Clube dos Duelos
O dia seguinte amanheceu melhor do que nunca; eu estava realmente com muito bom humor, graças a noite de ontem. Fui para o banheiro mais animada do que o normal. Ninguém estava no quarto, o que indica que eu acordei mais tarde de novo. Talvez esse fosse outro motivo para minha animação: uma boa noite de sono.
Cheguei ao Salão Principal, já lotado, onde já se encontravam toda a turma.
- Bom dia gente!- falei animada, me sentando entre Maria e Tiago, que pelo visto guardaram um lugar para mim. Eles pareciam ter percebido meu estado de espírito.
- Posso saber o motivo dessa animação? – indagou Maria, curiosa, enquanto eu beijava Tiago na bochecha.
- Eu dormi bem.
- Sei. – bufou Almofadinhas. – Como se não fosse pelo mesmo motivo que Pontas chegou todo feliz no dormitório ontem à noite.
- Na verdade senhor Black, eu realmente dormi muito bem. – eu disse, enchendo o copo de leite.
- Acredito.
- Mudando de assunto. – interrompeu Dougie, que percebeu que eu iria retrucar. – Vocês vão ao Clube de Duelos amanhã?
- Ah, é mesmo! Tinha até me esquecido! – exclamou Maria, excitada.
A propósito eu também havia esquecido; já fazia uma semana ou mais que o aviso estava pregado no mural de avisos da Sala Comunal. Apenas alunos do sétimo ano poderiam participar, pois agora que iremos nos formar é sempre bom estar preparado.
- Vai ser o máximo! – exclamou Tiago, animado. – Espero sinceramente que o Ranhoso esteja presente para eu dar uma boa lição nele.
- Você não vai dar uma lição em ninguém! – reclamei.
- Você disse que não ia mais defender ele.
- Eu não estou defendendo apenas ele! E sim qualquer pessoa que você quiser atingir!
- Mas é claro que você está defendendo especificamente ele, Lílian.
- Não, não estou.
- Está.
- Não.
- Parece até que você se esqueceu da última vez que foi se meter com ele.
- Não foi de propósito Tiago! Você sabe!
- Eu sei. Portanto isso é imperdoável. Estou querendo saber quando é que você vai deixar de tratá-lo tão bem.
- Eu trato ele bem porque ele é meu amigo!
- Amigo! – ele bufou, e espirrou farelo de torrada em Rabicho. – Foi mal, Rabicho...
- É, é sim! – falei, antes que ele mudasse de assunto.
Maria soltou um alto e longo pigarro.
- Dá pra parar com a briga? – ela falou; notei que todos olhavam pra nossa discussão. Rabicho olhava pra gente comendo, como se fosse um jogo qualquer de futebol; Aluado e Sirius sufocavam o riso; Maria e Dougie estavam visivelmente prontos caso acontecesse um acesso de raiva. - Que eu saiba vocês estavam muito contentes agora pouco.
- Ele que começou. – murmurei, voltando a comer.
- O que estávamos falando mesmo? – disse Aluado, vagamente. – Ah sim. O Clube de Duelos. Vocês vão participar?
- Mas é claro! – disse Almofadinhas agitado. – Agora quero ver a Lílian reclamar que estamos azarando alguém.
- Depende. – falei, rindo.
- Tem razão, Almofadinhas. – falou Tiago. – Se meu duelista for o Ranhoso, praticamente Lílian não poderá fazer nada!
- Vai ser realmente bom. – Maria alterou a voz para me interromper novamente.
Depois que terminamos o café, decidimos ir para a Sala Comunal adiantar mais um pouco da pilha de deveres e trabalhos. Passamos praticamente o dia inteiro enfurnados lá dentro, copiando metros e metros de textos nos pergaminhos.
- Você deveria pegar mais leve com o Tiago. – Maria disse de repente, ainda rabiscando seu trabalho de Feitiços. – Ele tem todos os motivos para odiar o Ranh... o Snape.
- Como sempre você defendendo ele. – eu disse, sem erguer os olhos.
- Uma coisa que você deveria ter feito. Ele é seu namorado! Você tem que sempre concordar com ele!
- Não! A gente deve concordar com quem tem a razão.
- Lílian, eles se odeiam! Pare de tentar reverter as coisas, pois não vai dar certo.
- Isso é insuportável! – respondi, indignada, finalmente largando a pena. – Um não pode encontrar com outro que já quer ir azarando. Um fala do outro como se desejasse pegar um revólver e atirar do outro!
