Estuporada
Madame Pomfrey dera às duas uma poção revigorante, surtira um efeito mínimo. Eliza parecia melhor, já que o corpo, mesmo desacordado, correspondia aos testes. A situação de Serena era mais grave, e estava deixando Severo louco. Ela, assim que tomara a poção, havia sido envolvida em muitos cobertores com feitiço de aquecimento instantâneo, então o corpo deixara de ter a cor azul-arroxeada e adquirira um tom vermelho febril.
Quando a enfermeira deu a uma dose do dia da poção para as garotas, aconselhou o professor:
‘-Durma um pouco, Severo. Vai fazer bem, e além do mais já é madrugada. Ela não acordará hoje, sinto muito.’
Snape assentiu, mas não saiu de seu lugar – uma cadeira desconfortável em frente à cama de Serena.
A expressão da garota estava tão relaxada e serena que ele quase não podia acreditar que era a mesma pessoa. As sobrancelhas não estavam arqueadas em ângulos estranhos, nem os olhos brilhavam de frieza; era só uma garota. Parecia um anjo, com as feições delicadas parecidas com as de Alexia, mas respirava com falhas e Severo tinha medo por ela. Assim ela era uma menininha, quase a mesma menininha que ele deixara para trás há quinze anos.
O coração dele martelava no peito. O que ele faria se ela simplesmente não acordasse mais? Ele era definitivamente o homem mais estúpido da face da terra. Fora ruim para Alexia – a única mulher que ele amara – enquanto ela estava grávida, e esta morreu ao dar à luz a filha deles. E agora fora rude com sua garotinha o tempo todo, desde que se reencontraram, com a amargura que ele carregava consigo e estava prestes a perdê-la também.
Ele sentia culpa. Mas mais do que isso, dor. Nunca imaginou que pudesse sentir algo tão forte por alguma pessoa, até que conheceu Alexia, mas então veio Serena, e ele descobriu o que podia sentir de mais forte por alguém. Queria que a garota estivesse bem, acima de tudo. E agora ela agonizava naquela cama de hospital, sem que houvesse nada que ele pudesse fazer ou falar.
Será que ela estaria percebendo sua presença ali? Era provável que não; mas Snape queria que ela sentisse que não estava sozinha, como sempre, que algo mudara, dessa vez havia alguém ali, ansiando para que ela acordasse.
Serena deu um suspiro longo e Severo ficou feliz. Ao menos ela estava respirando de verdade novamente. Ele passou a mão grande pelos cabelos lisos, negros e macios dela, depois acariciou seu rosto. Por que ela não acordava e acabava com a aflição dele? Sua menininha, o bebê que deixara no orfanato, estivera ali todo o tempo. Era a mesma criança. Ele fora tolo por se fazer acreditar que essa era uma versão irritante do bebê que ele ninara. Era Serena, apenas isto.
A raiva súbita que tivera minutos antes de sair procurar por ela se esvaíra. Tudo o que ele queria era que ela acordasse e estivesse bem. Queria abraçá-la e dizer para não fazer isto novamente – não simplesmente porque era errado, mas porque aquilo o estava matando.
Encarou-a, até que ela começou a debater-se – Madame Pomfrey avisou que seria normal caso ocorresse, era o corpo reagindo à poção contra a febre. Severo aproximou-se e segurou sua mão esquerda com cuidado.
‘-Calma, Serena.’ – ele disse baixinho – ‘Se acalme, está tudo bem. Eu estou aqui.’ – sua voz se tornava calma e aveludada.
Durante todo o resto da noite, Severo não dormiu. Ficou sentado ao pé de Serena, acalmando-a quando se debatia, e segurando sua mão durante todo o tempo; não queria que ela se sentisse sozinha. A garota amanheceu com a face repleta de pontinhos de suor; Snape pegou uma pequena toalha de flanela e calmamente limpou-lhe a superfície da testa e do nariz.
Mais algumas horas se passavam, e Serena não parecia nem prestes a acordar. As bochechas, outrora rosadas, retornaram ao tom pálido depois de a febre passar, ela ainda estava inconsciente e sua respiração era fraca, quase imperceptível. O que ele faria se ela não agüentasse? Se não sobrevivesse? Não suportaria perder mais alguém. Não suportaria perder Serena, mesmo que não a tivesse inteiramente.
Madame Pomfrey chegou à enfermaria antes do horário habitual, mas Severo ansiava que ela tivesse chego antes.
‘-Vejo que não dormiu, Severo...’ – disse ela, ao chegar, notando as olheiras fundas que se formavam ao redor de seus olhos, e sua mão segurando firmemente a da garota – ‘Eu lhe disse que poderia ir para a cama, ela não acordará tão cedo assim, professor.’
Ele não respondeu, apenas ficou a encarar a mulher.
‘-Ainda está com as mesmas roupas de festa, e o mesmo sapato enlameado. Vá se lavar, Severo, ficará tudo bem por aqui, eu garanto.’ – percebendo que esse argumento nada resolveria, apelou – ‘E além do mais, os outros desconfiarão. Por que estaria você aqui, a noite toda, acompanhando apenas uma aluna?’ – Pomfrey ergueu uma sobrancelha.
