PRIMEIRO - O GRANDE SALÃO
PRIMEIRO - O GRANDE SALÃO
Eu já sabia que naquele primeiro dia de setembro a minha vida mudaria para sempre. Estava nos números e eu os compreendia. Compreendia tão bem que não leva-los em consideração seria o mesmo que negar tudo o que eu sou. Tudo o que eu me tornei. Tudo o que eu acredito.
Eu sabia.
Sabia porque conhecia o teorema de Bastet. Dominava as fórmulas de Vermont. Entendia as funções de Dirichlet. Era palpável porque eu abarcava o ‘é‘ de toda coisa. Os números simplesmente ‘são‘. Dispensa interpretações difusas de figuras em borras de chá ou o posicionamento dos planetas. Até porque o posicionamento dos planetas é o resultado de cálculos complexos de todas as variáveis entre tempo e espaço que posso determinar aqui, neste instante, e provar que, no fim, tudo é matemática. Mas de nada serve a matemática sozinha. Sua aplicação é o principal fundamento da Aritmância.
Até o mais medíocre dos Aritmancistas sabe disso.
Matemática é linguagem pura. Cada número é aqui o que é em qualquer parte do poliedro universal, basta apenas identificar a conversão específica.
Matemática é Aritmância e Aritmância simplesmente é.
O futuro que me aguardava também esperava por ela. Ela que chegou em setembro. O sétimo mês do calendário romano. Porque nosso futuro ‘era‘. Sim, no passado. O futuro era porque ‘seria‘ é uma incerteza que desprezamos nos cálculos.
Possibilidades não determinam o futuro.
Precisei todas as suas variáveis. 2,3% Sonserina; 14,01% Lufa-Lufa; 40,13% Corvinal; 43,56% ...
“GRIFINÓRIA!” – gritou o chapéu seletor e eu já sabia.
Sei que deveria, às vezes, falar menos como Aritmancista. Principalmente quando falo dela. Calculá-la é tão sufocante que nem sei se quero aplicar todos os teoremas e fórmulas que conheço para decifrá-la.
Eu a amei mesmo antes de conhecê-la.
Ela chegou em setembro e eu já sabia que aconteceria.
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