- Isso é normal. Como eu já disse, eles se odeiam. E o que é revólver?
- É uma arma que os trou... ah, deixa pra lá. – murmurei, voltando ao dever.
Mas é claro que Maria nunca entenderia. Ela não tem um amigo muito próximo que odeia o Dougie. Ela mais ou menos já passou por isso, quando estava saindo com o Kingston. Porém Dougie odiava Kingston, apesar de ele não o odiar; mas mesmo assim Dougie não saiu por aí atacando Kingston de todo jeito possível, saiu?
Eu dera o azar de ter por perto dois cabeças duras: Severo Snape e Tiago Potter. Os 'inimigos mortais'. Dumbledore e Você-Sabe-Quem.
Mas Maria tinha razão. Vai doer, mas não estou nem aí para esses dois. Eles que briguem, se matem e aprendam a lição. Isso não vai ser fácil pra mim, e espero que não seja fácil para eles também.
- Você deve pedir desculpas para o Tiago. – Maria comentou novamente.
- Por quê?
- Porque voce ficou xingando ele por uma coisa boba, sem falar que o Ranhoso...
- Ok, já entendi. – interrompi, me levantando.
Tiago estava num canto, sonolento, escrevendo muito devagar em um pergaminho.
- Lua cheia? – perguntei, sentando-me na poltrona ao seu lado. Ele se sobressaltou.
- Ah, não. – ele respondeu, coçando os olhos. - Estou com sono mesmo. Não sei o que é pior, a aula do Prof. Binns ou os deveres que ele passa. Não sei por que ele não se aposenta de uma vez.
- Eu queria falar com você. – fui direto ao assunto.
- O que?
- É que eu não estou nem aí. Estou nem aí para o que você pensa sobre o Sev, sobre o que você vai fazer com ele e vice-versa. Eu cansei de ter que separar vocês dois, então é assim que vai ser a partir de agora.
Ele me olhou desconfiado, talvez esperando que eu caísse na gargalhada e revelasse várias câmeras de um programa de TV fazendo pegadinhas (se eu fizesse esse comentário com certeza ele ia ficar mais confuso ainda).
- Está se sentindo bem, Lílian?
Eu suspirei.
- Não. Acho que ouvi meu estomago roncar e estou indo para o Salão Principal agora.
- Espera. – ele falou, segurando meu braço. – Tem certeza que não levou uma pancada na cabeça ou...
- Estou bem, Tiago. – falei, revirando os olhos.
- Então voce está falando que é para eu acabar com o Ranhoso, é isso?
- Não! – apressei a dizer, assustada. – Quer dizer, é pra vocês mesmos pararem, pois não vou opinar em nada. Não que isso fazia diferença pra vocês, não é mesmo?
- Bem... é.
- Então resolvido. – suspirei de novo. – Vou jantar. Você vem?
- Não. – ele disse, consultando o relógio. – Tenho treino agora.
- Como vai o time?
- Melhor impossível. – ele falou, com um sorriso satisfeito, demonstrando que está fazendo um bom papel de capitão. – Estamos em segundo lugar no campeonato, atrás da Corvinal. Temos que torcer para Corvinal perder pra Sonserina e Lufa-Lufa ganhar da Sonserina.
- Então boa sorte. – respondi, antes que ele começasse a relatar seus planos de jogo. – Vou descer.
- Ei! – ele reclamou.
- O que foi?
- Não esqueceu de nada?
- Não. – olhei ao redor, surpresa.
- O meu beijo. – ele falou, sorrindo.
Olhei pro teto, rindo.
Eu me ergui, como sempre, para beijá-lo (ele parecia ter crescido ainda mais).
- Até mais. – falei, acenando. Me dirigi ao retrato com um sorriso feliz no rosto.
O primeiro dia de Fevereiro correu normal; as habituais aulas puxadas, os professores severos e exigentes e o sol entrando pelas janelas escancaradas. O Clube de Duelos seria depois das aulas. Percebi que o dia inteiro muitos alunos só falavam desse assunto com entusiasmo, uns com medo, outros excitados.
Enfim, depois de eu, Tiago, Maria, Dougie, Almofadinhas, Aluado e Rabicho guardarmos nosso material na Torre da Grifinória, nós descemos para o Salão Principal.
Maria estava um pouco nervosa, pois ela não praticar muito duelos; mas as poucas vezes que a vi azarando ela se saiu realmente bem.
Quando chegamos, as quatro longas mesas das casas tinham desaparecido do Salão para dar lugar à um longo palco. Vários alunos já se agrupavam ali ao redor.