‘-Você é a única que sabe de tudo, Papoula, fora o diretor.’ – suspirou ele, sem mais argumentos.
‘-Não sei de tudo, professor. Nunca compreendi o motivo de você tê-la abandonado naquele orfanato.’ – ela deu uma olhadela para ele e continuo com o olhar reprovador – ‘Alexandra contou-me sobre o senhor não querer a menininha, mas eu realmente achava que mudaria de idéia quando a visse pela primeira vez. Ela era tão pequena!’ – suspirou a mulher, ligeiramente exaltada.
‘-Não, não é...’ – ele começou, mas interrompeu-se – ‘Era o melhor,Papoula. É, e sempre foi, arriscado ficar comigo; exatamente por isso meu relacionamento com Alexia nunca foi exposto.’
‘-Pobre menina. Parece ser uma boa garota, a Serena. Você podia ao menos tê-la deixado com bruxos; bruxos em que o senhor confiasse.’ – ela se aproximou de Serena e passou a mão em seus cabelos negros, depois tirou a varinha de um dos bolsos e começou a examiná-la novamente.
‘-Vocês nunca vão entender.’ – rosnou Snape, diante do comentário de Pomfrey.
Ela, que já havia visto o professor assim muitas vezes, não intimidou-se, deu um leve sorriso de deboche e continuou a examinar a menina.
Quando Papoula fazia exames em Elizabeth – menos do que fizera em Serena – Dumbledore chegou. Ele arrastava suas enormes vestes pelo grande corredor da Ala Hospitalar, cumprimentou Pomfrey com um aceno de cabeça – esta respondeu gentilmente – e seguiu para perto de Severo e Serena.
‘-Como você está, Severo?’ – perguntou paternalmente, arrastando uma cadeira também para si.
‘-Ótimo perto de Serena.’ – murmurou.
‘-Papoula contou-me que você passou a noite toda acordado ao lado da menina...’ – começou – ‘Não acha que você merece um pouco de descanso?’
‘-Não venha você também, Dumbledore, tentar me convencer. Quando eu achar propício, irei.’
‘-Tudo bem, então, professor, se é isso o que deseja.’ – os olhos pequenos do diretor brilharam de bondade – ‘Papoula também me disse que o estado de Serena não é dos melhores, creio que isso é que está te deixando abalado.’
Snape não respondeu. A afirmação de Dumbledore era óbvia.
‘-Melhoras a você e a Serena, Severo. Volto mais tarde para saber das garotas, agora tenho que acertar ainda algumas coisas com Papoula. Tão logo que Serena esteja bem e não precise de sua constante vigia, precisamos conversar, meu caro, sobre os acontecimentos de ontem.’ – o velho homem disse a última frase mais baixo, e em seguida acenou e foi para perto da mulher e de Elizabeth.
Severo apenas assentiu, em agradecimento, e calou.
‘-Então eu a mandarei entrar, Papoula. Está nervosíssima.’ – foi tudo o que Snape pôde ouvir da conversa entre Madame Pomfrey e Dumbledore.
Logo que saiu, Dumbledore voltou,porém acompanhado de uma figura loira, de estatura mediana, olhos azuis e vestes trouxas – apesar disso, eram roupas finas. Ela era familiar à Snape, de alguma forma.
A mulher entrou apressada, e perguntou ao diretor, quando o percurso até a cama de Eliza estava próximo do fim:
‘-Disseram-me que havia outra menina com ela...’ – suspirou a mulher, parecendo realmente nervosa – ‘Posso perguntar quem era, Dumbledore? É alguma amiga de Eliza?’
‘-Sim, Sra. Duncan, creio que a senhorita Snape e ela ficaram amigas durante os meses aqui na escola.’
A mulher loira arrepiou-se ao ouvir o sobrenome da outra garota. Ouvira corretamente? Só então apercebeu-se da garota de cabelos pretos, acompanhada de ninguém menos que Severo Snape.
‘-Ahn, senhorita Snape? Não acho que ela tenha comentado comigo alguma vez...’
‘-Talvez não, Serena chegou aqui somente neste ano letivo.’
‘-Ah, a menina estudava em Beauxbatons? Eliza esteve lá, por um ano...’ – comentou ela. Fora Hogwarts, Beauxbatons era a escola de magia mais próxima de Londres.
‘-Creio que não, minha cara.’ – respondeu o diretor – ‘Ela foi criada com trouxas.’
Elena não acreditava. Não, ela estava ficando louca; aquilo já fazia muito, muito tempo, e era melhor não remoer coisas antigas. E aquele pressentimento era apenas um desejo muito forte de que aquela dupla tragédia não houvesse acontecido.
Então, um pouco assustada ainda, foi até a cama da filha. Passou-lhe a mão nos cabelos e ajeitou as cobertas, analisando o estado da garota.
‘-Como está Eliza, Madame Pomfrey?’ – perguntou a mãe, preocupada.
