Sobre marcas e Comensais
O domingo todo fora torturante para Serena. Não conseguia parar de pensar que teria de ver Snape após o jantar. O que ela faria? Agiria normalmente? E o que ele faria? Os pensamentos a perturbaram durante o dia todo, e finalmente chegara a hora de subir para o Salão na hora do jantar.
Elizabeth a acompanhava, de bom humor, porém percebendo que havia algo errado com a outra menina.
‘-Serena? O que aconteceu?’ – perguntou, jogando os cabelos loiros e extremamente lisos para trás.
‘-Detenção com o Snape depois do jantar.’ – foi tudo que Serena respondeu. Não era mentira, porém não era exatamente por isso que não estava bem.
‘-Não gosto do Snape. Nem um pouco. Ele me dá arrepios.’ – ela disse, fazendo uma careta singela.
‘-Você é uma péssima Sonserina, Eliza. O Chapéu Seletor deveria ter te mandado para a Lufa-Lufa.’ – Serena disse, com ar de riso e o típico sorriso torto.
‘-Eu sei. Mas não tenho culpa se meus pais não foram Comensais da Morte como os Malfoy, os Crabbe, os Goyle,os Rossier, e mais um monte de famílias sonserinas.’ – suspirou e deu de ombros.
‘-O que são os Comensais da Morte?’ – perguntou Serena, intrigada.
‘-São os seguidores de Você-Sabe-Quem. Geralmente os do círculo mais íntimo, esses tem a Marca Negra. São pessoas terríveis. Mataram muita gente antes da queda do Lorde das Trevas. Bruxos, trouxas, não importava, eles gostavam de fazer o mal. E ainda gostam, se você quer saber. Apesar de alguns ainda estarem presos, os mais perigosos estão soltos, só esperando o retorno definitivo Dele para agirem de verdade, essas notícias que a gente ouve por aí não são nada perto do que ele pode fazer.
O semblante de Serena era agora de espanto. Afinal, Snape fora um Comensal da Morte.
‘-Hum, Eliza, e se um Comensal não quiser mais seguir Voldemort?’
‘-Shhh! Não fale o nome dele.’ – disse a garota de imediato, baixinho – ‘Acho que não existe essa possibilidade,Serena. Uma vez seguidor, sempre seguidor. Os que carregam a Marca Negra são ainda piores. Acho que esses serão Comensais e protegerão Você-Sabe-Quem mesmo se ele estiver morto.’
‘-E todos os alunos da Sonserina são filhos ou parentes de Comensais da Morte?’ – perguntou, curiosa.
‘-Não necessariamente.Os meus pais não são. Os seus você não conhece, mas provavelmente também não são. Nenhum Comensal deixaria a filha com trouxas, na verdade, poucos bruxos fariam isso – ela considerou, com um aceno de cabeça –, mas na sonserina está concentrada grande parte dos Comensais. Talvez tenha alguma ligação com ser sangue-puro, eu não sei. Só sei o que ouvi meus pais falando, ou aqui na escola mesmo.’ – disse, os olhos pedindo perdão por não saber mais nada.
‘-Todos da sonserina são sangue-puro?’ – perguntou, percebendo que não sabia absolutamente nada sobre essas regras hierárquicas.
‘-Não, Snape é um ótimo exemplo disso. Sempre adorou a sonserina e dizem que já se envolveu com as Artes das Trevas, mas ele é mestiço. Até mesmo Você-Sabe-Quem, o bruxo mais poderoso do século, era mestiço e mesmo assim sonserino.’
As duas chegaram ao Salão Principal, Serena ainda calada e muito pensativa. Se acomodaram próximas aos freqüentadores do sexto ano da sonserina, por falta de lugares vagos. Quando Serena sentou-se, Malfoy calou. A piada aparentemente ótima que fizera sobre Potter pareceu até mesmo sem graça.
Ele não compreendia o que aquela garota estranha e misteriosa fazia com ele. O sorrisinho presunçoso fazia-o querer meter a mão na cara dela. Porém, ela o atraia, ele queria descobrir mais sobre ela, porque entrara somente no quinto ano, queria saber quem era ela. E quando viu Serena sorrir de verdade pela primeira vez, mesmo que de modo discreto, naquela noite, na mesa da sonserina, quis beijá-la.