Depois de eu dar uma bronca em Tiago por empurrar um aluno do primeiro ano pra conseguir um lugar mais perto do palco, nós sete se encostamos no meio de alguns alunos da Corvinal.
- Bom dia alunos! – saudou o Professor Slughorn, entrando no palco acompanhado do Professor Martim. – Eu sei que praticamente a maioria de vocês já sabe duelar, mas para os que ainda não sabem, aprendam. E os que já sabem, vamos aperfeiçoar suas praticas.
Ele parou um pouco para coçar seu bigode.
- Vamos fazer o seguinte. Eu e o Rocco vamos fazer uma pequena demonstração e depois chamaremos pares para subir aqui no palco. Assim vocês poderão aprender e então praticar.
Muitos alunos concordaram excitados, outros ficaram trêmulos.
- Muito bem então, Horácio. – falou Prof. Martim. – Estou pronto.
Os dois sacaram as varinhas e fizeram uma reverência.
- Com coisa que vou me lembrar de fazer uma reverência quando encontrar um Comensal da Morte. – comentou Dougie baixinho, seguido por um "Psiu!" de Maria.
Eles ergueram as varinhas.
- Vou contar até três... – falou Slughorn cauteloso. – Um... dois... três!
Houve um lampejo lançado por Martim, mas Slughorn defendeu com um escudo. Muitos garotos gritaram, entusiasmados.
- Impedimenta! – gritou Slughorn, mas Martim foi rápido e desviou.
Eles ficaram um bom tempo assim: um usava feitiços e o outro lançava um escudo ou se desviava. Era meio hilário ver Slughorn duelar; não é algo que a gente vê todo dia.
- Protego! – gritou Martim, assim que quase uma azaração o atingiu. O escudo não foi efetuado muito bem e ele caiu no chão.
Os alunos aplaudiram e gritaram, principalmente os da Sonserina, já que Slughorn era o diretor da casa. Eu me juntei a eles nos aplausos, já que eu gostava do professor.
Martim se levantou radiante.
- Nada mal, Horácio. – ele falou. – Muito bem. Agora quem será a primeira dupla?
Muitos se candidataram, inclusive Tiago e Sirius do meu lado. Então quem foi escolhido foi Anderson Barne e Helena Robson, ambos da Lufa-Lufa.
Eles fizeram uma reverência e ergueram as varinhas. Helena parecia trêmula, assim como Barne, que talvez estivesse hesitante se azarava uma garota ou não.
- Um... – começou a contar Martim. – Dois... três!
- Impedimenta! – gritou Helena. Barne, que com certeza não esperava um ataque imediato, caiu de borco no chão. Houve palmas, gritos e vaias.
Depois foram dois alunos da Sonserina, dois da Lufa-lufa, um da Grifinória, que eu conhecia por Tom Meyer contra um da Corvinal e assim por diante. A maioria que ganhava eram as mulheres.
- Ora, chega de cavalheirismo! – disse Martim risonho, quando uma aluna da Lufa-Lufa vencia um da Grifinória.
Os alunos da Sonserina levaram isso a sério. Começaram a atacar sendo menina ou não sem dó.
- Ótimo, ótimo! – disse Slughorn entusiasmado, depois que Dorcas Meadowes, que além de ser uma ótima artilheira duelava muito bem, vencia um aluno da Sonserina, ganhando vários aplausos. – Vamos a outro aluno! Ah! – ele exclamou, olhando para mim. Senti um leve tremor. – Vamos, Lílian! Vejamos se seu talento em poções é igual nos duelos.
Subi meio trêmula o palco. Tiago sorria pra mim, ao mesmo tempo que Almofadinhas dava um grande assobio.
- E porque não chamamos Severo, que é tão bom em poções quanto Lílian? Vamos Severo?
Meus olhos se arregalaram. Eu duelar com o Sev? Ótimo, já não basta ver ele lutando com Tiago agora eu tinha que duelar com ele também. Sev subiu no palco assustado. Vi pelo canto dos olhos o sorriso de Tiago ser substituído por ódio.
Meio desajeitados eu e Sev fizemos a reverência e erguemos a varinha.
- Vamos lá. – começou Martim. – Um... dois... três!
Fez-se um grande silêncio, que se estendeu pelo Salão. Nem eu e nem Sev tinha movido um músculo. Ele me olhava indeciso, constrangido, triste, tudo ao mesmo tempo.