‘-Elizabeth está bem, querida. Foi estuporada – ainda não sabemos por que e por quem, infelizmente, mas saberemos assim que elas acordarem.’ – a mulher acariciou a mão da moça mais nova – ‘Dei-lhe algumas poções para dormir melhor, e uma poção revigorante, portanto ela ainda não acordará, mas fiz exames pela manhã e está tudo bem. Mais algumas poções e descanso e ela estará pronta para outra.’
‘-Obrigada, Madame Pomfrey. Por tudo.’ – Elena sorriu, radiante como era.
Papoula e Dumbledore deixaram a sala minutos depois, e a mulher prometeu voltar logo, alegando ter de resolver alguns problemas juntamente com o diretor.
Elena levantou-se, após alguns minutos sentada junto à filha e aproximou-se de Serena. Queria vê-la e descartar qualquer possibilidade rapidamente, já não podia alimentar esperanças de que fosse quem ela esperava.
‘-Hum, Snape, olá.’ – cumprimentou ela – ‘Você por aqui?’ – e ela deu um sorriso – mínimo.
Sim, ele agora lembrava quem ela era. Como pudera não saber de imediato? Os olhos eram de um tom diferente do de Serena e Alexia, um pouco mais esverdeados, mas o sorriso, ah, o sorriso era idêntico ao de Alexandra!
‘-Elena Summers, não é?’ – perguntou, somente recordando a época de escola da mulher.
‘-Duncan, na verdade.’ – ela deu um sorrisinho, e Snape notou a aliança dourada em sua mão esquerda.
‘-Você se casou com o garoto Duncan, afinal?’ – era uma pergunta retórica, porém cheia de desdém – ‘Sean?’ – perguntou ele, não se lembrando exatamente o nome do rapaz.
‘-Isso, Sean.’ – ela concordou afirmativamente com a cabeça, em um gesto gracioso.
Ela tinha se tornado uma mulher, uma mulher tão bonita quanto Alexia fora. Ora, mas ela era apenas uma garota! Não, muitos anos haviam se passado desde que lecionara poções para Elena em Hogwarts, quinze anos, exatamente; Severo estava confuso.
‘-O senhor passou a noite aqui?’ – perguntou ela, tentando ser discreta em sua especulação.
‘-Sim. Sou o diretor da Casa delas.’ – ele disse, seco.
A mulher não se convenceu. Snape não era simplesmente do tipo que passa a noite acordado por duas alunas irresponsáveis – sim, era possível notar que passara a noite em claro pelas olheiras fundas ao redor de seus olhos.
Elena aproximou-se do rosto de Serena, indo pelo lado oposto da cama em que o professor de Poções estava. As feições da menina eram delicadas, e ela tinha cabelos negros, mas havia – inegavelmente – muito de Alexia ali. Talvez fossem os lábios cheios em formato de coração, ou o nariz fino, até o formato do rosto, e a pureza que a garota aparentava ao dormir era idêntica à mãe.
Então, não se conteve. Tinha certeza absoluta, mesmo que Snape nada falasse. Estava perplexa, abismada. Por que a garota crescera com trouxas? Por que sua morte fora fingida? Onde Snape estava que não cuidou dela? Foi bem tratada? Teve sempre o melhor? Quando ergueu os olhos da menina, Severo percebeu que Elena notara; e lágrimas grossas escorriam pelo rosto alvo da mulher.
‘-Eu simplesmente não acredito, Snape.’ – ela o encarou e limpou o rosto molhado – ‘O que você fez com ela?’
‘-Do que você está falando, senhorita Summers?’ – ele respondeu, cético.
‘-É Duncan.’ – corrigiu e o encarou ferozmente de novo – ‘Eu estou falando que sei sobre você e tia Alexia.’
‘-Você nunca poderia saber sobre isso, menina. Eu sei que ela nunca te contou.’ – ele esboçou um sorrisinho de deboche.
‘-Eu soube no dia do velório, Snape. Meus pais e minha avó ainda não tinham chego, era tarde e o espaço já tinha sido fechado somente para a família. Eu fui para lá um pouco antes, queria ficar um pouco sozinha com Alexia, e acho que você teve a mesma idéia.’ – explicou ela – ‘E você estava tão acabado como quem acabara de perder alguém muito importante. O seu rosto estava vermelho e seus olhos tinham olheiras; você estava ajoelhado ao lado do corpo dela, Snape. E tinha mais um detalhe: você deixou aparecer o colar e a aliança, que Alexia também usava.’ – ela suspirou – ‘E desde então eu sempre soube que você foi o marido de minha tia.’
‘-Belas conclusões, Duncan.’ – ele enfatizou – ‘O engraçado de tudo é que isso me fez seu tio.’
‘-Dispenso, Snape.’ – ela foi seca e virou-se para Serena – ‘Por que você deixou a garota com trouxas? A odiava tanto assim? Por que fingiram a morte dela?’
‘-Ela ficou em um orfanato trouxa. Porque sim, porque eu, que sou responsável por ela, decidi.’
