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OS EVENTOS A SEGUIR OCORREM ENTRE TRÊS E QUATRO DA MADRUGADA.
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Cho, Justino e Ernesto sobrevoavam em círculos a floresta a procura dos dois aurores desaparecidos. Já fazia alguns minutos que Cho tentava se comunicar com Harry através do relógio, sem muito sucesso. Pelo jeito o auror estava muito ocupado para perceber qualquer sensação de calor em um dos bolsos.
Enquanto ela tentava falar com ele, Justino e Ernesto estavam empenhados em tentar algum contato visual, mas este também era praticamente impossível. As copas das árvores estavam arrumadas de tal forma que era praticamente impossível ver alguma coisa abaixo das camadas de folhas. E a escuridão da noite não estava ajudando muito.
–Já viu alguma coisa? – perguntou Ernesto.
–Não, ainda não vi nada e você? – Justino respondeu.
Ernesto apenas fez um muxoxo de pouco caso e continuou. Fazia uma noite muito estrelada e uma brisa fresca balançava os galhos abaixo deles e despenteava os seus cabelos. Cho tirou os cabelos do rosto pela centésima vez enquanto falava para o relógio.
–Vamos, Harry... Atenda...
Como num passe de mágica, no momento em que pronunciara aquelas palavras o rosto do auror apareceu no visor, embora bastante escuro e difícil de visualizar, Cho podia ver que era ele.
–Ah, finalmente! Harry, onde é que você está??
–Em algum ponto da floresta, eu não saberia dizer realmente... – Harry respirou fundo e continuou – Consegui capturar o Rony. Você tinha razão Cho, ele não é o mesmo. Alguma coisa está o controlando... eu já não sei se é Imperius, parece ser algo muito mais poderoso...
Cho também tinha essa certeza, mas aquela não era hora para eles tratarem daquilo.
–Harry, estamos sobrevoando a floresta a procura de vocês... Monique não ficou nem um pouco feliz quando descobriu o que aconteceu...
–Certo... – respondeu Harry, de certa forma isso não assustou o auror. A possibilidade de ter que responder um inquérito não era um problema para Harry. Saber o que o amigo tinha, era. – Eu vou lançar centelhas vermelhas para o alto, assim vocês poderão saber onde estou.
E com isso seu rosto desapareceu. Os três pararam planando no ar, esperando. Algum tempo depois, bem a direita deles, um tanto afastado. Uma centelha vermelha subiu no ar e explodiu.
–Vamos – disse Cho. E os três voaram depressa até o local marcado.
Encontrando locais propícios por onde poderiam pousar, eles atravessaram a camada de folhas e chegaram no chão da floresta. Lá embaixo estava escuro como breu, a não ser pela luz de uma varinha mais a frente. Se encaminhando para lá eles encontraram Harry de pé com a sua varinha na mão e Rony de joelhos algemado com as mãos para trás. A varinha dele estava na outra mão de Harry.
Ernesto e Justino que não tinham visto ainda a situação pararam estupefatos. Rony respirava ruidosamente como um animal enjaulado, um filete de baba pendendo de um dos cantos de sua boca. Havia algo em seu olhar que não se parecia nada com o velho amigo. De fato, a impressão que se tinha era que Rony tivesse pegado raiva, uma antiga doença trouxa.
Cho não demorou seu olhar por Rony durante muito tempo, voltou-se quase imediatamente para Harry.
–Monique quer que nós voltemos imediatamente, Harry.
–Certo – respondeu o garoto – vamos formar uma jaula encantada...
E os quatro se posicionaram em volta do prisioneiro, e apontando as varinhas para Rony formaram em volta dele uma esfera parecida com uma enorme bolha de sabão, roxa e estrelada. Pegando suas vassouras e mantendo as varinhas apontadas para a jaula, eles começaram a subir. Demorou um pouco para conseguirem atravessar a grande esfera por entre os galhos das árvores, mas uma vez conseguido, eles se reagruparam lá em cima ficando os quatro em cada ponta e a jaula bem no meio. E nessa formação eles partiram a toda velocidade de volta para o Estádio Bowman Wright.