Serena conversava com Elizabeth, ainda receosa, mas animadamente. Zabini olhava Eliza maliciosamente e a morena apercebeu-se. Não contaria nada disso para Eliza. Seria mais divertido quando ela descobrisse por si mesma.
Quando os pratos e travessas de ouro se limparam, dando espaço para a sobremesa, o estômago de Serena embrulhou. Não queria ver o professor Snape de maneira alguma. Virou-se para a mesa dos professores. Snape comia uma tortinha de limão ameaçadoramente, o olhar gelado focado na mesa da grifinória.
Não estava com a mínima vontade de comer mais alguma coisa, e se comesse provavelmente vomitaria. Saiu então depressa para as masmorras, dizendo a Eliza que ia apanhar a pena, tinta e pergaminho, e talvez o livro a tiracolo para a detenção. A outra não entendeu muito bem a atitude desesperada, mas deu de ombros.
O olhar de Snape a acompanhou, mesmo sem ela perceber. Onde, por Merlim, a garota estava indo?, se perguntava o professor de Poções.
Serena desceu as escadas de pedra para a masmorra velozmente. Disse a senha, e rumou para o seu dormitório rapidamente. Consultou o relógio na parede. Ainda eram 15 para as 8, tinha algum tempo. Se jogou na cama e ali ficou por alguns instantes.
O que faria se Snape a olhasse daquele modo a noite toda? Seria como se a conversa não tivesse acontecido. E se ele realmente fingisse que não tinha dito nem mostrado nada a ela? O ponteiro do relógio marcava 7 e 55 quando ela o encarou novamente após mais alguns devaneios. Pegou a mochila e revirou, procurando pena, o tinteiro e algum pergaminho. Virou a mochila toda e caíram os livros das outras matérias, juntamente com o de Poções. Pegou-o e enfiou-o junto com o resto na mochila, empurrando os outros livros com descuido para dentro do malão.
Saiu, depois, rumando para a sala de Snape.
O professor a esperava sentado na cadeira verde escuro, do outro lado de sua mesa de mogno. As carteiras estavam impecavelmente organizadas, e o chão lustroso – trabalho de algum elfo doméstico muito competente. Serena empurrou a porta delicadamente, temerosa.
‘-Boa noite, professor.’ – disse, olhando para baixo.
‘-Boa noite, Serena.’ – respondeu, um sorriso ameaçando brotar em seu rosto.
Serena teve medo. Snape não sorria. Não ameaçava um sorriso. Não esboçava um sorriso. Nem de deboche ultimamente ele sorria.
A garota então sentou-se na primeira carteira, logo em frente à mesa de Snape, e tirou o que trouxera de dentro da mochila, deixando os matérias sobre sua mesa.
Snape – tanto quanto Serena – não sabia como fazer aquilo. Muito menos como começar. Serena abriu de forma afobada um rolo de pergaminho e fez menção de pegar a pena.
‘-Não será necessária a pena, Serena.’ – ele disse, calmo.
A garota não sabia, de fato, distinguir se ele estava debochando dela, ou tentando ser mais agradável. Mesmo assim Serena recolheu a mão que ia pegar a pena e fixou seus olhos azuis em Severo.
Ele também parecia confuso, Serena notou. Os olhos se encontraram. Negros contra azuis. Mas não eram os olhos frios que a menina encontrou. Eram olhos que transmitiam dor, a mais pura dor. Nem Snape pôde encontrar frieza nos olhos da filha, somente confusão.
‘-O que será minha detenção, professor, se não vamos usar pena nem pergaminho?’ – perguntou, atropelando as palavras e interrompendo os olhares.
‘-Isto não é uma detenção de verdade. Você pode ir embora se quiser.’ – falou, a mágoa deixando-se ser percebida no fim da frase. Ele falava informalmente com a menina.
Ela quase se levantou. Mas esperou e pensou um pouco.
‘-Se não é uma detenção de verdade porque o senhor estava aqui às 8, e não em seus aposentos?’ – ela não tinha expressão, porém os olhos azuis estavam muito abertos, quase arregalados.
Serena sempre sabia as perguntas certas a fazer. Geralmente as fazia mais rápido, mas a garota devia estar confusa, Snape pensou. Ele não tinha nenhuma resposta coerente, nada do que ele tentasse dizer a ela faria sentido, mas ela ainda esperava uma resposta.
