TERCEIRO - A SALA DE SEPTIMA V

TERCEIRO - A SALA DE SEPTIMA V



TERCEIRO - A SALA DE SEPTIMA VECTOR


Os meus aposentos eram divididos em duas partes. A primeira, uma sala comum com todos os móveis de uma sala comum. Uma mesa grande para estudo, algumas estantes com livros, uma poltrona aconchegante e alguns armários onde eu guardava materiais de aula e objetos mágicos. Na segunda parte, separada por uma parede, ficava o meu dormitório. Não havia nada realmente diferente ali, a minha cama era de dossel, havia um armário para roupas, uma cadeira e um criado-mudo.


Hermione chegou às sete e quinze.


- Desculpa, professora. Eu tive um problema-


- Brigou com um amigo. – Completei. Eu já sabia.


- Mas como você? – ela se esqueceu por um breve segundo de que falava com um Aritmancista. – Ah, Sim. Eu sinto muito.


- Está tudo bem. – Fiz um movimento para que ela se acomodasse à mesa.


- Professora, acho que levei um caderno seu por engano – Ela abriu a mochila e me entregou um caderno médio de capa de couro preta. – quando nos esbarramos mais cedo na biblioteca.


- Nem senti a falta. – Menti. - Obrigada por tê-lo guardado.


Hermione sentou-se já alinhando seus materiais sobre a mesa. Ela pareceu ruborizar quando toquei sua mão brevemente.


- Eu preciso perguntar, por favor, não me entenda mal, mas preciso saber se você abriu o caderno.


- Não. Não de propósito. – Ela desviou o olhar, mas o sustentou novamente para concluir. – Professora, eu vi o meu nome. Não entendi os cálculos, mas li rapidamente.


- Você não entendeu os cálculos porque eu os criptografo, Hermione.


- Como? – e ela parecia tão mais interessada no como do que no porquê.


- Um feitiço. Somente quem o lançou é capaz de ver o que realmente está escrito.


Mirei um pedaço de pergaminho e com o balançar da minha varinha apareceu nele o esquema do feitiço que despertou o interesse de Hermione.


- Tome. – entreguei o papel a ela. – Você será capaz de reproduzir sozinha.


Hermione visualizou o papel por um breve segundo, dobrou-o e guardou na mochila. Talvez ela tenha percebido que eu estava ligeiramente tensa.


- Posso perguntar por que o interesse em Combinações Concentradas? – mudei completamente o assunto e ela percebeu, mas não se opôs sobre.


- Eu fiz um cálculo aplicando o teorema da aula passada e... eu me dei conta de que... eu vou me apaixonar por uma pessoa neste ano.


Ela falou pausadamente e temerosa sobre a minha reação. Eu a olhei com ternura.


- Professora, eu sei que esse deveria ser o último motivo pelo qual eu precisaria estar estudando, por favor, não interprete isso como uma futilidade, mesmo que seja-


- Hermione. – Interrompi. – Combinações Concentradas é exatamente sobre a probabilidade de influência dos sentimentos e emoções na determinação do futuro. É a variável mais inconstante que existe. Não há vergonha nenhuma em querer conhecer isso. - Ela se acalmou. – Vamos começar por Julius Guiñanzu, seu principal teórico.


A primeira hora se passou depois disso. Calculei ao seu lado e tirei uma ou outra dúvida. Fiquei ansiosa com a possibilidade do meu nome aparecer tão cedo para ela.


- Professora, meu denominador é o sete. – Ela sorriu para mim com ar de triunfo. – Refiz o cálculo três vezes. É sete.


Olhei fingindo surpresa. Sorri.


- Agora você é capaz de determinar algumas conexões. Tenta essa matriz.


E ela tentou. Ficou duas horas nisso enquanto a noite caia profundamente.


- Consegui. – Tempos depois ela levantou o caderno de cálculo para ler o resultado para mim. – Eu me envolverei com essa pessoa este ano. – Eu acompanhava. – Eu já o conheço. É mais velho do que eu. – Ela pareceu mentalmente calcular a idade de alguém. – É puro-sangue, está em Hogwarts e... Não pode ser...


- O que houve, Hermione?


- Acho que fiz algo errado. Não pode estar certo...


Eu a olhei. Meu coração falhou um batimento.


- Hermione?


Ela me encarou. Prendi a respiração.


- Aqui diz que... – ela estava reunindo coragem para me dizer algo. – Aqui diz que eu vou me apaixonar por uma... mulher.



 

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