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–Então... posso te oferecer uma bebida? – perguntou Terencio. Hermione apenas olhou-o impaciente. Fazia quase meia hora que ela estava naquela pequena salinha com Terencio e, após terem tido todo o tipo de papo furado e com o auror se recusando a se retirar, ela começou a intuir que estavam ocultando algo dela. Só gostaria de saber por quê!
–Não... eu não quero uma bebida, Terencio – Ela respirou fundo – Rony ainda vai demorar muito? Por que se ele for demorar nós podemos sair daqui... eu não vim até aqui para ficar trancada numa sala, eu vim para aju...
–Entendo – falou Terencio, tentando tranqüiliza-la. – Mas, Hermione... eu sei que você é uma bruxa fantástica, mas eu realmente não sei se deveria se meter nisso. Você é civil e...
–Kingsley Shacklebolt era tanto meu amigo quanto seu, Terencio – falou Hermione, sua voz soando como uma chicotada. – eu tenho o direito de ajudar nas investigações!
O auror ficou bem desconcertado. Começou a pesar as alternativas.
Terencio Boot era alto, cabelos compridos e negros presos por um rabo de cavalo. Também possuía um cavanhaque e olhos negros e calorosos. Não era mentira de ninguém do Ministério que Terencio era o auror predileto de Monique La Roche, a líder o apreciava muito em específico na arte de sair de situações complicadas. Tentar desconversar Hermione, porém, era mais complicado do que poderia supor.
Hermione olhava para Terencio, ele estava pálido e começara a suar. Parecia estar preocupado com alguma coisa, talvez com o stress do momento, mas ela achava que não. Já vinha trabalhando no Departamento de Execução das Leis da Magia a muito tempo e sua grande experiência nos tribunais desenvolveu a ela uma espécie de olho clínico. Terencio Boot estava mentindo. Ela sabia que estava.
–Onde está Rony, Terencio? – ela perguntou mais uma vez.
–Está com Harry... daqui a pouco ele está aí... – mentiu Terencio – olha, eu agradeço a sua preocupação no momento, mas eu realmente acho que se você voltar para casa e esperar por notícias lá...
–Por que você quer tanto que eu volte para casa? – perguntou Hermione desconfiada. – O que está realmente acontecendo aqui, Terencio?
Terencio agora suava bastante. Hermione pelo visto era dura na queda.
–Eu só estou preocupado com as crianças... – disse o auror, sem muita convicção.
–As crianças estão bem cuidadas não precisa se preocupar. Onde está Rony? E por que você desvia o olhar toda vez que eu falo nele?
Eles ficaram se entreolhando durante alguns segundos na pequena sala. Hermione estava encurralando Terencio cada vez mais.
–O que vocês estão escondendo de mim? O que aconteceu com Rony?
Terencio não pode deixar de se enternecer com o pedido dela. A voz de Hermione revelava no fundo um profundo desespero.
–Está bem... está bem – disse o auror e, sentando-se, procurava a melhor maneira de dizer aquilo.
Começou então a contar tudo. A morte de Kingsley Shacklebolt. A suspeita de que um auror poderia ser um assassino. O encontro do desiluminador debaixo do banco e... por fim... a fuga de Rony.
Hermione ouvira a ultima parte da historia narrada por Terencio como um se estivesse engolindo um pedaço de isopor. Ela sentia como se uma mão invisível apertasse fortemente o seu coração. Lutou para conseguir encaixar as idéias no seu devido lugar quando falou...
–Você está me dizendo... Está me dizendo que Rony é o assassino...
–Hermione, se controle, – o auror tentou acalma-la. – Nós achamos que ele foi enfeitiçado... os outros estão atrás dele agor....
Mas ela não deixara-o terminar. Se levantou de um salto da cadeira e se encaminhou para a porta abrindo-a e caminhando rapidamente, quase correndo pelo corredor além. Seu destino era incerto até mesmo para ela. Terencio, levou a mão a testa. E, no momento seguinte, foi atrás dela.
03:18:41
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Havia um clima tenso pelo grupo que cruzava os corredores do Estádio Bowman Wright mais uma vez. Harry, Cho, Ernesto e Justino caminhavam em silêncio, e Rony, no meio deles, caminhava com a cara fechada olhando para frente fixamente. Uma expressão de desafio em seu rosto. Seus braços continuavam algemados as costas e, até que descobrissem o que estava acontecendo com o amigo, ele não seria solto.