Snape coçou a nuca nervosamente e mexeu nos cabelos. Serena estava realmente impressionada. Snape, nervoso? E inda mais frente a uma pergunta feita por ela.
‘-Talvez porque eu quisesse ver se você viria.’ – ele respondeu, um pouco incômodo.
‘-É claro que eu viria, professor. Com certeza o senhor descontaria uma porção de pontos da sonserina se eu não aparecesse em uma detenção.’ – ela disse, franca.
‘-Não é sobre pontos, Serena.’ – ele suspirou, desapontado.
‘-Então é sobre o que professor?’ – ela respondeu com mais uma pergunta que o deixava de mãos atadas, mais uma que ele não conseguiria realmente responder.
‘-Eu prefiro que me chame de Snape, Serena’ – ele disse, com sinceridade – ‘, é melhor que professor. Já disse, não estamos em uma detenção de verdade. Pode me chamar de Severo, se quiser, ou qualquer outra coisa. – a menina prestou atenção, ainda com o semblante confuso, imaginando o que significava o “qualquer outra coisa”.
‘-Nós estamos em uma sala de aula, professor. Não há nenhum termo mais adequado aqui do que esse.’
‘-Então sugiro um lugar mais adequado, Serena.’
Snape caminhou pela esquerda até chegar a uma porta camuflada, e abriu-a. Chamou a garota com a cabeça, e Serena, com receio, levantou.
Eles adentraram, então, o escritório do professor de Poções, o qual a menina bem conhecia. Mas não ficaram por ali. Na extremidade do aposento havia outra porta – mais elegante – que levava a outro cômodo.
O próximo cômodo era uma pequena sala de estar – decorada com poucos objetos, estes, porém, luxuosos, com um longo tapete cinza e duas paredes de estantes cobertas por livros. Serena viu que havia mais três portas – uma deveria ser o quarto, a outra a cozinha, e a terceira o banheiro. Era tudo muito requintado.
‘-Bem vinda aos meus aposentos, Serena.’ – disse, sem qualquer gelo na voz – ‘Sinta-se em casa.’ – então ele sorriu.
Lembrou-se das lembranças que Snape lhe mostrara, ele e Alexia no quarto dos aposentos deles, e depois ela própria ressonando em um berço, no mesmo quarto. Naqueles aposentos. Se ela havia tido, algum dia, uma casa fora aquele lugar, e era o mais próximo disso que algum dia ia chegar, pensou.
‘-Sente-se.’ – disse ele, acenando para os sofás de madeira escura e assentos verde claros próximos as paredes de estantes.
Serena não disse nada; sentou-se, como dissera Snape, e esperou.
Severo levantou-se e se dirigiu a uma das passagens – a única que não tinha porta, e era mais larga. Ele trazia duas xícaras na mão quando voltou, empurrou uma para Serena e pegou outra para si. A garota agradeceu timidamente e bebericou o chá.
‘-Hum... professor?’ – perguntou ela, e Snape fez um gesto de cabeça para que ela continuasse – ‘Não é proibido aos professores levarem seus alunos aos seus aposentos? Dumbledore não ficará bravo com o senhor?’ – perguntou novamente, temendo esse Snape que sorria e lhe servia chá, sentia que, de repente, estava em uma obra de Lewis Carroll, onde Snape tinha virado subitamente o Chapeleiro Maluco, e ela, a confusa Alice.
‘-Serena’ – a expressão dele se tornou séria – ‘Dumbledore conhece você desde que você nasceu, sabe quem você é, e não creio – nem minimamente – que o diretor poderia, ou ficaria, bravo com isso. ‘
Ela não disse nada. Era mais fácil lidar com o Snape que a respondia e a insultava do que com essa versão um pouco mais compreensiva. Era fácil para Serena o tratar no mesmo nível quando discutiam ou insinuavam coisas um para o outro, mas era estupidamente difícil ceder e corresponder ao desconhecido. Conhecia bem demais o professor carrancudo de Poções, sabia como irritá-lo e fazê-lo perder a paciência facilmente, mas ela não conseguia realmente se imaginar tendo uma conversa civilizada com ele.
