QUINTO – A TORRE DO RELÓGIO
QUINTO – A TORRE DO RELÓGIO
A Torre do Relógio permite acesso aos andares mais altos da escola. Ali, muitos procuravam algum tipo de refúgio onde pudessem pensar ou simplesmente não pensar. E nesse exato momento eu só queria fumar um cigarro de mandrágora como há quase exatos 14 anos não fazia.
Hoje, dia sete, era o dia no qual ela viria até mim. Pra ser completamente honesta aqui, pouco calculei sobre este sábado. Posso dizer que por medo, deveria argumentar ansiedade ou talvez sugerir que desejei um pouco do mistério do não saber. Quem poderia julgar afinal?
A Torre fica localizada no topo de uma colina e daqui do alto dá pra olhar os gramados brancos pela neve. Observo alguns alunos deixarem Hogwarts para alguns doces na Dedosdemel. Quem sabe se refugiarem no aconchegante 3 Vassouras? Eu poderia tomar uma bela dose de hidromel envelhecido hoje.
Estou no segundo cigarro, minhas mãos tremem. Aqui na Torre há um espaço enorme, como um salão de entrada, com escadarias de madeira dos dois lados. A face do relógio está um patamar abaixo de mim, mas o ruído das engrenagens estranhamente me lembram de uma canção trouxa que ouvi há algum tempo, meados de 1991, eu acho. Without You I‘m Nothing, pra ser mais exata. Eu gosto dessa canção.
- Professora... – foi a sua voz que não ouvi chegar que me despertou daquele breve desvario. Eu não me virei.
Senti você se aproximando de mim. Meu coração acelerou demais ou ele definitivamente parou, não arriscaria dizer.
- Há quanto tempo você sabe? – A pergunta de Hermione apenas confirmou que Aritmância é real. Eu ainda não me virei.
- Sete.
- Meses?
- Anos.
Ela tocou minha mão e eu senti queimar como numa fisgada. Nesses anos todos de espera, eu imaginei os mais belos discursos. Pensei em frases de efeito para tentar explicar como tudo isso aconteceu. Mas a verdade é que agora as palavras me faltavam, assim como o ar e o chão.
Não importaria o que eu dissesse.
- Se eu não fosse uma Aritmacista, eu gostaria de fazer vasos artesanais.
Eu disse a primeira coisa que veio a minha cabeça quando finalmente consegui encará-la nos olhos. Ela não pareceu querer mudar o rumo daquela conversa.
- Você me esperou, não foi?
Meu silêncio respondeu.
Ela tocou meu rosto com a palma da mão. Seu polegar encontrou os meus lábios. Eu fechei os olhos.
- Eu gostaria de poder dizer que temos uma escolha, Hermione.
- A única escolha que eu tinha era sobre saber ou não, professora.
- Veck. Você pode me chamar de Veck.
Hermione segurou uma de minhas mãos e me pôs a tocar sua face da mesma maneira como ela fizera comigo. Agora foi sua vez de cerrar os olhos.
- Eu quero que você me prometa uma coisa, Veckie. – ela me pediu.
- Tudo. – ela abriu os olhos.
- Nunca mais calcule nada sobre nós.
Encarei-a firmemente antes de consentir. E então ela me beijou.
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