Harry se sentia muito mal. Sabia que o amigo não estava em estado normal, mas mesmo assim aquela situação não era nem um pouco cômoda para ele. Estava pensando que as coisas não poderiam ficar mais embaraçosas. Estava enganado.
Acabaram de virar por um corredor, quando depararam com a última pessoa que Harry gostaria que presenciasse aquilo... Hermione!
Hermione parou, chocada, quando viu o estranho cortejo. Seu olhar se deteve em Rony, e ela procurou em vão o olhar em resposta do ruivo, um sinal, uma expressão que fosse. Mas não. Ele continuou caminhando reto com o rosto inalterado e, sem nem olhar para ela, passou pelo corredor tendo os aurores em volta. Demorou alguns segundos para ela perceber que Harry estava parado ao lado dela. Ela se voltou para o amigo.
–Por que você não me disse nada???
Harry olhou espantado para ela. Hermione parecia seriamente transtornada com aquilo tudo, e uma das formas de extravasar dela, Harry bem sabia, era a raiva. Uma lágrima solitária começava a se formar em um dos seus olhos.
–Hermione, eu...
–Por que você não contou??! Eu sou a mulher dele, eu tenho o direito....
Ela não conseguia continuar, era como se algo trancasse na sua garganta. Harry aproveitou o momento.
–Eu iria contar – falou Harry, sincero – mas... tudo tem acontecido tão rápido nas últimas horas que eu...
–Tão rápido que você não é capaz nem de avisar a sua mulher o que está acontecendo?
Harry parou. No mesmo momento ele viu que Hermione se arrependera de ter tomado as dores da amiga e ter falado aquilo daquele jeito. A coitada da Gina devia ter ficado as ultimas três horas na frente da lareira, esperando por notícias.
–Me desculpe... – falou Hermione, enquanto enxugava a lágrima que começava a cair – me desculpe, eu sei que não devia estar me metendo...
–Tudo bem – respondeu Harry. Respirando fundo, ele continuou: – nós só descobrimos que Rony estava enfeitiçado há alguns minutos. E na hora em que o encurralamos ele fugiu. Não tivemos tempo de avisar, sinceramente me desculpe.
Hermione estava prestes a desabar. Correu para o amigo e o abraçou, escondendo o rosto. Harry percebeu que a amigava chorava. Ficaram alguns minutos ali, sozinhos. Harry consolando a amiga. Quando se sentiu um pouco fortalecida, Hermione ergueu o rosto.
–E agora? – ela perguntou – o que irá acontecer com ele? Vocês vão desenfeitiçá-lo?
Como para responder a pergunta de Hermione, dois aurores vieram voltando pelo corredor, Terencio e Cho. Terencio parecia bastante aliviado de encontrar Hermione. Cho já foi falando:
–Levamos Rony para uma sala isolada. – depois se voltando para Harry – Monique já está lá o interrogando.
–Interrogando? – perguntou Hermione – vocês não vão... tirar esse feitiço dele?
–Hermione – começou Harry – nós não temos nenhuma idéia do que aconteceu ao Rony. E mesmo que tivéssemos, tira-lo desse estado nesse momento seria arriscado, todas as lembranças das coisas que ele fez nesse meio tempo poderiam se perder.
Hermione pareceu compreender, mas ao mesmo tempo, começou a ficar pálida. Terencio interviu.
–Hermione, venha. Vamos tomar alguma coisa, para você se acalmar.
–Boa idéia, Terencio. – respondeu Harry, e se voltando para Hermione – Vai.
Os dois já tinham se afastado alguns metros pelo corredor quando Harry se voltou para Cho.
–Cho... sabe de algum lugar por aqui que tenha uma lareira?