‘-Você poderia tê-la deixado conosco, Snape. Foi muito cruel deixá-la com trouxas, como se ela não tivesse família alguma. Ela tinha uma avó, uma tia e uma prima que podiam cuidar dela.’
‘-Você poderia cuidar dela, Elena?’ – ele gargalhou de deboche – ‘Você tinha dezessete anos e um filho a caminho.’
‘-Garanto que eu poderia dar a ela uma vida muito melhor e com muito mais carinho do que ela teve em sabe-se lá que lugar horrível você a deixou.’ – Elena estava nervosa, ainda não digerira os fatos.
‘-Fiz o que achei melhor, menina. Você não sabe de meus motivos.’
‘-Você a privou de uma vida que convinha a ela. Minha avó a trataria como uma princesa e ela teria tido tudo que sempre mereceu. E não me trate como se eu fosse uma criança, afinal eu fui mais corajosa do que você próprio para cuidar da minha filha.’
‘-Então você se orgulha de ter tido uma criança aos dezessete anos? Uma criança cuidando de outra? Acha mesmo que vou te admirar por isso, Elena? Por esse erro?’ – o tom dele era de censura, não deboche. Parecia preocupado.
‘-Não foi um erro.’ – ela disse, baixo – ‘Eliza é a coisa mais preciosa da minha vida. Não fale assim comigo, Snape.’ – Elena de repente pareceu uma criancinha que foi pega aprontando.
‘-Viu? Você continua sendo somente uma criança despreparada.’ – ele bufou e olhou para o lado, respirou e tornou a olhar para a mulher à sua frente – ‘Mas deixemos isso de lado, é um problema seu. Eu nunca deixaria Serena com sua avó, ela não para de fazer mudanças.’
‘-Isso não seria problema, Snape. Nós fomos para a França três anos depois da morte de Alexia, e teríamos levado Serena conosco, ela estudaria em Beauxbatons como Elizabeth e teria uma família estruturada.’
‘-É sobre isso que estou falando. Eu não nunca quis que ela saísse de Londres, pelo menos aqui eu poderia tê-la vigiado.’
‘-Bom, vovó morreu nas férias de Natal do primeiro ano de Eliza em Beauxbatons, então voltamos. Você teria visto Serena antes do que viu aqui, pelo que eu entendi.’
‘-Nada sai exatamente como planejamos.’
‘-E para isso você usou a vida desta menina, metendo-a num orfanato trouxa.’ – o brilho feroz ainda estava presente nos olhos de Elena.
‘-Não é tudo como você imagina, Elena.’ – ele sorriu de leve – ‘Eu não sou esse vilão que planejou destruir muitas vidas, inclusive a de Serena.’
‘-Então foi como, Snape?’ – ela disse, as lágrimas sem cessar ainda.
‘-Eu fiz exatamente o que você diz que sempre fez. Procurei o melhor.’
‘-Em que mente absurda isso seria o melhor?’ – ela bufou – ‘A minha tia foi a melhor pessoa que eu já conheci, não entendo como ela foi se casar com você.’
‘-Eu também não entendo, Elena, mas fico feliz que ela o tenha feito.’ – ele disse, os olhos não demonstrando nenhuma emoção – ‘Ganhei até uma sobrinha.’ – ele sorriu torto de deboche.
Elena ficou séria, não tinha entendido se ele estivera gozando dela, ou tentando uma descontração.
‘-Só me diga uma coisa: você gostou mesmo de minha tia?’- ela perguntou, mais uma vez, seca, encarando-o, ainda sem crer que o homem a sua frente pudesse amar alguém.
‘-Sim.’ – foi tudo o que ele disse, suspirando .
‘-Eu nunca vou te perdoar, Snape, pelo que você fez à minha prima. Ela poderia ter tido uma vida infinitamente melhor. E tenho certeza de que Alexia também nunca perdoaria.’ – ela falou em tom de ameaça, baixo e firme – ‘Você não sabe o quanto todos nós sofremos todos estes anos pensando que Serena estava morta.’
Ele calou, apenas.
Elena voltou para o lado de Elizabeth, acariciando os cabelos da filha, e murmurando-lhe coisas doces. Um tempo depois, Severo percebeu, ela recomeçara a chorar, baixinho.
Ela queria ter conhecido a prima, queria que a avó e toda a família a tivesse conhecido. Mas desejava, acima de tudo, que Alexia pudesse ver como a filha era bonita, e pudesse estar do lado dela agora, assim como ela estava do lado de Eliza.
Madame Pomfrey voltou, trazendo uma bandeja com novas poções para as garotas, e encontrou Severo e Elena sentados em cadeiras próximas às camas, cada um assistindo à sua filha.
Quando terminou o trabalho com as duas, Pomfrey virou-se bruscamente para Snape, dando-lhe um olhar de advertência.
‘-Severo, olhe para mim.’ – o homem lançou-lhe um olhar gelado e entediado – ‘Respeitei sua vontade até agora, mas não dá mais. Ou você vai se lavar e trocar as roupas agora, ou te faço ir levitando até seus aposentos.’