- Eu disse... três! – tornou Martim, mas nenhum de nós se alterou. Muitos alunos riram. Os sonserinos olhavam para Sev incrédulos.
- Ora, Severo! Sem cavalheirismo por aqui, como bem Rocco falou! – disse Slughorn, com certeza se divertindo.
- Vou contar de novo. – falou Martim. – Um... dois... três!
Eu já havia decidido.
- Expelliarmus! – gritei e a varinha de Sev voou longe. Mais um segundo desagradável de silêncio e o Salão ecoou de palmas e gritos. Sirius soltou um assobio mais alto e mais agudo que o anterior.
- Er...- disse Martim, meio perdido. – Muito bem. Agora mais um par.
Enquanto eu descia do palco Martim chamava um aluno da Corvinal e outro da Lufa-Lufa.
- Ufa! – falei para Tiago, suspirando.
- Eu ia subir naquele palco e torcer a cabeça do Ranhoso se ele fizesse alguma coisa.
- Tiago, isso é só um Clube de Duelos.
- Não importa. – ele falou, aborrecido.
Por fim o aluno da Corvinal venceu. Slughorn voltou a olhar para nós, a procura de candidatos.
- Hum... – ele disse, novamente coçando seu bigode. – Que tal se chamarmos um casal de namorados? Laura e Peter, que tal?
Laura subiu, seus cabelos castanhos balançando, seguida por Peter Holding.
- Um... dois... três!
- Estupefaça! – gritou Peter sem dó. Laura defendeu muito bem.
- Expelliarmus! – ela revidou. A varinha de Peter sumiu de vista.
Mais aplausos e gritos.
- Mais um casal? MacDonald? McKinnon?
Maria e Dougie se entreolharam satisfeitos e subiram.
Fiquei com medo de ele escolher a mim e ao Tiago. Como eu lutaria com ele?
- Vou pegar leve com você, Maria. – tranquilizou-a Dougie. Os alunos riram.
- Não posso dizer o mesmo, amorzinho. – ela disse, divertida.
Eles se reverenciaram e ergueram as varinhas.
- Um... dois... três! – contou Martim.
- Impedimenta! – gritou Maria.
- Protego! – gritou Dougie na mesma hora. – Estupefaça!
Maria se desviou com habilidade.
- Levicorpus! – ela gritou, ao mesmo tempo em que a perna de Dougie ficou suspensa no ar, como se estivesse segura por uma corda invisível.
Os risos acompanharam as palmas, enquanto Dougie protestava.
- OK, Maria, me tire daqui!
- Liberacorpus. – ela falou ainda gargalhando. Ele desabou no chão, juntando-se aos outros para rir.
- Excelente MacDonald! – riu-se Slughorn. – Mais um casal? Lílian? Potter?
- Ah, não! – murmurei.
- Vamos, Lílian. Prometo ser bonzinho com você.
- Ha ha.
Ele subiu rápido no palco, me dando a mão para eu segurar – mesmo eu sabendo muito bem subir três degraus. Houve risinhos.
Olhei de relance para Sev; sua expressão mostrava...nada.
Tiago e eu fizemos a reverencia e erguemos a varinha.
- Um... – Slughorn fez questão de contar. – Dois... três!
- Expel... – Tiago começou.
- Estupefaça! – gritei e por um triz ele seria atingido se não fosse por seu rápido feitiço escudo.
- Não está querendo brigar, não é Lily?
- Não, Tiaguinho. – brinquei. Os alunos continuavam a rir.
- Impedimenta! – ele gritou, com uma cara de desculpas.
- Protego! Incarcerous!
Ele não esperava minha reação tão rápida, quando foi amarrado por cordas que do nada saíram da minha varinha.
- Desculpa Tiaguinho. – falei, agachando perto dele, pra dar um selinho.
Com certeza ele teria gostado mais se não estivesse amarrado.
- Excelente, Lílian! – bajulou Slughorn. – Longbottom? Parkins?
Alice subiu seguida por Franco.
- Estupefaça! – berrou Alice, no momento em que Martim falou "três!". Franco fazia escudos excelentes, mas Alice também tinha ótimos ataques.
- Expelliarmus! – Alice falou e a varinha de Franco sumiu pelo Salão.
Os duelos continuaram e Tiago parecia estar muito satisfeito com o resultado do nosso.
- Você duela bem. – ele comentou sorrindo, enquanto um garoto alto da Lufa-lufa era lançado longe por um feitiço de Edgar Bones.
- Obrigada, Tiaguinho. – respondi, rindo.