03:28:21
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Em uma sala isolada do complexo Bowman Wright, Rony Weasley e Monique La Roche estavam sentados frente a frente. Rony continuava com aquele mesmo semblante inexpressivo enquanto a bruxa tinha duas varinhas na mão, a de Rony e a dela própria. As pontas das duas varinhas se encostavam e através de um Priori Incantatem, Madame La Roche forçava a varinha de Rony a regurgitar os últimos feitiços. Durante alguns segundos que pareceram se estender, a varinha de Rony expulsava raios na forma de fumaça, ecos dos feitiços lançados contra Harry durante o duelo.
Após uma pausa dramática em que nada parecia surgir da varinha, algo aconteceu. Uma forma bem maior que a anterior começou a formar-se. Primeiro uma cabeça, depois tronco e membros. Em segundos a figura de Kingsley Shacklebolt se completou entre os dois formada por uma espessa figura cinza. O olhar que este lançou a Monique La Roche foi tão penetrante que ela quase perdeu o fôlego de tão real. Então, satisfeita com aquilo, ela encerrou o contato e a figura desapareceu no ar.
–Então... o que você tem a dizer, Rony ou quem quer que você seja?
Rony olhou para ela. Uma expressão de extrema malícia, no seu olhar.
–Não foi óbvio? Eu matei o Ministro Shacklebolt!
03:31:14
03:31:15
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Hermione e Terencio haviam acabado de voltar para a sala onde haviam estado antes quando um pensamento acabara de ocorrer a ela. Na verdade não era bem um pensamento, era mais um desejo.
–O interrogatório vai demorar muito? – ela perguntou ao auror.
Terencio parou pensativo.
–Talvez, pode levar vinte minutos... ou talvez uma hora. Depende muito em que estado está o Rony, e se ele está disposto a colaborar. De qualquer forma, Monique certamente não se demorará muito.
–Porque diz isso? – perguntou Hermione.
–Logo depois que você saiu, encontrei-a no corredor – disse Terencio – Ela acabou de receber uma coruja. Dentro de alguns minutos a Suprema Corte dos Bruxos irá fazer uma reunião de emergência.
Hermione compreendeu. Em momentos de urgência, como assassinatos de Ministros, era função dos 77 bruxos que compunham a Suprema Corte reunirem-se o mais rápido possível para eleger entre eles um Ministro Interino, que administrasse a crise até onde pudesse ser realizada uma votação formal com toda a sociedade bruxa. Apenas os nomes mais importantes da atualidade bruxa formavam a Suprema Corte. A Francesa certamente era uma delas.
–Mas porque você quer saber isso? – perguntou Terencio.
–Se for possível – Hermione começou, não sabia se teria seu desejo atendido, mas não custava tentar – Eu quero falar com o Rony...
03:34:49
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Gina Weasley estava de joelhos diante da lareira do Largo Grimmauld ouvindo confusa a história que Harry acabara de narrar. Tudo parecia tão bizarro e ao mesmo tempo tão assustador. Quando ele acabara seu relato ela levou alguns segundos para assimilar tudo, por fim disse:
–Meu Deus, Hermione deve estar arrasada...
–E está – concordou Harry – Mas você a conhece, ela é durona a Hermione, ela vai se recuperar logo desse choque...
–Tomara – Gina torceu, Harry ficou contemplando-a. Algumas olheiras estavam começando a se formar em seu rosto.
–Escute, Gi... descanse um pouco – o garoto disse – eu sei que prometi voltar para casa o mais rápido possível, mas... pelo andar das coisas eu não sei que horas eu vou conseguir voltar. Não tem sentido ficar me esperando acordada.
Gina tentou contestar, mas por fim cedeu. Estava de fato, muito cansada.
–Como estão as coisas aí em casa? As crianças estão dormindo?
–Como anjos – Gina respondeu, e depois acrescentou com um sorriso – Estou começando a gostar mais delas assim.
Harry riu também, Gina continuou.
–Monstro estava me fazendo companhia, mas ele também acabou caindo no sono faz uns quinze minutos – falou ela, ao mesmo tempo que olhava para trás. Acompanhando o olhar dela, Harry viu Monstro estirado encima de uma cadeira, abraçado a um bule de chá como se fosse um ursinho de pelúcia.
–Então aproveite e faça o mesmo está bem? – respondeu Harry carinhosamente – eu prometo que estarei de volta a tempo de levar Tiago a King’s Cross amanhã com você.