‘-Eu não sairei daqui, Papoula.’ – ele disse, seco e virou-se novamente para a maca de Serena.
‘-Vamos lá, Severo, vá, tome um banho rápido e volte para ela.’
Snape pensou, e considerou que realmente estava precisando de um banho, e talvez alguma coisa para comer. Não tinha notado o quanto estava com fome.
‘-Está bem, Pomfrey, mas em meia hora eu estou de volta.’
Ele olhou para Serena, despedindo-se dela silenciosamente, temendo ser um verdadeiro adeus.
Serena via branco, e somente branco. Onde, afinal, estaria? A última coisa da qual se lembrava era o único rosto que pôde ver: pálido, adornado por cabelos platinados e lisos,que muito parecia Draco Malfoy. Era isso. Mas o rosto tinha traços ainda mais finos e delineados, e também mais rugas e marcas. Aquele só poderia ser Lucio Malfoy.
Caminhou, então,pelo nada, ao que lhe parecia. Olhou para seus pés. Uma espécie de bruma branca e densa se estendia por toda a imensidão cândida que era aquele lugar indefinido. Lembrou-se, repentinamente, do primeiro raio verde, disparado pela varinha de Lucio, e da dor causada pelos outros. Fora estuporada; muitas vezes.
Estava morta? Era a única possibilidade plausível. Então era isso que esperava por ela após a vida? Branco, vazio e nada? Serena andou, e perambulou mais um pouco, procurando por algo que fizesse sentido ali. Será que fora tão má que passaria a eternidade ali?
De repente, a incômoda brisa que soprava no lugar cessou, e uma presença quente se aproximava. Serena olhou para trás, e um vento forte acompanhava a presença quente e iluminada, ela quase nada podia ver.
Quando os raios que emanavam da direção contrária amenizaram, a figura aproximou-se de Serena, que franzia o cenho.
‘-MÃE!’ – Serena gritou desesperadamente, ao notar quem se aproximava, com lágrimas nos olhos. Era tão estranho, e ao mesmo tempo tão natural dizer aquela palavra.
‘-Olá, meu bem.’ – disse Alexandra docemente.
Então tinha mesmo morrido, pensou Serena, já que Alexia estava em sua companhia.
‘-Hum, eu morri?’ – perguntou, inocentemente.
‘-Não querida, ainda não. Aqui é para onde vem os que estão entre a vida e morte.’
‘-Então eu vou voltar?’ – ela disse, desiludida – ‘Não posso ficar aqui com você, mãe?’
‘-Não meu, amor, você não pode. Você ainda tem muito para viver, Serena, não se apresse.’ – Serena fez menção de interrompê-la – ‘Você tem que voltar para seu pai, ele está aguardando por você.’
‘-Snape não é meu pa...’ – Serena bradou, exaltada, e foi imediatamente interrompida por Alexia.
‘-Serena, não seja rude com Severo. Ele está muito preocupado com você, está do seu lado, te esperando, lá embaixo.’ – Alexandra disse, serenamente.
‘-Hunf, duvido.’ – bufou Serena, cruzando os braços, contrariada.
‘-Veja então, querida, com seus próprios olhos.’ – Alexia disse suavemente, e a bruma aos pés das duas se dissipou, mostrando um Snape com profundas marcas arroxeadas ao redor dos olhos, velando por Serena e segurando sua mão, com um semblante de preocupação que a garota jamais o vira ostentar, a não ser na ocasião da morte de Alexia.
Serena nada falou,enquanto uma mão da mãe reconfortava-a.
‘-Vocês têm muito em comum, Serena, você e seu pai. Quando os dois cederem e conversarem abertamente você verá, ele é um homem muito inteligente, e conhece muitas coisas das quais você gosta.’
‘-Acho que isso é quase impossível, mãe.’ – disse a garota, em um sorriso torto, admirando a beleza de Alexia.
‘-Não é, querida. Severo pode lhe mostrar e contar muitas coisas, e tenho certeza que se não fosse por esse gene teimoso que vocês compartilham, vocês se dariam bem. Você é tão sonserina quanto ele, querida’ – Alexia sorriu com a semelhança – ‘, parece que é uma coisa tão profunda que está quase na alma!’ – ela riu novamente.
Serena deu um sorriso de lado, ponderando sobre o que a mãe falara.
‘-Você precisa voltar logo, meu bem...’ – começou Alexia, acariciando os cabelos negros da filha.
‘-Ah, mãe!’ – exclamou, manhosa, e fazendo um biquinho – ‘Não posso ficar aqui com você?’
‘-Não é sua hora ainda, Serena. É preciso que você volte, e eu tenho um recado para seu pai.’
Serena olhou-a, confusa e torcendo ligeiramente o nariz à menção da palavra ‘pai’.
‘-Quero que diga à Severo que eu perdôo, e compreendo seus motivos, e entendo, também, que fez tudo para cumprir a principal promessa que fez à mim.’ – continuou Alexia, paciente – ‘Tudo bem? Pode dizer isso à ele por mim?’
Serena concordou com a cabeça, cabisbaixa por ter que voltar.