Enquanto os dois bebiam o chá, totalmente calados, Serena desviou toda sua atenção para as estantes cobertas de livros desde o chão até o teto, onde – ela pensou – seria necessária uma escada para alcançar. Se deteve em uma prateleira de livros grossos, depois em uma um pouco mais acima onde conseguiu identificar muitos livros sobre poções: ingredientes, caldeirões, como fazer as ervas lunares crescerem mais rápido... Eram muitos.
Severo percebeu que o olhar de Serena se demorou na sua fileira preferida de livros. Sorriu mentalmente. A garota se levantou por reflexo, deixando distraidamente a xícara de chá sobre uma mesinha redonda e trabalhada de centro. Caminhou até a outra parede forrada por livros. Tocou a lombada de um em particular sobre Feitiços. Parecia realmente curioso.
Passou mais uma vez o indicador de unhas bem lixadas pela lombada, tentando ler o título que estava parcialmente apagado. Não percebeu o movimento de Snape ao se levantar, e quando deu por si, ele estava já ao seu lado.
‘-Ahn, me desculpe.’ – disse, sem saber o que fazer, recolhendo a mão que antes tocava o livro, e se afastando – ‘É que, bem, me chamou atenção... Eu não deveria...’
O que estava acontecendo com ela, pelo amor de Merlim?!, Serena se perguntava. Não se lembrava de ter – jamais – pedido desculpas a alguém, e ainda mais daquele modo, por uma bobagem. Era melhor o Snape antigo voltar logo.
‘-Pode tirar o livro se quiser. Esse que você estava tocando era de Alexia. Um dos seus favoritos.’ – ele contou, calmo.
Era estranho estar ali, com Serena novamente junto de si, quinze anos depois. Ele tinha uma estranha vontade de contar mais sobre Alexandra para a menina, mas seu orgulho ainda não deixava. Ele não podia fazer o que estava fazendo agora. Seria pior, para ela e para ele. Afinal, eles nunca poderiam ter uma relação familiar, não de verdade, mesmo com a ligação biológica que possuíam.
‘-Ela, hum, Alexia’ – disse a garota, um pouco confusa com qual termo deveria se referir à mãe – ‘, gostava de Feitiços?’
‘-Sim.’ – respondeu – ‘Ela era ótima em Feitiços.’
Serena somente concordou com a cabeça, e se distanciou sem pegar o livro.
‘-Gosta de ler?’ – ele perguntou casualmente, o tom de voz não se ajustando a pergunta.
‘-Sim.’ – disse, baixando o olhar para conseguir ver os títulos que ficavam mais próximos do chão.
Snape ergueu um dos braços a fim de retirar parcialmente um livro e conferir seu autor. Na mesma hora, Serena olhou para cima. As mangas das vestes negras escorregaram um pouco, deixando a mostra uma marca em seu braço esquerdo. Serena se ajeitou para ver melhor: era um crânio, e na fenda da boca saía uma cobra no lugar da língua.
Ela se assustou. O que era aquilo? Seria a tal Marca Negra da qual Elizabeth falara?
Severo percebera que havia algo errado. Serena estacara e ele quase podia ouvir seu coração bater disparado. Olhou para a menina, e esta desviou o olhar.
‘-Olhe, Snape, não foi uma boa idéia ter vindo aqui. Realmente não foi. Não adianta, não vamos nunca conseguir conviver pacificamente, e isso, isso ‘tá errado, ‘tá tudo errado. Eu... eu vou embora.’ – ela disse apressada, a máscara de gelo tomando conta novamente de sua face.
‘-A senhorita deve saber o que está falando.’ – ele deu um sorriso irônico, também recolocando sua máscara – ‘Está sempre certa,não Srta. Serena?’
Ela não respondeu, afinal era uma pergunta retórica. Apenas deu meia-volta e saiu do cômodo, passando pelo escritório de Snape e saindo por lá mesmo. Seguiu no corredor largo das masmorras e chegou até o Salão Comunal, que estava completamente vazio, ou foi o que Serena pensou até notar uma figura sentada próxima à lareira. Tentou passar despercebida, porém uma voz falou antes que ela pudesse seguir seu caminho para o dormitório. Somente naquele instante notou o quanto já era tarde.
‘-Dando passeios noturnos, Serena?’ – perguntou, e deu um risinho.
‘-Não é da sua conta.’
‘-Não é da minha, com certeza. Mas pode ser do professor Snape, diretor da nossa Casa.’ – Serena não conseguia enxergá-lo bem, somente via sua sombra.