–Faça o possível – pediu Gina – seria muito importante para ele que o pai o acompanhasse até a estação na sua primeira ida a Hogwarts!
–Eu vou fazer um esforço! – prometeu Harry – Agora vá descansar. Eu preciso voltar aqui...
–Está bem, até então... te amo!
–Eu também te amo, Gina... até...
E com a cabeça rodopiando em volta de chamas verde-esmeralda, Harry se retirou da lareira. Respirando fundo, olhou em volta a procura de Cho Chang.
A sala em que estavam diferenciava muito das outras que estiveram usando para as investigações. Aquela era uma sala usada pela administração do Estádio e, portanto, bem mais luxuosa. Era espaçosa e acarpetada, uma grande mesa de tampo de vidro estava colocada no meio, a um canto uma grande janela por onde se podia ver o céu noturno estrelado lá fora.
Cho Chang estava sentada em uma poltrona cinza escuro a um canto, olhava fixamente para Harry. Uma expressão indistinguível no rosto. Quando ele se levantou, ela falou com uma estranha voz abafada.
–Estava falando com a Gina?
Harry respirou fundo, hesitando.
–Sim, eu havia prometido que a manteria informada. Não tinha tido uma oportunidade até agora...
Cho assentiu tristemente, parecia que havia palavras lutando em seu íntimo, mas que ela não conseguia colocar para fora. Algo visivelmente a atormentava. Ela ergueu os olhos e fitou os de Harry. Como se estivesse se esforçando para poder dizer algo, começou:
–Harry...
Não, ela não conseguia mais que isso. Jamais conseguiria explicar o quanto se ressentia, o quanto se arrependia. Nunca conseguiria dizer o quanto lamentava por ter feito a escolha errada a tantos anos. Ironicamente, foi apenas quando ela o perdeu, que ela passou a perceber o quanto ele significava para ela... Ela não queria estragar a vida dele, muito menos pedir para que ele largasse tudo e ficasse com ela. Apenas queria dizer o quanto se arrependia de ter sido tão tola. Ela inspirou profundamente e quando ia começar de novo, algo a intrigou.
–Harry? – ela repetiu. Mas com um tom de voz completamente diferente, não era um chamado angustiado, e sim interrogador. Harry olhava para algo perto da cabeça dela tão fixamente que ela estranhou. Um segundo depois Harry apontou a varinha para a cabeça dela e gritou:
–Revele-se!!
Cho, assustada com aquilo se jogou para o lado ao mesmo tempo em que o feitiço passava pelo seu rosto e atingia algo que estava no encosto de sua poltrona. Era algo pequeno, que ela não havia dado pela presença antes. Parecia ser... um besouro!
“Era” um besouro porque no momento que o feitiço o atingira, o inseto voou pelo ar e caíra entre eles. E no momento em que ele caíra, o animal passou por intensa transfiguração, crescendo e mudando de forma, se tornando uma pessoa que ela conhecia de fotos mas nunca vira pessoalmente.
–Rita Skeeter – falou Harry, com um certo desprezo na voz. – Por instantes acabei me esquecendo que você tem os seus truques na manga.
A repórter olhou com raiva para Harry.
–Pouco importa, se você conhece ou não os meus truques, Potter. O Profeta Diário já está a par dos acontecimentos com o Ministro, eu mesma já me encarreguei de mandar uma coruja.
–Como eu já supunha. – respondeu Harry com frieza – Mas temo que a sua participação nessa matéria, termine aqui Rita.
–O que? – debochou Skeeter – Você não pode me manter presa aqui, Potter. É dever do povo bruxo, conhecer a verdade!
–Exatamente – respondeu Harry – Por isso mesmo não vejo nenhuma contradição em manter você aqui!
Cho apenas olhava de um para o outro, não entendendo muito. Sabia que Rita Skeeter era uma repórter incisiva que muitas pessoas evitavam, mas nunca tinham se encontrado frente a frente, por isso não entendia muito as imprecações que os bruxos no Ministério faziam contra ela. Em minutos ela entendeu o porquê.