‘-Meu amor, agora é a hora, você tem que partir.’ – Serena abaixou os olhos – ‘Vai ser demorado chegar até lá, e está sendo difícil para seu corpo agüentar este estado.’
‘-Tudo bem.’ – a garota disse baixinho.
‘-Mamãe vai estar sempre com você, Serena’ – Alexia sorriu e a abraçou forte.
‘-Mãe, eu tenho mesmo que ir?’ – Serena tinha uma voz triste.
‘-Tem. Vá, querida’ – ela incentivou a garota a seguir até um recém-formado círculo escuro – ‘Eu amo vocês, lembre Severo disso.’
Serena, então, sentiu uma sensação parecida com viajar via Flú, o puxão no umbigo e a sensação de vertigem, porém infinitamente piores. Alexia ficara para trás, sorrindo e acenando, como se a garota estivesse partindo no Expresso Hogwarts.
‘-MÃÃÃÃÃAE!’ – Serena gritou, em meio ao desespero.
***
Severo assustou-se com o grito da menina, um grito agudo e desesperado em meio à escuridão da madrugada, cortando o silêncio da Ala Hospitalar. Serena levantou-se bruscamente após gritar, arfando e respirando com dificuldade.
Snape aproximou-se dela, aliviado por vê-la acordada, e angustiado pelo modo que isso acontecera. Mal ele se aproximara dela, Serena o grudara pela lateral das vestes, gemendo e chorando copiosamente.
‘-Calma, Serena, calma.’ – pediu ele, calmo, porém preocupado, fitando seus olhos azuis desesperados.
Serena não soltou as vestes do homem, e seu choro se tornava cada vez mais descontrolado.
‘-Alexia, Snape, Alexia.’ – ela murmurava em meio ao choro –‘Onde ela está?’ – perguntava inocentemente, confusa entre a realidade e a outra dimensão em que estivera com a mãe, os olhos da garota estavam distantes e desfocados.
‘-Alexia não está aqui.’ – as palavras saíram aveludadas e confortadoras.
A garota não soltou as vestes negras do pai, apenas recostou a cabeça em seu ombro, instintivamente, e continuou a chorar, porém silenciosamente, e vez ou outra, soluçava.
Severo Snape nunca esteve preparado para aquilo, mas assim que Serena apoiou a cabeça em seu ombro tudo pareceu muito natural, ela ainda agarrava sua capa preta com força, e chorava baixinho como uma criança pequena. Enquanto a garota chorava, Severo acariciava as costas dela, confortando-a, como um pai faria.
‘-Não chore, Serena.’ – ele murmurou enquanto secava uma lágrima dos olhos da garota, pacientemente.
Serena estava bem ali, segura, porém a sensação do sonho não a deixava. Os braços de Alexia ainda pareciam abraçá-la, e sua mão parecia ainda acariciar de leve seu cabelo negro. Serena soluçou um pouco mais alto, e tremeu ligeiramente, ainda segurando fortemente as roupas de Snape, como se aquilo fosse garantir que estaria protegida.
Quando o choro finalmente cessou, Serena apercebeu-se de como estivera agarrada à Snape durante um bom tempo, e sentiu vergonha. Não eram coisas típicas da garota, chorar desesperadamente, aceitar consolo de alguém e ter vergonha; Serena quase não conhecia esses sentimentos intensos e oscilantes. Ela soltou-se delicadamente de Severo, respirando fundo e limpando as lágrimas que ainda restavam em seu rosto.
Serena olhou para o ombro do homem em que ela estivera aconchegada, enquanto se afastava lentamente e se recompunha.
‘-Eu molhei todo... todo seu ombro, Snape... Er, me desculpe.’ – ela escusou-se, ainda confusa, baixando a cabeça e fazendo o cabelo cair por sobre seus olhos.
‘-Não foi nada, não se preocupe.’ – disse ele, sério, avaliando o estado da garota e guardando a mecha de cabelo que escapava atrás da orelha dela – ‘Serena, o que houve?’ – perguntou, finalmente – ‘Está sentindo alguma dor? Foi a lembrança de ser estuporada? Da queda?’
‘-Não, não’ – ela falou baixinho, balançando a cabeça negativamente.
‘-O que aconteceu, então? Você acordou gritando por Alexia...’
‘-Eu, eu tive um sonho com ela’ – gaguejou, tentando formular os pensamentos – ‘, e foi muito real, muito.’ – Snape ameaçou falar, mas Serena cortou-o – ‘Alexia, ela tinha um recado pra você, deixe-me dizer antes que eu esqueça.’ – ele acenou positivamente, curioso, os olhos focados na menina, um pouco desconfiado da veracidade do sonho – ‘Ela disse que te perdoa, e que entende que você só fez o que fez para cumprir sua promessa principal.’
Snape estacou.
‘-O que ela quis dizer?’ – perguntou Serena, percebendo que não conseguira ligar ponto nenhum.
‘-O que mais ela falou?’ – Severo respondeu com outra pergunta, parecendo não notar a pergunta feita pela menina.