- Sabe, acho que gostei desse apelido.
Já se passavam de uma hora de duelos, que estavam cada vez mais interessantes. Ainda mais agora, que uma vez ou outra o Professor Martim corrigia o jeito de segurar a varinha.
- Quem mais? Ah sim, senhor Lupin? Pettigrew?
Rabicho e Pettigrew subiram no palco, Lupin tinha a expressão calma e Rabicho estava meio trêmulo.
- Um... dois... três!
- Estupefaça!
- Protego! – falou rapidamente Rabicho, e depois parou assustado, como se não estivesse acreditado que ele que lançara o feitiço. Aluado aproveitou o momento.
- Expelliarmus! – a varinha de Rabicho sumiu de vista, apesar de ele estar realmente satisfeito com seu feitiço de proteção.
- Mais alguém? – falou Martim. Muitos agora tinham criado coragem e estavam com as mãos erguidas. – Senhor Black?
Almofadinhas subiu radiante, ao mesmo tempo em que Martim escolhia Avery.
Eles não deixaram de trocarem olhares rancorosos quando fizeram a reverencia.
- Um... dois... três!
Vários raios dispararam, feitos pelos feitiços não-verbais de ambos. Todos olhavam impressionados e agitados. Apesar dos dois terem sido atingidos um duas vezes o duelo continuava. Os professores olhavam aquilo com um brilho nos olhos.
- Estupefaça! – gritou Sirius, já furioso. Avery defendeu novamente, mas estava muito perto da ponta. Risos e vaias ecoaram pelo Salão quando Avery caiu por trás do palco, sumindo de vista. Os olhos de Sirius se encheram de lágrimas de riso. Na verdade demorou um bom tempo para alguém parar de rir.
- Tudo...bem... – falou Slughorn, que também não resistira a rir, acariciando a barriga. – Já vai dar duas horas que estamos aqui. Um último duelo, Rocco?
- Vamos chamar o senhor Potter, já que ele insisti tanto. – Martim respondeu. Tiago subiu agitado e satisfeito.
- Posso chamar um aluno de minha casa?- disse Slughorn, com a voz repentinamente séria. – Mulciber?
Entendi que aquela escolha devia ao fato do que aconteceu aquele dia na aula de poções.
- Isso não vai dar certo. – murmurou Maria no meu ouvido.
- Nem me fale. – respondi baixinho.
- Muito bem rapazes, com calma. – falou Martim, quando Mulciber subiu agressivo no palco. Tiago tinha um sorriso de desdém. Eles fizeram a reverencia. – Um... dois... três!
- Estupefaça! – gritaram ao mesmo tempo.
Os feitiços se chocaram e ricochetearam; muitos alunos se abaixaram amedontrados.
O duelo deles era com certeza o mais assustador e o mais rápido de todos os outros; Slughorn olhava para a cena arrependido. Tanto Tiago quanto Mulciber agitavam as varinhas com agilidade.
Pro meu horror Tiago tombou e caiu no chão, em cima do braço, quando um feitiço preto o atingiu. Com certeza era magia das trevas, mas eu estava mais preocupada com o 'craque' que eu havia escutado.
- Rapazes parem! – alertou Martim.
- Impedimenta! – gritou Tiago do chão.
Mulciber, que achava que tinha ganhado quando Tiago tombara, foi lançado e caiu de costas.
Tiago se pôs de pé e caminhou cambaleante até Mulciber.
- Você é um lixo. – Tiago sussurrou, segurando o braço quebrado, no momentâneo silêncio; todos tinham prendido a respiração.
Apesar de estar todo arrebentado, assim como Mulciber, Tiago caminhou para fora do palco com um grande sorriso. Me perguntei se ele não estava sentindo muita dor.
Eu já ia socorrê-lo quando de repente houve vários gritos.
- Tiago!
- Cuidado!
- Mulciber! – gritaram Slughorn e Martim ao mesmo tempo, correndo até ele.
Mas Mulciber havia pego sua varinha que estava longe. Sua cara estava vermelha de raiva, tanto que ele começara a bufar. Ele apontou para Tiago e ordenou:
- Crucio!
Tiago caiu no chão e com um berro ensurdecedor começou a se contorcer no chão.
- Não! – gritei quando Sirius e os outros vinham se juntar a mim.
- Mulciber! Pare! – Martim gritou. – Impedimenta!
Mulciber foi lançado para trás.
Todos estavam com os olhares assustados para Tiago, que agora tinha o corpo imóvel.
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