–E qual verdade você está disposto a contar ao público, Potter? – perguntou Rita com um sorriso debochado no rosto – A de que seu amigo Weasley não passa de um traidor? Ou a de que você aproveita momentos de descanso nas investigações para ficar com... – ela olhou para Cho, com um piscadela marota – sua amásia?!
Agora Cho Chang entendia o porquê. Com um impulso de raiva, a auror riscou o ar a sua frente com a varinha, e um pequeno mas profundo corte surgiu no rosto da repórter. Rita olhou espantada para Chang, mas de certa forma parecia estar se divertindo em ver o circo pegar fogo.
–Harry – falou Cho, a raiva transbordando pela voz – Vá ver como Rony está! Pode deixar que eu cuido dessa aqui!
03:48:23
03:48:24
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O resto do Esquadrão Alpha estava quase todo reunido a frente da porta da sala onde Rony estava trancado. Hermione e o curandeiro, Walden Grid estavam ali também. Grid havia passado os últimos quinze minutos na sala de Rony, examinando-o com seus instrumentos e processos alquímicos. Agora estava falando para o grupinho a sua frente, mas mais para Hermione do que para todo o resto.
–Lamento, eu tentei tudo o que sei sobre magia de dominação. O que enfeitiçou o Sr. Weasley é algo que eu nunca vi antes. Parece ser um tipo novo de magia. Muito poderoso!
–Quer dizer – começou Hermione – que o senhor não conseguirá, faze-lo voltar ao normal?!
–Conseguirei – respondeu o curandeiro – Mas não aqui... aqui os meus recursos são limitados... precisaríamos leva-lo para o St. Mungus para fazermos mais exames. Quanto mais cedo melhor.
Todos os ocupantes do corredor olharam para Monique.
–Bom, que seja... – falou a auror chefe – vamos leva-lo para o St. Mungus!
–La Roche, por favor – pediu Hermione – deixe-me ao menos tentar falar com ele.
–Sra. Weasley – falou a auror, tentando ser paciente – eu compreendo o seu desejo, mas no momento acho muito improvável que ele esteja em condições de sequer reconhecer a senhora!
–Por favor! Não custa tentar! Talvez se eu conseguir falar com ele...
Monique olhou para Grid. Mas antes que ela tivesse tomado uma decisão, Harry aparecia caminhando rápido pelo corredor.
–Então, como está o Rony? – ele perguntou.
–Eu realizei o Priori Incantatem em sua varinha, Potter – falou Monique com um olhar de desalento – a maldição da morte que matou o ministro saiu da varinha de Rony, não há dúvida. Ele próprio assumiu que ele é o responsável pela morte. No entanto se recusa a falar mais nada desde então. Grid andou-o examinando... mas ele também ainda não conseguiu descobrir o que está acontecendo com ele. Precisamos leva-lo ao St. Mungus.
–Por favor – implorou Hermione, mais uma vez – Deixe-me ao menos tentar falar com ele...
Harry olhou para Hermione, questionador. Monique explicou.
–A Sra. Weasley quer poder conversar com o marido. Eu não tenho certeza quanto a isso, pode ser um risco desnecessário.
–Um risco? – perguntou Hermione – Ele está com uma algema encantada, e está sem varinha! Como que isto seria um risco?
Monique voltou a olhar para Grid ainda em dúvida. Hermione olhou para Harry em busca de socorro.
–Talvez não seja de todo uma má idéia – falou Harry. – Nós não sabemos a natureza do feitiço que encantou Rony nem a maneira de reverte-lo. Mas quem sabe a presença de alguém com quem ele possua um forte vínculo, não o traga de volta. Não custa tentar.
–Grid – começou Monique – você como curandeiro, o que você sugere?
–Bem, – começou o velho curandeiro – mal não irá trazer eu acredito. Mas insisto que seja breve. Precisamos leva-lo sem demora para o St. Mungus.
–Então está decidido – falou Monique – Sra. Weasley você pode falar com ele e... – hesitou como se tivesse acabado de ter uma idéia – Potter, você acompanhe-a está bem? Se a sua teoria do forte vínculo está correta, talvez a presença de vocês dois será mais benéfica.
Harry e Hermione concordaram. Monique se voltou para Grid.