‘-Fale com ele, pois não. Justamente da sala dele que eu acabei de sair.’
‘-Detenções, Serena? Mal chegou em Hogwarts...’ – disse ele, em falso tom de despontamento.
‘-Escute aqui seu idiota,não fale do que não é da sua alçada, OK?’ – resmungou ela, brava, se aproximando da figura sentada na poltrona ameaçadoramente.
‘-Tudo bem, leãozinho. Quero ver o que Severo vai dizer quando você tiver partido para cima de mim feito uma trouxa esquisita. Bem, já ouvi dizer que você vivia com trouxas, não é mesmo? Ora, Serena! Confirme para seu colega aqui esse boato. Pansy iria simplesmente adorar debochar de você no Salão Principal...
‘-Seu Malfoy idiota! E eu ia amar ver Parkinson com aquela vozinha tosca dela tentando caçoar de mim, seria hilariante. Será que ela também sabe latir? Deve saber, digo, pela cara de buldogue.’ – se perguntou, ironicamente, e debochou da sonserina um ano mais velha – ‘E desde quando, Malfoy, você chama o professor Snape de “Severo”?’ – arqueou uma sobrancelha, intrigada.
‘-Severo é um amigo da família, Serena querida’ – falou, sarcástico – ‘Nada que lhe diga respeito. Ele é um amigo íntimo de meu pai, e conseqüentemente meu padrinho. Papai e ele se conhecem há anos, desde que trabalharam juntos uma vez...’ – Draco tentava mostrar-se superior,porém a declaração só fez Serena terminar de ligar os pontos.
‘-Um trabalhinho meio sujo, eu imagino. É o que gente da sua laia faz, serve covardemente Voldemort.’ – ela disse, cheia de si, e o garoto ficou espantado pelo modo que ela falou o nome do bruxo – ‘Pensou que eu não sabia, Malfoy?’ – foi a vez de Serena de dar um sorriso torto de deboche – ‘Pois é, querido, e você ainda se orgulha desse tipo de trabalho... Também, pudera! Deve ser um gene ruim passado de geração para geração, não é mesmo?’
‘-O que você está insinuando, sua adoradora de trouxas?’
‘-O óbvio, Malfoy. O futuro que te espera.’
O sangue de Malfoy fervilhava. Uma veia da têmpora saltou, e o rosto pálido tomou um tom arroxeado. Ele saltou em direção a garota, e agarrou-a pelas vestes, fazendo seus corpos se colarem.
‘-Nunca mais fale isso. Não insinue isso. Não pense nisso. Está me ouvindo?’ – Serena, pega de surpresa, apenas acenou positivamente – ‘Não vou ser como meu pai. Não vou ser um Comensal da Morte!’ – ele bradou, alto demais, alterado demais.
Os olhos azuis de Serena se arregalaram ligeiramente, e Malfoy foi abrindo os punhos que agarravam suas vestes devagar, o rosto tomando a cor normal e a veia da têmpora se escondendo novamente.
Apesar de o garoto ter largado as vestes de Serena, não se moveram. Os corpos de ambos continuavam colados, sem qualquer distância, as respirações alteradas muito próximas, e, tomado por uma vontade insana, Draco quebrou a distância que separava os lábios dos dois.
Ele puxou-a para si com firmeza, e passou uma das mãos para a nuca da garota, aprofundando o beijo e tentando diminuir ainda mais a distância entre eles. Era um beijo desesperado e ávido, o desejo fluía de ambas as partes.
Serena se assustou no começo, mas ela também quisera. Os lábios de Malfoy pareciam atraí-la, como um imã muito forte faria. Ela então passou ambos os braços pelo pescoço do garoto, também tentando trazê-lo para mais perto. O beijo era fogoso e vivo, as línguas se chocando rapidamente. Eles não queriam se soltar, mas depois de alguns minutos não havia mais fôlego de parte alguma, ambos arfavam.
O contato entre os corpos não diminuiu, somente os lábios não mais se tocavam, nem as mãos estavam entrelaçadas no pescoço dele. Ficaram a mirar-se longamente, até que Serena saiu correndo, em uma atitude desesperada, rumando diretamente para seu dormitório.
Como beijara Malfoy? Era Malfoy, urgh!
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