‘-Eu perguntei se eu não poderia ficar lá com ela, Alexia disse que eu tinha que voltar e que você estava me esperando, então ela me mostrou você aqui embaixo, do meu lado.’ – Serena respirou e voltou a falar, Snape escutava atento – ‘ela me disse para não ser rude com você, quando eu disse que você não era meu pai,’ – o olhar que a garota lançou ao homem era questionador – ‘depois me disse para dar esse recado à você.’ – ela completou, tentando pensar se estava esquecendo de algo – ‘Ah, e ela me disse para te lembrar que ela nos ama.’ – a garota finalizou, sem raciocinar corretamente ainda, mas omitindo propositalmente a parte da conversa em que a mãe falara que ela e Severo eram muito parecidos; talvez Serena lhe contasse algum outro dia.
Por um bom tempo, ele nada falou, apenas refletindo sobre a declaração da menina. Ele era cético, e sempre fora, nunca acreditara em coisas que não fossem realistas e mundanas, mas aquilo era diferente... Do modo que Serena falava, parecia que as palavras eram realmente de Alexia. Severo também sabia que, em raras vezes, esse tipo de comunicação acontecia no mundo bruxo.
‘-Serena, você tem que descansar um pouco mais.’ – ele pediu, docemente, após algum tempo de silencio e reflexões entre os dois – ‘É madrugada ainda, durma pelo menos até de manhã, está bem?’
‘-Tudo bem’ – ela respondeu, torcendo o nariz – ‘Professor?’ – perguntou.
‘-Pois não, Serena?’
‘-Você acha que estou ficando louca? Você sabe, o sonho que te contei...’
‘-Não, não acho. Somente Alexandra poderia dizer aquelas coisas, naquelas palavras.’ – ele respondeu calmamente, e deu um meio sorriso cansado para a garota.
Serena demorou a acordar naquela manhã, porém desta vez estava realmente dormindo e não desmaiada. Madame Pomfrey comemorou excitadamente a melhora da menina, e estava aguardando ansiosamente para que ela acordasse depressa.
Eliza já havia se recuperado há dois dias, e deixara a enfermaria contente, porém preocupadíssima com a amiga, e estranhando Snape ter ficado de guarda na cama da garota. Elena, apesar do progresso da filha, ficara no castelo, dizendo à garota que aproveitaria a visita à Hogwarts para restabelecer alguns dados que precisava há tempos, com a professora Caridade Burbage, de Estudo dos Trouxas, para a área de Relações Trouxas no Ministério. Elizabeth acreditara inocentemente e estava feliz com a estadia da mãe no castelo.
Elena conversara com Dumbledore, e pedira sua autorização. Ela realmente precisava desses dados atualizados, porém o diretor sabia o motivo real da estadia estendida: Serena Snape. A mulher certamente ligaria os pontos rapidamente, e era o que Alvo almejava, portanto Elena Duncan ficaria na escola até que pudesse falar com a garota.
Dumbledore conversara com Eliza, acerca dos fatos da noite do baile, perguntara a ela o que vira, ouvira, ou qualquer informação que fosse de alguma valia. Ela respondera à tudo com sinceridade, contara sobre não poder utilizar feitiços na floresta, e que fora atrás de Serena por ver uma aparente briga entre ela e Malfoy, que não vira nem ouvira nada que fosse digno de nota, e que fora estuporada logo após Serena, em um jato que não acertou a amiga.
Severo Snape queria interrogá-la depois, sugar as informações, usar Veritasserum, ou quem sabe Legimência, para poder extrair toda e qualquer informação que a garota pudesse estar negando. Dumbledore, prudentemente, repreendeu-o. O diretor contara ao homem como a garota ainda parecia amedrontada ao contar a história e que a verdade transbordava em seus olhos e palavras; Severo tampouco ficou satisfeito, mas calou.
Pela manhã, Serena espreguiçou-se e ameaçou levantar, como se fosse qualquer outra manhã comum, e foi rapidamente repreendida por Severo Snape.
‘-Vá com calma, Serena, não pode levantar-se ainda, Madame Pomfrey ainda não lhe deu alta.’ – o homem disse, com o mesmo olhar sem emoções,tão típico e tão diferente do olhar caloroso e preocupado que lançara para a filha durante a madrugada, mas internamente feliz por v~e-la acordada e parecendo tão bem disposta.
A garota revirou os olhos, mas voltou para a cama, obedecendo o homem.
Madame Pomfrey rapidamente chegou, fazendo todo e qualquer tipo de exames na garota com sua varinha, que sacudia apressadamente.
‘-Está tudo bem com você, Serena, graças a Merlim! Seu corpo não reagia ao Enervate e à nenhuma poção, é quase um milagre você acordar.’- comentou a mulher, sorrindo – ‘Pela tarde creio que você já poderá ser liberada, se os exames estiverem OK novamente.’
Papoula saiu e voltou com frascos de variadas cores em uma pequena bandeja de prata.
‘-Aqui, Serena, beba.’ – disse pacientemente a mulher, entregando à Serena uma das Poções.
