é aquilo que eu imaginava... Tenho pensado nele  com muita frequência. - Ela suspirou.-Tenho medo de me deixar envolver e me machucar. Mas depois do que ele acabou de fazer não consigo acreditar que tudo o que ele diz seja mentira. Eu estou confusa, muito confusa.


- Lily, ele não é nem maluco de te magoar. Seria um homem morto se fizesse isso.- Ela sorriu em meio as lágrimas depois do meu comentário.- Falando sério agora, independente do que você decidir saiba que vai ter o meu apoio e o da Dorcas.


- Com certeza! - Concordou a Loirinha.


- Obrigada. Vocês são as melhores amigas do mundo!


- Nós sabemos!- Nós três rimos.


-Gente, eu preciso descansar, preciso de um banho.- Declarou a ruiva.


- Vai lá, Lily. Daqui a pouco nós subimos também, né, Lene?


Eu assenti. A Lilindinha (eu realmente amei esse apelido) se levantou e subiu nos desejando boa noite.


- Ela está apaixonada por ele, não está? - Dorcas parecia ter lido meu pensamento.


- Perdidamente.


- Nem vem que a madrinha do casamento serei eu.


- Tudo bem, desde que eu seja madrinha do seu com Remus.


-Como? - Ela corou até o último fio de cabelo.


- Não se finja de desentendida, Dorquinhas.


- Mesmo se eu quisesse ele nunca iria querer nada comigo. Ele é muita areia pro meu caminhãozinho.


- Você está brincando, né? Você é maravilhosa! Ele seria muito idiota se não te quisesse.


- Ah, para vai!


-É sério! Além disso um passarinho verde me contou- Ela me cortou.


- O que o Sirius te disse?


Nós rimos.


- Nada demais... - Tentei desconversar. Eu e minha boca grande.  Bem que o Sirius disse que eu era uma tagarela.


-Fala logo!- Falou me dando uma almofadada. Eu ri.


- Nós apenas compartilhamos nossas desconfianças de que estava pintando um clima entre vocês.


- Está tão na cara que eu estou apaixonada assim?- Ela cobriu o rosto com as duas mãos.


- Bom, pra gente que conhece vocês, sim. Mas o Remus é desligado e modesto demais para  se quer imaginar que você gosta dele.


- Ai meu Merlim!


- A senhorita me autoriza contar essa conversa para o Sirius e juntamente com ele começar uma operação cupido?


- Sim.- Ela murmurou com o rosto ainda mais vermelho. - Eu não acredito que acabei de concordar. Sabe o que é isso? Falta de sono. Vou sair daqui antes que revele mais segredos.


- Você tem mais segredos? -Perguntei com uma sombrancelha erguida.


- Boa noite, Lene!- Ela se levantou correndo e praticamente voou até as escadas.


- Ei, ei espere aí! Você tem mais segredos?


É óbvio que ela não me respondeu. E eu fiquei ali sentada em uma poltrona em frente a lareira refletindo. Lily finalmente estava cedendo aos encantos de James. Dorca e Remus estavam apaixonados um pelo outro. E a lobinha de uma figa parecia ter segredos que não compartilhava conosco, inadimicível! O Hagrid estava ferido. Comensais conseguiram passar pelas proteções de Hogwarts. E os marotos estavam lá fora, correndo mais riscos do que o normal. Era muita informação para apenas um dia.


Eu estava exausta, mas não consiguiria dormir. Não com os meus melhores amigos correndo risco de vida lá fora. Respirei fundo. Fiquei observando o crepitar das chamas na lareira.


Até que a entrada para a torre da Grifinória se abriu eu me virei para saber quem estava entrando, não vi ninguém até que olhei para o chão e vi um rato. Meu coração gelou.


- Peter?

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