–Sr. Grid, enquanto isso o senhor poderia vir comigo? Ainda quero que o senhor examine o Sr. Krane, ainda não averiguamos a questão do estranho sono de nosso auror.
E dizendo isso, Monique e o curandeiro começaram a se afastar.
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03:54:02
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Harry e Hermione entraram na sala onde Rony estava sentado. O ruivo ergueu os olhos quando eles entraram. Hermione, ao ver seu amado naquele estado sentiu como se estivesse mergulhando em uma piscina gelada. Trêmula, se sentou na cadeira que ficava diante dele, enquanto Harry ficou de pé, mais atrás.
Hermione procurou os olhos de Rony e, quando os encontrou, sentiu um estranho pavor. Não era aquele olhar humano e travesso que o seu ruivo tinha, era um olhar gélido e frio. Aquele decididamente não era o seu Rony.
–Rony... você... você se lembra de mim? – ela gaguejou enquanto falava – sou eu, Hermione!
O ruivo não fez nenhum sinal de reconhecimento, continuava olhando fixamente para ela. Harry continuava parado olhando o amigo sem saber o que fazer. Hermione começou a sentir seus olhos se pesarem de água.
–Rony, o que você fez?
Então, com uma voz rouca, o ruivo respondeu.
–Vocês sabem, eu matei o Ministro Kingsley Shacklebolt!
–Não!! – Hermione disse quase gritando – Aquele não era você!!! O que aconteceu com você??! Vamos me diga, meu amor... por favor...
Naquelas últimas palavras de Hermione, Harry pôde jurar que pode ver por um pequeno segundo, algo tremular nos olhos de Rony. Era como se algo aprisionado dentro do ruivo, lutasse desesperadamente para conseguir vir a tona.
No mesmo momento, algo aconteceu. Rony fechou os olhos com força e berrou, berrou como se estivessem o queimando por dentro. Ele abriu os olhos, e eles estavam novamente com aquela coloração esverdeada. O corpo do ruivo tremeu todo e ele caiu da cadeira para o chão com um forte baque.
Harry puxou a varinha, pronto para alguma tentativa de resistência por parte do prisioneiro, mas logo viu que não era aquilo. Esparramado no chão, o corpo de Rony estava tendo convulsões e seus olhos haviam virado estranhamente para cima revelando apenas o lado branco da córnea. Com uma profunda tosse, um jorro de um vômito viscoso e esverdeado com um cheiro estranho foi expelido de sua boca e escorreu para baixo da mesa. Hermione gritou.
–Harry... ele está tendo um ataque!!
Desnorteado por alguns segundos ao ver o amigo passar por aquela terrível transformação. Harry percebeu o que deveria fazer.
–Grid!! – apenas falou, e antes que pudesse fazer alguma coisa saiu da sala e correu pelo corredor a procura do curandeiro.
Enquanto isso, os espasmos e as contrações musculares continuavam a torturar o garoto. Hermione se ajoelhara ao lado dele, tomando cuidado para não se sujar com o vômito.
–Rony... Rony...
De repente, as convulsões pararam e o corpo do ruivo caiu desfalecido no chão. Completamente inconsciente.
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Comentários (2)
Acompanhar essa fic sem arregalar ou correr os olhos pela página é impossível! O ritmo dos capítulos é alucinante e qualquer piscadela, a gente pode perder alguma coisa... Juro que estou totalmente sem palpites quanto ao que possuiu o Ron. Se nem o curandeiro conseguiu descobrir... Ai, eu cheguei a desconfiar da Monique e juro que até da Hermione (momento de total madness), mas já deixei de desconfiar. Rá, a Cho e o Harry ainda vai dar problema. Ou não. rsrsrs Ah, valeu pelo coment na Admirável Mundo Novo! Só peguei o nome emprestado da obra do Huxley, na verdade estou com o livro na estante e quero ler nessas férias, entrei na onda da distopia e acho que não vou sair tão cedo HAHAHAHA E tu é de POA, então? Somos vizinhos de cidade o/ até mais.
2011-12-20Ai, que final tenso! Eu quero muito saber o que acontecerá com o Ron agora... e espero que a Cho dê uma lição naquela Ria sem vergonha. Beijos!
2011-12-17