Ela tomou, desconfiada. Pomfrey ofereceu-lhe outro.
‘-Esse é o último?’ – perguntou a garota, descrente na própria pergunta.
‘-Não, querida, ainda tem todos estes.’
Severo, agora um pouco mais distante delas, estava distraído quando ouviu a voz da adolescente aumentar o tom.
‘-Eu não vou tomar porcaria de Poção nenhuma, velha louca!’ – Serena gritava, em uma atitude infantil, virando o rosto quando Papoula tentava fazê-la tomar a força.
Então, repentinamente, Serena pulara da cama e começara a correr entre as camas, e Pomfrey corria atrás, levando o pequeno frasco roxo junto. Aquela cena era definitivamente engraçada, e Severo deixou-se sorrir fino; Serena iria deixar Papoula louca se tentasse mais um pouco.
‘-Venha, Serena.’ – ele chamou, sério. Quando a garota não veio, falou mais alto e firme: ‘-Vamos, garota, já não lhe disse para vir até aqui?’
Ela revirou os olhos, esperando pelo que ser-lhe-ia dito.
‘-Primeiro: volte para a cama. Você não tem ordens de sair daí’ – ela olhou para ele descrente, tinha corrido por toda a enfermaria e ainda queriam que ela se deitasse? Mas, por fim, obedeceu quando Snape sustentou sua carranca – ‘E não seja má para Papoula; tome as Poções, Serena’ – ela ameaçou protestar – ‘Eu não estou pedindo, estou mandando.’
Ela fez um biquinho contrariado e deixou Madame Pomfrey dar-lhe a malditas Poções.
‘-Professor?’ – perguntou ela, após algum tempo. A garota estava inquieta.
‘-Pois não, Serena?’ – respondeu, cansado.
‘-Tem alguma coisa ‘pra comer aqui? Eu estou morrendo de fome.’
‘-Hum, vou mandar que algum elfo doméstico prepare o seu café, senhorita.’ – e assim saiu da enfermaria, a capa esvoaçando atrás de si.
Snape não voltava nunca na concepção de Serena. Parecia que ele tinha ido buscar seu desjejum há horas e não voltava. Dumbledore abriu as grandes portas brancas da Ala Hospitalar, cumprimentando Papoula e seguindo depois para a cama de Serena.
‘-Como passa, Serena?’ – perguntou-lhe, docemente.
‘-Estou bem, professor Dumbledore... Mas Madame Pomfrey não me deixa sair desta maldita cama!’ – reclamou ela.
‘-Papoula sabe o que faz, tenho certeza que ela quer que você melhore o mais rápido possível, então atente ao que ela lhe diz.’
‘-Mas eu já estou muito bem!’ – contrapôs a garota.
‘Tenho certeza que está, Serena. Mas, veja bem, há alguém aqui que quer te ver, e vou deixar você em sua companhia. Está bem assim?’
Serena concordou, tentando imaginar quem no castelo a visitaria quando viu uma mulher loira como Eliza aparecer em seu campo de visão. Ela vestia vestes trouxas rosadas e elegantes, e tinha um ar sorridente.
Elena estacou ao notar a cor dos olhos da garota: eram azuis como os de tia Alexia! A mulher abriu um sorriso feliz e surpreso, e seguiu caminho para a cama de Serena.
‘-Olá, Serena’ – ela disse, aproximando-se. A garota ficou feliz com a presença dela, sem saber o porquê, Elena parecia irradiar brilho e calor com seus olhos receptivos e verdes.
‘-Oi’ – respondeu ela, desconfiada – ‘, er, quem é a senhora?’ – perguntou, tentando imaginar onde vira aquele sorriso e aquele brilho no olhar.
‘-Eu sou Elena Duncan, querida, mãe de Elizabeth.’ – explicou, sorrindo.
‘-Prazer, Sra. Duncan.’ – Serena respondeu polida, fitando o nada e imaginando por que a mãe de Eliza estava ali depois de a filha ter tido alta. Será que ela era do Ministério e viera interrogá-la sobre esta noite? Serena pensava.
‘-Eu estou realmente feliz em te conhecer, Serena, e gostaria de conversar um pouco. Podemos? Você está recuperada? Ou precisa descansar mais? Caso precise, podemos adiar esta conversa...’ – falou rápido, preocupada.
‘-Não, não, eu estou ótima. Não compreendo por que aquela velha inútil não me deixa sair daqui.’ – a garota reclamou, e a frieza herdada do pai transpareceu, o que não deixou de ser notado por Elena.
‘-Madame Pomfrey quer ter certeza que você está bem antes de liberá-la, meu bem. Não se zangue com ela.’ – Serena não transparecia emoção alguma senão raiva, porém internamente ela estava triste. A Sra. Duncan parecia tão carinhosa e preocupada, e a garota amaldiçoava todos os céus por não terem-na deixado ter uma mãe.
‘-Podemos conversar depois que eu comer? O professor Snape foi buscar meu café da manhã...’
Comentários (1)
Aiii... Lindo capitulo... Posta rapidinho
2012-02-06